ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL CADE
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1 `s ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL CADE PARECER ProCADE Nº 133/2006 AVERIGUAÇÃO PRELIMINAR Nº / REPRESENTANTES:AMADEUS GLOBAL TRAVEL DISTRIBUTION S.A REPRESENTADA: TAM LINHAS AÉREAS S.A RELATOR: Conselheiro Luiz Carlos Delorme Prado EMENTA: AVERIGUAÇÃO PRELIMINAR - SUPOSTA PRÁTICA RESTRITIVA À LIVRE CONCORRÊNCIA - INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA - PARECER PELO ARQUIVAMENTO. Senhor Procurador-Geral, Trata-se de Averiguação Preliminar instaurada em face de representação, às fls 02/38, encaminhada a SDE em por parte da Amadeus Global Travel Distribution S.A por suposta prática de condutas anticoncorrenciais cometidas pela representada em epígrafe. A referida representação imputa à representada suposta prática de discriminação capaz de falsear a livre concorrência no mercado das ferramentas de consulta e reserva de passagens aéreas do qual participam os 1
2 operadores de Sistemas de Reserva por Computador-SRCs, em decorrência da adoção de um sistema de distribuição próprio de passagens aéreas denominado e-tam, que permite a consulta, reserva e aquisição de passagens aéreas da representada diretamente por agências de viagem. Consta nos autos que a representada desenvolveu um projeto autônomo de distribuição de passagens aéreas para agências de viagem, denominado e-tam, cuja operação teve início em setembro de O referido sistema consiste num portal com acesso pela internet e contém informações acerca de vôos da TAM, seus respectivos preços e disponibilidade de assentos, e permite a efetivação de reservas e a aquisição eletrônica de passagens pelas agências. Segundo a representante, a implantação do sistema e-tam foi acompanhada de pressões e práticas discriminatórias dirigidas tanto aos prestadores de SRC quanto às agências de viagem, com o intuito de fechar o mercado nacional de distribuição de passagens aéreas. Conforme se depreende dos autos, no seguimento da implantação de seu sistema, a representada deixou de fornecer aos bancos de dados dos SRCs informações, e por conseguinte, a possibilidade de reservar e/ ou adquirir passagens para estes vôos) relativas aos seus vôos noturnosdenominados corujões - e vôos da ponte aérea entre as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, que passaram a constar exclusivamente no e-tam. Para a representante, a exclusão dos vôos noturnos e dos vôos da ponte aérea dos SRCs, bem como a denúncia do contrato havido pela TAM, constituiria bloqueio abusivo à atividade dos distribuidores de passagens aéreas, afirmando que a concessão de descontos economicamente irracionais pela representada às agências em reservas efetuadas via e-tam, que variam entre 12 e 30% no preço das passagens, inviabiliza a concorrência entre as agências que não aderiram ao portal, de competir com aquelas que aderiram. Com base nestes argumentos, requereu a representante à concessão de medida preventiva para que fosse determinada(i) a cessação imediata do bloqueio à distribuição de passagens para vôos noturnos e de ponte aérea pelos SRCs; e(ii) a cessação da concessão de privilégios para as vendas feitas através do e-tam. 2
3 Conforme consta nos autos o pedido de concessão de medida preventiva foi indeferido por despacho do Sr.Secretário de Direito econômico, às fls 659, de acordo com a nota técnica de fls 637/658, que decidiu pela instauração da presente Averiguação Preliminar. Foram identificados pela representante acima mencionada três mercados relevantes do produto supostamente afetados pela conduta ora investigada, são eles:(i) o mercado de distribuição de passagens aéreas, em que atuariam os SRCs;( ii) o mercado de agências de viagem; e (iii) o mercado de transporte aéreo, todos em âmbito nacional. Com base nas informações contidas nos autos, instada a se manifestar, a representada afirmou que não concorre no mercado de SRC, pois o portal e-tam oferece apenas os produtos e serviços da própria TAM, e que o mercado em que opera é o de transporte aéreo de passageiros. Ademais sustentou que os SRCs não são distribuidores de passagens aéreas, mas constituem apenas uma ferramenta intermediária entre as companhias aéreas e as agências de viagem, que, dado o avanço tecnológico e o desenvolvimento no mercado de empresas com a estratégia low cost/low fare, pode deixar de ter utilidade. Alegou, ainda que a implantação do portal e-tam para vendas de passagens pela internet, fez parte de um projeto maior de redução de custos da empresa, a fim de torná-la mais competitiva e que não houve discriminação na implantação do e-tam, pois optou por desligar-se de todos os SRCs no mercado brasileiro, mantendo as informações disponíveis no canal tradicional SRC iguais para todos. Afirmou também que o portal é fornecido gratuitamente a todas as agências de viagem que o solicitarem, sendo necessário apenas que possuam um computador co acesso à internet e uma senha de acesso. Consta nos autos, às fls 744/768, parecer técnico econômico apresentado pela representada elaborado pela empresa LCA Consultores, acerca do Portal e-tam e dos efeitos competitivos na indústria de transporte aéreo de passageiros no Brasil. 3
4 Concluiu, por fim, a representada que não houve, em momento algum, a recusa de contratar com operadores de SRC, e tampouco discriminação entre eles, que pudesse falsear a concorrência no mercado. RELATÓRIO Ao Relatório de fls. 774/778, acrescento que a Sra. Secretária de Direito Econômico Substituta, no despacho de fl. 781, decidiu pelo arquivamento da Averiguação Preliminar por entender não configurada infração à ordem econômica nos fatos denunciados. O processo foi, então, enviado ao CADE para julgamento do recurso de ofício, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.884/94. Distribuídos os autos ao Conselheiro-Relator, estes vieram à Procuradoria para Parecer. FUNDAMENTAÇÃO A presente Averiguação Preliminar foi promovida pela SDE à vista de representação formulada em razão de suposta prática de infração administrativa à ordem econômica, tipificada no art. 20,I,II,III e IV c/c art. 21, incisos V, VI, IX,XII,XIII e XXIII, da Lei nº 8.884/94, in verbis: Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II dominar mercado relevante de bens ou serviços; III aumentar arbitrariamente os lucros; IV exercer de forma abusiva posição dominante. Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: 4
5 V criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços; VI impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição; IX- utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros; XII -discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços; XIII- recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais; XXIII- subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; ANÁLISE DOS ASPECTOS ANTICONCORRENCIAS Conforme consta no parecer da SDE restou demonstrado que a implementação do Portal e-tam não teve como conseqüência a alteração dos canais de distribuição de passagem aérea, que permaneceram inalterados (ou seja, venda direta pela companhia aérea ao cliente final, na loja ou pela internet; e a distribuição por meio de agências de viagem). Desta forma, entendeu a SDE, que a implantação do Portal não teve o condão de gerar distorções ao funcionamento do mercado da distribuição de passagens aéreas, não ocorrendo alteração da estrutura deste mercado, tampouco diminuição na concorrência entre seus agentes econômicos. Concluiu também a r. Secretaria, que não foram demonstrados os prejuízos às agências de viagem, pois, tendo em vista as informações presentes nos autos, as agências tem liberdade de escolha entre a adoção do 5
6 Portal como ferramenta de trabalho ou não, sendo que em caso afirmativo este é fornecido de forma gratuita e não discriminatória, mediante a solicitação pela agência de viagem. Sustentou ainda a SDE que não foi demonstrada a adoção de conduta discriminatória pela representada face aos prestadores de SCR, uma vez que, conforme informação trazida pela representada, esta denunciou ao mesmo tempo o contrato de PCA com todas as operadoras no mercado nacional. Demonstrou em sua análise ainda que a solução tecnológica de criação do portal está disponível para outras empresas de transporte aéreo que concorrem com a representada, sendo a empresa Gol a pioneira no Brasil a implantar tal sistema. Asseverou, assim, que é economicamente desejável que as empresas comerciais busquem a redução de seus custos, com a intenção de aumentar os lucros e que tal fato gera o acirramento da concorrência no mercado, a busca por eficiências e a redução dos preços para o consumidor. Sob este aspecto entendeu, tratar-se, portanto, de prática comercial saudável e que não cabe às autoridades de defesa da concorrência punir ou refrear este objetivo, desde que não sejam aplicados métodos anticompetitivos para a busca de lucro. Impende ressaltar, também, que pelas informações colhidas nos autos, verificou-se que os SRCs constituem uma ferramenta de trabalho importante que viabiliza a troca de informações entre as agências de viagem e as companhias aéreas, não podendo, no entanto, ser considerados como agentes distribuidores de passagens aéreas. Compulsando os autos, verifica-se que não há nenhum elemento novo a ensejar conclusão diversa da proferida pela SDE quando da análise do presente feito, onde concluiu que a presente representação teve origem em disputa comercial individual entre as empresas. Assim sendo, não há que se falar em violação à Lei nº 8.884/94. 6
7 CONCLUSÃO Ante todo o exposto, esta Procuradoria, em consonância com o parecer da SDE/MJ, e com base no previsto no 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99, opina também pelo arquivamento do presente feito, por não terem sido constatados indícios de infração à ordem econômica. É o nosso parecer, s.m.j. Brasília, 20 de abril de Lílian Castro Rodrigues Procuradora Federal 7
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