FACULDADE ATENAS MARANHENSE- FAMA CURSO DE LETRAS DISCIPLINA: FORMAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA PORTUGUESA
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- Luís Deluca Aires
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1 FACULDADE ATENAS MARANHENSE- FAMA CURSO DE LETRAS DISCIPLINA: FORMAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA PORTUGUESA PANORAMA HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA 1 1. História da Língua Portuguesa O português desenvolveu-se na parte ocidental da Península Ibérica do latim falado trazido pelos soldados romanos desde o século III a.c.. A língua começou a diferenciar-se das outras línguas românicas depois da queda do Império Romano e das invasões bárbaras no século V. Começou a ser usada em documentos escritos cerca do século IX, e no século XV já se tinha tornado uma língua com uma literatura rica. 2. Colonização romana Em 218 C., os romanos conquistaram a parte ocidental da Península Ibérica, composta principalmente pelas províncias romanas de Lusitânia e Galécia (atualmente, essa região compreende as regiões centro-sul de Portugal e a recentemente constituída euro-região Galiza-Norte de Portugal). Trouxeram com eles uma versão popular do Latim, o Latim Vulgar, do qual se acredita que todas as línguas latinas descendam e que contribuiu com cerca de 90% do léxico do português. Embora a população da Península Ibérica tenha se estabelecido muito antes da colonização romana, poucos traços das línguas nativas persistiram no português moderno. Os únicos vestígios das línguas anteriores permanecem numa parte reduzida do léxico e na toponímia da Galiza e Portugal. 3. Invasões bárbaras Entre 409 A.D. e 711, enquanto o Império Romano entrava em colapso, a Península Ibérica foi invadida por povos de origem germânica, conhecidos pelos romanos como bárbaros. Estes bárbaros (principalmente os suevos e os visigodos) absorveram rapidamente a cultura e língua romanas da península; contudo, e como as escolas romanas foram encerradas, o latim foi libertado para começar a evoluir sozinho. Porque cada tribo bárbara falava latim de maneira diferente, a uniformidade da península rompeu-se, levando à formação de línguas bem diferentes (galaico-português ou português medieval, espanhol e catalão). Acredita-se, em particular, que os suevos sejam responsáveis pela diferenciação linguística dos portugueses e galegos quando comparados com os castelhanos. É, ainda, na época do reino Suevo que se configuram os dias da semana proibindo-se os nomes romanos. As línguas germânicas influenciaram particularmente o português em palavras ligadas à guerra e violência, tais como "Guerra". As invasões deram-se em duas ondas principais. A primeira com penetração dos chamados bárbaros e a assimilação cultural Romana. Os bárbaros tiveram uma certa receptividade a ponto de receber pequenas áreas de terra. Com o passar do tempo, seus costumes, língua, etc. foram se perdendo, mesmo porque não havia uma renovação do contingente de pessoas e o seu grupo era reduzido. 1 Disponível em:
2 Uma segunda leva foi mais vagarosa, não teve os mesmos benefícios dos ganhos de terra e teve seu contingente de pessoas aumentado devido a proximidade das terras ocupadas com as fronteiras internas do Império Romano. 4. Invasão dos mouros Desde 711, com a invasão dos mouros na península, o árabe foi adaptado como língua administrativa nas regiões conquistadas. Contudo, a população continuou a falar latim vulgar; logo que os mouros foram expulsos, a influência exercida na língua foi pequena. O seu efeito principal está no léxico: o português moderno ainda tem um grande número de palavras de origem árabe, especialmente relacionadas com comida e agricultura, o que não tem equivalente noutras línguas latinas. A influência árabe é também visível nos nomes de locais no sul do país, tais como "Algarve" e "Alcácer do Sal". As palavras portuguesas que comecem por al- são de origem árabe. 5. O despertar da Língua Portuguesa Já em época romana existiram duas províncias diferenciadas no que seriam os territórios em que se formou a língua portuguesa, a antiga província romana da Lusitânia e a província da Galécia a norte. A língua portuguesa desenvolveu-se principalmente no norte de Portugal e na Galiza, nos condados lucense, asturicense e bracarense da província romana da Galécia coincidentes com o território político do Reino Suevo, e só posteriormente, com a invasão da Reconquista e que foi avançando pelo que atualmente é o centro-sul de Portugal. Porém, a configuração atual da língua foi largamente influenciada por dialetos moçárabes falados no sul, na Lusitânia. Por bastante tempo, o dialeto latino dessa província romana e depois do Reino Suevo desenvolveu-se apenas como uma língua falada, ficando o latim reservado para a língua escrita. Os registos mais antigos de uma língua portuguesa distinta aparecem em documentos administrativos do século IX, mas com muitas frases em latim à mistura. O vernáculo escrito passou gradualmente para uso geral nos séculos seguintes. Portugal tornou-se um país independente em 1143, com o rei D. Afonso I. A separação política entre Portugal e Galiza e Castela (mais tarde, Espanha) permitiu que os dois países desenvolvessem os seus latins vernáculos em direções opostas. Em 1290, o rei D. Dinis criava a primeira universidade portuguesa em Lisboa (o Estudo Geral) e decretou que o português, que então era chamado de "Língua vulgar" ou "Latim Vulgar" fosse usado em vez do Latim Clássico e conhecido como "Língua Portuguesa". Em 1296, o português é adotado pela Chancelaria Real. Usado agora não só em poesia, mas também quando escrevendo leis e nos notários. Até 1350, a língua Galaico-Portuguesa permaneceu apenas como língua nativa da Galiza e Portugal; mas pelo século XIV, o Português tornou-se uma língua madura com uma tradição literária riquíssima, e também foi adotado por muitos poetas Leoneses, Castelhanos, Aragoneses e Catalães. Durante essa época, a língua na Galiza começou a ser influenciada pelo Castelhano (basicamente o Espanhol moderno) e também se iniciou a introdução do espanhol como única forma de língua culta. Em Portugal a variante centro-meridional iniciou o caminho da modernização da língua tornando-se progressivamente por sua vez a variante de língua culta do País. 6. Os descobrimentos portugueses
3 Entre os séculos XIV e XVI, com os descobrimentos portugueses, a língua portuguesa espalhou-se por muitas regiões da Ásia, África e América. Pelo século XVI tornou-se uma "Língua Franca" na Ásia e África, usada não só pela administração colonial e comércio, mas também para comunicação entre os oficiais locais e os europeus de todas as nacionalidades. No Ceilão (atual Sri Lanka) vários reis se tornaram falantes de português fluente, e os nobres normalmente adquiriram nomes portugueses. O alastramento da língua foi ajudado por casamentos mistos entre portugueses e as gentes locais (algo muito comum também noutras zonas do mundo), e a sua associação com os esforços missionários católicos que levaram a que a língua fosse chamada de "Cristão" em muitos locais. A língua continuou popular mesmo com várias medidas contra ela levadas a cabo pelos holandeses no Ceilão e Indonésia. Algumas comunidades cristãs falantes de português na Índia, Sri Lanka, Malásia e Indonésia preservaram as suas línguas mesmo depois de se isolarem de Portugal, e desenvolveram-se pelos séculos em vários Crioulos portugueses. Também, muitas palavras portuguesas entraram no léxico de muitas outras línguas, tais como "sepatu" que vem de "sapato" em Indonésio, "keju" que significa "queijo" em Malaio e "meza" (de "mesa") em Swahili. 7. A Renascença Com a Renascença, aumenta o número de palavras eruditas com origem no latim clássico e no grego arcaico, o que aumenta a complexidade do português. O fim do "português arcaico" é marcado com a publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em Mas formas similares ao português arcaico são ainda faladas por muitas populações em São Tomé e Príncipe e no Brasil e Portugal rural. 8. Substrato, estrato, superstrato, adstrato As línguas não evoluem sozinhas: elas coexistem com outras línguas, sobrepõem-se a outras quando "invadem uma nova região" ou são elas próprias "invadidas"; por vezes quase apagam os vestígios de outras línguas ou são elas próprias esquecidas. Estes diversos graus de convivência entre línguas pode ser observado em, pelo menos, dois planos: vocabulário novo e tendências evolutivas. No primeiro caso, o que obviamente acontece é a adoção de palavras estrangeiras, que são devidamente adaptadas à língua; no segundo, surgem ou acentuam-se tendências evolutivas a nível fonético e morfossintático. Estas influências são devidamente identificadas como estratos, existindo diversos tipos de estratos: Substrato - As línguas que precederam e influenciaram uma língua base que evoluiu para a Língua Y. Estrato - A Língua Y na sua primeira fase, ainda primitiva, após se ter diferenciado (através da evolução) da língua base. Superstrato - Depois da Língua Y se ter afirmado (como estrato), surgem influências de novas línguas que não conseguem suplantá-la. Adstrato - Quando a Língua Y convive com uma ou mais línguas sem que nenhuma delas perca a sua individualidade, antes influenciando-se mutuamente.
4 Porém, nem todas as línguas apresentam estes estratos de modo óbvio - o estrato pode ser de formação tão antiga que não existam quaisquer registos anteriores, apenas algumas "pistas" no vocabulário ou certas tendências evolutivas. Ou, então, uma língua pode ter evoluído no mais completo isolamento (sendo, por isso, muito conservadora). 9. Evolução semântica e fonética A etimologia é o estudo da origem das palavras, assim como da sua evolução. A palavra original a partir da qual derivam as atuais é chamada de étimo. Esta evolução pode ocorrer devido à ocorrência de diversos estratos, como vimos anteriormente, ou por simples evolução fonética ao longo do tempo - o que ocorre, especialmente, no discurso popular; sendo que o discurso erudito é mais conservador. A evolução linguística que ocorre no discurso popular apresenta três princípios: Princípio do menor esforço: os sons que são mais difíceis de dizer são simplificados. Princípio da evolução lenta: os sons alteram-se muito lentamente através dos séculos. Princípio da inconsciência: a lenta evolução, ao longo dos séculos, não é notada pelas populações. Mas a formação de vocabulário novo não passa apenas pela evolução fonética do vocabulário já existente. Muitas palavras surgem por meio da evolução da palavra (evolução morfológica) propriamente dita, quer seja por derivação (ao adicionar-se afixos) ou composição (unindo-se palavras). Por último, o vocabulário de uma língua pode ainda sofrer uma evolução semântica, ou seja, com a passagem do tempo, o significado de uma palavra altera-se para outro: em latim, "ministrum" referia-se ao escravo, aquele que serve o seu amo; enquanto que em português, um "ministro" é aquele que governa, servindo o seu país. Todas estas evoluções podem ocorrer por três vias: a popular, a erudita e a semi-culta. A via popular é aquela cuja evolução é marcada pelo uso das palavras no dia a dia das populações mais baixas (que dizem respeito à maior parte da população total de falantes de uma língua) - é também aquela que admite mais hipóteses de influências externas (dos diversos estratos). As palavras mais antigas evoluíram, muitas vezes, pela via popular. Por seu lado, a via erudita diz respeito a palavras que evoluem a partir da adição consciente de uma palavra estrangeira, por esta ser considerada mais culta. Quando a língua culta em questão é aquela que serviu de base à língua atual, a palavra não é introduzida pela primeira vez - resultando numa evolução diferente. Vejamos um exemplo: PLAGA (lat) > chaga - Via Popular PLAGA (lat) > plaga - Via Erudita A terceira via, a semi-culta, diz respeito às palavras eruditas que, em seguida, foram utilizadas pelo povo levando a novas evoluções: PLAGA (lat) > praga - Via Semi-culta
5 Analisando o exemplo dado, vemos que a palavra latina "plaga" deu origem a três palavras diferentes: "chaga", "plaga" e "praga". Chama-se de vocábulos divergentes às palavras com este tipo de evolução (duas ou mais palavras com origem no mesmo étimo). O contrário, ou seja, quando duas (ou mais) palavras homônimas tem étimos diferentes, são chamadas de vocábulos convergentes. SUNT (lat) > são (verbo) SANU (lat) > são (saudável) 10. FENÔMENOS FONÉTICOS Existem vários fenômenos fonéticos que se agrupam de acordo com o modo como ocorrem: Processos de Queda, Supressão ou Elisão - Quando um som desaparece. Processos de Adição - Quando é acrescentado um som. Processos de Alteração - Quando um som se modifica por influência de outros sons. Processos de Analogia e Etimologia Popular - Quando os sons de uma palavra se modificam por semelhança com os sons de outras palavras. Queda Aférese Quando um som é suprimido no início da palavra. acume > gume Síncope Quando um som é suprimido no interior da palavra. bonitate > bondade Apócope Quando um som é suprimido no final da palavra. mare > mar Adição Prótese Quando se acrescenta um som no início da palavra. thunu > atum Epêntese Quando se acrescenta um som no interior da palavra. sinu > seo > seio humile > humilde Paragoge Quando se acrescenta um som no final da palavra.
6 ante > antes Alteração Assimilação Completa Quando sons próximos tornam-se iguais. regina > rainha persicu > pêssego - assimilação regressiva nostru > nosso - assimilação progressiva Assimilação Incompleta Quando sons próximos se tornam semelhantes. chamam-lo > chamam-no Dissimilação Quando um som desaparece ou modifica-se para evitar que surjam sons iguais ou semelhantes (próximos ou não) numa palavra. lilio > lírio anima > alma Palatalização Quando um som (ou grupo de sons) se transformam em sons palatais. clamare > chamar flama > chama planu > chão oculu > oclu > olho filiu > filho venio > venho hodie > hoje Nasalização Quando uma vogal se torna nasal devido a um outro som nasal. manu > mão Desnasalização Quando uma vogal perde a sua nasalização. cena > ca > ceia Vocalização Quando uma consoante se torna uma vogal. absente > ausente octo > oito multo > muito Fricatização Quando uma semivogal passa a uma consoante fricativa. iam > já nouu > novo
7 Sonorização ou Abrandamento Quando as consoantes surdas, por se encontrarem rodeadas de vogais, se transformam em consoantes sonoras. acetu > azedo napu > nabo ciconia > cegonha Nasalação Quando uma vogal se torna nasal devido a um outro som nasal. manu > mão Metátese Quando um som muda de posição numa palavra ou numa sílaba. semper > sempre Crase (contração) Quando duas vogais passam a uma vogal. dolore > door > dor Sinérese (contração) Quando duas vogais se transformam num ditongo. malu > mau ATIVIDADE deverá ser entregue, impreterivelmente, até o dia 24/10/2013. LÍNGUA PORTUGUESA - Olavo Bilac Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o tom e o silvo da procela E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, Em que da voz materna ouvi: "meu filho!" E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! Flor do Lácio é uma expressão usada para designar a língua portuguesa. O poeta brasileiro Olavo Bilac refere-se ao idioma português como a última das filhas da língua latina. Assim, elabore um texto dissertativo, mostrando a origem e a evolução do português. Para esse levantamento, utilize como fonte o texto acima.
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