MAPA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. Profa. Adriana Galvão
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- Kléber Borba Marroquim
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1 MAPA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Profa. Adriana Galvão
2 Estatísticas Doze mulheres são assassinadas todos os dias, em média, no Brasil. É o que mostra um levantamento feito pelo site G1 considerando os dados oficiais dos estados relativos a São homicídios dolosos, sendo 946 feminicídios, ou seja, casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero. Trata-se de um aumento de 6,5% em relação a 2016, quando foram registrados homicídios (sendo 812 feminicídios). Isso sem contar o fato de alguns estados ainda não terem fechado os dados do ano passado, o que pode aumentar
3 "Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil, taxa de 4,3 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas do sexo feminino. Se considerarmos o último relatório da Organização Mundial da Saúde, o Brasil ocuparia a 7ª posição entre as nações mais violentas para as mulheres de um total de 83 países. O levantamento revela que: O Brasil teve homicídios dolosos de mulheres em 2017 (um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior) Do total, 946 são feminicídios (dado considerado subnotificado) Em 2015, 11 estados não registraram dados de feminicídios; em 2017, três ainda não tinham casos contabilizados Rio Grande do Norte é o que tem o maior índice de homicídios contra mulheres: 8,4 a cada 100 mil mulheres Mato Grosso é o estado com a maior taxa de feminicídio: 4,6 a cada 100 mil
4 História de luta A história do movimento feminista pode ser dividida em três momentos: as reivindicações por direitos democráticos como o direito ao voto, divórcio, educação e trabalho, nos séculos XVIII e XIX; A liberação sexual, impulsionada pelo aumento dos métodos contraceptivos, fim da década de 60. A luta pela igualdade no trabalho, iniciada na década de 70. * atualidade: direitos reprodutivos, empoderamento, espaços na política, etc.
5 Marcos Internacionais Desde 1965, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu que era preciso regular por meio de Convenções Internacionais direitos de sujeitos tidos como minorias, portanto mais vulneráveis socialmente, que deveriam ser protegidos pelos Estados. A elaboração e adoção de tratados relacionados aos direitos humanos consolidam os direitos sociais e políticos e econômicos: o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1965), o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), por entender que estes direitos estão na matriz do respeito à dignidade humana. É a partir de desdobramentos dos princípios reconhecidos nestes acordos que foi proclamada em 1979, a Convenção pela Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher CEDAW.
6 O movimento feminista organizado participou ativamente do processo de redemocratização do país nos anos 1980, ampliando as discussões sobre cidadania e igualdade feminina. Nos anos 1990, a agenda no combate às discriminações se amplia e vai assegurar às mulheres direitos nas mais variadas dimensões da vida social. Tratados internacionais de combate à violência da mulher passam a ser debatidos em todo o mundo e logo após a II Conferência Nacional de Direitos Humanos em Viena, na Áustria, em 1993, entidades internacionais de direitos humanos convocam com o apoio das Nações Unidas, a I Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento do Cairo, em 1994 e a IV Conferência Mundial das Mulheres, de Pequim, em 1995.
7 Na Conferência do Cairo, vozes feministas criticaram a visão da saúde da mulher baseada em conceitos demográficos e propuseram a noção de direitos sexuais. Esta noção abriu espaço para outras reflexões sobre a sexualidade, inclusive com propostas de recomendação de esforços para combater a discriminação por orientação sexual. Este fato controverso encontrou resistências ancoradas em valores religiosos, tendo como consequência a exclusão de referências diretas à orientação sexual no acordo firmado neste encontro. A Conferência ampliou o debate sobre a sexualidade no cenário global. Apesar de não haver ainda associação totalmente clara entre a noção de direitos sexuais e o princípio de liberdade sexual, a Convenção assegurava como compromisso a promoção da igualdade entre os gêneros. Consagrou os direitos reprodutivos pela primeira vez, ao assegurar a liberdade do casal e de qualquer indivíduo sobre a decisão de ter filhos direitos que nem sempre foram reconhecidos.
8 Marcos legais no Brasil No ano de 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 48/104, a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, um grande marco na doutrina jurídica internacional. O Brasil ratificou a Declaração e no ano seguinte, a Organização dos Estados Americanos (OEA) elaborou, dentre outras convenções, a Convenção de Belém do Pará que ratificou direitos da Convenção de Viena, definindo o combate às ações e condutas voltadas à violência contra a mulher. Os objetivos das Convenções além de definir a violência e a discriminação, consagravam direitos e conferiam aos Estados, a adoção de medidas eficazes capazes de erradicar as violações aos direitos humanos, por meio de políticas públicas que dessem visibilidade ao problema da violência de gênero.
9 A Convenção de Belém do Pará, como ficou conhecida a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (1994) reconheceu como violência, qualquer ato ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual, ou psicológico contra as mulheres, independente de condição social, sexo ou religião. A igualdade de remuneração entre trabalho masculino e feminino foi recomendada pela Organização Internacional do Trabalho, em Mas durante as décadas subsequentes prevaleceram posições desiguais no Brasil. A mulher continuava a ocupar postos mal remunerados. Até os anos 1930, o trabalho feminino no Brasil não encontrava nenhuma proteção legislativa. O Decreto nº , de 17 de maio de 1932, estabeleceu algumas novas condições para o trabalho feminino. Mas foi em 1962, com a promulgação do Estatuto da Mulher, Lei n.º4.121 de 27/08/1962, que a mulher foi considerada um sujeito político, conquistando a capacidade jurídica de mulher casada e deixando de ser pessoa relativamente incapaz, como eram até então classificadas, ao lado de indígenas e crianças. A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, por sua vez, contemplou a isonomia salarial e assegurou à mulher normas de
10 A Carta de 1988 garantiu a proteção da mulher no mercado de trabalho, mediante incentivos específicos (art. 7o, XX), prevendo legislação própria. A equiparação aos salários e a proibição de distinção de critérios de admissão, por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (art. 7o, XXX e CLT/1943, art. 5º), foi uma das novidades instituídas na nova Carta, pondo fim às discriminações e abusos cometidos contra as mulheres no mercado de trabalho. A Lei nº 9.029, de 1995, acompanhou a proibição de regras de discriminação, proibindo a exigência de atestados de gravidez, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho. A Lei 9.799, de 1999, inseriu regras sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho na Consolidação das Leis do Trabalho.
11 Igualdade entre os sexos na CF/88 Art. 5 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
12 Lei Maria da Penha Um dos maiores avanços na legislação brasileira de proteção à mulher e à família é a Lei Maria da Penha Lei nº , de 07 de agosto de Esta tipificou os crimes contra a mulher na esfera doméstica. A lei equipara a violência doméstica contra a mulher a crimes contra os direitos humanos. A Lei nº , de 07 de agosto de 2006, foi nomeada Maria da Penha em homenagem à cearense de mesmo nome, vítima de duas tentativas de homicídio por parte do ex-companheiro. Com a sua aplicação, a violência doméstica contra a mulher foi retirada da esfera privada e transferida para a esfera pública, seguindo recomendações da Convenção de Belém do Pará (ou Convenção Interamericana ), de 1994, voltada para a erradicação de toda forma de violência contra a mulher no mundo. A Convenção, além de definir termos como violência e discriminação, recomendava aos Estados a adoção de medidas eficazes para erradicar violações aos direitos humanos, por meio de políticas públicas que dessem visibilidade ao problema da violência do gênero, considerando as relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres. Um ponto importante nesta Convenção é a possibilidade de responsabilização do Estado em razão da omissão em erradicar a violência contra a mulher, seja na esfera pública, seja na esfera privada. Importante destacar que a existência desses tratados tem possibilitado a responsabilização de governos quando da omissão e ou negligência frente a casos de violência e discriminação a sujeitos mais vulneráveis da sociedade.
13 FEMINICÍDIO Feminicídio significa a perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificado como um crime hediondo no Brasil. O feminicídio se configura quando é comprovada as causas do assassinato, devendo este ser exclusivamente por questões de gênero, ou seja, quando uma mulher é morta simplesmente por ser mulher. De modo geral, o feminicídio pode ser considerado uma forma extrema de misoginia, ou seja, ódio e repulsa às mulheres ou contra tudo o que seja ligado ao feminino.
14 LEI /2015 Lei , em 9 de março de 2015, conhecida como a Lei do Feminicídio. A lei altera o Código Penal (art.121 do Decreto Lei nº 2.848/40), incluindo o feminicídio como uma modalidade de homicídio qualificado, entrando no rol dos crimes hediondos. A justificativa para a necessidade de uma lei especifica para os crimes relacionados ao gênero feminino, está no fato de 40% dos assassinatos de mulheres nos últimos anos serem cometidos dentro da própria casa das vítimas, muitas vezes por companheiros ou ex-companheiros. Segundo o Código Penal Brasileiro, os crimes classificados como de homicídio qualificado são punidos com reclusão que pode variar de doze a trinta anos. De acordo com o texto da lei do feminicídio, a pena do crime pode ser aumentada em 1/3 (um terço) até a metade caso tenha sido praticado sob algumas condições agravantes, como: Durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto; Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; Na presença de descendente ou ascendente da vítima;
15 Lei nº /2006 Violência doméstica e familiar contra a mulher - Processo nº: (Juízo da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher de São Gonçalo/RJ Juiz Titular: Dr. André Luiz Nicolitt 26/5/2017); - I Juizado Especial Criminal e de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Nilópolis/RJ Juiz Titular: Dr. Alberto Fraga 2 de junho de Conceito de mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero
16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORNIA, Josiane Pilau. Discriminação, Preconceito e Direito Penal. Curitiba: Juruá Editora, DIAS, Maria Berenice (coord.). Diversidade sexual e direito homoafetivo. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. 4ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros, NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 1. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
17 RAMOS, Leandro Ferreira. A criminalização da homofobia: uma pauta atual. Brasília: Conteúdo Jurídico, ROXIN, Claus. A proteção dos bens jurídicos como função do direito penal. 2ª edição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
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