PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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1 PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gabinete Juiz Convocado 3 Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6º Andar - Gab.52 Castelo Rio de Janeiro RJ PROCESSO: RECURSO ORDINÁRIO A C Ó R D Ã O 10ª TURMA ENQUADRAMENTO SINDICAL. O enquadramento sindical é definido pela atividade econômica preponderante da empresa, salvo na hipótese em que o trabalhador integrar categoria profissional diferenciada ( 3º do art. 511 da CLT). Recurso não provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso Ordinário, em que são partes: UBIRACI ELIAS VICENTE, como recorrente, sendo recorrida B. LOG BIONDO LOGÍSTICA S.A. RELATÓRIO O Excelentíssimo Juiz do Trabalho André Braga Barreto, da MM. 1ª Vara do Trabalho de Volta Redonda, prolatou a r. sentença de fls. 27/33, confirmada às fls. 38/39 pela decisão dos embargos declaratórios, que julgou procedente em parte o feixe de pedidos. O reclamante, não conformado, interpôs o recurso ordinário de fls. 41/46, requerendo a reforma da decisão de primeiro grau no que tange ao enquadramento sindical, compensação da jornada e hora noturna. Embora regularmente intimada, fl. 51, a reclamada não apresentou contrarrazões, conforme certificado à fl. 52. Os autos não foram remetidos ao respeitável Ministério Público do Trabalho, considerando-se a Lei Complementar nº 75/1993 e o Ofício PRT/1ª Região nº 27/08-GAB, de 15/01/2008. Este é o breve relatório. ADMISSIBILIDADE Regulares a tempestividade (fl. 41 em cotejo com fl. 40) e a representação processual (fl. 12). Uma vez que estão satisfeitos os pressupostos processuais intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade recursal, conheço do recurso, exceto quanto ao tema hora noturna

2 MÉRITO 1 - ENQUADRAMENTO SINDICAL O autor, operador de empilhadeira, admitido em 12/9/2006 para trabalhar nas dependências da Companhia Siderúrgica Nacional e dispensado sem justa causa em 9/9/2008, alegou que as atividades desenvolvidas pela reclamada para a CSN eram voltadas para o transporte interno de matéria-prima e outros produtos e que no quadro de funcionários da ré existiam motoristas das mais variadas habilitações para condução de veículos, guindastes e tratores, dentre outros. Por conta disso, buscou o enquadramento sindical na categoria dos rodoviários, a despeito de sua rescisão ter sido homologada pelo Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio e em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas, Serviços Contábeis, Locação de Fitas Gravadas em Vídeos-Cassete do Estado do Rio de Janeiro - SINDEAC/RJ. Pleiteou a declaração de nulidade de todos os atos praticados por sindicato que não representa a sua categoria. Em razão da ausência da reclamada na audiência de fl. 26, embora regularmente notificada, fl. 25, o juiz prolator da sentença a reputou revel e confessa quanto a matéria fática. Quanto a pretensão de enquadramento, julgou improcedente o pedido, nos seguintes termos, fl. 27:...Tal matéria se reveste de caráter eminentemente jurídico, não sendo atingida pela presunção fática. Conforme narrou o próprio reclamante, a reclamada estava vinculada ao SINDEAC/RJ, sendo inclusive tal entidade sindical que homologara sua rescisão contratual. O enquadramento sindical do trabalhador, por sua vez, tem relação direta, como regra, com a atividade preponderante do empregador, ante o princípio geral do paralelismo sindical, adotado pela legislação pátria (art. 511, 2º, da CLT), e assim, o autor segue o enquadramento da ré (...omissis...). O objeto social da empresa reclamada, constante do extrato de fl. 23 não discrepa objeto da representação do SINDEAC, sobretudo no que toca às empresas de assessoramento... Inconformado o autor alega que ao contrário do que afirmado na decisão atacada, não alegou na inicial que a empresa estava vinculada ao SINDEAC, até porque este sindicato representa a categoria dos trabalhadores e não da empresa. Diz depreende-se de sua CTPS que foi contratado para trabalhar em uma transportadora o que reafirma que suas atividades estavam voltas para a categoria dos rodoviários. Examina-se. A teor do Parágrafo 1º do artigo 511 da CLT, O enquadramento sindical é definido pela atividade econômica preponderante da empresa, salvo quando o

3 trabalhador integra categoria profissional diferenciada. No caso em estudo, o documento de fl. 23, revela: Código de descrição da atividade econômica principal: Locação de outros meios de transporte não especificados anteriormente, sem condutor Código e descrição das atividades econômicas secundárias: Aluguel de outras máquinas e equipamentos comerciais e industriais não especificados anteriormente, sem operador Depreende-se do quadro anexo ao artigo 577 da CLT que a descrição das atividades econômicas da empresa não guardam qualquer conexão com aquelas descritas no 2º Grupo Empresas de Transportes Rodoviários, tampouco a profissão exercida pelo autor, operador de empilhadeira, encerra categoria profissional diferenciada. Frise-se que, ao contrário do alegado pelo reclamante, a sentença não vinculou a representatividade da ré ao SINDEAC/RJ, apenas consignou que as atividades por ela desenvolvidas não discrepavam da representação do SINDEAC, pois para cada categoria profissional há uma categoria profissional correspondente. As anotações contidas na CTPS do autor não alteram essa conclusão, pois não é a razão social da empresa que determina o enquadramento sindical. Nesse contexto, não há como chegar à conclusão diversa daquela adotada em sentença. Nego provimento. 2 - HORAS EXTRAS E COMPENSAÇÃO DA JORNADA O autor alegou que a reclamada impôs uma jornada contratual de 12h, das 19h às 7h, com escala 7x7, ou seja, sete dias de trabalho por sete dias de folga. Afirmou que nos dias de folga, destinado à suposta compensação, era obrigado a trabalhar, o que desnaturou o acordo de compensação de jornada. Afirmou, ainda, que era obrigado a registar o seu cartão de ponto, em média, 30 minutos antes e após a jornada contratual. Pleiteou o pagamento das horas extras laboradas nos domingos e feriados com adicional de 100%. Não foram colacionadas normas coletivas. O magistrado considerou o labor em escala 7x7, das 18h30min às 7h30mim, determinou o pagamento de horas extras, observado o módulo diário de 8h e semanal de 44h, o adicional de 50% e a hora ficta noturna. Reputou descabido o percentual de 100% para as horas laboradas nos domingos e feriados, ante a compensação realizada de 7 dias seguidos de descanso

4 Inconformado, o autor alega que com a declaração de inaplicabilidade das normas coletivas firmadas pelo SINDEAC/RJ, não há falar em acordo de compensação de jornada. Afirmou que, pela mesma razão, também os minutos decorrentes da entrada e saída antecipada não estão contemplados pela compensação e que embora tenha sido deferida a redução da hora noturna, não determinou o seu pagamento como extra. Vejamos. Ao contrário do afirmado pelo autor, o pleito relativo às entradas antecipadas e saídas postergadas em 30 minutos, foi devidamente contemplado em sentença. Quanto à compensação de jornada, o sistema não foi descaraterizado em função de qualquer norma coletiva e sim em razão da dinâmica laboral verificada na narrativa do próprio autor, que contemplava a compensação, ainda que irregular. Pela mesma razão, o pleito relativo às horas laboradas em domingos e feriados foram consideradas compensadas. Em relação ao tema, destaque-se que, em que pese o autor tenha afirmado que nos dias destinados à compensação era obrigado a trabalhar, não afirmou a frequência com que era escalado, inviabilizando o deferimento do pleito, não obstante a prestação habitual de labor nos dias destinados à folga, descaraterize o acordo de compensação de jornada. No que tange aos domingos e feriados, também o deferimento do pleito encontra obstáculo na ausência de norma coletiva, legal ou contratual que ampare o pagamento de adicional de 100%. No caso, seria devido o pagamento em dobro em razão do labor em tais dias, o que, contudo, não foi pleiteado. Nego provimento. 3. HORA NOTURNA O reclamante alega que embora o pedido relativo à redução da hora noturna, para fins de cálculo de horas extras tenha sido deferido, necessária a reforma da sentença com o fim de deferir 7h30min para cada hora trabalhada entre as 22h de um dia até o encerramento da jornada, no dia seguinte. O pleito foi assim julgado, fl. 29; no cálculo das horas extras, considere-se a hora ficta noturna, nos termos do art. 73, 2º da CLT. Em sentença, foi fixada a jornada do autor em 18h30min às 7h30mim. O parágrafo 2º do artigo citado considera noturno o trabalho executado entre as 22h de um dia às 5h do dia seguinte. Sendo assim, não houve pronunciamento acerca da jornada laborada após as 5h. Ocorre que o autor não buscou a integração do julgado no aspecto, embora tenha aviado embargos de declaração. Assim, não há como conhecer do recuso no aspecto, uma vez que a matéria não foi devolvida. Aplica-se, na hipótese o disposto na Súmula nº 393/TST:

5 RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE. ART. 515, 1º, DO CPC (redação alterada pelo Tribunal Pleno na sessão realizada em ) Res. 169/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do 1º do art. 515 do CPC, transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões. Não se aplica, todavia, ao caso de pedido não apreciado na sentença, salvo a hipótese contida no 3º do art. 515 do CPC. (grifamos) Se o pedido não foi apreciado e julgado, isto se deu porque a parte interessada deixou que sobre ela se operasse a preclusão. Não conheço. Ante o exposto, conheço do recurso, à exceção do tópico relativo à hora noturna e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação acima. A C O R D A M os Desembargadores da Décima Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso, à exceção do tópico relativo à hora noturna e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos da fundamentação do voto do Excelentíssimo Senhor Juiz Relator. Rio de Janeiro, 31 de outubro de JUIZ CONVOCADO MARCELO ANTERO DE CARVALHO Relator