CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

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1 Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Processo administrativo Procurações Negativa sem fundamentação legal Informação Pessoal Ato Discricionário Perda do Objeto MT Ministério dos Transportes R.G.C. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO ATO DATA TEOR Cidadão solicita fotocópia integral do processo Pedido 05/05/ / Esta é a segunda vez que o cidadão apresenta este pedido. Anteriormente, no NUP / , o MT informou ao cidadão que Caso, o pedido seja de interesse de terceiros, anexar ao sistema documento que comprove o parentesco em 1 grau ou procuração com autorização expressa do servidor aposentado/pensionista nominalmente ao requerente. O cidadão não recorreu, optando por abrir novo pedido, desta feita anexando a procuração conforme solicitado. Resposta Inicial 08/05/2015 Em resposta, o MT informa que para representar a pensionista faz-se necessária a apresentação da procuração original ou cópia autenticada, com firma reconhecida em cartório.

2 Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima O Ministério já antecipa que embora o reconhecimento de firma já não seja obrigatório desde a Lei /02, novo Código Civil, sua exigência poderá ser feita por Órgãos do Governo Federal havendo motivos para isso, neste caso inúmeros casos de fraudes. Inconformado, o cidadão pede que seja reformada a 08/05/2015 decisão apresentada e disponibilizadas as fotocópias requeridas. O Ministério protesta, alegando que apenas RG/CPF apresentados são cópias autenticadas e que a procuração acostada não possui autenticação ou firma 14/05/2015 reconhecida. Salienta que caso seja encaminhada procuração autenticada e com firma reconhecida será enviada a informação demandada. 14/05/2015 O cidadão declara ser advogado e que representa a solicitante, afirmando que a interpretação utilizada pelo MT fere a própria prerrogativa legal de sua categoria. Ocorre que o posicionamento praticado pela Coordenação Geral de Gestão de Pessoas, da Subsecretaria de Assuntos Administrativos, supra transcrito, apesar de encontrar eco no art. 654, 2º, do CC, não se aplica à procurações outorgadas à advogados. Tal entendimento se aplica às procurações outorgadas àqueles que não são advogados. Segundo ele, procurações outorgadas à advogados devem ser interpretadas em respeito ao princípio da especialidade, devendo, portanto, a situação ser analisada em consonância entre o Código Civil (geral) e o Estatuto da OAB Lei nº 8.906/94 (especial): Art. 5º - O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la, no prazo de quinze dias, prorrogável por igual 2

3 Resposta do Recurso à Autoridade 19/05/2015 Máxima Recurso à 20/05/2015 período. 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exigirem poderes especiais. Afirma finalmente que é correta a exigência de procuração com firma reconhecida quando não se tratar de profissional inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, porém, a priori, trata-se de exigência desnecessária aos profissionais que se enquadram na categoria regida pela Lei 8.904/94, que inclusive possuem fé pública para atestar a autenticidade de documentos (Lei /2009). (g.n.) O MT informa que a informação requerida "provavelmente, trata do processamento de pensão civil" e que assim sendo, as informações ali constantes "podem estar relacionadas à vida privada da pensionista". Utiliza-se então do art.31 da Lei /11 para vetar a divulgação da informação à representante que não esteja devidamente reconhecido e mantém a exigência da procuração original ou cópia autenticada/firma reconhecida. Solicitante pede o fornecimento das fotocópias do processo nº / , na forma como foi requerido no pedido inicial. Análise É o relatório. 2. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão inicial, assim como também consta que a autoridade que proferiu a decisão, em segunda instância, foi o dirigente máximo do órgão/entidade. 3

4 3. No que tange os requisitos de admissibilidade, registre-se que o recurso foi apresentado a de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, nestes termos: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria- Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 4. Analisando o histórico do caso em tela, verifica-se que trata-se de informação existente, porém a discussão reside na controversa questão do livre acesso dos advogados aos documentos necessários ao exercício de sua profissão mediante apresentação de procuração outorgada por seus clientes, sem a necessidade de reconhecimento de firma. 5. Em sede de recurso de segunda instância, o cidadão declarou-se advogado, representante da cidadã de quem busca informação. Para tal, orientado que foi anteriormente, anexou desde seu pedido inicial procuração assinada, porém sem o reconhecimento de firma da outorgante. Anexou ainda cópias dos documentos de RG e CPF, estes contendo autenticação dada por cartório. 6. A Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, garante em seu art. 3º, IV, aos cidadãos a possibilidade de serem assistidos por profissional da advocacia perante a Administração Pública, sendo que esta representação é comprovada por meio de procuração: Art. 3 o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:(...) IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. 4

5 7. A atuação do advogado em assunto extrajudicial, em defesa dos interesses de seu cliente, é regida pelo Código Civil, e faculta a exigência pelo terceiro a quem o mandatário tratar, da procuração com firma reconhecida, nos termos do art. 654, 2º. Desta forma, a exigência feita pelo Ministério não ofende a ordem legal: Art. 654 Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. (...) 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. 8. O Código Civil, porém, possui todo um capítulo sobre a situação em que alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. Tamanhas são as especificidades, uma vez que o Código Civil refere-se aos mandatos outorgados amplamente, que os advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil têm privilégios conferidos por Lei Federal, a Lei nº 8.906/94 que rege o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 9. Buscando comparação em caso concreto, verificamos que a 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul atendeu a pedido feito pela seccional da OAB no estado, em análise do Agravo de Instrumento nº , e manteve liminar que desobriga aos advogados o reconhecimento de firma em procuração para atuar no âmbito da administração pública. Para isso, a Câmara baseou-se no artigo 5º da referida Lei 8.906/1994, que dispõe que advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato, sem fazer menção de exigência ao profissional da advocacia para que o instrumento seja acompanhado de firma reconhecida. Art. 5º - O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la, no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período. 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exigirem poderes especiais. 10. Em seu voto o desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva afirmou que o dispositivo citado do Código Civil não se aplica ao profissional da Advocacia, tendo em vista as 1 5

6 disposições da Lei Especial 8.906/1994, que não exige do advogado a apresentação de mandato com firma reconhecida. 11. Afirmou ainda que Seria até desarrazoado exigir o mandato nestes moldes (com firma reconhecida na via extrajudicial) quando, na via judicial, o advogado, afirmando urgência, pode atuar até mesmo sem procuração, obrigando-se a apresentá-la, no prazo de quinze dias, conforme dispõe o parágrafo 1º do artigo 5º, da Lei 8.906/ Desta forma, vigora o entendimento de que a exigência de procuração com firma reconhecida, quando se tratar de profissional inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, é desnecessária. 13. Ocorre em última análise, que o documento anexado ao pedido pelo procurador solicitante, é uma cópia digitalizada do documento original. Sobre isso a Lei nº /09 nos traz in verbis: Art O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos. (g.n.) 14. Observa-se então que advogados possuem inclusive fé pública para atestar a autenticidade de cópias de documentos, porém o parágrafo único do artigo 830 esclarece que caso o Órgão questione a autenticidade da cópia, cabe a ele solicitar que as cópias sejam autenticadas ou seja fornecido o documento original. Exatamente o caso em questão. 15. O mesmo também pode ser observado no disposto no 1º do art. 11 da Lei nº /06, onde os documentos digitalizados e juntados aos processos de benefício pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas autoridades policiais, pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos e privados têm a mesma força probante dos originais, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de digitalização. 6

7 16. Aparentemente, o legislador busca dar celeridade nos processos ao oferecer tratamento isonômico a Advogados, membros do Ministério Público e demais membros do Poder Judiciário, mas deixa aberta a possibilidade de questionar-se o documento digitalizado. 17. Diante de todo o exposto, conclui-se que os advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil possuem fé pública, não havendo necessidade de reconhecer firma para atuar na área administrativa quando oferecerem documentos originais. As cópias, sejam elas fotocópias ou digitalizações, podem ser questionadas por Órgãos do Governo Federal havendo motivos para isso. No caso em análise, o registro de inúmeros casos de fraudes apontado pelo Ministério dos Transportes. 18. Iniciada interlocução com o cidadão, diante do procurador solicitante ter optado por fornecer enfim, cópia digitalizada com autenticação da Procuração demandada pelo Órgão, o Ministério dos Transportes forneceu a este a documentação solicitada, prejudicando assim o recurso interposto pela perda de seu objeto. Conclusão 19. Dessa forma, opina-se pela perda do objeto do recurso interposto, uma vez que a informação solicitada foi entregue ao cidadão conforme comprovação enviada à. DANTON BRITO DE SANTANA LOPES Analista de Finanças e Controle 7

8 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria- Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pela perda do objeto do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à MT Ministério dos Transportes. LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 8

9 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1823 de 19/06/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/06/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 19/06/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 66b1a326_8d278d11865ad4d