Intervenção do companheiro João Batista Lemos na VII reunião do Conselho Presidencial da Federação Sindical Mundial, Lima, 7 de Março de 2013
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- Aline Peixoto Santiago
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1 Intervenção do companheiro João Batista Lemos na VII reunião do Conselho Presidencial da Federação Sindical Mundial, Lima, 7 de Março de 2013 A LUTA PELO SOCIALISMO ESTÁ NA ORDEM DO DIA Iniciamos esta reunião com trágica noticia do desaparecimento físico do Comandante Hugo Rafael Chávez Frias, presidente da Republica Bolivariana da Venezuela. O Presidente Chávez foi um incansável defensor dos direitos dos trabalhadores, sempre posicionou-se na linha de frente do combate ao imperialismo e na defesa da soberania e auto-determinação dos povos. Para nós, lutadores pela emancipação da América Latina, seu legado será fonte de inspiração na luta pela integração solidária do continente e na construção do socialismo no século XXI. Neste sentido propomos que esta reunião preste uma homenagem ao comandante Hugo Chávez, a seus familiares e ao povo venezuelano neste difícil momento. Estimados companheiros e companheiras, 01 A conjuntura mundial segue fortemente influenciada pela crise do capitalismo neoliberal. As crises são fenômenos intrínsecos ao capitalismo, resultam das contradições que presidem suas relações de produção e são recorrentes na história. Mas esta não é uma crise cíclica usual, tem raízes mais profundas e provavelmente terá conseqüências políticas mais relevantes, já que eleva a graus temerários a temperatura da luta de classes, a concorrência e os conflitos entre as nações. A classe trabalhadora é, de longe, a sua principal vítima. 02 Em cínico contraste com a pregação neoliberal do Estado mínimo, os governos das potências capitalistas, sobretudo nos EUA, União Européia e Japão, derramaram cerca de 15 trilhões de dólares e euros na economia
2 mundial a pretexto de evitar o colapso do sistema financeiro e debelar a crise. Tais recursos não foram canalizados para a proteção do emprego, do consumo, da produção, do povo trabalhador, acossado pelo desemprego em massa e os despejos, mas basicamente para salvar e garantir o lucro de bancos, banqueiros e multinacionais, como as estadunidenses GM e Ford. 03 O resultado inevitável de tudo isto é o aguçamento da luta de classes em toda a região e especialmente nos países mais endividados. A reação da classe trabalhadora, do movimento sindical e dos partidos de esquerda à ofensiva neoliberal dos governos está transformando a Europa num grande palco da luta de classes entre capital e trabalho. 04 Embora global, a crise se manifesta de modo desigual nas diferentes nações e regiões do planeta, potencializando os efeitos da lei do desenvolvimento desigual, o que configura sua característica política mais relevante. Os estragos são maiores na Europa, especialmente nos países naufragados na dívida externa (submetidos à troika); nos Estados Unidos e no Japão. A China, mesmo desacelerando, não parou de crescer e registra expansão média do PIB em torno de 9% a.a desde A Ásia, de uma forma geral (excetuando Japão), saiu-se bem melhor até agora Desta realidade emana a necessidade objetiva de instituir uma nova ordem geopolítica. Em certa medida o mundo já vive um processo de transição nesta direção, embora o futuro não seja desenhado previamente. A criação e consolidação do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como bloco econômico e político, os acordos nele em curso para a realização de transações comerciais e financeiras com base nas moedas nacionais, excluindo o dólar, bem como a criação de um banco de desenvolvimento e um fundo monetário do grupo, sinalizam a construção de um novo sistema monetário e instituições alternativas à atual ordem imperialista As iniciativas para a integração latino-americana dos governos progressistas eleitos a partir de 1998 apontam para uma nova geopolítica
3 regional. Esta vai se definindo em oposição à ordem imperialista ditada pelos EUA, através da negação do projeto da Alca; do combate aos acordos bilaterais de livre comércio e a outras iniciativas estimuladas pelo império; do esvaziamento da OEA com a criação da Celac, hoje presidida por Cuba; da ampliação do Mercosul; do fortalecimento da Unasul, além da experiência na ALBA e de outros acontecimentos do gênero As guerras que infernizam a vida dos povos na África e no Oriente Médio (Mali, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria) são obras do imperialismo, crimes que os governos dos EUA, França, Inglaterra e outras potências capitalistas cometem para expropriar as riquezas naturais dessas nações (petróleo, ouro, diamante, urânio) sob a máscara da guerra ao terror, defesa dos direitos humanos, liberdade e democracia A decadência econômica deixou os líderes imperialistas dos Estados Unidos e da OTAN mais agressivos e dispostos a recorrer à supremacia militar para conservar e ampliar a hegemonia política e econômica. Nossa América Latina não está à margem dos riscos embutidos na crescente agressividade do imperialismo, que por aqui se manifesta na reativação da 4ª Frota, instalação de novas bases militares na Colômbia, golpes militares em Honduras e no Paraguai, iniciativas golpistas na Venezuela, Equador e Bolívia No campo econômico, depois da derrota da Alca, os EUA buscaram outros meios de impor seu projeto imperialista e sabotar as iniciativas de integração regional, negociando acordos de livre comércio com alguns países, baseados no Nafta (EUA, Canadá e México) e estimulando a Aliança do Pacífico (que reúne México, Colômbia, Chile e Peru, países onde ainda conta com governos aliados) em oposição ao Mercosul que se amplia com Venezuela e Equador e à expansão comercial e financeira da China na região. O acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia, anunciado recentemente por Barack Obama, também é uma reação à
4 decadência econômica do chamado Ocidente e à ascensão da China e fortalecimento do Brics. AÇÃO E DESAFIOS DO MOVIMENTO SINDICAL 10 - A atual crise, que tem um caráter sistêmico, revela os limites históricos do modo de produção capitalista e contribui para evidenciar os riscos de barbárie que o imperialismo encerra, configurados nas duas guerras mundiais e, atualmente, na crescente agressividade dos EUA e da OTAN. Avulta, neste contexto, a necessidade de reiterar a propaganda e intensificar luta pelo socialismo, ideal maior da classe trabalhadora A FSM compreende que só o socialismo pode trazer uma solução definitiva para as perturbações recorrentes da economia e os retrocessos sociais conseqüentes que se verificam inevitavelmente sob o capitalismo, bem como abrir caminho para uma paz perene entre os povos, com absoluto respeito ao direito das nações à autodeterminação, complementaridade, soberania e solidariedade econômica, correção das assimetrias e desigualdades É nossa tarefa combater a ordem econômica capitalista hegemonizada pelos EUA e defender uma nova ordem mundial não imperialista, fundada no direito à autodeterminação das nações e orientada para a paz, o fim dos mecanismos de exploração embutidos na atual divisão internacional do trabalho, a solidariedade e o fim da exploração e opressão neocolonial das nações mais pobres pelas grandes potências Na AL, devemos apoiar e participar do processo de integração, com destaque para a Alba, combater os tratados de livre comércio e outras iniciativas dos EUA para manter o domínio da região; lutar, em unidade com d ESNA - Encuentro Sindical Nuestra America, para elevar o nível de intervenção política do sindicalismo e dos movimentos sociais no processo em
5 curso, defendendo uma integração antineoliberal, democrática, soberana e solidária, comandada pelos Estados e não pelos mercados, visando a valorização do trabalho, o bem estar social em todas as nações que constituem a Nossa América e apontando para o socialismo. 14 Nesta conjuntura de crise mundial, a FSM deve buscar a unidade de ação na luta contra a exploração capitalista e neoliberal e reafirmar, ao mesmo tempo, na luta de idéias, sua concepção classista, em contraposição ao sindicalismo colaboracionista propagado pela CSI. Em âmbito mundial é preciso dar continuidade ao dia internacional de lutas, 3 de outubro; fortalecer os laços de solidariedade internacional; as mobilizações em defesa do emprego, salários e direitos dos trabalhadores, bem como da universalização das políticas publicas; a luta em defesa da soberania dos recursos hídricos (água), energéticos e sustentabilidade ambiental. A luta pela paz e contra o imperialismo; contra as práticas antissindicais e pelo respeito à liberdade sindical. Ênfase especial deve ser conferida à formação sindical através dos fóruns internacionais apropriados e seminários de capacitação sindical. Cabe também ressaltar as posições defendidas pela FSM na OIT O momento particular que vive a República Bolivariana da Venezuela merece atenção especial da FSM. O imperialismo buscará de todas as maneiras desestabilizar o país. Devemos estar atentos a qualquer tentativa da direita golpista e reforçarmos nossas ações de solidariedade junto ao povo venezuelano e a Revolução Bolivariana. Em nível regional ganham também destaque: as lutas contra a militarização no Continente e o repúdio à reativação da IV Frota no Atlântico Sul; a justa luta de resistência dos trabalhadores do Sindicato Mexicano de Eletricitários SME; os tribunais de denúncia contra as violações da liberdade sindical na Colômbia e Guatemala; a jornada nacional de luta da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP); as greves gerais na Argentina, as mobilizações no Chile em defesa da educação pública e em repudio ao assassinato do sindicalista Juan Pablo Jiménez; as reeleições do presidente
6 Rafael Correia no Equador com o apoio da CTE, a marcha da classe trabalhadora a Brasília realizada pelas centrais sindicais e os movimentos sociais em 6 de março em defesa das bandeiras históricas dos trabalhadores aprovadas na 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora em junho de 2010 no Brasil. Para finalizar quero destacar o protagonismo da FSM na recente cúpula da CELAC no Chile, por iniciativa da Secretaria das Américas. A FSM vai se fortalecer no curso da luta política e de classes em nosso continente, intervindo de forma concreta e unitária nas lutas das classes trabalhadoras, econômicas e políticas e buscando dar mais visibilidade para suas ações e das proposições de seu 16 Congresso. VIVA A UNIDADE DA CLASSE TRABALHADORA E VIVA A FSM!
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