Ferramentas de Mobilização Comunitária
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- Tânia Domingues Henriques
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1 Ferramentas de Mobilização Comunitária Prefeitura Municipal de Curitiba Instituto Municipal de Administração Pública IMAP Área: Gestão de Desenvolvimento Social 1
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3 Luciano Ducci Prefeito Municipal Carlos Homero Giacomini Presidente Maria do Carmo A. de Oliveira Superintendente Elaine Rossi Ribeiro Diretora da EAP Elaboração: Lycia Tramujas Vasconcellos Neumann 3
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5 Desenvolvimento Comunitário baseado em Talentos e Recursos Locais - Ferramentas de Mobilização Comunitária Lycia Tramujas Vasconcellos Neumann Abril 2010 Objetivos Compartilhar conhecimentos sobre a abordagem do - Desenvolvimento Comunitário baseado em Talentos e Recursos Locais, seus princípios, ferramentas e algumas histórias de sucesso. Trocar experiências e aprendizados no trabalho com comunidades. Dar base norteadora para as s de Territórios e Comunidades: priorização, mapeamentos e Fortalecimento das Potencialidades Comunitárias Locais.
6 Agenda Parte I: Desenvolvendo um novo olhar sobre a comunidade Parte II: A abordagem Parte III: Aprendendo com histórias verdadeiras Reflexão Se nós damos um peixe a um homem, isto vai satisfazer sua fome por um dia. Mas nós teremos que continuar lhe dando peixes para que sobreviva. Então nós o ensinamos a pescar. Isto resolverá seu problema até que alguém despeje lixo tóxico no rio. E aí? Ele precisa ser preparado para controlar, de forma sustentável, todos os fatores que afetam sua capacidade de pescar. (Filosofia de trabalho da Fundação para o Desenvolvimento Comunitário do Quênia)
7 Níveis de Desenvolvimento Macro: alcance ou impacto global Meso: de influência nacional, e no caso brasileiro também o nível regional Micro: subdivide-se em dois níveis - desenvolvimento local e desenvolvimento comunitário Conceito de Comunidade Comunidade significa um grupo de pessoas que compartilham de uma característica comum, uma comum unidade, que as aproxima e pela qual são identificadas. Esta comum unidade é, na maioria das vezes, a região onde moram, mas também pode ser os interesses e causas que defendem, suas características, origens, cultura, crenças e interesses partilhados
8 Novo conceito Comunidade é um grupo de pessoas determinadas a trabalharem juntas para o bem comum. (Instituto de Políticas Sociais Caledon - Canadá) O que é Desenvolvimento Comunitário É o conjunto de práticas criadas com o objetivo de fortalecer e tornar mais efetiva a vida em comunidade, melhorando as condições locais, principalmente para aqueles que se encontram em situações de desvantagem social (Fundação de Desenvolvimento Comunitário da Inglaterra)
9 Mudança de Olhar deficiências e necessidades talentos e recursos Toda comunidade é um copo meio cheio, meio vazio. O olhar determina o movimento. Se o copo é vazio, procura-se enchê-lo. Se dá para ver água no copo, busca-se completá-lo. Evolução Histórica dos Investimentos Sociais : faça desenvolvimento para o povo : faça desenvolvimento pelo povo : faça desenvolvimento através das pessoas : faça desenvolvimento com as pessoas a partir de 1990 : promova as pessoas para o desenvolvimento O objetivo passa a ser em desenvolver a capacidade local para o auto-desenvolvimento. Pela primeira vez, as pessoas estão sendo vistas como o foco primário e protagonistas do processo de desenvolvimento (adaptado de Booy e Sena)
10 As tendências do Investimento Social na promoção do desenvolvimento FATOR Estratégia básica Investimento Técnicos e profissionais Comunidades Intervenções DE Apoio a instituições de caridade Apoiar pessoas individualmente Facilitadores na transferência de recursos Separadas do processo de desenvolvimento Específica, tangível, técnica PARA Construção da capacidade comunitária Apoiar pessoas como parte de sua comunidade Facilitadores no desenvolvimento comunitário Protagonistas do seu desenvolvimento Holística, articulada (Booy e Sena) Fortalecendo o senso de comunidade Ao contrário de programas de desenvolvimento que se limitam a oferecer dinheiro, serviços e outros bens materiais para as comunidades carentes, o objetivo principal destas iniciativas é reduzir o sentimento de dependência das mesmas, substituindo-o por autoconfiança, autonomia e responsabilidade.
11 Fortalecendo o senso de comunidade A metodologia adotada preconiza: vizinhos apoiando uns aos outros e trabalhando juntos em tarefas concretas; tarefas planejadas a partir de um auto-reconhecimento dos talentos, recursos individuais e coletivos disponíveis; processo que ajuda a criar e fortalecer o capital humano, familiar e social, provendo nova base para um futuro mais promissor e de maior inclusão social Áreas de Desenvolvimento Economia Meio- Ambiente Sociedade Economia Sociedade Meio Ambiente (Sustainable Measures)
12 Capitais diferentes tipos Capital Construído Capital Humano é o que você sabe Capital Social é quem você conhece Capital Humano e Social (Michael Woolcock) Capital Natural Capital Social múltiplas relações sociais relação familiar João relação comercial Pedro relação social relação comunidade religiosa 8
13 Capital Social múltiplas relações sociais B C A D E Capital Social diferentes tipos de Conexão: acontece no relacionamento das pessoas com suas próprias famílias e com indivíduos ou grupos com interesses comuns ou moradores da mesma comunidade. de Ponte: esta relação social acontece com pessoas de grupos diferentes, como por exemplo, em raça, geração, gênero, região ou preferência política. Este tipo de capital social é formado quando as pessoas ultrapassam as fronteiras geográficas, sociais e culturais. de Ligação: aproxima pessoas de diferentes faixas sociais. Através dessas relações, indivíduos obtêm acesso a recursos e conhecimentos que, normalmente, não teriam.
14 Reflexão Onde você vive e quem você conhece o capital social com o qual você pode contar ajuda a definir quem você é e qual o seu destino. Robert Putnam De Clientes para Cidadãos Clientes são aqueles que dependem dos outros para viver e que, enxergando apenas seus defeitos, esperam também que os outros também vejam suas deficiências e os ajudem, atendendo às suas necessidades. Cidadãos, ao contrário, são aqueles que vêem seus problemas e dificuldades, mas que também percebem suas qualidades, capacidades e potencial para mudar a realidade. Eles acreditam no poder coletivo e buscam parceiros com quem possam construir um futuro melhor.
15 Reflexão Bons clientes são péssimos cidadãos. Bons cidadãos constróem comunidades fortes. Osborne e Gaebler De Máquinas de Refrigerante... De um lado estão as instituições públicas e privadas que desenvolvem projetos e programas sociais baseados nas deficiências e necessidades das comunidades e dos beneficiários das ações. Atuando como meros provedores de serviços, as instituições são como máquinas de refrigerante : ao terem seus botões acionados, ofertam produtos e serviços baseados em modelos padrão e desenvolvidos para consertar pessoas e suas realidades.
16 ... a Construtores de Celeiros De outro lado, estão as instituições que, em vez de simplesmente proverem serviços, atuam como construtores de celeiros. Promovem o engajamento dos cidadãos no desenvolvimento de projetos e programas, faz endo com que estes se tornem coresponsáveis pela busca de alternativas para sua promoção social e econômica. Quando se deparam com um novo problema, esses cidadãos não perguntam O que o governo ou as ONGs farão por nós?, mas, sim, concentram-se em definir O que nós vamos fazer, juntos, para resolver esta questão? Comunidade e Instituição Comunidade e Instituição tem diferentes características, portanto diferentes contribuições Natureza das Comunidades? Natureza das Instituições
17 A relação instituição - cliente Sistema Uma forma tradicional de promover o desenvolvimento social é através de instituições e seus sistemas, que têm nas comunidades seus clientes, consumidores e beneficiários. Características das instituições: Poucos têm o controle sobre muitos = hierarquia; Capacidade de produzir em larga escala produtos e serviços; Sua sobrevivência depende da existência de clientes. Cliente/ consumidor Limitações: Dependência que pode criar nos beneficiários; Dificuldade de produzir soluções individualizadas. (John McKnight) A natureza das comunidades A natureza das comunidades e de suas associações é baseada em processos de decisão de consenso e não de controle. Nas comunidades, as pessoas votam com os seus pés. Se não gostam e não acreditam no projeto ou iniciativa, elas se retiram. Não será o dinheiro ou a hierarquia que as irá segurar, mas o relacionamento entre seus membros e uma causa em comum.
18 Um novo modelo de relação: comunidades associações instituições Investimentos sociais, quando canalizados apenas para instituições ou indivíduos, ignoram o potencial das comunidades e sua capacidade de associação em torno de questões locais. O modelo proposto por McKnight coloca as pessoas e suas famílias no centro do desenvolvimento, apoiadas por associações formais e informais da comunidade, e em uma relação mais firme com as instituições sociais e seus sistemas de programas e serviços. Construção da Capacidade Comunitária elementos principais Senso de Comunidade: representado pelo grau de conectividade entre seus membros e pelo reconhecimento de que compartilham as mesmas circustâncias de vida. Nível de Comprometimento dos Integrantes: quando indivíduos, grupos ou organizações locais assumem a responsabilidade pelo o que acontece na sua comunidade e investem tempo, energia e outros recursos para promover o bemestar. Mecanismos de Solução de Problemas: através dos quais o comprometimento pode ser traduzido em ação. Acesso a Recursos: econômicos, humanos, físicos e políticos sejam eles internos ou externos à comunidade.
19 Construção da Capacidade Comunitária resultados mais comuns relações mais fortes, que resultam em pessoas mais saudáveis, famílias mais seguras e solidárias, e comunidades mais receptivas; crescente número de oportunidades para ações comunitárias; moradores compartilhando idéias com mais facilidade durante o processo de planejamento e execução das ações de transformação; maior habilidade na definição e alcance de objetivos comuns; maior intuição e sensibilidade para decidir o que e quando fazer, mas também quando desistir; líderes mais competentes e comprometidos; maior habilidade para lidar com as pressões, o desapontamento e as frustrações, assim como suas conseqüências para o orgulho e o bem-estar comunitário. Dinâmica: Construindo seu perfil Este é um exercício individual, e deverá ser mantida a anonimidade no material apresentado. Em uma folha de papel elabore uma lista com seus defeitos e problemas. Pense em tudo aquilo no que você não é bom e naquilo que te incomoda em você mesmo. No verso da folha anote seus talentos, dons e habilidades pessoais, e aspectos positivos de sua vida.
20 Reflexão Comunidades saudáveis são basicamente lugares em que as capacidades de seus moradores são identificadas, valorizadas e usadas. Kretzmann e McKnight Asset Based Community Development Desenvolvimento Comunitário baseado em Ativos Desenvolvimento Comunitário baseado em Talentos e Recursos Locais
21 Um pouco de história Década de 60: criado o Institute for Urban Affairs (Instituto para Assuntos Urbanos), na Northwestern University, em Chicago com a missão de compreender melhor como promover as reformas que a sociedade americana desejava e,assim, melhorar o seu bem-estar social. foco inicial: reforma institucional (melhores hospitais, escolas, sistemas judiciários, governos, etc. 4 principais determinantes de saúde: comportamento individual, as relações sociais, o ambiente físico e o status econômico. a escola não era a principal fonte de conhecimento e de valores, as instituições de assistência social não eram as principais fontes de bemestar, nem o sistema de justiça era o principal determinante de segurança. Um pouco de história Pesquisa do Kretzmann e McKnight: Conclusão: para alcançar impacto social, não bastava apenas redirecionar o foco dos investimentos para comunidades. Era necessário, também, que os investimentos em desenvolvimento comunitário fossem baseados nos talentos e recursos locais. Círculo vicioso: quando instituições promovem investimentos sociais baseados apenas nas necessidades, elas incentivam que os líderes comunitários reforcem cada vez mais as deficiências individuais e coletivas de sua comunidade, procurando, assim, obter maior apoio financeiro e técnico das instituições. Quanto maior a lista de problemas, mais recursos eles obterão. E quanto mais recursos obtiverem, mais respeitados serão em suas comunidades, o criando uma dependência crônica de investidores externos.
22 o norteando os Investimentos Sociais desemprego Problemas Estruturais Problemas Sociais Problemas Pessoais migração Mapa das Deficiências e Necessidades de uma Comunidade tráfico de drogas alcoolismo e drogadição vandalismo famílias desestruturadas crimes saúde mental moradores de rua analfabetismo o norteando os Investimentos Sociais O caminho que leva à identificação um problema não é necessariamente o mesmo que leva à sua solução. Falar dos problemas comunitários revela uma meia verdade sobre a situação local. Para desenvolver uma comunidade, é preciso também conhecer o outro lado: o que existe de bom.
23 Reflexão Nós somos sensibilizados por aquilo que não temos, mas devemos fazer com aquilo que temos. Moses Coady o norteando os Investimentos Sociais Mapa dos Talentos e Recursos de uma Comunidade empresas Instituições Locais Associações de Cidadãos bibliotecas Talentos Individuais habilidades artísticas voluntariado espírito de liderança escolas igrejas grupos culturais clubes parques hospitais universidades
24 Os Pilares do Protagonismo comunitário os moradores de uma comunidade devem ser os principais agentes das mudanças e transformações, atuando a partir do florescer de suas habilidades e de sua capacidade de se organizar e fortalecer as relações locais. Os Pilares do Protagonismo comunitário Foco nos talentos e recursos locais comunidades em desvantagem social devem ser encorajadas a usar os talentos e recursos de que dispõem (sua criatividade, iniciativa, conhecimento, voluntariado, capacidade de organização, e as instituições que lá atuam) para gerar soluções locais, atendendo às necessidades de seus moradores e criando oportunidades locais de desenvolvimento.
25 Os Pilares do Protagonismo comunitário Foco nos talentos e recursos locais Parcerias pessoais e institucionais moradores e instituições devem ser parceiros na elaboração e na implantação de estratégias para o desenvolvimento local. Além disso, as relações da comunidade com investidores e apoiadores externos devem ser também de parceria e não de dependência. Mapeando e Mobilizando os Talentos e Recursos da Comunidade Princípio geral: Só sabemos o que está faltando a partir do momento que sabemos o que temos.
26 Mapeando e Mobilizando os Talentos e Recursos da Comunidade 4 tipos de Mapeamento: de talentos individuais de associações e dos grupos comunitários de instituições da economia local Mapeando e Mobilizando os Talentos Individuais de uma Comunidade Quando uma pessoa conhece e tem reconhecida sua capacidade, ela passa a se sentir valorizada, mais viva e conectada com o mundo ao seu redor. Conseqüentemente, passa a se doar mais à sua comunidade, tornando-a um ambiente melhor para se viver.
27 Reflexão O sucesso na transformação de comunidades depende de duas coisas: construir a crença nas capacidades das pessoas locais, e mobilizar estas capacidades para produzir impacto concreto. Kretzmann e McKnight Mapeando e Mobilizando os Talentos Individuais de uma Comunidade Em vez de perguntar aos moradores o que lhes falta? e o que gostariam que fosse diferente em suas vidas?, devemos perguntar quais são as habilidades e talentos que possuem e poderiam compartilhar? As perguntas feitas no mapeamento buscam levar os moradores a refletir sobre o que há de melhor neles e em suas experiências passadas, ajudando-os a repensar de forma mais positiva sobre a sua realidade e o seu potencial.
28 Mapeando e Mobilizando os Talentos Individuais de uma Comunidade Dentre as capacidades individuais identificadas com o mapeamento, a maior parte encaixa-se nas seguintes categorias: Conhecimentos e qualificação profissional; Habilidades, dons e talentos; Interesses; Experiências passadas e seus aprendizados. Ao planejar a execução de um mapeamento de talentos locais, o grupo coordenador deve definir claramente duas coisas: o propósito do mapeamento e a metodologia a ser utilizada. Mapeando e Mobilizando os Talentos Individuais de uma Comunidade Para aumentar o poder transformador deste instrumento, é importante que o mapeamento seja realizado por pessoas que moram na comunidade, pois, já no processo de levantamento das informações sobre os talentos locais, novos relacionamentos tendem a surgir e fortalecer o capital social comunitário.
29 Dicas para aumentar a eficácia do Mapeamento de Talentos Individuais 1. Treine e capacite pessoas da própria comunidade. 2. Procure descobrir dons e habilidades em todos os participantes. 3. Esforçe-se para não tentar consertar as pessoas e suas vidas. 4. Procure construir relações entre pessoas de gerações diferentes. 5. Tenha claro os objetivos do trabalho. 6. Divirtam-se e celebrem juntos cada vitória. 7. Lembre-se de que o objetivo do mapeamento não é a construção de um banco de dados. 8. Faça um número gerenciável de questionários. 9. Vença a tentação de colocar todas as perguntas que gostaria no questionário. Mapeando e Mobilizando os Talentos Individuais de uma Comunidade Quanto menos uma comunidade sabe sobre si própria e sobre a capacidade de seus moradores, mais facilmente ela cai no padrão de se enxergar e a seus moradores apenas pela perspectiva das necessidades. Kretzmann e McKnight
30 Mapeando e Mobilizando os Talentos e Recursos da Comunidade 4 tipos de Mapeamento: de talentos individuais de associações e dos grupos comunitários de instituições da economia local Mapeando e Mobilizando as Associações e Grupos Comunitários Uma associação é a reunião de pessoas que, de forma voluntária, decidem unir seus esforços em torno de objetivos e causas comuns. As associações podem ter estruturas e propósitos muito diversos, mas todas têm seu êxito baseado no comprometimento dos participantes com o alcance dos objetivos acordados.
31 Mapeando e Mobilizando as Associações e Grupos Comunitários Por sua capacidade de engajar pessoas e mobilizá-las em torno dos objetivos do trabalho, as associações são instrumentos fundamentais no desenvolvimento de comunidades, fortalecendo o capital social e a capacidade dos moradores de, juntos, construírem planos e ações. Mapeando e Mobilizando as Associações e Grupos Comunitários Os grupos e associações comunitárias, para fazerem parte deste mapeamento, devem atender a pelo menos três critérios: ter o trabalho principal do grupo desenvolvido pelos próprios moradores; ter na comunidade o foco principal de suas atividades; ter apenas membros que atuam de forma voluntária, sejam eles eleitos, escolhidos ou auto-indicados.
32 Mapeando e Mobilizando os Talentos e Recursos da Comunidade 4 tipos de Mapeamento: de talentos individuais de associações e dos grupos comunitários de instituições da economia local Mapeando e Mobilizando as Instituições Locais Existem normalmente nas comunidades três tipos de instituições que atuam servindo os moradores com produtos e serviços: instituições públicas com fins públicos as instituições governamentais, escolas e universidades públicas, postos de saúde, creches, bibliotecas, corpo de bombeiros, etc.; instituições privadas com fins públicos as organizações não governamentais e sem fins lucrativos, creches comunitárias, universidades particulares com fins filantrópicos, etc.; instituições privadas com fins privados indústrias, empresas e o comércio local.
33 Mapeando e Mobilizando as Instituições Locais Com o mapeamento dessas instituições, busca-se identificar quem trabalha na região e de que forma, para se tentar fortalecer a articulação entre as instituições e as conexões entre elas e a comunidade. Identificar as instituições que existem na comunidade é a parte mais fácil do mapeamento. Porém o mapeamento das instituições deve ir além e analisar, também, quais os recursos de que cada instituição dispõe e que seriam úteis no projeto de desenvolvimento comunitário. Como apresentar os resultados do mapeamento de Instituições Locais Diversas formas podem ser adotadas para sintetizar e compartilhar com a comunidade os resultados do mapeamento: um mapa com as delimitações da comunidade e a marcação de todas as instituições que atuam nela; uma lista das instituições por tipo de ação, localização geográfica e/ou público-alvo; gráficos com o número de instituições por tipo e/ou público-alvo; tabela ou gráfico com os recursos já disponibilizados por estas instituições para a comunidade e os recursos que potencialmente poderiam vir a ser disponibilizados.
34 O grande desafio: conectar as instituições aos esforços da comunidade Apesar de existirem em quase todas as comunidades instituições que atendem a seus moradores, pouca ou nenhuma conexão existe entre o trabalho delas e as iniciativas de desenvolvimento promovidas pela comunidade. Razões para esta falta de conexão: instituições tem as diretrizes de suas ações definidas por atores que estão fora da comunidade a maioria dos funcionários das instituições não mora na comunidade que atende as diferentes lógicas de trabalho das instituições e das comunidades Passos para mobilizar as Instituições que atuam na comunidade 1. Reconhecer as instituições como um conjunto de recursos para o desenvolvimento comunitário e construir canais de comunicação entre elas e a comunidade. 2. Mapear potenciais parceiros para as instituições nas tarefas de desenvolvimento comunitário. Exemplos de parceiros: moradores, grupos e associações comunitários e outras instituições públicas ou privadas que atuam na região. 3. Construir relações concretas e produtivas entre as instituições e o maior número de pessoas e grupos da comunidade. 4. Fomentar as conexões dessas instituições locais com outros atores de fora da comunidade de modo a ampliar o poder de ação da instituição e os recursos trazidos para a comunidade.
35 A diferença entre os atores Investidores sociais precisam entender a diferença entre estes atores e o que eles podem fazer para a melhoria da comunidade: Moradores são pessoas com talentos e boas idéias, independente de seu nível sócio-econômico. Eles não são apenas clientes de programas sociais com deficiências e problemas. Identificar e mobilizar os dons, conhecimentos e habilidades dos moradores ajuda a desenvolver a capacidade comunitária de resolver problemas e de buscar alternativas para seu desenvolvimento social e econômico. A diferença entre os atores Associações comunitárias, formais ou informais, assim como as redes de desenvolvimento social, são formadas por pessoas que se organizam ao redor de valores comuns, problemas sociais compartilhados, proximidade física, movimentos sociais, ou tarefas específicas. Cada instituição traz diferentes recursos e conhecimentos técnicos que se tornam ainda mais efetivos na promoção social e econômica quando utilizados de forma a apoiar iniciativas de construção comunitária dos moradores e suas associações
36 Mapeando e Mobilizando os Talentos e Recursos da Comunidade 4 tipos de Mapeamento: de talentos individuais de associações e dos grupos comunitários de instituições da economia local Mapeando e Mobilizando a Economia Local A economia local é aquela na qual o dinheiro da comunidade circula. A economia local é formada pelos negócios locais, onde os moradores trabalham, são os proprietários, fazem compras e/ou fazem investimentos.
37 Como o Dinheiro Circula na Comunidade Mapeando e Mobilizando a Economia Local Não existe comunidade que não tenha gastos ou potencial de consumo, ainda que seja baixo e voltado para itens básicos. O mapeamento dos gastos da comunidade pode fornecer idéias para atividades econômicas ainda inexploradas localmente e que podem ser viabilizadas por moradores com o apoio de empresários locais.
38 Mapeando os Negócios da Comunidade De maneira geral, o mapeamento envolve a coleta de informações sobre o grau de conexão e participação dos negócios na comunidade em quatro categorias: a contratação de moradores locais; a compra de produtos e serviços gerados localmente; o envolvimento em iniciativas comunitárias; o investimento local. Mobilizando as Capacidades dos Negócios Locais A partir das informações coletadas com o mapeamento, é possível: conhecer a capacidade local de geração de empregos; analisar a localização e distribuição dos negócios na comunidade; compreender os pontos fortes e fracos na oferta local de produtos e serviços; identificar potenciais oportunidades de desenvolvimento de negócios.
39 Mapeando e Mobilizando a Economia Local Uma economia local saudável é importante porque o dinheiro circula e recircula e os benefícios produzidos por este dinheiro são mantidos na comunidade, fazendo com que os moradores obtenham vantagens e tornando possível o crescimento econômico local. Kretzmann, McKnight e Puntenney Estudo de Caso: Pastoral da Criança Formando Comunidades Saudáveis para o Desenvolvimento Infantil A Pastoral da Criança mobiliza, atualmente, mais de 233 mil voluntários, dos quais mais de 127 mil são líderes comunitários, que acompanham mensalmente mais de 1 milhão e 200 mil famílias para reduzir a mortalidade infantil e promover o desenvolvimento de crianças menores de seis anos, que vivem em bolsões de pobreza e miséria de todo o país. (dados de 2009)
40 Pastoral da Criança O início de tudo O trabalho teve início no município de Florestópolis, norte do Estado do Paraná, em setembro de 1983 A mortalidade infantil era de 127 crianças por mil nascidas vivas No primeiro ano a mortalidade infantil caiu 50% Pastoral da Criança Principais Agentes Líder Comunitário: residente na própria comunidade que acompanha de 10 a 15 famílias vizinhas com crianças menores de 6 anos e gestantes. FAMÍLIA COMUNIDADE
41 Pastoral da Criança Três Momentos de Integração Visita Domiciliar visitas mensais a cada família realizadas pelas líderes comunitárias. Dia da Celebração da Vida encontro mensal da comunidade para pesar as suas crianças. Reuniões e Capacitações reuniões mensais das líderes em suas comunidades para avaliar o trabalho, e capacitações /reciclagens freqüentes para aperfeiçoamento do trabalho. Pastoral da Criança Ações Básicas de Saúde e Educação Apoio a Gestantes Incentivo ao Aleitamento Materno Vigilância Nutricional Alimentação Enriquecida Controle da Diarréia Controle de Doenças Respiratórias Remédios Caseiros Orientação para Gestantes e Mães vacinarem seus filhos Educação Essencial Prevenção de Acidentes Domésticos Prevenção da Violência Familiar contra a Criança no Ambiente Doméstico, entre outras.
42 Pastoral da Criança Resultados SITUAÇÃO DE ABRANGÊNCIA - 4º trimestre/2009 Comunidades acompanhadas Municípios Líderes Comunitários atuantes Famílias acompanhadas - média mensal Gestantes acompanhadas - média mensal Crianças de 0 a 6 anos acompanhadas - média mensal Fonte: Sistema de Informação da Pastoral da Criança CNBB. Pastoral da Criança Resultados Quadro Comparativo entre os Indicadores da Pastoral da Criança e Indicadores Nacionais Taxa de Mortalidade Infantil Índice Nacional 29,6 (por mil nascidos vivos) Índice da Pastoral da Criança 9,4 (por mil nascidos vivos na Pastoral da Criança) Fonte: IBGE Censo Sistema de Informação da Pastoral da Criança CNBB. FABS Folhas de acompanhamento das ações básicas de saúde, educação e nutrição na comunidade, digitadas até 24/03/2010.
43 Pastoral da Criança Lições Aprendidas 1. Quanto mais simples as pessoas, mais concretas devem ser as ações; 2. São os primeiros resultados que motivam a caminhada; 3. O ideal é começar com algumas ações e, então, evoluir à medida que os primeiros resultados forem surgindo; Pastoral da Criança Lições Aprendidas 4. As pessoas tendem a se mobilizar mais pelas necessidades sentidas; para ações que dêem resposta ao dilema que estão vivendo no momento; 5. Ninguém se entrega de corpo e alma a um trabalho social sem antes compreender o papel que irá desempenhar e o seu valor;
44 Pastoral da Criança Lições Aprendidas 6. Quando as comunidades têm papel ativo nas iniciativas de promoção social, elas compartilham o senso de responsabilidade pelas ações e por seus resultados; 7. Criar laços entre as pessoas, fomentando o capital social, envolvê-las num movimento coletivo em torno de causas comuns, estimular momentos de partilha e reflexão para criar referências, promove a reconstituição do tecido social, base para um desenvolvimento de forma sustentável; Pastoral da Criança Lições Aprendidas 8. Ao replicar experiências bem-sucedidas, o mais importante é buscar compreender os princípios que fundamentam o trabalho, dando oportunidade para que as pessoas recriem sua prática com a identidade do local onde vivem; 9. Quando os moradores têm acesso a informações claras sobre o que acontece na sua comunidade, sentem-se muito mais capazes de agir, mobilizar parceiros e focar seus esforços naquilo que é importante para o seu desenvolvimento;
45 Pastoral da Criança Lições Aprendidas Em seus mais de vinte anos de trabalho, a Pastoral da Criança percebeu que, ao mobilizar e capacitar pessoas para fazerem a diferença na sua própria comunidade, provoca três importantes mudanças pessoais e comunitárias: eleva a auto-estima daqueles há muito tempo à margem da sociedade; cria um novo senso de pertencer; traz informações e reforça referências de padrões mais saudáveis de vida. Estudo de Caso: Modelo Colaborativo Experiência de desenvolvimento social que tem seus alicerces baseados na parceria entre governos, iniciativa privada e sociedade civil. Iniciativa que teve início em 1999, envolvendo a comunidade local, a Prefeitura Municipal, o GETS Grupo de Estudos do Terceiro Setor e a United Way of Canada, com apoio da CIDA - Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional.
46 Modelo Colaborativo: Princípios e Valores Comunidade somos todos nós: governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada ou não. A comunidade deve ser protagonista de seu próprio desenvolvimento. A comunidade possui valores individuais e coletivos, base do processo de colaboração. A colaboração acontece entre as diferentes pessoas a partir de uma rede de relações, que busca valorizar toda forma de contribuição, através de habilidades e experiências pessoais, dos recursos e das potencialidades existentes na comunidade, etc Este trabalho tem como foco a pessoa. Portanto, todo esforço deve se reportar constantemente a esta premissa maior, para que não corramos o risco de supervalorizar outros aspectos que não dizem respeito ao ser humano. Modelo Colaborativo: Princípios e Valores Toda pessoa é portadora de conhecimentos que advêm de sua experiência de vida. Essa experiência pode se traduzir em potencial a serviço de ações comunitárias O processo colaborativo é uma metodologia eficaz na solução de problemas porque mobiliza lideranças comunitárias, mobiliza recursos dispersos em várias organizações e cria sinergia no planejamento e execução das ações O trabalho do Modelo Colaborativo é um processo e não um projeto A colaboração se desenvolve melhor no âmbito de uma organização que tenha a intenção de fazê-la. (Prefeitura Municipal de Curitiba)
47 Depois Antes Passos para a construção do Modelo Colaborativo 1. Reunir as pessoas É o momento em que vamos chamar as pessoas para refletir sobre os problemas existentes, buscar soluções e planejar as ações. 2. Confirmar a visão É a partir do sonho de cada um que podemos definir um sonho comum a todos. É a visão de cada um que se junta com a visão de todos para se tornar a visão do grupo. 3. Conquistar a confiança Na conquista dessa confiança, as pessoas envolvidas no processo de sensibilização e multiplicação da proposta do trabalho colaborativo devem realmente acreditar nos princípios que pregam, em si mesmas e no potencial de transformação que cada um tem junto à comunidade.
48 Passos para a construção do Modelo Colaborativo 4. Apoiar os integrantes Para manter as pessoas envolvidas e interessadas no trabalho, elas precisam ser apoiadas. Para isso é importante: cuidar da infraestrutura, celebrar os sucessos e garantir processos participativos. 5. Solucionar conflitos Cada pessoa traz consigo uma história de vida, com princípios, valores, crenças e cultura. É nisto que está a riqueza de cada um e do grupo. Mas é em função destas diferenças que também podem surgir os conflitos. 6. Organizar a colaboração Significa permitir que os integrantes saibam o que cada pessoa e organização fazem, confirmando os papéis de cada um no grupo. Isso permite que a comunidade mantenha o foco na visão, mobiliza os recursos dispersos, integra ações potencializando resultados e torna claro para cada indivíduo e organização representada qual é a sua função. Passos para a construção do Modelo Colaborativo 7. Criar um plano de ação O plano de ação é a nossa missão, é o que precisamos fazer para que nossa visão, nosso sonho, se realize. Nele devem estar bem claros os resultados que desejamos alcançar em cada ação planejada. 8. Avaliação participativa A avaliação contínua do trabalho proporciona momentos de reflexão e de retomada da caminhada, que são sinônimos de avanço e crescimento. A importância da avaliação está no fato de que ela nos ajuda a reconhecer as mudanças ocorridas no desenvolvimento do trabalho: nas pessoas, no ambiente e na comunidade.
49 Mais Informações? - Repensando o Investimento Social: a importância do protagonismo comunitário, Global Editora - Desenvolvimento Comunitário baseado em Talentos e Recursos Locais, Global Editora - - Modelo Colaborativo: experiência e aprendizados do desenvolvimento comunitário em Curitiba (disponível na internet) LYCIA TRAMUJAS VASCONCELLOS NEUMANN SPECTO INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E HUMANO Contato: (41) lycianeumann@gmail.com
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