Uma Ação Extensionista em Construção Frente ao Problema do Lixo Produzido num Campus Universitário 1
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- Nina Palma Cerveira
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1 Uma Ação Extensionista em Construção Frente ao Problema do Lixo Produzido num Campus Universitário 1 Vinícius Augusto Morais, 9º módulo de Engenharia Florestal/UFLA, vemorais@bol.com.br; Kelly Lopes Silva, 5º módulo de Administração/UFLA, klopessilva@hotmail.com; Jéssica de Oliveira Bottrel Reis, 5º módulo de Administração/UFLA, je_cik@yahoo.com.br; Thales de Souza Silva, 5º módulo de Administração/UFLA, thalessouzasilva@yahoo.com.br; Elias Rodrigues de Oliveira, Prof. Orientador DAE/UFLA, Dr. em Administração, eliasdae@ufla.br. Área: Preservação e sustentabilidade do meio ambiente Palavras-chaves: educação ambiental, extensão universitária, lixo, resíduos sólidos. 1. INTRODUÇÃO Um dos graves problemas da atualidade diz respeito ao crescente volume de lixo e resíduos produzidos, sem um tratamento e destino adequados. Este tema integra a ordem do dia na busca de redução dos impactos ao meio ambiente pela utilização intensiva de recursos naturais sem critérios e impactando a sustentabilidade. Essa preocupação motivou a realização de um trabalho buscando a quantificação e a qualificação do lixo produzido no campus da Universidade Federal de Lavras com o intuito de subsidiar a elaboração de um projeto com propostas de ações educativas a serem desenvolvidas junto à comunidade universitária buscando sensibilizar todos os segmentos quanto à questão do lixo, tanto na produção como no seu destino. Assim, além desta introdução o trabalho consta de mais cinco partes, sendo na sequência a que trata dos objetivos, seguida da que traz uma breve revisão de literatura sobre coleta seletiva, educação ambiental e extensão universitária; a seguinte tratando da metodologia do trabalho; outra apresentando seus principais resultados; e por fim a que faz um fechamento como considerações finais. 2. OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência desenvolvida por um grupo de estudantes universitários sob a orientação de um professor, no levantamento do lixo produzido no campus da UFLA, na perspectiva de sensibilizar a comunidade universitária e 1 Este trabalho é parte de uma pesquisa realizada na UFLA com o intuito de analisar a gestão do lixo e dos resíduos produzidos no campus universitário.
2 os gestores da instituição sobre a importância e a possibilidade de implantação da coleta seletiva no campus. 3. UMA BREVE REVISÃO DE LITERATURA 3.1. Coleta Seletiva A coleta seletiva é uma prática que pressupõe a separação de materiais recicláveis como papéis, vidros, plásticos e metais do restante do lixo, nas suas próprias fontes geradoras, sejam elas: residências, escolas, escritórios ou outros tipos de estabelecimentos. Trata-se, portanto, de uma atividade que vem se expandindo no país (PIRES, 2002). Sua importância se dá pela necessidade de se preservar o ambiente, no entanto, seus resultados satisfatórios requerem o envolvimento de toda a sociedade colaborando e participando da construção de uma mudança de mentalidade e, conseqüentemente, de hábitos em relação à problemática do lixo, o que inclui seu reaproveitamento de forma econômica e sustentável. A reciclagem trata o lixo como matéria-prima a ser reaproveitada para fazer novos produtos e traz vários benefícios para a população, como redução de: quantidade de lixo enviado aos aterros sanitários; extração de recursos naturais; consumo de energia; e, ainda promove conscientização dos cidadãos a respeito do destino do lixo, gerando também mais ocupação e oportunidade de geração de renda (PIRES, 2002). Dessa forma sua prática deve ser incentivada Educação ambiental A educação ambiental tem como pressuposto a mudança de atitude da população quanto aos recursos naturais e ao lixo que produzem. Assim, constitui-se numa forma abrangente de educação que se propõe atingir todos os cidadãos através de um processo pedagógico participativo, permanente e que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais. A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, define educação ambiental como um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e coletivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros.
3 3.3. Extensão universitária A universidade tem a diversidade como um dos seus aspectos mais importantes. Diversidade esta que se expressa no capital de conhecimento, constantemente gerado pelas inúmeras ações desenvolvidas pelos seus atores para atender às demandas da sociedade. Um de seus pilares básicos é a Extensão que se traduz na implementação do que resultou da pesquisa que, por sua vez, tem relação direta com o ensino. Assim, a indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão patenteia a vocação desta instituição tão importante para o desenvolvimento da humanidade. A universidade encerra a condição para o pensar-agir, com vistas à transformação social centrada na vida em sociedade, guiada pela ética, solidariedade e numa relação menos assimétrica, tanto na posse como na utilização dos meios para a sobrevivência de todos. Nesse sentido, a universidade pode não só alterar a sociedade na qual ela está inserida, como também a ela própria. Portanto, a universidade ao comunicar-se com a realidade local, regional ou nacional tem a possibilidade de renovar constantemente sua própria estrutura, seus currículos e suas ações, criativamente, conduzindo-os para o atendimento da verdadeira realidade do país (RESENDE, 1989). A extensão universitária caracteriza-se pelo envolvimento de alunos, professores e demais integrantes do corpo técnico no desenvolvimento de ações junto à comunidade interna ou externa à universidade. É o momento em que conhecimentos teóricos são confrontados com a realidade, possibilitando ajustes ou a consolidação de novos aprendizados. Resulta disso a melhor formação dos profissionais que futuramente irão atuar em comunidades e assim poderão ter bons desempenhos profissionais. 4. METODOLOGIA O trabalho contou no seu desenvolvimento de uma pesquisa em todos os departamentos e setores da universidade, com observação não participante e aplicação de questionário semi-estruturado, procurando levantar informações acerca do lixo produzido e seu destino. Visando a quantificação dos lixos produzidos na instituição pesquisada, foram realizadas pesagens dos mesmos, nas 36 lixeiras existentes em todo o campus utilizadas como depósito do lixo. Como a coleta do lixo no campus estudado, por parte do serviço de coleta da cidade, se dá em dias e horários pré-estabelecidos: as segundas, quartas e sextas-feiras, em torno das 08:00 horas (horário de Brasília); optou-se por realizar as pesagens nos dias anteriores à
4 coleta, ou seja, aos domingos, terças e quintas-feiras a partir das 17:00 horas, somando-se estas para a obtenção (estimativa) do total de lixo produzido na semana. É importante frisar que apenas foram quantificados os lixos coletados pelo serviço municipal de coleta de lixo, e não foram quantificados, portanto, os resíduos descartados nos PEV s (pontos de entrega voluntária). Utilizou-se para a pesagem dos sacos de lixo, caixas de papelão, isopor, entre outros, balanças de mola tipo peixeiro, com carga máxima de 20,0 Kg e escala de 0,5 Kg, e também, quando preciso, uma balança mecânica Filizola, de carga máxima de 200,0 Kg. Para a qualificação dos lixos pesados, todos os sacos encontrados foram abertos para verificação do conteúdo existente nos mesmos. A descrição foi feita a partir do aglomerado de determinados grupos de resíduos deparados, como: papel (todo tipo de papel ou papelão que pode ser reciclado); plástico (todo tipo de material plástico que pode ser reciclado); metal (todo tipo de material fabricado de metal que pode ser reciclado); vidro (todo tipo de material de vidro que pode ser reciclado); lixo tecnológico; orgânico (restos de alimentos, lixo de banheiro, fraldas descartáveis, folhas e galhos de árvores, madeira e restos de experimentos); lâmpadas fluorescentes; embalagens/frascos de produtos químicos; isopor; e tecidos (esponjas e panos). 5. PRINCIPAIS RESULTADOS Buscou-se saber, por meio dos 107 questionários aplicados, como é a geração, coleta e destinação do lixo e resíduos produzidos em todo o campus da Universidade Federal de Lavras. Em relação aos resultados da aplicação destes questionários, notou-se que todas as categorias de resíduos listadas (material orgânico, materiais não recicláveis, papel, plástico, vidro, metal, pilhas/baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes, resíduos de serviço de saúde, embalagens de produtos químicos, embalagens de agrotóxicos e lixo tecnológico) são produzidas na universidade, porém, uns em maior quantidade em certos setores/departamentos do que em outros. As pesagens foram realizadas no período entre 14/09/2008 e 11/11/2008. A média semanal e diária de produção de lixo na UFLA foi estimada em 3.557,50 Kg e 508,21 Kg, respectivamente. Porém, há muita diferenciação entre a quantidade média de lixo encontrado em cada uma das lixeiras no período das pesagens. Em algumas, o peso médio diário chega a 86,28 Kg. Em outras, este valor não ultrapassa nem mesmo uma unidade de quilograma. Além disso, as lixeiras do campus se diferenciam na estrutura. Algumas a minoria delas
5 encontram-se em local fechado, impedindo o contato com o meio ambiente e animais. Já para outras não existe esse cuidado. Dentre todo o lixo pesado, foram encontrados materiais dos mais diversos possíveis, que vão desde os mais simples, como: papel, plástico, metal e vidro a materiais incomuns, como lixo tecnológico, lâmpadas fluorescentes, embalagens e frascos de produtos químicos, dentre outros. O grande problema é que muitos dos materiais encontrados poderiam passar pelo processo da reciclagem se não fossem descartados nas lixeiras em conjunto com outros que não podem passar por este processo. De acordo com os resíduos observados em cada saco de lixo pesado, fez-se uma separação de grupos e o resultado está expresso na Tabela 1. Tabela 1 Grupo de materiais encontrados nas lixeiras e a soma de seus pesos (Kg). Material Encontrado Peso (Kg) Material Encontrado Peso (Kg) Isopor 6,0 Papel, Plástico, Metal e Vidro 10,0 Isopor e Orgânico 2,5 Papel, Plástico e Orgânico 1127,5 Isopor e Papel 4,0 Papel, Plástico, Orgânico e Metal 150,0 Isopor, Plástico, Orgânico, Metal e 174,0 Papel, Plástico, Orgânico, Metal e 1,0 Vidro Lâmpadas Fluorescente Isopor, Papel, Orgânico e Metal 13,0 Papel, Plástico, Orgânico, Metal e 9,0 Tecido Isopor, Papel e Plástico 21,5 Papel, Plástico, Orgânico, Metal e Vidro 16,0 Isopor, Papel, Plástico e Orgânico 37,0 Papel, Plástico, Orgânico e Tecido 37,5 Isopor, Papel, Plástico, Orgânico e 1,0 Papel, Plástico, Orgânico e 2,0 Químico Tecnológico Isopor, Papel, Plástico e Tecnológico 1,0 Papel, Plástico, Orgânico e Vidro 40,0 Isopor e Plástico 2,0 Papel, Plástico e Tecido 4,0 Isopor, Plástico, Orgânico e Metal 2,0 Papel, Plástico e Tecnológico 3,0 Isopor, Papel e Orgânico 8,0 Papel, Plástico e Vidro 24,5 Lâmpadas Fluorescentes 15,0 Papel e Tecnológico 0,5 Lâmpadas Fluorescentes e Químico 5,0 Papel e Vidro 8,0 Metal 10,0 Plástico 91,0 Orgânico 552,0 Plástico e Metal 11,0 Orgânico e Metal 68,5 Plástico e Orgânico 246,5 Orgânico e Vidro 16,0 Plástico, Orgânico e Metal 34,5 Papel 113,0 Plástico, Orgânico, Metal e Vidro 41,0 Papel e Metal 0,5 Plástico, Orgânico e Químico 1,0 Papel e Orgânico 160,0 Plástico, Orgânico e Tecido 4,0 Papel, Orgânico e Metal 8,0 Plástico, Orgânico e Vidro 5,0 Papel, Orgânico e Químico 2,0 Tecnológico 6,0 Papel e Plástico 397,0 Vidro 1,5 Papel, Plástico e Metal 59,0 Vidro 1,5 Papel, Plástico, Metal e Tecido 5,0 Vidro 1,5 Percebe-se, então, pelos dados expressos nesta Tabela que grande parte do lixo, potencialmente reciclável, torna-se inutilizável por ser descartado com materiais nãorecicláveis. Este fato é comprovado no grupo com maior representatividade, quanto ao peso: é o do papel/plástico/orgânico. Nesse caso, o ideal é que os materiais orgânicos sejam
6 descartados separadamente do plástico e papel. Estima-se que o percentual de materiais recicláveis e que são descartados pela comunidade da UFLA ultrapassa 50% de todo lixo produzido. Quanto aos PEV s (pontos de entrega voluntária utilizados para deposição de materiais que serão encaminhados para reciclagem) existentes na universidade, observou-se, primeiramente, que estes eram na quantidade de oito, mas que durante o período da pesquisa, dois deles foram retirados da UFLA restando apenas seis. O órgão responsável pela coleta do lixo depositado nos pontos de entrega voluntária é a ACAMAR (associação de catadores de materiais recicláveis), que coleta os resíduos da universidade uma vez por semana. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho buscou identificar e quantificar os tipos de lixo e resíduos produzidos na Universidade Federal de Lavras; compreender o destino deste lixo, avaliar o conhecimento da população a respeito da reciclagem de materiais para posterior ação extensionista voltada para educação ambiental e, viabilizar a implantação do serviço de coleta seletiva na UFLA, mas de forma sistemática. Pôde-se perceber que é produzida uma grande quantidade de lixo na UFLA, diariamente, e que essa quantidade tende a aumentar, devido aos projetos de expansão da universidade. São produzidos os mais diversos tipos de lixo, desde resíduos de serviços de saúde a resíduos provenientes de laboratórios e de atividades presentes no cotidiano das pessoas. Acredita-se que mais da metade de todo o lixo produzido na UFLA poderia ser reciclado, se fosse adequadamente separado de materiais que não podem ser reaproveitados. Isto justifica o desenvolvimento de ações educativas em todo o campus, junto à comunidade universitária, nos três segmentos: discentes, técnico-administrativos e docentes, com fins de melhorias no processo de gestão da produção e destino do lixo e resíduos. Este trabalho presta, portanto, importante contribuição no sentido de sensibilizar estudantes, professores e demais atores da universidade para o engajamento em futuras ações educativas voltadas para a questão ambiental do campus, incluindo-se prioritariamente o lixo e os demais resíduos produzidos. Além disso, acredita-se que poderá despertar outras instituições a seguirem o exemplo até aperfeiçoando a metodologia utilizada.
7 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de ABRIL de Dispõe sobre a Educação Ambiental, Institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília. PIRES, Tatiana Cubiaki. Reciclagem, do problema à solução: ambiental, econômica e social. Um estudo sobre o programa coleta Seletivo de Lixo da Fundação Pró Defesa Ambiental. Lavras: UFLA, p. RESENDE, Carlos Alberto Freire. Mudança organizacional analise de um programa de extensão universitária p.
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