CONTROLE DE VERMINOSE EM OVINOS UTILIZANDO OS MÉTODOS FAMACHA E OPG

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1 CONTROLE DE VERMINOSE EM OVINOS UTILIZANDO OS MÉTODOS FAMACHA E OPG BALVEDI, L¹ DALLA CORTE, C¹ KONIG, F¹ KRAMPE, J¹ PANDOLFI, C¹ XAVIER, B.A¹ ARRUDA, T.² OLIVEIRA, F.² ROSÉS, T² URIO, E.A. 2 ROCHA, A. A² RIBEIRO, T.M.D.² balvedinha@hotmail.com RESUMO: A pesquisa foi realizada no interior das cidades de Jacutinga, Erechim, Estação e Paulo Bento RS, foram visitadas 15 propriedades entre os meses de agosto à de outubro de 2014, investigou se a incidência de endoparasitas em ovinos, de raça mestiça destinados à produção de carne e lã e também a ação dos dois anti-helmínticos usados. O rebanho de ovinos é atacado por grande número de espécies de parasitas, destacando o Haemonchus Contortus causando redução acentuada na produtividade com perdas econômicas significativas, que geram despesas com mão de obra e medicamentos, em alguns casos extremos, levam os animais à morte. Objetivou-se com este trabalho avaliar a utilização do método Famacha, em ovinos, a coleta de fezes para a realização do OPG, seguido de hemograma para auxiliar no diagnóstico de parasitose. No total dos 200 animais existentes, foram analisados 40 animais, sendo que todos apresentavam sinais clínicos de parasitose. Após a análise das fezes, constatou-se a presença de Haemonchus Contortus em 20 animais, estes foram medicados com dectomax e classificados como grupo 1, e os outros 20 animais aplicou-se o closantel, classificado como grupo 2, sendo novamente analisados após 15 dias da aplicação da medicação, o grupo 1: 14 animais apresentaram resultado satisfatório para o antihelmíntico dectomax, e o grupo 2, apresentou resultado satisfatório para 19 animais, comprovando a maior eficácia do closantel.com o presente estudo foi possível fazer um comparativo do estado físico das ovelhas, com exames laboratoriais e através do método Famacha, perceber sua utilidade como alternativa no controle parasitário o que pode ser uma ferramenta eficaz para manter uma população de parasitas sensíveis aos agentes físicos, além de reduzir o custo com aquisição de vermífugos. Palavras chaves: diagnóstico, endoparasitas, prejuízos. ABSTRACT: This research was conducted in the rural area from Jacutinga, Erechim, Estação and Paulo Bento RS. Fifteen farms were visited between August and September It was investigated the incidence of endoparasites in meat and milk producer mongrel sheep, and also the action of two antihelmintic. Sheep heard presented high incidence of parasites, mainly Haemonchus Contortus, what causes marked reduction in productivity, large economic losses, costs of labor and drugs for treatment, and even animal death in extreme cases. The objective of this study was to evaluate the use of Famacha method in sheep feces collection for the realization of EPG, followed by blood test to aid in the diagnosis of parasitosis. After EPG, 20 animal were diagnosed with Haemonchus Contortus. Animals were divided in groups; the group one, with 20 animals, was treated with dectomax, and the group two, with 20 animals, was treated with closantel. After 15 days of treatment, the animals were analyzed again. In group one, 14 animals presented satisfactory result ¹Discente de Graduação do Curso de Medicina Veterinária do Instituto de Desenvolvimento do Alto Uruguai(IDEAU), Getúlio Vargas, RS Brasil. ²Docente de Graduação do Curso de Medicina Veterinária do Instituto de Desenvolvimento do Alto Uruguai(IDEAU), Getúlio Vargas, RS Brasil.

2 2 to treatment with dectomax antihelmintic; in group 2, 19 animals presented satisfactory results, showing better efficacy of closantel antihelmintic. Whit this study it is possible to compare the physical state of sheeps with laboratorial exams and Famacha parameters, realizing the importance of this method as an alternative in parasite control and as na effective tool to maintain the population of parasites susceptible to physical agents, besides reduce the costs with antihelmintics acquisition. Keywords: diagnosis, endoparasites, prejudice. 1. INTRODUÇÃO A ovinocultura tem se destacado no agronegócio brasileiro, sendo considerado o oitavo produtor mundial, com rebanho estimado em 14 milhões de animais, tornando-se assim, uma promissora fonte de renda dos proprietários rurais no país (MAPA, 2014). O Rio Grande do Sul continua sendo o principal produtor de ovinos do país, possuindo 3,946 milhões de cabeças e 46 mil propriedades cadastradas, o que representa 23% do rebanho nacional, localizado principalmente na metade Sul do Estado (IBGE 2010). No entanto, um dos principais entraves ao crescimento deste segmento são as parasitoses por nematódeos gastrintestinais, que representam o maior e mais grave problema sanitário da criação de pequenos ruminantes, chegando a inviabilizar economicamente a criação (VIEIRA, 2008). A elevada prevalência, associada à grande patogenicidade, faz do Haemonchus contortus, de longe, a principal espécie endoparasita de ovinos no Brasil. Os sinais clínicos dessa infecção caracterizam-se por anemia, perda de peso e apatia, que podem resultar na morte do animal (ARO, 2006). De acordo com Amarante (2006), o Haemonchus Contortus é um parasita hematófago, alimenta-se de sangue, no abomaso dos ovinos, onde se desenvolve e se reproduz. Um animal que está sendo parasitado por cerca de vermes poderá sofrer perda diária de 100 ml de sangue, provocando anemia severa em curto período de tempo. Na tentativa de evitar perdas, os produtores utilizam drogas antiparasitárias em períodos curtos e regulares, fazendo com que aumente o risco de concentração das drogas no meio ambiente, no leite e na carne desses animais. Embora existam vários métodos laboratoriais e clínicos para diagnóstico parasitário, muitos destes

3 3 são de baixa precisão. Os testes mais aplicados, porém com significativa margem de variação é o que determina a quantidade de ovos por grama de fezes (OPG) e o Famacha (MOLENTO, et al., 2004). Conforme Churcher et al, (2005), já que a composição e a regulação da população parasitária são muito influenciadas por fatores ambientais. Com o conhecimento epidemiológico das verminoses, incluindo distribuição e frequência parasitária, assim como a natureza e a severidade dos mecanismos de densidadedependência que operam sobre as populações de helmintos, podem ser desenvolvidos programas de controle mais eficientes e racionais. De acordo com Molento et al., (2004), o método Famacha é a técnica mais conhecida de correlacionar a coloração da conjuntiva ocular com o grau de infestação parasitária do ovino examinado, sendo necessário o tratamento apenas nos animais que apresentarem anemia clínica, promovendo a economia no consumo de vermífugos, diminuindo problemas de resíduos nos produtos de origem animal e no ambiente. O exame baseia-se em cinco intervalos de coloração da conjuntiva ilustrando anemia existentes em um cartão guia que auxilia na determinação do grau de anemia dos animais indicados pelo exame de sangue, que mede a porcentagem de células vermelhas (VAN WYK; et al, 1997; KAPLAN et al., 2004). Objetivou-se com este trabalho avaliar a utilização do método Famacha, em ovinos, a coleta de fezes para a realização do OPG, seguido de hemograma para auxiliar no diagnóstico de parasitose. 2. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido em 15 propriedades, de criação de ovinos de dupla aptidão, carne e lã, localizadas nos municípios da região norte do Rio Grande do Sul, no período de agosto à outubro de 2014, onde foram coletadas amostras de fezes e sangue de 40 ovinos. As visitas foram realizadas em propriedades localizadas no Município de Estação a qual possuía35 animais de raça mestiça, em Paulo Bento 47 animais, Jacutinga 62 animais e na cidade de Erechim 56 animais, sendo que os mesmos utilizavam a monta natural para o manejo reprodutivo da propriedade, os animais

4 4 são criados à pasto, e segundo informações dos proprietários do município de Estação,os animais eram vermífugados a cada 60 dias,pois não se utiliza a rotação de pastagem o que causa reinfestação constantemente. Em uma das propriedades visitadas em Paulo Bento o proprietário relatou que não administrava vermífugo aos animais a aproximadamente 3 anos.já no município de Jacutinga os produtores relataram que administravam vermífugo em seus animais de dois a seis meses, devido à falta de mão de obra para realização do processo. Os visitados do município de Erechim relataram que fazem o controle parasitário a cada 30 / 90 dias. Os animais foram submetidos ao método Famacha, Figura 1, assim com base no exame da mucosa ocular, os animais que apresentavam grau 3, 4 ou 5 eram selecionados para se realização do exame de fezes e sangue. Figura 1: Cartão Famacha Fonte: Krampe; 2014 As amostras de fezes foram coletadas de acordo com o protocolo recomendado por Hoffman (2005), sendo coletado de material fecal recente, livre de urina e impurezas do solo, retirados diretamente da ampola retal do animal, conforme mostra a Figura 2.

5 5. Figura 2: Coleta de fezes diretamente da ampola retal. Fonte: Pandolfi (2014). Foram coletadas aproximadamente 10 gramas de fezes para cada amostra, as mesmas foram identificadas e armazenadas em potes plásticos, sendo acondicionadas em caixa térmica com gelo e enviadas ao laboratório de Parasitologia da Faculdade Ideau no município de Getúlio Vargas RS para realização do Método OPG, Figura 3. Figura 3: método de contagem de ovos por grama de fezes (OPG). Fonte: Balvedi, (2014). Procedeu-se a coleta de sangue através da punção da veia jugular com agulhas 25x8 em frascos apropriado, contendo o anticoagulante ácido diamonotetracetato de sódio (K3EDTA), Figura 4.

6 6 Figura 4: Coleta de sangue da veia jugular de um ovino da raça Sulffolk Fonte:Krampe (2014). As amostras de sangue foram acondicionadas em caixa e enviadas ao laboratório de análises clinicas Ribeiro, localizado na cidade de Erechim RS para realização do hemograma. Para a realização da técnica de OPG, procedeu-se a pesagem de 2g de amostra fecal em Becker de vidro adicionou-se 58ml de solução hipersaturada de NaCl, com auxílio de um bastão de vidro homogeneizou-se a amostra que em seguida foi passada em tamis para a remoção de sujidades. Com o auxílio de uma pipeta coletou-se uma alíquota de diferentes pontos da solução que foi depositada em câmara de Neubauer e analisadas em microscópio,figura 5. Figura 5: Preparo das amostras de fezes em câmara de Neubauer Fonte:Xavier(2014). Procedeu-se a contagem dos ovos em ambos os lados da câmara de Neubauere o resultado obtido foi multiplicado por 100, para quantificação total da carga parasitária. (GORDON; WHITLOCK,1939)

7 7 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após obtenção dos resultados podemos observar os dados na tabela onde comparou-se OPG, Famacha e Hemograma sendo que não se conseguiu ter uma base para a correlação dos três exames, pois os animais que apresentavam sinais clínicos de parasitose não tiveram seus padrões alterados nos hemogramas. Tabela 1: Comparativo OPG, Famacha e Hemograma Eritrócitos Denominação OPG FAMACHA 9,0 15,0 (X10 6 /µl) Hematócrito (%) Animal I ovos/ml 3 (rosa) /mm³ 22,8% Animal II ovos/ml 3 (rosa) /mm³ 19,3% Animal III (mãe) ovos/ml 4 (rosa pálido) /mm³ 37,9% Animal IV (filhote) ovos/ml 4(rosa pálido) /mm³ 29,7% Animal V (macho) ovos/ml 5 (branco) /mm³ 60% Animal VI Negativo 4 (rosa pálido) /mm³ 26% Fonte:Laboratório de análises Clinicas Ribeiro, Erechim/RS (2014) e Laboratório de Microscopia Faculdade Ideau. O hematócrito não apresentou variação significativa mesmo estando dentro dos parâmetros normais para a espécie, 24-50%, onde demonstram que os valores do hematócrito e da contagem total de eritrócitos não foram suficientemente sensíveis para refletir mudanças no hemograma induzidas pela hemoncose nos estágios iniciais da doença. Uma significativa correlação negativa foi observada entre eosinofilia sanguínea e OPG, que foi relacionada a resistência dos ovinos aos parasitos. Portanto, a eosinofilia estaria mais associada com a expressão de resistência aos nematódeos, do que como indicador da presença da infecção. Analisando os padrões de OPG para haemonchus contortus que são: leve de 100 a 2500ovos/ml, moderada 2500 a 8000 ovos/ml e grave > que 8000ovos/ml (Ueno e Gonçalves,1998),verificamos os exames de todos os animais onde 1

8 8 apresentou grau grave com 8300 ovos/ml, 16 animais ficaram em grau leve, tendo em média de ovos/ml e os outros 23 em grau moderado tendo em média 3873 ovos/ml. A ovinocultura é uma atividade largamente explorada nos países tropicais, visando à produção sustentada de carne, leite e pele. O interesse pela exploração de ovinos vem aumentando nos países desenvolvidos, onde o uso de tecnologias é usado com o objetivo de aumentar a produção. Entretanto, as endoparasitoses gastrintestinais se constituem no principal fator limitante para a produção de ovinos em todo o mundo, especialmente, nas regiões tropicais, onde os prejuízos econômicos são mais acentuados (VIEIRA, 2003). Até início do segundo milênio, desverminações freqüentes, em todos os animais do rebanho, foram rotineiramente utilizadas pelos criadores de pequenos ruminantes, como forma de controle das parasitoses gastrintestinais. Esta prática resultou na seleção de parasitos resistentes à maioria dos princípios ativos existentes (KAPLAN, 2004.). Acredita-se, atualmente, que a manutenção de uma parcela dos parasitas sem contato com os anti-helmínticos seja a base para a desaceleração do desenvolvimento da resistência parasitária. Esta população não exposta a tratamento anti-helmíntico é denominada população refúgio (VAN WYK, 2001). Segundo Kaplan e Vidya shankar (2012), se o uso de um novo princípio seguir antigos padrões, sua eficiência será momentânea e, em um período curto de tempo, este princípio ativo não será mais eficiente. Quanto maior o número de tratamentos com anti-helmínticos, mais rápido o desenvolvimento da resistência parasitária, pois os genes dos parasitas resistentes à droga são selecionados a cada desverminação O tratamento seletivo de ovinos, ou seja, tratar somente os animais que necessitem, permite a constante manutenção de uma população refúgio no rebanho (KENYON et al., 2009) Para um controle bem efetivo é necessário ter conhecimento de todas as ferramentas de controle, sendo o tratamento seletivo uma das de maior importância, pois trata especificamente da determinação do momento correto para a utilização de anti-helmínticos. Até o presente momento, o método Famacha encontra-se entre os melhores indicadores de tratamento seletivo para rebanhos infectados pelo parasita

9 9 (BESIER, 2012). O método tem um custo relativamente baixo, sendo necessário apenas o treinamento de quem realizará as avaliações, e é possível identificar a necessidade de tratamento no momento da avaliação do animal (VAN WYK e BATH, 2002). O método Famacha foi desenvolvido na África do Sul, por um grupo de pesquisadores, com o objetivo de se tornar uma ferramenta para a identificação e tratamento seletivo de ovinos parasitados por H. contortus (VAN WYK, 2001). Seu nome é uma homenagem ao pesquisador que originou a idéia: FA (Faffa) MA (Malan) CHA (Chart). O método se baseia na avaliação da mucosa conjuntiva ocular comparada com um cartão padrão. Neste, estão presentes cinco categorias de cores que variam de 1 (vermelho brilhante) a 5 (pálida, quase branca). (BATH et al., 2001; VAN WYK e BATH, 2002), Figura 6. Figura 6:Utilização do cartão Farnacha parasitológico. Fonte: Dalla Corte (2014). como forma de diagnóstico Com o uso do Famacha, podem ser identificados somente os animais que necessitam da desverminação, diminuindo o número de parasitas sujeitos à ação da droga. Dessa forma, haverá uma população de refúgio com mais parasitos suscetíveis, retardando o aumento da porcentagem resistente (VAN WYK; BATH, 2002). O método Famacha é uma alternativa de controle anti-helmíntico, onde se recomenda medicar o menor número de animais possível. A principal parasitose na região é a hemoncose, que causa surtos nos meses

10 10 de primavera, verão e outono, conforme as chuvas, e se manifesta por anemia, papeira e alta mortalidade. O exame de fezes, chamado de contagem de ovos por grama de fezes ou OPG, é um método bastante simples para monitorar as parasitoses nos rebanhos ovinos (PEREIRA, 2003). Segundo Pereira (2004), as amostras de fezes devem ser colhidas diretamente do reto do animal, embaladas, resfriadas e enviadas ao laboratório para exame e possível definição do tratamento. Evitar misturar as amostras, embalandoas individualmente, identificando espécie, lote, potreiro; de forma que o próprio proprietário possa identificá-los após o resultado dos exames para o possível tratamento. De acordo com Pereira (2003) deve-se coletar uma amostra de 7 a 10% do rebanho separado por idade, sexo e raça e refazer as coletas a cada 28 a 30 dias após a aplicação do vermífugo. Para resultado da OPG maiores de 500, se faz necessário dosificar, menores ou igual a 500 não necessita. Para verificar a eficiência do medicamento recomenda-se fazer a coleta 7-10 dias após a dosificação para verificar se foram eliminados ovos. Os nematóides apresentam um ciclo de vida simples, com uma fase parasitária no hospedeiro (ovino) e em outra não parasitária, de vida livre na pastagem. 4. CONCLUSÃO A utilização das técnicas de OPG e o método FAMACHA foram eficazes para identificar casos de infecção parasitária em ovinos e também pode observar a redução da freqüência de vermifugações, e como conseqüência disso, a redução de custos com anti-helmínticos. Além disso, este método de aplicação de vermífugo tem a vantagem de selecionar animais resistentes a vermes, que em longo prazo também ajuda a diminuir a incidência de parasitoses gastrointestinais nesses pequenos ruminantes.

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