ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE NATAL 7 A. VARA CRIMINAL D E C I S Ã O

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1 1 ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE NATAL 7 A. VARA CRIMINAL Processo n (sob segredo de justiça) Autor: Ministério Público Estadual D E C I S Ã O Vistos etc. O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte, por intermédio da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Natal, vem a este Juízo, por intermédio da petição juntada às fls. 686/690 dos autos, requerer a extensão das medidas de busca e apreensão anteriormente deferidas por este Juízo para fazer constar como alvos da execução das medidas de busca e apreensão o gabinete ocupado pelo

2 2 investigado FRANCISCO DE ASSIS ROCHA VIANA na sede da Secretaria de Saúde de Natal, o gabinete ocupado por ANTÔNIO CARLO0S SOARES LUNA na Secretaria Municipal de Planejamento, e a sala 119 situada no prédio de nº 360 da Avenida Ricardo Marinho, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ. Não vemos óbice ao deferimento do pedido de extensão da medida cautelar de busca e apreensão já deferida por força da decisão de fls. 585 e seguintes aos gabinetes ocupados pelos investigados FRANCISCO DE ASSIS ROCHA VIANA (na Secretaria de Saúde de Natal) e por ANTÔNIO CARLOS SOARES LUNA (na Secretaria de Planejamento de Natal). Com efeito, se existem indícios de participação dos mesmos no suposto esquema criminoso possivelmente orquestrado entre a Secretaria de Saúde e Associação MARCA, é possível que existam elementos necessários ao esclarecimentos dos fatos, ou mesmo elementos importantes à ulterior defesa dos próprios investigados, nos gabinetes ocupados pelos referidos investigados nos respectivos órgãos públicos em que atuam. Assim, pelos mesmos fundamentos já expostos na decisão de fls. 585 e seguintes dos presentes autos, fundamentos esses que também servem de razões para a presente decisão, há de ser determinada a expedição de mandados de busca e apreensão a serem cumpridos nos gabinetes ocupados por FRANCISCO DE ASSIS ROCHA VIANA (na Secretaria de Saúde de Natal) e por ANTÔNIO CARLOS SOARES LUNA (na Secretaria de Planejamento de Natal), devendo a busca e apreensão se limitar a agendas, computadores pertencentes à Administração Pública e ali encontrados, mídias digitais de qualquer natureza, dinheiro em

3 3 espécie, além de documentos em geral que de algum modo se relacionem aos contratos de gestão com as Organizações Sociais IPAS, MARCA e ITCI ou a qualquer dos investigados no PIC 006/2011, do Ministério Público. Essa extensão da busca e apreensão aos referidos gabinetes, de resto, reforça ainda mais a necessidade da decretação da prisão temporária dos investigados FRANCISCO DE ASSIS ROCHA VIANA e ANTÔNIO CARLOS SOARES LUNA, a fim de garantir o pleno êxito das referidas medidas. Quanto ao pedido de extensão da busca e apreensão à sala nº 119 do prédio nº 360, da Avenida Jornalista Ricardo Marinho, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, fazem-se necessários alguns esclarecimentos, na forma a seguir. De início, há que se observar que o Ministério Público está requerendo no presente feito, dentre diversas outras medidas cautelares, o deferimento de medida de busca e apreensão de bens móveis em três salas de um mesmo prédio, vale dizer, nas salas 306, 143 e 119 do prédio situado na Avenida Jornalista Ricardo Marinho, 360, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, logradouro esse bastante próximo ao endereço residencial do investigado TUFI SOARES MERES, qual seja, Avenida Jornalista Ricardo Marinho, 300, apt. 1906, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, no qual também será executada medida cautelar de busca e apreensão já deferida por este Juízo na decisão de fls. 585 e seguintes destes autos.

4 4 Dessas três salas, este Juízo, pela decisão de fls. 585 e seguintes, já deferiu a busca e apreensão em duas delas, no caso, nas salas 306 e 143. Na sala 306, como já mencionamos na decisão de fls. 585 e seguintes, encontra-se estabelecida a empresa RJ Consultoria Diferenciada em Saúde, pertencente ao investigado TUFI SOARES MERES. Quanto à sala 143, este Juízo, por meio da decisão de fls. 585 e seguintes, deferiu a busca e apreensão em tal logradouro partindo da premissa de que em tal local estaria sediada a empresa MEDSMART PRODUTOS MÉDICOS E HOSPITALARES LTDA, sendo esse, aliás, o endereço constante do Contrato Social da referida empresa, agora juntado pelo Ministério Público às fls. 691/697 dos autos. Vem agora o Ministério Público, contudo, com fundamento em informações obtidas pela Divisão de Inteligência do Ministério Público do Rio de Janeiro e constantes do Relatório 037/12 G11, juntado às fls. 707/711 destes autos, afirmar que em tal endereço não estaria funcionando a empresa MEDSMART, mas sim o Instituto de Gestão em Políticas Públicas (IGPP), ratificando, ainda assim, o seu pedido de busca e apreensão de bens móveis a ser cumprido no referido logradouro. Justifica o Ministério Público seu requerimento no fato de que o IGPP, acima referido, é ente articulado com pessoas jurídicas controladas por TUFI SOARES MERES, tais como o Instituto Salute Vita, a Itaypartners Intermediação e Corretagem de Negócios LTDA ME e a própria empresa RJ Consultoria Diferenciada

5 em Saúde, todas elas controladas por TUFI SOARES MERES, como se percebe da documentação acostada às fls. 712/713 dos autos. 5 E, de fato, segundo o que se observa do Relatório nº 089/12 G11, de 24/04/2012, da Divisão de Inteligência do Ministério Público do Rio de Janeiro, em parte juntado às fls. 698/706, o IGPP manteria parcerias funcionais com as salas 119 e 306, sendo a primeira ocupada pelo Instituto Salute Vita, de TUFI SOARES MERES, e a segunda pela empresa RJ Consultoria, também pertencente a TUFI SOARES MERES. Já no Relatório nº 037/12 G11, da Divisão de Inteligência do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, acostado às fls. 707/711 destes autos, consta a informação de que o IGPP, que atualmente ocupa a sala 143, mantém parceria com o NÚCLEO DE CIDADANIA E SAÚDE SALUTE VITA, estabelecido na sala 119, sendo ambas as empresas responsáveis também pela sala 306, onde, como já vimos, é o endereço oficial atual da empresa RJ Consultoria Diferenciada em Saúde, em relação à qual já deferimos medida de busca e apreensão por ocasião da decisão de fls. 585 e seguintes destes autos. Diante de tais dados, sinto-me forçado a concluir que, ao que parece, existe uma verdadeira simbiose entre as atividades profissionais desenvolvidas pelas pessoas jurídicas que ocupam as salas 119, 143 e 306 do já referido prédio, sendo traço comum a todas elas a existência de vínculos reais, formais ou não formais, com o investigado TUFI SOARES MERES. Quanto à Medsmart, tanto o Relatório nº 089/12 G11, da Divisão de Inteligência do MP/RJ, como o Comprovante

6 6 de Inscrição e de Situação Cadastral da referida empresa, documento emitido pela Receita Federal e que ora faço anexar à presente decisão, dão conta de que o atual endereço da MEDSMART é mesmo na Rua Acre, 28, apt. 903, Rio de Janeiro/RJ, logradouro em face do qual não foi requerida qualquer medida de busca e apreensão, possivelmente porque, consoante informação trazida no referido Relatório, no referido endereço não há qualquer sinal indicativo de funcionamento efetivo da referida empresa. Entendo, portanto, diante de todos esses fatos, que se torna necessário que a medida de busca e apreensão deferida em relação à sala 306 seja estendida à sala 119, ocupada por pessoa jurídica vinculada a TUFI SOARES MERES, ratificando-se, no mais, a medida de busca e apreensão a ser cumprida na sala 143, outrora já deferida, com a ressalva de que nessa sala não se acha efetivamente estabelecida a empresa Medsmart, embora seja esse o logradouro a ela atribuído em seu próprio Contrato Social, ao menos à luz da documentação que até agora veio aos autos, devendo a referência ao nome de tal empresa ser retirada da Carta Precatória a ser expedida à Comarca do Rio de Janeiro. Quanto à busca e apreensão a ser realizada na sala 306 do prédio nº 360, da Avenida Jornalista Ricardo Marinho, no Rio de Janeiro/RJ, logradouro da empresa RJ Consultoria Diferenciada em Saúde, determino deva constar da Precatória a ser expedida o correto CNPJ da referida empresa, qual seja, / , e não o CNPJ equivocadamente informado pelo Ministério Público na parte final de sua petição inicial. Ainda quanto à empresa Medsmart Produtos Médicos Hospitalares LTDA, mais uma observação faz-se necessária,

7 em adendo à decisão constante de fls. 585/563v dos presentes autos, como adiante mostraremos. 7 Quando da prolação da decisão de fls. 585/563v, nas diversas vezes em que fizemos referência à empresa Medsmart, apontamos com ênfase o investigado GUSTAVO DE CARVALHO MERES como sendo o seu sócio principal e por diversas vezes dissemos que a Medsmart formalmente lhe pertencia. Tais assertivas achavam-se respaldadas pelos documentos fiscais juntados na forma digitalizada na mídia encaminhada a este Juízo pela Receita Federal, após o deferimento de ordem de quebra de sigilo fiscal da referida empresa, mídia essa acostada às fls. 114 dos autos do processo nº , em apenso, em especial pela Declaração de Imposto de Renda da empresa Medsmart referente ao anocalendário de 2009, na qual consta o nome de GUSTAVO DE CARVALHO MERES, filho de TUFI MERES, como representante da referida pessoa jurídica, sendo esse o documento mais atualizado até então juntado aos autos com referência àquela empresa. Sucede que, posteriormente à prolação daquela decisão, o Ministério Público Estadual fez juntar aos autos, às fls. 694/697, documento referente à Sexta Alteração Contratual da empresa Medsmart Produtos Médicos e Hospitalares LTDA, documento esse onde se percebe que, em 01 de fevereiro de 2010, o investigado GUSTAVO DE CARVALHO MERES, então possuidor de 51% das quotas do Capital Social da já mencionada empresa, retira-se da sociedade e cede e transfere por venda a totalidade de suas quotas a VICENTE SEMI ASSAN SALEK, o qual passa a

8 compartilhar aquela sociedade com JANE ANDREA FERNANDES PEREIRA. 8 Tal documento, portanto, aponta que seguramente o investigado GUSTAVO DE CARVALHO MERES não mais compõe, desde o início de 2010, ao menos formalmente, o quadro societário da Medsmart Produtos Médicos e Hospitalares LTDA, contrariando as assertivas nesse sentido formuladas na decisão de fls. 585/663v. A juntada aos autos da referida alteração do contrato social da Medsmart, portanto, constitui, ao menos para este Juízo, fato novo, não observado na decisão de fls. 585/663v. Tal fato novo, cabe ressaltar, longe está de afastar os demais indícios que apontam GUSTAVO DE CARVALHO MERES como um dos membros do grupo que supostamente vem praticando crimes contra a administração pública de Natal/RN, indícios esses já suficientemente explicitados na decisão de fls. 585/663v, e que envolvem sobretudo as relações travadas entre a Secretaria de Saúde de Natal, a Associação MARCA e a empresa ARTESP Produção e Promoções de Eventos Artísticos e Esportivos LTDA, a ele vinculada. Entendemos, contudo, que se todos os demais indícios apontados em desfavor de GUSTAVO DE CARVALHO MERES na decisão de fls. 585/663v dão sustento confortável ao sequestro de valores e às medidas de busca e apreensão pessoal e domiciliar já ordenadas por este Juízo em seu desfavor, nestes autos e em autos a estes apensados, o fato novo consignado na presente decisão impõe a este Juízo, como medida de prudência, a

9 9 revogação do seu decreto de prisão temporária com o conseguinte recolhimento dos mandados de prisão contra ele já expedidos, sem prejuízo de que este Juízo proceda a uma nova análise da situação em momento posterior, especialmente após o cumprimento das medidas de busca e apreensão já ordenadas. autos consta: P O S T O I S T O, e por tudo o mais que dos a) Em acréscimo à decisão acostada às fls. 585/663v, DEFIRO, AUTORIZO e DETERMINO a realização de busca e apreensão de eventuais agendas, computadores pertencentes à Administração Pública, mídias digitais de qualquer natureza, dinheiro em espécie, além de documentos em geral que de algum modo se relacionem aos contratos de gestão com as Organizações Sociais IPAS, MARCA e ITCI ou a qualquer dos investigados no PIC 006/2011, a ser cumprida no gabinete de trabalho do investigado FRANCISCO DE ASSIS ROCHA VIANA na Secretaria de Saúde do Município de Natal/RN, devendo ser observados, tanto na expedição quanto no cumprimento do Mandado, os comandos normativos dos arts. 243 a 249 do Código de Processo Penal, podendo o mandado ser cumprido por oficial de justiça ou por autoridades ou agentes policiais, com ou sem o acompanhamento de membros do Ministério Público; b) Em acréscimo à decisão acostada às fls. 585/663v, DEFIRO, AUTORIZO e DETERMINO a realização de busca e apreensão de eventuais agendas, computadores pertencentes à Administração Pública, mídias digitais de qualquer natureza, dinheiro em espécie, além de documentos em geral que de algum modo se relacionem aos contratos de gestão com as

10 10 Organizações Sociais IPAS, MARCA e ITCI ou a qualquer dos investigados no PIC 006/2011, a ser cumprida no gabinete de trabalho do investigado ANTÔNIO CARLOS SOARES LUNA na Secretaria de Planejamento do Município de Natal/RN, devendo ser observados, tanto na expedição quanto no cumprimento do Mandado, os comandos normativos dos arts. 243 a 249 do Código de Processo Penal, podendo o mandado ser cumprido por oficial de justiça ou por autoridades ou agentes policiais, com ou sem o acompanhamento de membros do Ministério Público; c) Em acréscimo à decisão acostada às fls. 585/663v, DEFIRO, AUTORIZO e DETERMINO a realização de busca e apreensão de papéis, aparelhos de telefone celular, agendas, documentos, dinheiro, computadores de qualquer natureza, tais como tablets, notebooks, netbooks, e mídias digitais de qualquer natureza, a ser cumprida no estabelecimento situado na Avenida Jornalista Ricardo Marinho, nº 360, Sala 119, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, devendo ser observados, tanto na expedição quanto no cumprimento do Mandado, os comandos normativos dos arts. 243 a 249 do Código de Processo Penal, podendo o mandado ser cumprido por oficial de justiça ou por autoridades ou agentes policiais, com ou sem o acompanhamento de membros do Ministério Público; d) Ratificando, em parte, o que consta da decisão acostada às fls. 585/663v, DEFIRO, AUTORIZO e DETERMINO a realização de busca e apreensão de papéis, aparelhos de telefone celular, agendas, documentos, dinheiro, computadores de qualquer natureza, tais como tablets, notebooks, netbooks, e mídias digitais de qualquer natureza, a ser cumprida no estabelecimento situado na Avenida Jornalista Ricardo Marinho, nº 360, Sala 143, Barra da

11 11 Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, devendo ser observados, tanto na expedição quanto no cumprimento do Mandado, os comandos normativos dos arts. 243 a 249 do Código de Processo Penal, podendo o mandado ser cumprido por oficial de justiça ou por autoridades ou agentes policiais, com ou sem o acompanhamento de membros do Ministério Público; e) DETERMINO, quanto à busca e apreensão a ser realizada na Sala 306 do prédio nº 360, da Avenida Jornalista Ricardo Marinho, no Rio de Janeiro/RJ, logradouro da empresa RJ Consultoria Diferenciada em Saúde, que se faça constar da Precatória a ser expedida o correto CNPJ da referida empresa, qual seja, / ; f) MANTENHO O INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA e REVOGO O DECRETO DE PRISÃO TEMPORÁRIA em face do investigado GUSTAVO DE CARVALHO MERES, devendo a Senhora Diretora de Secretaria proceder ao imediato recolhimento dos mandados de prisão anteriormente expedidos em desfavor do mencionado investigado; g) MANTENHO, quanto ao mais, em todos os seus termos, a decisão acostada às fls. 585/663v, devendo a Senhora Diretora de Secretaria providenciar-lhe o devido cumprimento; e h) pelas mesmas razões contantes da decisão acostada ás fls. 585/663v, LEVANTO O SIGILO DO CONTEÚDO DA PRESENTE DECISÃO, a qual deverá ser disponibilizada no SAJ no momento oportuno. Intimem-se.

12 12 CUMPRA-SE na forma da lei. Expeça-se nova Carta Precatória à Comarca do Rio de Janeiro, em substituição àquela anteriormente expedida e ainda não enviada, solicitando o cumprimento das determinações contidas na decisão de fls. 585/663v, com os acréscimos e correções constantes da presente decisão. Expedientes Necessários. Natal/RN, 22 de junho de José Armando Ponte Dias Junior 3º Juiz de Direito Auxiliar - em exercício na 7ª Vara Criminal de Natal -