SEGUNDA CÂMARA SESSÃO:

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1 Fl. 231 GABINETE ADROALDO MOUSQUER LOUREIRO SEGUNDA CÂMARA SESSÃO: PROCESSO: /12-3 ASSUNTO: Contas de Governo INTERESSADOS: Larri Lui e Egon Affonso Schneider ÓRGÃO: Executivo Municipal de Chapada PROCURADORES: André Leandro Barbi de Souza OAB/RS nº , Bruna Teixeira Oliveira OAB/RS nº , Tatiane Matte de Azevedo OAB/RS nº e Brunno Bossle OAB/RS nº Procuração fls. 213, 214 e 215 Contas de Governo. Insuficiência de disponibilidade financeira para as despesas empenhadas nos últimos dois quadrimestres do mandato. Desequilíbrio financeiro. Ausência de assinatura em documentos de remessa obrigatória. Não Atendimento à Lei nº 101/2000. Cientificação à Origem. Parecer Desfavorável à aprovação das Contas do principal Gestor e Favorável à aprovação das Contas do administrador secundário. Trata-se do processo de Contas de Governo de Larri Lui e Egon Affonso Schneider, administradores responsáveis pelo Executivo Municipal de Chapada no exercício de A Supervisão de Auditoria Municipal procedeu a Instrução Técnica Final/Encerramento do exercício financeiro de 2012 e, relativamente ao Relatório da Gestão Fiscal o Serviço de Acompanhamento de Gestão SAG, concluiu pelo não atendimento ao artigo 42 da Lei Complementar nº 101/2000, bem como ao 1º do artigo 1º da mesma norma (fls. 154/161). As conclusões decorrentes das diversas análises efetuadas foram elencadas no Relatório Geral de Consolidação das Contas elaborado pela Supervisão de Instrução de Contas Municipais (fls. 199/201), resultando na constatação de

2 Fl. 232 inconformidades, sobre as quais os Gestores foram intimados para, querendo, apresentarem esclarecimentos (fls. 202/208). Em resposta, os Gestores, por meio de procuradores devidamente habilitados, encaminham justificativas que foram lançadas nas folhas 209 a 212 dos autos, desacompanhadas de documentação. Após o exame dos esclarecimentos, a Supervisão de Instrução de Contas Municipais SICM, opina pela manutenção das seguintes inconformidades (fls. 216/221): Da Gestão Fiscal Item 5.1 Dos Restos a Pagar O Executivo não atendeu aos preceitos inscritos no art. 42 da LC Federal nº 101/2000, tendo em vista que não há suficiente disponibilidade financeira para as despesas empenhadas nos últimos dois quadrimestres do mandato, montando ao valor de R$ ,34. Item 5.2 Do Equilíbrio Financeiro. Observou-se a existência de indisponibilidade financeira suficientes para a cobertura dos Restos a Pagar, no exercício, e uma Insuficiência Financeira de R$ ,34, no encerramento de 2012, demonstrando uma situação de desequilíbrio financeiro. Conclusão pelo não atendimento do disposto no 1º do art. 1º da LC Federal nº 101/2000 Do Relatório Geral de Consolidação das Contas Item Ausência de assinatura do Gestor, no exercício ora em exame, no Relatório Circunstanciado do Prefeito sobre a sua Gestão (fls. 165/170); Item Ausência de assinatura do Gestor e do Contador na Declaração de Conciliações Bancárias, informando sobre a realização de conciliações e seus respectivos resultados (fl. 174); Item Ausência de assinatura do Gestor e do Contador no Balanço Orçamentário - Anexo 12, Balanço Financeiro Anexo 13, Balanço Patrimonial Anexo 14 e Demonstração das Variações Patrimoniais Anexo 15 (fls. 175/182); Item Ausência de assinatura do Gestor na declaração de que os agentes públicos atuantes no Poder Executivo

3 Fl. 233 estão em dia com a apresentação das declarações de bens e rendas, nos termos da Lei Estadual nº /2008 (fl. 188). Parecer do Ministério Público junto ao TCE A representante do Ministério Público de Contas, Adjunta de Procurador, Fernanda Ismael, mediante o Parecer MPC nº 5537/2014, manifesta-se, conclusivamente, pela imposição de multa a Larri Lui; pelo não atendimento à Lei Complementar nº 101/2000 no que tange a Larri Lui; pelo atendimento à Lei Complementar nº 101/2000 no tocante a Egon Affonso Schneider; pela emissão de Parecer Desfavorável à aprovação das Contas de Larri Lui; pela emissão de Parecer Favorável à aprovação das Contas de Egon Affonso Schneider; pela Ciência ao Procurador- Geral de Justiça e ao Procurador Regional Eleitoral; e, pela Recomendação ao atual Administrador para que corrija e evite a reincidência dos apontes criticados nos autos, bem como verificação, em futura auditoria, das medidas implementadas nesse sentido. É o relatório, passo ao voto. Inicialmente, destaco que, na folha 220 de seu informe, a SICM consigna a não existência de falhas remanescentes de responsabilidade de Egon Affonso Schneider, razão pela qual deve ser dado Parecer Favorável à aprovação de suas Contas. No que tange ao item 5.1, a Área Técnica aponta a inexistência de disponibilidade financeira para as despesas empenhadas nos últimos dois quadrimestres do mandato, infringindo o disposto no artigo 42 da Lei Complementar Federal nº 101/2000 (fls. 156 a 157). Além desta inconformidade, no item 5.2 a Equipe informa a existência de disponibilidade financeira no encerramento de exercício de 2008, e, no final de 2012, constata-se insuficiência financeira de R$ ,75, denotando situação de desequilíbrio financeiro, concluindo, assim, pelo não atendimento do disposto no 1º do artigo 1º da Lei Complementar Federal nº 101/2000 (fls. 159/160). Os Gestores apresentam sua defesa alegando, em síntese, a perda de arrecadação e aumento de demandas na área da

4 Fl. 234 saúde e da educação; entendem que não houve fraudes ou desvio de recursos e informam que foram tomadas medidas saneadoras. Consoante a análise da SICM (fls. 216/220), cujo teor adoto como razões de decidir, os argumentos trazidos pelo Gestor não possuem o condão de reverter as ocorrências verificadas ao longo do exercício financeiro em exame, que configuram a infringência a dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal e, portanto, conduzem ao julgamento pelo não atendimento à LC nº 101/2000. Relativamente ao Parecer acerca das Contas do Gestor, em análise dos elementos constantes no processo, verificase um quadro de nítido descontrole, considerando o significativo montante da insuficiência apresentada ao final do mandato do Gestor, R$ ,75, e inexistência deste contexto quando da sua assunção ao cargo. Tal fato, o desproporcional aumento da insuficiência financeira que era inexistente quando o Gestor assumiu e que no final do último exercício representava 13,83% da Receita Corrente Líquida, demonstram situação de desequilíbrio financeiro que, efetivamente, comprometem a Gestão. Com efeito, a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas da seguridade social, inscrição em restos a pagar, entre outros elementos previstos no artigo 1º, 1º, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Considerando tratar-se de seu último ano da gestão, a situação retratada neste processo reveste-se de relevância suficiente para ensejar a rejeição das contas do Administrador principal, forte no disposto pelo artigo 3º da Resolução nº 414/1992. Assim, acolhendo a Manifestação Ministerial, entendo pela emissão do Parecer Desfavorável à aprovação das Contas de Larri Lui, devendo ser cientificada a Origem para que adote medidas corretivas visando a evitar a reincidência dos fatos aqui retratados. No que refere às demais falhas, acolho integralmente a proposição do Órgão Técnico, bem como a manifestação do Parquet,

5 Fl. 235 no sentido da sua manutenção, uma vez que a defesa apresentada não têm o condão de elidir as inconformidades apontadas. Por derradeiro, tratando-se de processo de Contas de Governo, no qual não há julgamento das contas, mas tão somente a emissão de Parecer, nos termos do posicionamento que tem esta Câmara adotado, ao qual me filio, deixo de acolher a proposição do Agente Ministerial no sentido de impor multa ao Gestor principal. Diante do exposto, voto: a) pela emissão de Parecer Favorável à aprovação das contas de Egon Affonso Schneider, administrador responsável pelo Executivo Municipal de Chapada, no exercício 2012, em conformidade com os artigos 5º da Resolução nº 414/1992, deste Tribunal; b) pela emissão de Parecer Desfavorável à aprovação das contas de Larri Lui, administrador responsável pelo Executivo Municipal de Chapada, no exercício 2012, em conformidade com o artigo 3º da Resolução nº 414/1992, deste Tribunal; c) declarar não atendida a Lei Complementar nº 101/2000 no exercício de 2012; d) cientificação à Origem para que adote medidas corretivas evitando a reincidência das inconformidades retratadas neste processo; e) pelo conhecimento da presente decisão à Procuradoria-Geral de Justiça e ao Ministério Público Eleitoral, na forma do art. 87 do Regimento Interno; e, f) após o trânsito em julgado, seja o processo encaminhado ao Legislativo Municipal, com os devidos Pareceres para fins legais. É o voto. Adroaldo Mousquer Loureiro, Conselheiro Relator.