Pai não sou digno de ser chamado teu filho. Ano C IV Domingo da Quaresma

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "Pai não sou digno de ser chamado teu filho. Ano C IV Domingo da Quaresma"

Norma Ximenes Lage
8 Há anos
Visualizações:

1 Pai não sou digno de ser chamado teu filho. Ano C IV Domingo da Quaresma

2 A liturgia de hoje convida-nos a descobrir o Amor e Misericórdia de Deus que se preocupa com os Seus filhos e os quer conduzir a uma vida de comunhão com Ele. As leituras falam da reconciliação proposta por Deus, que está disposto a aceitar-nos desde que abandonemos o passado do pecado e iniciemos uma nova etapa na nossa vida.

As leituras falam da reconciliação proposta por Deus, que está disposto a

3 A 1ª leitura, (Josué 5,9-12) fala-nos da vida nova que o Povo de Deus inicia com a chegada à terra prometida: terra de felicidade, de liberdade e de paz. Essa vida nova é um dom do Deus que ama o Seu Povo, o conduz pelo deserto e o faz habitar numa terra de abundância e felicidade. Na Quaresma, cada um é convidado a fazer a caminhada do Povo de Deus: pôr fim à etapa da escravidão e do deserto e passar à vida da graça.

Essa vida nova é um dom do Deus que ama o Seu Povo, o conduz pelo deserto e o faz habitar numa terra de

4 A 2ª leitura (2ª Coríntios 5, 17-21) é um hino à misericórdia de Deus que se manifesta quando há um corte radial com o passado de pecado. Ela convida-nos a acolher a oferta de amor que Deus nos faz através de Jesus. Só reconciliados com Deus e com os irmãos podemos ser criaturas novas, em quem se manifesta o Homem novo. Ser cristão é aceitar essa reconciliação com Deus, em Cristo. A comunhão com Deus exige a reconciliação e counhão com os irmãos.

Só reconciliados com Deus e com os irmãos podemos ser criaturas novas, em quem se manifesta o Homem novo.

5 O Evangelho (Lucas 15, ) apresenta-nos três personagens de referência: o pai, o filho mais novo e o filho mais velho. A personagem central é o pai. Trata-se de uma figura excepcional, que conjuga o respeito pelas decisões e pela liberdade dos filhos, com um amor gratuito e sem limites. O filho mais novo é um ingrato, insolente e obstinado, que exige do pai muito mais do que aquilo a que tem direito; abandona a casa e o amor do pai e dissipa os bens que o pai lhe entregou.

6 O filho mais velho é o filho certinho, que sempre fez o que o pai mandou, que cumpriu todas as regras e que nunca pensou em deixar a casa do pai. No entanto, a sua lógica é a lógica da justiça e não a lógica da misericórdia. Ele acha que tem créditos superiores aos do irmão e não compreende, nem aceita que o pai exerça a misericórdia e acolha o filho rebelde. É a imagem dos fariseus e escribas que cumpriam à risca as exigências da Lei, desprezavam os pecadores e achavam que essa devia ser também a lógica de Deus.

Ele acha que tem créditos superiores aos do irmão e não compreende, nem aceita que o pai exerça a misericórdia e acolha o filho

7 Longe da casa do Pai, o filho mais novo não encontrou a felicidade desejada. A fome fez ter saudades de casa e a lembrança da bondade do Pai animou-o a voltar. Esta parábola alerta-nos para a ausência de sentido e a frustração de uma vida vivida longe do amor do Pai, no egoísmo, no materialismo, na autossuficiência. Convida-nos a reconhecer que não é nos bens deste mundo, mas é na comunhão com o Pai que encontramos a felicidade, a serenidade e a paz.

Esta parábola alerta-nos para a ausência de sentido e a frustração de uma vida vivida longe do amor do Pai, no

8 Nesta parábola sobressai o Amor do Pai que respeita absolutamente as decisões mesmo absurdas do filho que abandona a casa paterna; um amor que está sempre lá, fiel e inquebrável, preparado para abraçar o filho que volta. Repare-se: mesmo antes de o filho falar e mostrar o arrependimento, o Pai manifesta-lhe o seu amor; é um amor que precede a conversão e que se manifesta antes da conversão. É num Deus que nos ama, desta forma, que somos chamados a confiar.

Repare-se: mesmo antes de o filho falar e mostrar o arrependimento, o Pai manifesta-lhe o seu amor; é um amor que

9 Esta parábola pretende apresentar-nos a lógica de Deus que respeita a liberdade e as decisões dos Seus filhos, mesmo que eles usem essa liberdade para procurar a felicidade em caminhos errados; e, aconteça o que acontecer, continua a amar e a esperar ansiosamente o regresso dos filhos rebeldes. Quando os reencontra, acolhe-os com amor e reintegra-os na sua família. É assim o nosso Deus de amor e misericórdia, que se alegra quando o filho que estava afastado regressa.

amar e a esperar ansiosamente o regresso dos filhos rebeldes.

10 Esta parábola convida-nos, também, a não nos deixarmos dominar pela lógica do que é justo aos olhos do mundo, mas pela justiça de Deus, que é misericórdia, compreensão, tolerância, amor. Com que critérios julgamos os nossos irmãos: com os critérios da justiça do mundo, ou com os critérios da misericórdia de Deus?

Documentos relacionados

Após as festas do Natal, em que celebramos o mistério da infância de Jesus, a liturgia nos introduz no mistério da sua vida pública.

Após as festas do Natal, em que celebramos o mistério da infância de Jesus, a liturgia nos introduz no mistério da sua vida pública. No BATISMO DE JESUS, no Rio Jordão, revela-se o Filho amado de Deus,