GRUPO DE PRODUÇÃO TEMÁTICA EM SAÚDE MENTAL / GPT-SM
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- Júlia Rosa Ramires
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2 GRUPO DE PRODUÇÃO TEMÁTICA EM SAÚDE MENTAL / GPT-SM Organizadora: Ana Marta Lobosque Material produzido a partir da Linha Guia de Saúde Mental da SES-MG revisado em Julho/09
3 OFICINAS PARA CONSELHEIROS MUNICIPAIS DE SAÚDE O PAPEL DO CONTROLE SOCIAL NA ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS LOCAIS DE SAÚDE MENTAL Coordenadoria de Educação Permanente Escola de Saúde Pública de Minas Gerais-2007 Elaboração: Ana Marta Lobosque
4 OFICINA III OS CAPS: EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS NUMA REDE DE SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS
5 1. ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE OS CAPS Você já conheceu um CAPS? Caso sim: Que impressão teve? O que lhe pareceu bom, o que lhe pareceu ruim? Tem idéia de como funciona? Conte-nos algo sobre o(s) CAPS que conheceu
6 Caso não: Por quê não?! Afinal, fique atento: estas oficinas pretendem elaborar um instrumento para que os conselheiros municipais possam avaliar os CAPS!
7 2. AVALIAR OS CAPS? COMO? Mais adiante, vamos construir juntos um formulário adequado para que os conselheiros possam fazer esta avaliação. Porém, avaliar um CAPS é muito mais do que preencher um formulário. Avaliar é aproximar-se, frequentar o serviço, cuidar dele. ajudar a
8 Mais, ainda: é também estar sempre lutando pela melhoria do CAPS, em seu funcionamento e sua articulação com a rede.
9 3. PENSANDO SOBRE OS CAPS O objetivo desta oficina não é lhe dar uma aula sobre CAPS, pois queremos o seu olhar o olhar do controle social, e não o do técnico ou do gestor. Contudo, há alguns dados muito importantes que você precisa saber, para poder atuar bem nesta avaliação como Conselheiro Municipal. Veremos estes dados nas próximas lâminas.
10 4. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE OS CAPS Um CAPS se destina ao atendimento de casos graves de um determinado território, para interná-los em hospitais psiquiátricos. que não seja preciso Para isto, o usuário pode permanecer ali o tempo necessário, conforme o horário do serviço.pode ir todos os dias quando estiver muito mal, dia sim dia não quando melhorar, e assim por diante.
11 Quando o paciente precisa também passar a noite sob cuidados, isto pode ser feito nos CAPS que funcionam 24 horas; ou num leito de hospital geral, retornando ao CAPS no dia seguinte. Esta combinação deve ser feita com a participação do próprio paciente, e também da família. Ele será tratado por uma equipe interdisciplinar, em regime intensivo e semi-intensivo.
12 Terá acesso a atividades terapêuticas diversas: atendimentos individuais e em grupo, medicação, oficinas, passeios, visitas domiciliares, atendimento à família, atividades comunitárias, etc.
13 5- DOIS ASPECTOS ESSENCIAIS DE UM CAPS A sua inserção na Política Local de Saúde Mental: O CAPS não é um equipamento isolado, mas deve integrar-se a uma rede. O seu funcionamento e sua dinâmica cotidianos: O tratamento dado aos pacientes, numa lógica verdadeiramente diversa da lógica do hospital psiquiátrico.
14 6. A MARCA DO CAPS Você concorda que um CAPS deve: Ser um lugar acolhedor e agradável? Buscar o consentimento e a participação dos usuários em seu tratamento? Ter vida, atividade e movimento? Afirmar as diferenças e singularidades?
15 Promover a criação e o convívio? Ter uma presença viva na cidade? E o que mais, você, conselheiro municipal, espera de um bom CAPS?
16 7. ENTRANDO NO CAPS Se você conheceu um CAPS, logo ao entrar e bater os olhos, o que chamou sua atenção sobre: A aparência dos usuários? (bem cuidados, sem sinais de sedação?) O acolhimento oferecido? (disponível e ágil, ou lento e descortês?)
17 O clima do lugar? (vivo e animado, ou triste?) parado e A estrutura física? (é aberto, arejado, luminoso, ou fechado e escuro como os hospitais?) O grau de limpeza? (desmazelo ou capricho?)
18 8. PERCORRENDO O CAPS Ao percorrer as dependências do CAPS, o que chamou sua atenção: Na área externa (jardim, quintal, etc)? No refeitório (de preferência, durante o almoço!)? Nas salas de estar, de TV, de oficinas, etc? No quarto de observação.
19 Na farmácia? Nos banheiros?
20 9. A EQUIPE E OS USUÁRIOS: COMO VÃO? Percorrendo o CAPS, você deve ter notado várias outras coisas. Por exemplo, a reação entre a equipe e os usuários. Qual foi sua impressão sobre: A forma pela qual os funcionários tratam os usuários: dão-lhe atenção, são cordiais no trato, sabem dizer não com delicadeza?
21 O acesso dos usuários aos funcionários: conseguem falar com eles quando é preciso? A forma de presença dos funcionários junto aos usuários: estão sempre ao lado deles? Para cuidar e conversar, ou para vigiar e punir?
22 10. INTERCORRÊNCIAS NO CAPS Você pode ter visto algumas situações delicadas ou difíceis. Por exemplo, um paciente insiste em ir embora antes da hora combinada; outro não quer tomar sua medicação; outro se envolve numa briga com um colega etc. Estas situações fazem parte, estão sempre acontecendo. Em sua opinião, como foram abordadas?
23 Dê algum exemplo de alguma situação deste tipo que você presenciou. Houve delicadeza e jogo de cintura na intervenção dos profissionais? Esta intervenção para o problema? conseguiu encontrar uma boa saída
24 11. O PERFIL DA CLIENTELA Continuando seu percurso, você reparou: Há casos graves tratados ali? O serviço é disponível e acolhedor para com os casos mais graves? Cuidados especiais são oferecidos a estes casos? (por exemplo, um paciente pior estava recebendo um acompanhamento mais próximo?)
25 12. O CAPS EM MOVIMENTO Prosseguindo, o que você notou quanto as atividades oferecidas aos usuários? Havia atividades acontecendo (oficinas, assembleias, passeios, etc?) As atividades que você viu pareciam agradar e interessar os usuários? Havia empenho na promoção destas atividades?
26 13. OS RECURSOS DO CAPS O CAPS necessita de certos recursos para tratar seus pacientes. Por exemplo: Medicamentos adequados Carro ou ambulância disponíveis Vales-transporte Boa alimentação Equipe completa.
27 Você pôde perceber a existência e a qualidade destes recursos?
28 14. ENTRADAS NO CAPS Talvez um novo caso tenha chegado enquanto você visitava o CAPS. Deu para notar se: Este paciente foi acolhido com agilidade e cortesia? Caso inscrito no CAPS, procurou-se obter seu consentimento para tratar-se ali? Ele e sua família participaram do acordo sobre a frequência ao serviço, os horários, e outros aspectos do tratamento?
29 15. SAÍDAS DOS CAPS Talvez você tenha visto também um paciente recebendo alta do CAPS. Neste caso, você pôde ver se: O paciente e sua família estavam devidamente orientados sobre a alta e o prosseguimento do seu tratamento?
30 O paciente foi encaminhado de forma responsável para o(s) serviço(s) onde o tratamento ocorrerá agora (houve contato telefônico entre os profissionais, foi feito relatório adequado, etc?) um
31 16. O RECURSO ÀS MEDIDAS INVOLUNTÁRIAS Em raras ocasiões, pode ser preciso medicar um paciente muito agitado contra a sua vontade, ou contê-lo no leito. Se você viu algo deste tipo, pôde verificar se: Todas as tentativas para tranquilizar o paciente de outras maneiras foram tentadas? Era realmente necessário tomar este tipo de medida? A medida foi tomada com respeito e cuidado?
32 17. OS REGISTROS Você teve acesso aos registros dos CAPS (livro de ocorrências, prontuários, etc)? Qual foi sua impressão sobre: A clareza, a objetividade e a regularidadade das anotações? A referência aos acontecimentos mais importantes do cotidiano de cada paciente e do serviço?
33 A justificativa das medidas involuntárias? (saiba que, quando ocorrem, devem ser justificadas no prontuário do paciente)
34 18. AS PRESCRIÇÕES MEDICAMENTOSAS Naturalmente, a prescrição de medicamentos envolve um aspecto que só pode ser avaliado tecnicamente. Há outros, contudo, que o controle social pode e deve avaliar. Pelo que você viu: Os pacientes pareciam medicados em excesso (sedados, cambaleando, abobados )? As prescrições medicamentosas dos prontuários revistas com frequência? são
35 Os medicamentos são oferecidos aos usuários com gentileza, sem imposição? Usuários que se queixam de efeitos desagradáveis atribuídos a psiquiatra? seus remédios são avaliados pelo
36 19. CONVERSANDO SOBRE O CAPS Você aproveitou a oportunidade para conversar com os funcionários, os usuários,o gerente, sobre o CAPS? Os usuários manifestam satisfação com o tratamento que recebem? Quais os comentários dos usuários que mais chamaram sua atenção?
37 E você: quando saiu de lá, você levou as críticas e os problemas dos usuários para debatê-los no Conselho, e com o gestor local?
38 20. E O CAPS NA REDE? Há alguns aspectos exteriores ao CAPS sobre os quais você tem que se informar para uma avaliação justa. Dentre eles: O número das internações psiquiátricas está diminunido de fato nos locais onde há CAPS? Existe articulação entre o CAPS e os outros rede substitutiva local? serviços da
39 Há parceria entre CAPS e controle social? Promovem-se novas formas de controle social, como o incentivo às associações de usuários e familiares? O trabalho do CAPS tem como resultado uma presença maior dos portadores de sofrimento mental na vida da cidade?
40 21. RESPALDO LEGAL PARA A AVALIAÇÃO DOS CAPS- A PORTARIA 336/2002 Esta é a portaria mais importante para a avaliação dos CAPS, e vocẽ deve tê-la em mãos. Alguns aspectos: Os CAPS são serviços territorializados, de atenção diária, para transtornos mentais graves e persistente. Eles só podem funcionar em dependências físicas independentes de qualquer estrutura hospitalar.
41 Eles são classificados conforme a ordem cescente de porte e abrangência populacional, mas todos cumprem a mesma função. CAPS I: para municípios de 20 a 70 mil habitantes, atendendo entre 20 a 30) pacientes por turno (em Minas, são 50)
42 CAPS II: para municípios de 70 mil a 100 habitantes, atendendo entre 30 a 45 pacientes por turno (em Minas, são 37) (ambos funcionam de 8 ás 18, nos dias úteis) CAPS III: para municípios de mais de habitantes, funcionando 24 horas por dia (em Minas são 6, na capital)
43 As equipes têm maior número e variedade de profissionais conforme se trate de CAPS I, II ou III (vide portaria) Para evitar sobrecargas, recomenda-se um CAPS I para 50 mil, ou II para cada 100 mil e um CAPS III para habitantes.
44 22. CAPS i e CAPS ad São dispositivos importantes, que devem cumprir funções semelhantes aos outros CAPS, mas destinados a um público específico. Os CAPS i (6 em Minas) para crianças e adolescentes com transtornos graves. Os CAPS ad, para usuários de álcool e outras drogas (5, em Minas), com transtornos graves.
45 São serviços ainda novos para nós, que devemos ser prudentes ao avaliá-los. Contudo, apesar das espeficidades, espera-se que sejam tão acolhedores, abertos e competentes como devem ser qualquer outro CAPS!
46 23. COMO SÃO TRATADAS AS CRIANÇAS EM SUA CIDADE? Não se trata de sair por aí abrindo CAPS i e CAPS ad sem mais nem menos.antes, deve-se fazer um levantamento de campo, com algumas perguntas simples: As crianças de seu município têm acesso à escola, cultura, esporte e lazer? Estes espaços são acessíveis a crianças com distúrbios mentais leves ou de grau medio?
47 Comunicam-se entre si, oferecendo uma abordagem intersetorial? A Atenção Básica oferece atenção integral às crianças, incluindo os problemas psíquicos? O que você sugeririria para um melhor tratamento das crianças de sua cidade, com ou sem problemas mentais?
48 Você já se deparou com uma criança portadora de distuŕbio psíquico grave? Como a situação foi enfrentada?
49 24. COMO SÃO TRATADOS OS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS EM SUA CIDADE? Também antes de sair abrindo CAPS ad indiscriminadamente, é melhor lembrar algumas perguntas: Os usuários de álcol e drogas recebem um bom tratamento na Atenção Básica, para seus distúrbios físicos e mentais? No caso de agravamento de problemas psicofísicos, eles são recebidos no hospital geral mais próximo?
50 Sua cidade têm grupos de atividades que interessem aos jovens, para prevenir o abuso de álcool e drogas para esta faixa etária? Realiza-se uma discussão clara e despreconceituosa sobre estes problemas com o conjunto da sociedade e/ou grupos interessados?
51 25. FINANCIAMENTO PARA OS CAPS E OUTROS SERVIÇOS: FIQUE ATENTO! Segundo o MS, o ano de 2006 foi um marco: pela primeira vez, os recursos destinados aos serviços substitutivos foram maiores do que os recursos para os hospitais. Confira isto em sua microrregião! Algumas portarias que podem ajudar:
52 A portaria 1455/03 estabelece inventivos financeiros únicos, repassados passo a passo para cada CAPS implantado no país, superando burocracias. As portarias 1935/04 e 245/05 permitem que os recursos paraos CAPS sejam repassados antes de o serviço estar em funcionamento, facilitando os problemas com espaço físico e equipamento.
53 Portanto,não perca tempo: reúna os setores do controle social, e corra atŕas de um CAPS para sua cidade, se ela realmente precisa de um!
54 26. A PREPARAÇÃO CONTINUA! Estas oficinas foram apenas um início. Ao conhecer e frequentar assiduamente os CAPS, você, com a experiência, a solidariedade e a independência de um conselheiro municipal, vai se tornar um perito avaliador! BOA SORTE E BOM TRABALHO!
AMBIENTES DE TRATAMENTO. Hospitalização
FONTE: Ferigolo, Maristela et al. Centros de Atendimento da Dependência Química - 2007- Maristela Ferigolo, Simone Fernandes, Denise C.M. Dantas, Helena M.T. Barros. Porto Alegre: Editora AAPEFATO. 2007,
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