PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

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1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N." /001. ORIGEM : 15 Vara Cível da Comarca da Capital. RELATOR : Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE : lanco José de Oliveira Cordeiro. ADVOGADO : Em causa própria. APELADO : Unimed João Pessoa Cooperativa de Trabalho Médico. ADVOGADO : Márcio Meira de Castro Gomes Júnior. EMENTA: APELAÇÃO. CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE POSTERIOR À LEI FEDERAL N /98. REAJUSTE DA MENSALIDADE EM FUNÇÃO DA MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. PREVISÃO CONTRATUAL CLARA E EXPRESSA. ESCALONAMENTO CONFORME LEI VIGENTE. ABUSIVIDADE. NÃO VERIFICAÇÃO. COBRANÇA. POSIÇÃO RECENTE DO su. POSSIBILIDADE. PEDIDO IMPROCEDENTE. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Não se verifica abusividade na cláusula de contrato regulamentado de plano de saúde que prevê expressamente o reajuste da mensalidade em função da faixa etária, de acordo com escalonamento previsto em lei. 2. Se o contrato foi celebrado após a Lei Federal n /98, e se nele foi previsto o índice de reajuste por faixa etária de modo claro e expresso, conforme média e escalonamento aprovados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar -ANS, não há que se falar em abusividade, conforme recente posição do Superior Tribunal de Justiça. VISTO, relatado e discutido o presente procedimento referente à Apelação Cível n /001, na Ação Revisional de Contrato em que figuram como partes Ianco José de Oliveira Cordeiro e a Unimed João Pessoa Cooperativa de Trabalho Médico. ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, acompanhando o voto do relator, conhecer do recuro e negar-lhe provimento. VOTO. lanco José de Oliveira Cordeiro ajuizou, perante o Juízo da 15" Vara Cível da Comarca desta Capital, Mão Revisional de Contrato, processo n em face de Unimed João Pessoa Çôoperativa de Trabalho Médico. Alegou que (1) desde 11 privado, avençando mensalidad contraprestação pelos serviços ulho de 2008, contratou junto à Ré plano de saúde va or de R$ 147,98; (2) em outubro de 2009, sua lecid s foi majorada em 11,99%, atingindo o valor de

2 R$ 165,73; (3) a inflação do período alcançou o percentual de apenas 4,22%, reputando os 7,77% restantes indevidos, configurando enriquecimento ilícito da parte adversa. Requereu antecipação de tutela para que fosse determinada a manutenção do valor originalmente pactuado até julgamento final e, no mérito, pediu a revisão das Cláusulas Contratuais 9.2 a 9.6 e a confirmação em definitivo da liminar. Em Decisão de f. 46, o pleito antecipatório foi indeferido sob o argumento de que não existia prova inequívoca do alegado e os fatos narrados não teriam potencialidade para causar dano irreparável ou de difícil reparação. Na Contestação, f. 63/68, a Ré alegou que (1) o contrato está regulamentado pela Lei n /98 e firmado por usuário não idoso, foi livremente negociado, sem qualquer ressalva ou oposição; (2) a majoração na mensalidade deveu-se à mudança de faixa etária do Autor (de 39 a 43 anos) para a subsequente (de 44 a 48 anos); (3) os reajustes questionados teriam sido realizados com base em índices previstos contratualmente e autorizados pela agência reguladora dos planos privados de assistência à saúde; (4) não ocorreu abusividade em sua conduta, tendo agido no exercício regular de seu direito, expresso em disposições contratuais pactuadas com o consumidor; e (5) a diminuição do reajuste implicaria no desequilíbrio econômicofinanceiro do contrato, ocasionando-lhe prejuízos. Requereu a improcedência do pedido. Sentenciando, f. 163/164, o Juízo a avo julgou o pedido improcedente, sob o fundamento de que o princípio pacta sunt servanda só deve ser relativizado caso haja configuração de vantagem exagerada em detrimento de uma das partes, por ele não vislumbrada. O Autor interpôs apelação, f. 171/200, alegando que (1) a aplicação do reajuste decorrente da inflação e da mudança de faixa etária geraria enriquecimento sem causa da Ré/Apelada, vedado pelo art. 884, do Código Civil, art. l, III, da Lei Federal n /90 e art. 171, 6 0, do Código Penal; (2) em consonância com a principiologia do novo Código Civil, haveria de prevalecer na execução do contrato em destaque a eticidade, o equilíbrio entre as partes e a viabilidade, relativizando-se a máxima pacta simt servanda. Pugnou pela reforma da Sentença, julgando-se procedente o pedido para que fossem declaradas nulas as Cláusulas 9.2 a 9.6, vinculando-se os reajustes das mensalidades apenas à inflação, aferida pelo INPC ou o IGP-M. Nas Contrarrazões, f. 209/215, a Apelada, repisando os argumentos expendidos na Contestação, requereu o desprovimento do recurso.,-, Desnecessária intervenção Ministerial no feito, por não se configurarem quaisquer das hipótese íido art. 82, incisos I a III, do Código de Processo Civil. 1 É o relatório\ NÇ,,(,!, _,. -

3 Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso. O Apelo diz respeito à suposta abusividade de cláusula contratual que permite majoração da mensalidade de plano de saúde em face da mudança de faixa etária. O Autor/Apelante aderiu ao contrato em , aos 42 anos de idade, optando por um plano de co-participação, oportunidade em que iniciou pagamento de mensalidade no valor de R$ 138,61, conforme proposta de adesão de f. 34. Restou incontroverso que houve o reajuste com amparo no contrato; a discussão, portanto, limita-se à análise da legalidade da cláusula contratual que permitiu tal majoração. O contrato celebrado entre as partes é posterior à Lei Federal n /98, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, in verbis': Art.15. A variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas nos contratos de produtos de que tratam o inciso I e o 1 0 do art. 10 desta Lei, em razão da idade do consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e os percentuais de reajustes incidentes em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado o disposto no art. 35-E. A Lei, portanto, permitiu a majoração da mensalidade em face da mudança de faixa etária do consumidor, desde que tal reajuste seja previsto expressamente no contrato e feito de forma escalonada, consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, abaixo ilustrado: DIREITO CIVIL. CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CLÁUSULA DE REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. INCREMENTO DO RISCO SUBJETIVO. SEGURADO IDOSO. DISCRIMINAÇÃO. ABUSO A SER AFERIDO CASO A CASO. CONDIÇÕES QUE DEVEM SER OBSERVADAS PARA VALIDADE DO REAJUSTE. 1. Nos contratos de seguro de saúde, de trato sucessivo, os valores cobrados a titulo de prêmio ou mensalidade guardam relação de proporcionalidade com o grau de probabilidade de ocorrência do evento risco coberto. Maior o risco, maior o valor do prêmio. 2. É de natural constatação que quanto mais avançada a idade da pessoa, independentemente de estar ou não ela enquadrada legalmente como idosa, maior é a probabilidade de contrair problema que afete sua saúde. Há uma relação direta entre incremento de faixa etária e aumento de risco de a pessoa vir a necessitar de serviços cle assistência médica. 3. Atento a tal circunstância. veio o legislador a editar a Lei Federal n /98, rompendo o silêncio que até então mantinha acerca do tema, preservando a possibilidade de reajuste da mensalidade de plano ou seguro de saúde em razão da mudança de faixa etária do segurado, estabelecendo, contudo, algumas restrições e limites a tais reajustes. 4. Não se deve ignorar que o Estatuto do Idoso, em seu art. 15, 3, veda "a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade". Entretanto, a incidência de tal preceito não autoriza uma interpretação literal que determine, abstratamente, que se repute abusivo todo e qualquer reajuste baseado em mudança de faixa etária do idoso,. Somente o reajuste desarrazoado, injustificado, que, em concreto, vise de forma perc ttyel a dificultar ou impedir a permanência do segurado idoso no plano de saúde 'mp ica\na vedada discriminação, violadora da garantia da isonomia. 5. Nesse contexto, -se \ dmitir a validade de reajustes em razão da mudança de faixa etária, desde kdid Is certas condições, quais sejam: a) previsão no instrumento

4 nee,focial; b) respeito aos limites e demais requisitos estabelecidos na Lei Federal n 9.656/98: e c) observância ao princípio da boa-fé objetiva, que veda índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, que onerem em demasia o segurado. 6. Sempre que o consumidor segurado perceber abuso no aumento de mensalidade de seu seguro de saúde, em razão de mudança de faixa etária, poderá questionar a validade de tal medida, cabendo ao Judiciário o exame da exorbitância, caso a caso. 7. Recurso especial provido (STJ. REsp /SP, 4 1 Turma, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em , DJ ). Expressa a cláusula no Instrumento respectivo, sendo de conhecimento do Autor/Apelante desde a contratação, não há que se falar em abusividade, porquanto a Apelada seguiu fielmente a escala de reajustes, aplicando percentual moderado de majoração, vigente por quatro anos. Posto isso, conhecido o Apelo, nego-lhe provimento, mantendo a Sentença em todos os seus termos. É o voto. Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, no dia 15 de maio de 2012, conforme Certidão de Julgamento, o Exmo. Des. Frederico Martinho da Nóbrega Cominho, dele participando, além deste Relator, a Sra. Dra. Vanda Elizabeth Marinho, Juíza convocada para substituir o Des. João Alves da Silva. Presente à sessão a Exma. Sra. Dra. Marilene Campos de Carvalho, P ocuradora de. J ) istiça. Gabine T.I/P13 'em João 'Pessoa '").3 de mai de / es:rmriero areei da Fonseca Oliveira Relator

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