Desenvolvimento Sustentável

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1 Desenvolvimento Sustentável e Barreiras Climáticas Unilaterais ao Comércio Internacional Fundamentos teóricos e práticos

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3 HENRIQUE LAGO DA SILVEIRA Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Pós-Graduado (Especialista) em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas FGV/SP Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Advogado Desenvolvimento Sustentável e Barreiras Climáticas Unilaterais ao Comércio Internacional Fundamentos teóricos e práticos Belo Horizonte 2015

4 Álvaro Ricardo de Souza Cruz André Cordeiro Leal André Lipp Pinto Basto Lupi Antônio Márcio da Cunha Guimarães Bernardo G. B. Nogueira Carlos Augusto Canedo G. da Silva Carlos Bruno Ferreira da Silva Carlos Henrique Soares Claudia Rosane Roesler Clèmerson Merlin Clève David França Ribeiro de Carvalho Dhenis Cruz Madeira Dircêo Torrecillas Ramos Emerson Garcia Felipe Chiarello de Souza Pinto Florisbal de Souza Del Olmo Frederico Barbosa Gomes Gilberto Bercovici Gregório Assagra de Almeida Gustavo Corgosinho Jamile Bergamaschine Mata Diz Janaína Rigo Santin Jean Carlos Fernandes CONSELHO EDITORIAL É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico, inclusive por processos reprográficos, sem autorização expressa da editora. Impresso no Brasil Printed in Brazil Arraes Editores Ltda., Jorge Bacelar Gouveia Portugal Jorge M. Lasmar Jose Antonio Moreno Molina Espanha José Luiz Quadros de Magalhães Kiwonghi Bizawu Leandro Eustáquio de Matos Monteiro Luciano Stoller de Faria Luiz Manoel Gomes Júnior Luiz Moreira Márcio Luís de Oliveira Maria de Fátima Freire Sá Mário Lúcio Quintão Soares Martonio Mont Alverne Barreto Lima Nelson Rosenvald Renato Caram Roberto Correia da Silva Gomes Caldas Rodolfo Viana Pereira Rodrigo Almeida Magalhães Rogério Filippetto de Oliveira Rubens Beçak Vladmir Oliveira da Silveira Wagner Menezes William Eduardo Freire Coordenação Editorial: Fabiana Carvalho Produção Editorial e Capa: Danilo Jorge da Silva Revisão: Fátima Chaves Silveira, Henrique Lago da S587 Desenvolvimento sustentável e barreiras climáticas unilaterais ao comércio internacional: fundamentos teóricos e práticos Henrique Lago da Silveira. Belo Horizonte: Arraes Editores, p. ISBN: Comércio internacional. 2. Direito internacional. 3. Desenvolvimento sustentável. 3. Barreiras climáticas. 4. Meio ambiente. 5. Conferência de Estocolmo. 6. Relatório Brundtland. 7. Protocolo de Quioto. 8. Tratado de Marrakesh. I. Organização Mundial do Comércio. II. Título. CDD CDU (81) Elaborada por: Fátima Falci CRB/6-nº 700 Rua Oriente, 445 Serra Belo Horizonte/MG - CEP Tel: (31) arraes@arraeseditores.com.br Belo Horizonte 2015

5 A meu irmão, Artur Bedin da Silveira, esperando que sirva de inspiração e incentivo para não esmorecer durante a árdua e necessária caminhada para se chegar aonde se quer. V

6 Transfere a observação para o teu campo de experiência diária e não olvides que as situações externas serão retratadas em teu plano interior, segundo o material de reflexão que acolhes na consciência. [...] Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em teu esforço. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel. VI

7 Sumário PREFÁCIO... XI Capítulo 1 INTRODUÇÃO... 1 Capítulo 2 EVOLUÇÃO E CONTEÚDO NORMATIVO DO PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO DIREITO INTERNACIONAL ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL As raízes do termo desenvolvimento sustentável A cristalização da concepção de meio ambiente enquanto ativo econômico no campo do direito internacional A inserção da preocupação com a conservação da natureza como sustentáculo para o desenvolvimento econômico A Conferência de Estocolmo e a consolidação de um novo paradigma A caminhada de Estocolmo até o Relatório Brundtland o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável A PRESENÇA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NOS DIVERSOS CAMPOS DO DIREITO INTERNACIONAL Na Conferência do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e na Declaração do Rio de VII

8 Na Cúpula Mundial de Johanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável de Na Conferência Rio + 20 de Presença do desenvolvimento sustentável no Direito Internacional do Meio Ambiente Presença do desenvolvimento sustentável no Direito Internacional da Economia Presença do desenvolvimento sustentável em outros ramos do Direito Internacional A presença do desenvolvimento sustentável na jurisprudência internacional O CONTEÚDO DO PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO DIREITO INTERNACIONAL Características jurídicas dos princípios gerais de direito internacional O desenvolvimento sustentável enquanto princípio geral de direito internacional Conteúdo do princípio do desenvolvimento sustentável no direito internacional Capítulo 3 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AO REGIME JURÍDICO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS A ATUAÇÃO DO PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO SISTEMA JURÍDICO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO Princípios e regras basilares do sistema jurídico da Organização Mundial do Comércio O princípio do desenvolvimento sustentável e o Tratado de Marrakesh O tratamento do desenvolvimento sustentável pela jurisprudência do Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio PRESENÇA E ATUAÇÃO DO PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CONVENÇÃO- QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇAS NO CLIMA E NO PROTOCOLO DE QUIOTO Princípios norteadores da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças no Clima e do Protocolo de Quioto O princípio do desenvolvimento sustentável no regime jurídico das mudanças climáticas VIII

9 A obrigação geral de redução e os institutos práticos do Protocolo de Quioto que dão vazão à regra e ao princípio do desenvolvimento sustentável SOLUÇÃO DE CONFLITOS ENTRE MEDIDAS UNILATERAIS VOLTADAS À PROTEÇÃO DO SISTEMA CLIMÁTICO E O ORDENAMENTO JURÍDICO DA OMC Medidas unilaterais no contexto do comércio e meio ambiente Unilateralismo e medida unilateral legal no âmbito do conflito meio ambiente e comércio Unilateralismo x exercício de jurisdição extraterritorial Mecanismos de controle da compatibilidade de ações ambientais unilaterais de jurisdição extraterritorial no âmbito do GATT/OMC Capítulo 4 O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA IMPOSIÇÃO DE BARREIRAS CLIMÁTICAS UNILATERAIS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS O REGIME JURÍDICO DAS EXCEÇÕES AMBIENTAIS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE BENS ART. XX(B) E (G) DO GATT O funcionamento do Artigo XX do GATT A operacionalidade da regra da exceção prevista no artigo XX(b) do GATT, sua aplicação e interpretação pelo Órgão de Solução de Controvérsias da OMC O funcionamento da regra indicada no artigo XX(g) do GATT à luz da prática jurisprudencial do OSC Recurso natural esgotável Relativo a conservação Concomitância com restrições na produção ou consumo doméstico OS FILTROS DO CAPUT DO ARTIGO XX DO GATT Discriminação Arbitrária Discriminação Injustificada BARREIRAS CLIMÁTICAS UNILATERAIS E SUA JUSTIFICAÇÃO POR MEIO DO PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Enquadramento das barreiras climáticas nas alíneas (b) e (g) do art. XX do GATT Artigo XX(b) Artigo XX(g) IX

10 Submissão da restrição ao teste do caput: o papel do desenvolvimento sustentável para a justificação de tais medidas Desenvolvimento Sustentável e Discriminação Arbitrária Desenvolvimento Sustentável x Discriminação Injustificada CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS X

11 Prefácio A expressão desenvolvimento sustentável tornou-se o mantra da boa política nos últimos vinte anos. Todavia, poucos são os que concretamente se comprometem com seu complexo conteúdo e desconcertantes consequências para o modo de vida das pessoas, os padrões de relacionamento comercial, e mesmo para as formas de atuação diplomática entre os estados. Há uma perigosa tendência em descaracterizar sua importância para a melhoria das condições ambientais, retirando seu valor político, econômico e social. No entanto, a compreensão do que consiste o desenvolvimento sustentável e consequentemente a imposição de sua realização é um assunto de vida ou morte. De fato, sobretudo para os operadores do direito, compreender e buscar a realização do desenvolvimento sustentável é uma tarefa que não comporta o esquema lógico tradicional de compreensão da norma. Imagine o padrão lógico se A então deve ser B, onde A é um evento não desejado pelo direito e B é a sanção decorrente. Seria possível transpor essa relação lógica para o caso de se não ocorrer o desenvolvimento sustentável, então deve haver uma sanção para o responsável? Evidente que a lei lógica se mostra irracional, posto que desenvolvimento sustentável não se traduz em um evento nem em um conjunto específico de eventos. Tampouco é possível eleger-se um sujeito como responsável por sua realização. Ao direito é mais cômodo esvaziar, portanto, a expressão de seu sentido largo, complexo no tempo e no espaço, reduzi-lo a retórica, ao invés de corajosamente buscar os elementos materiais que compõem essa expressão, e que devem ser observados a bem da conservação da vida na Terra. XI

12 Este foi o primeiro desafio enfrentado por Henrique Lago da Silveira em sua Dissertação de Mestrado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina. Seria por si um trabalho de envergadura, por que então essa orientadora estimulou-o a trazer dois outros temas bastante árduos para o campo da batalha investigativa: comércio internacional e mudanças climáticas. Paradoxalmente, o relacionamento desses temas viria facilitar a compreensão da expressão fundamental, âncora do direito ambiental, desenvolvimento sustentável. O pesquisador deve ter dedicação, paciência, perseverança e, sobretudo, coragem, para enfrentar o desconhecido com a certeza da vitória. Assim foi. Desenvolvimento sustentável é inicialmente uma ideia gestada em encontros políticos e científicos internacionais que durante a década de noventa ganha força jurídica, ao mesmo tempo em que crescem as discussões sobre implicações técnicas e científicas e as demandas reais de mudança. Tomando-a seriamente, a ideia de desenvolvimento sustentável cai como uma bomba no mundo político e jurídico internacional propagando suas ondas de choque por todos os campos de ação humana, rompendo em estilhaços as ideias consolidadas de desenvolvimento, pobreza, riqueza, bem-estar. Henrique faz um recorte fático para alicerçar a interpretação jurídica do desenvolvimento sustentável. Toma as mudanças climáticas e apresenta a compreensão jurídica desse fato causado pelas ações antrópicas insustentáveis. Nesse momento, coloca-se o desafio da aplicação do mandamento jurídico pela sustentabilidade, demonstrar como se desdobra a interpretação de uma expressão que compreende uma imensidão de comandos de ação para uma diversidade de sujeitos em momentos mais diversos do comportamento social. Todavia, ainda assim, preocupando-se em tornar seu trabalho uma ferramenta de ação, junto com sua força investigativa, o pesquisador lapida um pouco mais seu recorte e ajusta sua lente ao campo do direito das relações comerciais internacionais, em especial, confrontando as regras da Organização Mundial do Comércio com as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável. O direito da OMC é claro, ascético, uma torre construída de marfim, mas depurado de influências sociológicas, históricas, culturais. Mas o direito é mais que seu texto normativo, é o texto e sua aplicação (Friedrich Müller). A riqueza do direito de sua investigação e prática está justamente porque não é um objeto acabado, devir turbulento, aspirações múltiplas e paradoxais, presença constante no ser, apesar de apresentar-se como dever ser. A luz pálida das expressões vazias cintila com a aurora da dinâmica política, dos relatos científicos, das posições sociais; e com isso, se expressa com XII

13 vigor na forma de mandados de ação e composição ética norteando a ação e a reprodução de novas normas jurídicas. O desenvolvimento sustentável é uma norma aglutinadora, vértice que organiza e orienta a composição do direito, inclusive o direito da OMC, estando presente no preâmbulo do Tratado de Marrakesh. Henrique expõe o direito em sua dinâmica, texto, âmbito normativo, interpretação, jurisprudência. Esta é a radiografia da força que sustenta seu trabalho. Para discutir a construção do desenvolvimento sustentável nas relações comerciais inicia estudando o desenvolvimento da jurisprudência do órgão de solução de controvérsias da OMC e seu posicionamento acerca do tratamento e operação do desenvolvimento sustentável. Na sequência, passa à formação do texto jurídico, apresentando o desenvolvimento sustentável na Convenção- -quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Finaliza compondo esses dois cenários, construindo uma delicada engrenagem de composição normativa, promovendo o necessário diálogo entre os inúmeros prismas em que se distribui a imagem do direito, especialmente o direito internacional. Em tempos de absoluta globalização econômica e de inequívoca mudança climática por ações antrópicas, o direito deve recusar-se a seguir em ramos estreitos, cego às realidades que o envolve e à complexidade de sua construção. Ao pesquisador do direito cabe a coragem descrita por Fernando Pessoa, Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor./deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu. Como orientadora, tenho apenas que congratular navegador no oceano jurídico, Henrique Lago da Silveira. PROFª. DRA. CRISTIANE DERANI Livre-docente pela USP e Professora Adjunta na Universidade Federal de Santa Catarina XIII

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