(358C) RELEVÂNCIA DA DIVULGAÇÃO DA INFORMAÇÃO NÃO FINANCEIRA DAS DESPESAS DE I&D NAS ENTIDADES COM VALORES COTADOS EM PORTUGAL
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1 (358C) RELEVÂNCIA DA DIVULGAÇÃO DA INFORMAÇÃO NÃO FINANCEIRA DAS DESPESAS DE I&D NAS ENTIDADES COM VALORES COTADOS EM PORTUGAL Vera Lúcia Godinho da Silva Universidade de Aveiro (Portugal) Graça Maria do Carmo Azevedo Universidade de Aveiro (Portugal) Marcelo de Santana Porte Universidade do Minho (Portugal) RESUMO Os estudos sobre valor relevância não permitem um julgamento fácil sobre a fiabilidade da informação financeira dos intangíveis, mas a percepção de que as atividades de I&D assumem valores materialmente relevantes nas entidades, faz com que este tema assuma uma importância indiscutível. As entidades com valores admitidos à negociação tiveram que aplicar as International Accounting Standard (IAS) a partir de janeiro de No que respeita às atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D), a IAS 38 estabelece que as despesas referentes à fase de investigação de um qualquer projeto sejam reconhecidas diretamente em resultados quando incorridas, enquanto que as despesas referentes à fase de desenvolvimento podem ser reconhecidas como um ativo, desde que, entre outras coisas, seja demonstrada a viabilidade técnica e intenção de concluir o ativo intangível para uso ou venda. Tendo por base estes critérios, a investigação nesta temática tem-se focado nas despesas de I&D, porque a evidência empírica disponível destaca que tais despesas são valorizadas pelos investidores e têm valor relevância para efeitos de avaliação das entidades (HIRSHEY, 1985). A literatura anglo-saxónica também argumenta a importância das despesas em I&D, embora do ponto de vista contabilístico, deve ser encarada como um tratamento que passa pelo gasto do período, afetando negativamente os seus resultados desse período. Os estudos demonstram que as entidades não se valorizam apenas pelos seus elementos tangíveis, mas também, pelos intangíveis que acrescentam valor à própria organização (GOMES, SERRA e FERREIRA, 2006; SKINNER, 2008). O objetivo do presente estudo é analisar a relevância da divulgação da informação não financeira das despesas de I&D. Para este efeito, o estudo apresenta uma análise de conteúdo de 16 relatórios e contas anuais de 2010, de entidades não financeiras com valores cotados na Euronext Lisbon. Na seleção da amostra excluímos empresas seguradoras e financeiras por não se enquadrarem no mesmo normativo contabilístico. O estudo efetuado tem um carácter descritivo, analisando a relevância da informação não financeira das despesas de I&D evidênciada nos Anexos e nos Relatórios de Gestão com o intuito de obter informação não financeira. A evidência empírica sugere que a informação não financeira é pouco divulgada pelas entidades e quando se verifica dão mais relevância ao Relatório de Gestão para o realizar. Efetuando a análise por sectores de atividade, verificámos que as entidades do setor industrial e dos serviços divulgam de forma mais eficiente a informação financeira no Anexo relativamente à informação não financeira. Por sua vez, o sector da energia divulga de forma mais eficiente informação não financeira no Relatório de Gestão. Palavras-chave: Intangíveis. I&D. Valor relevância. 1
2 1 INTRODUÇÃO No atual contexto económico, o crescimento da produtividade está relacionado com o progresso tecnológico decorrente de atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) (LEV e SOUGIANNIS, 1996; GRILICHES, 1998), logo a análise do seu efeito, decorrente do progresso tecnológico, nos resultados obtidos pelas entidades é prioritário. A informação sobre as atividades de I&D concretizadas pelas entidades é referida na literatura como sendo relevante para os investidores. Segundo Lev (2001) o aumento da importância dos intangíveis está relacionado com dois factores, nomeadamente, a intensificação da competitividade empresarial e com a adopção generalizada de novas tecnologias da informação. Apesar da valorização dos intangíveis ser delicada, esta é determinante para diminuir o desvio entre o valor contabilístico e valor de mercado das entidades. A literatura anglo-saxónica argumenta a importância das despesas em I&D, embora do ponto de vista contabilístico, deve ser encarada como um tratamento que passa pelo gasto do período, afetando negativamente os seus resultados desse período. No entanto, os investidores valorizam de forma positiva, ou seja, consideram como ativo intangível, resultando em benefícios económicos futuros (HIRSCHEY e WEYGANDT, 1985). Neste trabalho propomo-nos analisar a relevância da divulgação da informação não financeira das despesas de I&D. Para o efeito começamos por fazer uma revisão da literatura sobre o desenvolvimento das despesas de I&D, incluindo o seu enquandramente normativo. De seguida defenimos a metodologia, e a amostra e prosseguimos com a apresentação dos resultados do estudo efetuado onde verificamos que as empresas, em geral, não divulgam informação não financeira sobre despesas de I&D e quando divulgam utilizam geralmente o Anexo como documento preferencial para divulgação deste tipo de informação, sendo o Relatório de Gestão pouco utilizado com esta finalidade. 2 REVISÃO DA LITERATURA Nas últimas décadas assistimos a profundas alterações na economia em que o crescimento da produtividade depende do progresso tecnológico decorrente de despesas de investigação e desenvolvimento que se concretiza, normalmente, em ativos intangíveis (LEV e SOUGIANNIS, 1996). A informação sobre estas despesas é apresentada na literatura como fulcral para os investidores, mas escassa em termos não financeiros. Para os autores Sougiannis (1994) e Lev e Sougiannis (1996) as despesas de Investigação e Desenvolvimento (I&D) estão associadas com ganhos futuros de produtividade, contribuindo para gerar benefícios económicos futuros para as entidades e, por conseguinte, os resultados futuros. Deste modo, permite-nos compreender a importância da informação para os investidores, porque possibilita a formulação de expectativas reais sobre a evolução do valor de mercado das entidades. Ao longo das últimas décadas este ramo de investigação tem focado parte do seu esforço de pesquisa nas despesas de I&D, porque a evidência empírica disponível destaca que tais despesas são valorizadas pelos investidores e têm valor relevância para efeitos de avaliação das entidades (HIRSHEY, 1985). Relativamente à evolução crescente da importância das despesas de I&D é de referir que esta está intimamente relacionada com a importante e crescente categoria de investimentos em intangíveis efetuados pelas entidades e, como refere Leitão (2006) o conhecimento científico é a base para o desenvolvimento da humanidade. Os investimentos em intangíveis têm subjacente a incerteza, e normalmente, as despesas relacionadas com os investimentos em intangíveis são desembolsos efetuados por antecipação de benefícios económicos futuros. Porém, parte desses investimentos, nomeadamente os realizados durante a fase de pesquisa, não são reconhecidos como ativos pelos normativos contabilísticos (ZÉGHAL e MAALOUL, 2011). As atividades relacionadas com I&D têm um papel relevante nas organizações, cujo objetivo é proporcionar às organizações de forma antecipada, as ferramentas necessárias para se relacionar com as mudanças operadas no âmbito tecnológico e na manutenção da quota de mercado. O desenvolvimento de conhecimentos incorre em diversos gastos para uma entidade, quer na fase de pesquisa quer na fase de desenvolvimento e, influenciam a formulação de expectativas sobre o impacte das despesas de I&D. Na fase de investigação as despesas não são consideradas como ativo, porque a entidade não consegue provar a existência do ativo intangível, ou seja, como não é identificável, logo não será controlado pela entidade e não há a probabilidade de gerar benefícios económicos futuros, de acordo com a International Accounting Standard (IAS) nº 38. Os ativos resultantes da fase de desenvolvimento podem ser reconhecidos como ativos intangíveis, pois nesta fase a entidade superou a fase de pesquisa. Contudo, deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se, uma entida- 2 19º CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE BELÉM-PA
3 de puder demonstrar todos os elementos seguintes: a viabilidade técnica de concluir o ativo intangível a fim de que esteja disponível para uso ou venda; a sua intenção de concluir o ativo e usá-lo ou vendê-lo; a sua capacidade de usar ou vender o ativo intangível; a forma como o ativo intangível gerará prováveis benefícios económicos futuros. Entre outros aspectos, a entidade pode demonstrar a existência de um mercado para a produção do ativo intangível ou para o próprio ativo intangível ou, se for para ser usado internamente, a utilidade do ativo intangível; a disponibilidade de adequados recursos técnicos, financeiros e outros para concluir o desenvolvimento e usar ou vender o ativo intangível; a sua capacidade para mensurar de forma fiável o dispêndio atribuível ao ativo intangível durante a sua fase de desenvolvimento, de acordo com a IAS nº 38. Sempre que não cumpram os requisitos acima mencionados, serão reconhecidos como gastos do período em que ocorrem. Em geral, os utilizadores da informação partilham da opinião de que, as informações financeiras são insuficientes para fundamentar uma avaliação confiável de uma entidade, principalmente, porque esta é dominada por dados extraídos do desempenho financeiro, fornecendo pouca informação sobre a criação de valor (HOLLAND, 2003). No entanto, a evidência empírica disponível refere que, as despesas em I&D são avaliadas de forma positiva pelos investidores, ou seja, têm valor relevância para os efeitos de avaliação das entidades (HIRSHEY, 1985). Daí concluírmos que a dificuldade dos investidores em estimarem o impacte da I&D ocorre, independentemente, do uso de informação complementar. No entanto, quando uma entidade direciona os seus esforços para melhorar a sua posição competitiva, o modelo contabilístico atual falha ao reflectir (ou não refletir) essa evolução positiva. Investimentos feitos em atividades de I&D requerem um sacrifício nos resultados no curto prazo, no entanto podem ter potenciais repercussões positivas na posição competitiva da empresa no longo prazo. A investigação também tem demonstrado que a relutância em divulgar explicitamente despesas de I&D realizadas pelas empresas, tornou-se numa questão pertinente nos estudos empíricos, pois de acordo com o normativo contabilístico nacional e internacional há um conjunto de divulgações que são de índole obrigatória. O incumprimento no relato de informação sobre intangíveis, se for materialmente relevante, pode advir do receio de perda da vantagem competitiva devido ao aumento da concorrência ou aumento da regulamentação governamental (GARCÍA- -MECA, PARRA, LARRÁN e MARTÍNEZ, 2005). Atualmente, as necessidades de informação financeira por parte dos utilizadores são mais abrangentes. Os utilizadores querem informação sobre a missão e objetivos da empresa, posição competitiva, desempenho do produto e serviço, satisfação do cliente, desenvolvimento dos ativos humanos da empresa. Estas alterações ao nível dos destinatários da mensagem contabilística introduzem mudanças em relação do emissor e da própria mensagem. A velocidade com que se processam as transações gera uma grande volatilidade da informação financeira, pelo que a utilidade desta constitui o elemento determinante do processo de decisão. Os investigadores demonstram que, as entidades não se caracterizam apenas pelo conjunto de elementos tangíveis, mas pelo vasto conjunto de intangíveis que acrescentam valor à organização e diferenciação em relação à concorrência (GOMES, SERRA e FERREIRA, 2006). Estas autoras realizaram um estudo com o objetivo de analisar o grau de adaptação das entidades portuguesas cotadas na Euronext Lisboa relativamente à IAS nº 38, com base numa amostra de 49 empresas, para o período de A metodologia utilizada neste estudo foi a interpretação dos dados, tal como a utilizada no estudo elaborado por Bean e Jarnagin (2001) sobre a escrituração dos ativos fixos intangíveis e as discrepâncias entre os diferentes normativos contabilísticos e a IAS nº 38. As autoras concluíram que, o grau de adaptação é, em geral, baixo e que são as entidades de serviços, nomeadamente as do setor financeiro e das telecomunicações, que apresentam maiores índices de divulgação sobre intangíveis pelo facto de efetuarem maiores investimentos em tecnologias, novos sistemas de informação e processos de gestão. Nesta linha de investigação e, também, em Portugal, foi realizado um outro estudo por Leitão (2006) sobre uma das categorias dos recursos da entidade e específica dos intangíveis, ou seja, as despesas de I&D. Deste modo, o objetivo do estudo foi analisar a prática de algumas empresas portuguesas relativamente à divulgação de informação sobre as despesas de I&D, nomeadamente que informação é divulgada e a forma de divulgação. O estudo debruçou-se sobre a análise dos relatórios e contas consolidados, sendo a amostra final de 31 entidades cotadas na Euronext Lisboa a 31 de dezembro de É um estudo descritivo e cuja metodologia usada foi a análise de conteúdo. Os resultados demonstram que o nível de divulgação das despesas de investigação e desenvolvimento é, essencialmente, de natureza financeira e apenas a que é exigida pelo Plano Oficial de Contabilidade (POC). 3
4 A autora verificou que na generalidade das situações, a informação é apresentada no Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados. Constatou também que algumas entidades fornecem ainda informação não financeira no Relatório de Gestão. Em suma, é provável que a divulgação da informação não financeira adicional e obrigatória não ocorra, logo as propostas para reconhecer intangíveis fique ao aquém do desejado (SKINNER, 2008). 3. ENQUADRAMENTO NORMATIVO DAS DESPESAS DE I&D De acordo com o art.º 4.º do Regulamento n.º 1606/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de julho de 2002, no que se refere à aplicação das normas internacionais de contabilidade: em relação a cada exercício financeiro com início em ou depois de 1 de janeiro de 2005, as sociedades regidas pela legislação de um Estado Membro devem elaborar as suas contas consolidadas em conformidade com as normas internacionais de contabilidade, adoptadas nos termos do n.º 2 do artigo 6.º, se, à data do balanço e contas, os seus valores mobiliários estiverem admitidos à negociação num mercado regulamentado de qualquer Estado Membro, na acepção do n.º 13 do artigo 1.º da Directiva 93/22/CEE do Conselho, de 10 de maio de 1993, relativa aos serviços de investimento no domínio dos valores mobiliários (COMISSÃO EUROPEIA, 2002). No âmbito no disposto no Regulamento n.º 1606/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, na sua transposição para a legislação portuguesa através do Decreto-Lei n.º 35/2005, de 17 de fevereiro, as Demonstrações Financeiras (DF) das entidades com valores admitidos à negociação passaram a ser preparadas de acordo com as International Accounting Standard (IAS) e International Financial Reporting Standards (IFRS), a partir do período de Em relação à IAS 1 apresentação das Demonstrações Financeiras, no seu parágrafo 36 deve ser divulgada informação comparativa com respeito ao período anterior para todas as quantias relatadas nas demonstrações financeiras (COMISSÃO EUROPEIA, 2008), pelo que para efeitos de comparabilidade, nas DF apresentadas pelas entidades referentes ao período de 2005, deve constar o ano de O Committee of European Securities Regulators (CESR), aprovou em 2003, uma recomendação recommendation for additional guidance regarding the implementation of International Financial Reporting Standards (IFRS), onde sugere um formato indicativo para a apresentação da informação comparativa (COMMITTEE OF EUROPEAN SECURITIES REGULATORS, 2003). De igual modo, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na sua circular de 15 de abril de 2005 deveres de envio e divulgação de informação trimestral: um quadro resumo do regime aplicável em 2005 recomendou o formato de apresentação da informação comparativa (COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2005). Deste modo, as entidades com valores admitidos à negociação e que tiveram que aplicar as IAS a partir de 1 de janeiro de 2005, tiveram que refazer as suas DF como se estivessem a utilizar o normativo em 2004, de forma a obterem dados comparativos. Neste sentido e em conformidade com a IAS 38, as despesas referentes à fase de investigação de um qualquer projeto são reconhecidas diretamente em resultados quando incorridas. Enquanto que as despesas referentes à fase de desenvolvimento podem ser reconhecidas como um ativo, desde que seja demonstrada a viabilidade técnica e intenção de concluir o ativo intangível para uso ou venda; a capacidade de o usar ou vender; a forma como o ativo gerará prováveis benefícios económicos futuros; a disponibilidade de adequados recursos técnicos, financeiros e outros para concluir a fase do desenvolvimento e colocar o ativo em situação de uso ou venda; e, a capacidade de mensurar com fiabilidade o dispêndio atribuível ao ativo intangível durante a sua fase de desenvolvimento. 4. METODOLOGIA O presente estudo buscou analisar a relevância da informação não financeira das despesas de Investigação e Desenvolvimento (I&D). A amostra é composta por 16 empresas empresas não financeiras, com valores cotados na Euronext Lisbon. Na seleção da amostra excluímos empresas seguradoras e financeiras por não se enquadrarem no mesmo normativo contabilístico. Na Tabela 1 apresentamos uma divisão por setor de atividade das sociedades que constituem a nossa amostra, de acordo com a classificação da Euronesxt Lisbon. O objetivo desta seleção foi poder tirar diferentes conclusões de acordo com a distinta atividade das entidades. 4 19º CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE BELÉM-PA
5 Repartição setorial N.º Entidades Percentagem (%) Indústria Energia Serviços Telecomunicações Equipamentos Total Tabela 1 Repartição setorial das entidades constantes da amostra. Fonte: Dados da pesquisa. A metodologia utilizada foi a análise de conteúdo, tendo a análise sido feita manualmente. Para o efeito, foram analisados os Anexos e os Relatórios de Gestão com o intuito de obter informação não financeira. 5. ESTUDO EMPÍRICO O estudo efetuado tem um caráter descritivo, analisando a relevância da informação não financeira das despesas de Investigação e Desenvolvimento (I&D). Nesse sentido, apresentamos na Tabela 2 o resumo do tipo de informação divulgada nos relatórios e contas relativamente ao ano de 2010, no que diz respeito a este tipo de informação. Tipo de informação N.º Empresas Percentagem (%) Saldo inicial e final das despesas de desenvolvimento capitalizadas, bem como o respetivo valor das amortizações acumuladas e perdas 4 25% por imparidade acumuladas. Montante capitalizado durante o período e outros movimentos ocorridos na conta de despesas de desenvolvimento refletida no Balanço. 3 19% Montante da amortização no período. 4 25% Política de contabilização % Montante das despesas de investigação como gasto. 2 13% Período/Taxa de amortização (quotas constantes). 4 25% Descrição sobre o produto que está a ser desenvolvido ou investigado. 5 31% Pessoas ou partes envolvidas no processo de I&D. 0 0% Infraestruturas ao nível da I&D. 0 0% Resultados atuais do produto ou a este associado. 1 6% Resultados potenciais/previstos. 1 6% Datas previstas. 1 6% Fontes de financiamento de um projeto. 2 13% Perspetivas futuras no âmbito dos projetos de I&D. 1 6% Tabela 2 Tipo de informação divulgada sobre despesas de I&D (em % do total das entidades). Fonte: Dados da pesquisa. Pela análise da Tabela 2 verificámos que todas as empresas divulgam a Política Contabilística aplicada. Verificámos que a informação mais divulgada é a informação financeira, o que não é de estranhar uma vez que é obrigatória a sua divulgação nas Demonstrações Financeiras (Balanço e Demonstração dos Resultados). Verificámos que todas as entidades divulgam a sua política de contabilização e todas utilizam o mesmo método de amortização (método da linha reta). Estes resultados são consistentes com os obtidos por Ferreira et al. (2001) e Leitão (2006) que concluíram que todas as entidadea que compreendiam a amostra utilizavam o método das quotas constantes. Por outro lado, verificámos que existe informação não financeira que não é divulgada por nenhuma entidade, como é o caso da informação sobre pessoas ou partes envolvidas no processo de I&D e infraestruturas ao nível da I&D. 5
6 Verificámos também que relativamente à informação não financeira a percentagem de divulgação é bastante reduzida (entre 6% e 31%, dependendo do tipo de informação), uma vez que a sua divulgação não assume um caráter obrigatório. Na Tabela 3 evidenciamos o tipo de informação divulgada, tendo em consideração a sua forma de divulgação: Balanço, Anexo ou Relatório de Gestão. Pela análise da Tabela 3 verificámos que a informação divulgada no Anexo é difundida de forma mais eficiente do que a divulgada no Relatório de Gestão. Posto isto, poucas entidades divulgam informação não financeira e quando o fazem, utilizam o Relatório de Gestão. Tipo de informação Anexo Percentagem (%) Relatório Gestão Percentagem (%) Saldo inicial e final das despesas de desenvolvimento capitalizadas, bem como o respetivo valor das amortizações acumuladas 4 25% 0 0% e perdas por imparidade acumuladas. Montante capitalizado durante o período e outros movimentos ocorridos na conta de despesas de desenvolvimento refletida no 3 19% 0 0% Balanço. Montante da amortização no período. 4 25% 0 0% Política de contabilização % 0 0% Montante das despesas de investigação como gasto 2 13% 0 0% Período/Taxa de amortização (quotas constantes) 4 25% 0 0% Descrição sobre o produto que está a ser desenvolvido ou investigado. 0 0% 5 31% Pessoas ou partes envolvidas no processo de I&D. 0 0% 0 0% Infraestruturas ao nível da I&D. 0 0% 0 0% Resultados atuais do produto ou a este associado. 0 0% 1 6% Resultados potenciais/previstos. 0 0% 1 6% Datas previstas. 0 0% 1 6% Fontes de financiamento de um projeto. 0 0% 2 13% Perspetivas futuras no âmbito dos projetos de I&D. 0 0% 1 6% Tabela 3 Tipo de informação divulgada sobre despesas de I&D (em % do total das entidades). Fonte: Dados da pesquisa. Fazendo a análise da divulgação da informação não financeira tendo em conta os diferentes setores de atividade, conforme Tabela 4, podemos aferir que a Industria é o setor que mais divulga informação no seu anexo. 6 19º CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE BELÉM-PA
7 Tipo de informação Indústria Energia Serviços Telecomunicações Equipamentos divulgada sobre I&D Q T Q T Q T Q T Q T Saldo inicial e final das despesas de desenvolvimento capitalizadas, bem como o respetivo valor das 3 43% 0 0% 1 50% 0 0% 0 0% amortizações acumuladas e perdas por imparidade acumuladas. Montante capitalizado durante o período e outros movimentos ocorridos na conta de despesas de 2 29% 0 0% 1 50% 0 0% 0 0% desenvolvimento refletida no Balanço. Montante da amortização no período. 3 29% 0 0% 1 50% 0 0% 0 0% Política de contabilização % 3 100% 2 100% 3 100% 1 100% Montante das despesas de investigação como gasto 1 14% 1 33% 0 0% 0 0% 0 0% Período/Taxa de amortização (quotas 3 43% 0 0% 1 50% 0 0% 0 0% constantes) Descrição sobre o produto que está a ser desenvolvido ou 1 14% 2 66% 1 50% 1 33% 0 0% investigado. Pessoas ou partes envolvidas no processo 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% Infraestruturas ao nível 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% Resultados atuais do produto ou a este 0 0% 1 33% 0 0% 0 0% 0 0% associado. Resultados potenciais/ previstos. 0 0% 1 33% 0 0% 0 0% 0 0% Datas previstas. 0 0% 1 33% 0 0% 0 0% 0 0% Fontes de financiamento de um projeto. 0 0% 0 0% 1 50% 1 33% 0 0% Perspetivas futuras no âmbito dos projetos 0 0% 1 33% 0 0% 0 0% 0 0% Tabela 4 Tipo de informação divulgada sobre despesas de I&D por setor de atividade (em % do total das entidades) (cont.). Fonte: Dados da pesquisa. Cruzando a informação da Tabela 4 com a informação da Tabela 1, de forma a calcularmos a percentagem de divulgação relativamente ao total por setor de atividade, verificámos que a Indústria e os Serviços são os setores que mais divulgam, informação no seu anexo, enquanto que a Energia é o setor que divulga mais informação no seu Relatório de Gestão. Verificámos também que todas as empresas, independentemente do setor de atividade em que estão inseridas, divulgam a sua política de contabilização. 7
8 5 CONCLUSÕES Em forma de conclusão, os estudos revelam que o nível de divulgação das despesas de Investigação e Desenvolvimento (I&D) são essencialmente de natureza financeira. Além disso, a escassez de informação financeira divulgada sobre alguns intangíveis, conduziu à insatisfação dos utilizadores dessa informação, visto que originou falta de solidez e confiabilidade na avaliação da entidade, devido a problemas de identificação, bem como a mensuração contabilística e o reconhecimento. No que diz respeito à análise de conteúdo efetuada, verificámos que a informação não financeira é pouco divulgada pelas entidades e quando o é dão mais relevância ao Relatório de Gestão. Contudo, verificámos que, embora as empresas não divulguem de forma expressiva a informação financeira, esta é divulgada de forma mais eficiente no Anexo relativamente à informação não financeira. Se compararmos a informação divulgada pelos diferentes setores de atividade, verificámos que as entidades do setor da Indústria e Serviços divulgam mais informação financeira, enquanto que o setor da Energia divulga mais informação não financeira. A escassez de informação divulgada leva-nos a sugerir que serão necessárias mais investigações futuras que testem e comprovem estas hipóteses. Investigações futuras serão necessárias para analisar a razão que leva as entidades a divulgarem pouca ou nenhuma informação nesta área, assim como a comparar a divulgação deste tipo de informação em diferentes países. Assim, considerando a pertinência do tema e o seu enquadramento normativo em Portugal, seria essencial o seu desenvolvimento e aprofundamento, através de uma comparação, com a situação vigente por exemplo no Brasil. 8 19º CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE BELÉM-PA
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEAN, L.; JARNAGIN, B. Intangible Asset Accounting: How Do Worldwide Rules Differ? The Journal of Corporate Accounting & Finance, v. 13(1), p , COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CMVM). Deveres de envio e divulgação de informação trimestral: um quadro resumo do regime aplicável em Circular de 15 de Abril de COMISSÃO EUROPEIA. Regulamento n.º 1606/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de Julho de 2002: relativo à aplicação das normas internacionais de contabilidade. Jornal Oficial da União Europeia L 243, de 11 de Setembro de COMISSÃO EUROPEIA. Regulamento n.º 1126/2008/CE da Comissão, de 3 de Novembro de 2008: adota determinadas normas internacionais nos termos do Regulamento (CE) n.º 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho. Jornal Oficial da União Europeia L 320, de 29 de Novembro de COMMITTEE OF EUROPEAN SECURITIES REGULATORS. Recommendation for Additional guidance regarding the implementation of International Financial Reporting Standards (IFRS), GARCÍA-MECA, E.; PARRA, I.; LARRÁN, M.; MARTÍNEZ, I. The explanatory factors of intellectual capital disclosure to financial analysts. European Accounting Review, v. 14, n. 1, p , GOMES, P.; SERRA, S.; FERREIRA, E. Activos intangíveis: o grau de adaptação das empresas portugueses cotadas na Euronext relativamente à IAS 38. Contabilidade e Gestão, p , GRILICHES, Z. The Search for R&D Spillovers. University of Chicago Press, HIRSCHEY, M.; WEYGANDT, J. Amortization policy for advertising and research and development expenditures. Journal of Accounting Research, v. 23, n , HIRSHEY, M. Market structure and market value. Journal of Business, v. 58, p , HOLLAND, J. Intellectual capital and the capital market - organisation and competence. Accounting, Auditing & Accountability Journal, v. 16, n. 1, p , LEITÃO, P. Divulgação de Informação sobre Despesas de Investigação e Desenvolvimento: análise de algumas empresas cotadas em Portugal. Contabilidade e Gestão, v. 2, p , LEV, B. Intangibles: Management, Measurement, and Reporting. Bookings Institution Press, LEV, B.; SOUGIANNIS, T. The capitalization, amortization, and value-relevance of R&D. Journal of Accounting and Economics, v. 21, n. 1, p , SKINNER, D. J. Accounting for intangibles a critical review of policy recommendations. Accounting and Business Research, v. 38, n. 3, p , SOUGIANNIS, T. The accounting based valuation of corporate R&D. Accounting Review, v. (69)1, 44-68, ZÉGHAL, D.; MAALOUL, A. The accounting treatment of intangibles A critical review of the literature. Accounting Forum, v. 35, n. 4, p ,
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