Biomédica Graduada na Faculdade União das Américas UNIAMÉRICA e Esp. em Microbiologia Aplicada no Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - PR.
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- Pietra Aragão Beppler
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1 Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2014, v. 18, n. 18, p CONTAMINAÇÃO DE ENTEROPARASITAS EM FOLHAS DE ALFACE (Lactuca sativa) E AGRIÃO (Nasturtium officinalis) EM DUAS HORTAS COMERCIAIS DE FOZ DO IGUAÇU, ESTADO DO PARANÁ, BRASIL OLIVEIRA, Alline Aparecida Batista de 1 PEREZ, Luana Ficanha 2 RESUMO Este estudo teve a finalidade de avaliar a contaminação por enteroparasitas em folhas de alface (Lactuca sativa) e agrião (Nasturtium officinalis), uma vez que se encontram entre as hortaliças mais consumidas, coletadas em duas hortas que fornecem esses produtos para a comercialização em supermercados e feiras livres da cidade de Foz do Iguaçu PR. Verificou também a porcentagem de contaminação nas amostras lavadas e não lavadas, destacando a necessidade da antissepsia dos vegetais antes do consumo, uma vez que praticamente todas as amostras apresentaram pelo menos um enteroparasita. Palavras-chave: Hortaliças. Contaminação. Enteroparasita. ABSTRACT This study aimed to evaluate the contamination by intestinal parasites in leaves of lettuce (Lactuca sativa) and watercress (Nasturtium officinalis), since they are among the most consumed vegetables, collected in two gardens that provide these products for sale in supermarkets and markets in the city of Foz do Iguaçu - PR. Verified, the percentage of contamination in samples washed and unwashed, highlighting the need for antisepsis of vegetables before consumption, since virtually all samples had at least one enteroparasite. Keywords: Vegetables. Contamination. Enteroparasite. 1 Biomédica Graduada na Faculdade União das Américas UNIAMÉRICA e Esp. em Microbiologia Aplicada no Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - PR. 2 Biomédica e Esp. Graduada na Faculdade União das Américas UNIAMÉRICA - PR.
2 INTRODUÇÃO As enteroparasitoses humanas são problema de saúde pública e também podem indicar as condições socioeconômicas em que vive certa população. A tendência do momento é o consumo de alimentos diet e light para garantir vida saudável. Nesse contexto, agrega-se valor às hortaliças principalmente orgânicas, em substituição às convencionais. Ao deixar de usar os produtos químicos fertilizantes e defensivos, passa-se a usar os fertilizantes orgânicos (esterco de bovinos, suínos, aves, coelhos, húmus de minhoca) sem conhecer a procedência. Essas hortaliças são comercializadas sob o rótulo de saudáveis, mas podem ter contaminantes parasitários, que aparecem através de suas formas transmissíveis que são os cistos, ovos e até mesmo larvas microscópicas e também a forma inadequada como as hortaliças são manuseadas e transportadas (ROBERTSON, GJERDE, 2001). Segundo Keller et al. (2000), citado por Gonçalves e Partelli (2005), a melhoria do saneamento básico e a mudança de comportamento da população com relação à prática de hábitos de higiene e a incidência de surtos epidêmicos, cujos agentes infecciosos são transmitidos pela água, diminuíram nas últimas décadas. Nesse sentido, este estudo teve a finalidade de avaliar a contaminação por enteroparasitas em folhas de alface (Lactuca sativa) e agrião (Nasturtium officinalis), uma vez que se encontram entre as hortaliças mais consumidas, coletadas em duas hortas que fornecem esses produtos para a comercialização em supermercados e feiras livres da cidade de Foz do Iguaçu PR. 2. ENTEROPARASITAS EM VEGETAIS (ALFACE E AGRIÃO) O parasitismo é definido como a incapacidade de um ser vivo sobreviver e reproduzir-se independentemente de outro. O relacionamento entre eles visa a dois aspectos fundamentais: obtenção de alimento e/ou proteção, criando dependência metabólica. Ou seja, toda fisiologia do parasita é dependente do hospedeiro, no qual até mesmo as enzimas do metabolismo são produzidas pelo mesmo (REY, 2001). Segundo Neves (2005), o parasitismo seguramente ocorreu quando, na evolução de uma destas associações, um organismo menor se sentiu beneficiado, quer pela proteção, quer pela obtenção de alimento. Como consequência dessa associação e com o decorrer de milhares de anos, houve uma evolução para o melhor relacionamento com o 2
3 hospedeiro. Esta evolução feita à custa de adaptações tornou o invasor (parasita) mais dependente do seu hospedeiro. Essas adaptações foram de tais formas acentuadas que podemos afirmar que a adaptação é a marca do parasitismo. Os enteroparasitas constituem uma das maiores causas de infecções que acometem o homem e os animais. Seus sintomas não só provocam índices elevados de morbidade e mortalidade como também grandes perdas econômicas que comprometem o homem enfermo assim como seus familiares e ainda a comunidade. Em alguns casos, chega a limitar o desenvolvimento social e econômico (ATIAS, 1998, p. 22). Hábitos de higiene dos indivíduos, idade, grau de escolaridade, nível socioeconômico e condições de saneamento básico são variáveis que contribuem na frequência de parasitoses intestinais. Ainda não está totalmente estabelecido se o contato com animais domésticos e o sexo do indivíduo influenciam nas enteroparasitoses (ABRAHAM et al. 2007, p. 41). Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2004) constatou o aumento considerável no consumo de verduras, legumes e frutas no Brasil, particularmente nas regiões sul e sudeste, elevando o risco da ingestão de estruturas parasitárias carregadas por estes alimentos que são ingeridos crus; os enteroparasitas intestinais constituem um sério problema de saúde pública no Brasil, apresentando maior prevalência em populações de baixo nível socioeconômico e precárias condições de saneamento básico (UCHÔA, 2001). As hortaliças, em especial as consumidas cruas, possibilitam ocorrência de enfermidades intestinais, uma vez que helmintos, protozoários e outros patógenos podem estar presentes nessas verduras, que são frequentemente adubadas e/ou irrigadas com água que pode estar contaminada por dejetos fecais. As doenças transmitidas por alimentos são, predominantemente, resultantes do ciclo de contaminação fecal/oral e seu controle deve receber atenção cada vez maior em nosso meio (SANTANA, 2004). Segundo Silva Jr (2002), as hortaliças podem estar contaminadas por parasitas, porém, podem não apresentar-se com aspecto de estragadas. A grande maioria dos trabalhos que avalia a contaminação de hortaliças por enteroparasitas utiliza amostras de alface (Lactuca sativa), agrião (Nasturtium officinalis), entre outras, por apresentarem grande difusão de consumo cru, facilidade e quantidade de produção, bem como possibilidade de contaminação por água e solos poluídos (OLIVEIRA e GERMANO, 1992; MARZOCHI, 1977). A alface (Lactuca sativa) é a hortaliça folhosa mais comercializada no país. É 3
4 consumida crua e cultivada o ano todo. O seu cultivo requer contato com o solo durante todo o ciclo vegetativo, relata Filgueiras (2003). O agrião (Nasturtium officinalis) oriundo da Ásia é rico em sais minerais, tem propriedades terapêuticas e é cultivado normalmente em solos úmidos; este fator facilita a sobrevivência de ovos de helmintos e cistos de protozoários que têm vida prolongada em ambiente aquático, observa Guilherme (2002). Nos estudos de Darolt (2003) 3, ficou evidenciado que produtos vegetais, folhas, talos e frutos contaminados a partir do solo, água de irrigação, adubos orgânicos, das condições de transporte e armazenamento ou mesmo durante a manipulação usando recipientes, tábuas e alimentos não higienizados adequadamente, facilitam a contaminação cruzada. Nesse sentido, destacam-se os estudos realizados por Oliveira e Germano (1992) na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo CEAGESP, em 1990, que revelaram elevados níveis de contaminação por helmintos e protozoários em alface, agrião e escarola. Deve-se salientar que este é um problema mundial e que mesmo nos países desenvolvidos menos de 5% das doenças são transmitidas por alimentos. Estudos relatam que pesquisadores verificaram diferentes formas de contaminação por enteroparasitas em alface, tais como: solo e água de irrigação contaminada por entulhos e esgoto (BLUMENAU et al., 2004) 4 ; adubação com fezes de animais (CHITARRA, 2000); prática de lavagem em recipientes com água parada (EVANGELISTA, 1992). Alves (2002) também afirma que as hortaliças consumidas cruas em forma de saladas podem servir como via de transmissão de espécies de helmintos, protozoários, bactérias e vírus que causam danos ao organismo humano. Complementando a sequência de avaliações em folhosas, Soares e Cantos (2006), em estudos na cidade de Florianópolis (SC), analisaram 250 unidades de alface e constataram 60% delas contaminadas com estruturas parasitárias, predominando a Entamoeba sp.. Observações feitas por Oliveira e Germano (1992) esclarecem que a alface, por possuir folhas justapostas, dificulta a adesão de estruturas parasitárias e, por isso, apresenta menores índices de contaminação quando comparada ao agrião. Finalizando, Oliveira e Germano (1992) e Silva e Andrade (2005) relatam em seus estudos sobre 3 < 4 < 4
5 contaminação de hortaliças por enteroparasitas que o diagnóstico laboratorial das hortaliças representa uma forma de monitoramento e controle dessa atividade de produção, armazenamento, transporte e manuseio dos vegetais. Para que a contaminação seja evitada, é necessária uma conscientização do manipulador e consumidor sobre as normas de higiene. No caso das hortaliças devem ser lavadas em água com adição de hipoclorito de sódio. Isto é importante, pois as colheitas às vezes são inundadas por águas contaminadas por dejetos humanos ou animais (HOBBS, 1999). 3. MATERIAIS E MÉTODO A pesquisa caracterizada como exploratória qualitativa tem o referencial teórico apoiado nas orientações de Gil e Lakatos (2001). O estudo consistiu na avaliação de 60 amostras de alface (30 analisadas sem lavar e 30 lavadas com água) e 60 amostras de agrião (30 analisadas sem lavar e 30 lavadas). A metodologia utilizada foi baseada em Bastos (2002); Pessoa e Martins (1988) através de adaptações do método original. Ambas as técnicas utilizam o método de Hoffmann et al. (1934), que consiste na sedimentação espontânea de cistos e ovos de protozoários e helmintos respectivamente. As coletas foram realizadas em duas hortas, uma localizada no Bairro Jardim Petrópolis (coordenadas geográficas: 25 29'22.9"S, 54 35'01.5"W) e a outra no Bairro Morumbi III (coordenadas geográficas: 25 30'49.6"S, 54 32'28.0"W), na cidade de Foz do Iguaçu PR. As amostras foram coletadas pela manhã em dias variados até completar o total 60 de cada espécie durante o período de agosto e novembro deste ano. Para o transporte, as amostras foram acondicionadas em sacos de polietileno, individualmente, com ficha de identificação constando: nome do local, nome da espécie, data e hora da coleta e a observação: lavada ou não lavada. Os recipientes com as amostras foram acondicionados em uma caixa de isopor e transportados até o laboratório escola da Faculdade União das Américas. Para a técnica, as alfaces e os agriões foram desfolhados na proporção de 5 g de cada amostra e lavados com uma solução de lauril sulfato triptose a 1% (um por cento) sobre um frasco coletor. O líquido resultante da lavagem das folhas foi colocado em um frasco cônico com capacidade para 250 ml e deixado em repouso por 30 minutos. Descartou-se o sobrenadante e adicionou-se água destilada até completar 250 ml para o 5
6 segundo repouso de 30 minutos. Com auxílio de uma pipeta, foi retirado 0,1 ml do sedimento e examinado em lâmina corada com uma gota de lugol, em microscópio de luz e fotografado para registro. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através da análise dos resultados foi possível observar que tanto protozoários como helmintos estiveram presentes nas hortaliças estudadas. Os protozoários observados foram Giardia sp. (Figura 1: I), que aparece na forma de um cisto oval com a presença marcante de um axonema na região central, Entamoeba sp. (Figura 1: II), que possui o cisto arredondado com cerca de 4 a 8 núcleos, Endolimax sp. (Figura 1: III), semelhante à ameba, no entanto menor e com no máximo 4 núcleos, e Iodamoeba sp. (Figura 1: IV), apresentando no interior de um cisto redondo um vacúolo sensível ao iodo. 6
7 Figura 1: PROTOZOÁRIOS - Fotomicroscopia de um cisto de Giardia sp. (I), notar axonema. Entamoeba sp. (II) notar os núcleos. Endolimax sp. (III) observar tamanho e os núcleos. Iodamoeba sp. (IV) notar vacúolo corado pelo iodo. I II III IV Os ovos dos helmintos Dipylidium sp. (Figura 2: I) aparecem nas fezes envoltos por uma cápsula, uma vez que esse verme cestódeo é muito semelhante a uma tênia que liberaria suas proglotes. Ascaris sp. (Figura 2: II), que possuem casca bastante grossa e castanha, Ancylostoma sp. (Figura 2: III) apresentam uma massa embrionária interior com um grande halo até sua casca ou aparecem como larvas filiformes (Figura 2: IV), Enterobius sp. (Figura 2: V) aparecem como ovos em forma de D com uma estrutura central que dará origem a larva e Strongyloides sp. (Figura 2: VI), que se apresenta na forma de uma larva identificável pelo aparelho digestório. 7
8 Figura 2: HELMINTOS - Fotomicroscopia de Dipylidium sp. (I) notar grande quantidade de ovos. Ascaris sp. (II) notar casca grossa e castanha. Ancylostoma sp. (III) notar halo no ovo e formato filiforme da larva (IV). Enterobius sp. (V) notar formato. Strongyloides sp. notar aparelho digestório (VI). I II III IV V VI 8
9 a) HORTA 1 Das 30 amostras de alface coletadas neste primeiro local, 60% de ambas, lavadas e não lavadas, apresentaram-se positivas para pelo menos um enteroparasita, o que demonstra uma elevada contaminação parasitária. Utilizando das amostras positivas foi possível notar que nas alfaces lavadas, houve a predominância de Giardia sp., seguido de Dipylidium sp., Endolimax sp., Entamoeba sp., Strongyloides sp. na forma larval, Iodamoeba sp. e Ancylostoma sp. na forma de larva em diferentes porcentagens de visualização como mostra a Tabela I. Tabela I Presença de enteroparasitas em alface lavada horta 1 Parasito Cistos Ovos Larvas Frequência (%) Giardia sp Dipylidium sp Endolimax sp Entamoeba sp Strongyloides sp Iodamoeba sp. + 5 Ancylostoma sp. + 5 Ao passo que em amostras de alface não lavadas verificou-se a presença predominante de Dipylidium sp., Giardia sp., seguido da forma larval de Strongyloides sp., Endolimax sp., Entamoeba sp. e Ancylostoma sp., também na forma de larva; nas proporções mostradas pela Tabela II. Tabela II Presença de enteroparasitas em alface não lavada horta 1 Parasito Cistos Ovos Larvas Frequência (%) Dipylidium sp. + 26,7 Giardia sp. + 26,7 Strongyloides sp. + 13,3 9
10 Endolimax sp. + 13,3 Entamoeba sp. + 13,3 Ancylostoma sp. + 6,7 Das amostras coletas de agrião lavado, 66,7% apresentaram contaminação. Os resultados para esta hortaliça em estudo foram Endolimax sp., seguido de Dipylidium sp., Strongyloides sp. e Ancylostoma sp., ambos na forma de larva e Giardia sp. na frequência mostrada pela Tabela III. Tabela III Presença de enteroparasita em agrião lavado - horta 1 Parasito Cistos Ovos Larvas Frequência (%) Endolimax sp. + 31,3 Dipylidium sp Strongyloides sp. + 18,8 Ancylostoma sp. + 18,8 Giardia sp. + 6,3 Nas amostras de agrião não lavado, 93,3% apresentaram-se contaminadas e houve predominância de Strongyloides sp. na forma larval, seguido de Endolimax sp., Ancylostoma sp. na forma de ovo e larva, Dipylidium sp., Ascaris sp. na forma de ovo e Giardia sp., como mostra a Tabela IV. Tabela IV Presença de enteroparasita em agrião não lavado - horta 1 Parasito Cistos Ovos Larvas Frequência (%) Strongyloides sp. + 26,7 Endolimax sp Ancylostoma sp Dipylidium sp. + 13,3 Ascaris sp Giardia sp
11 b) HORTA 2 Das 30 amostras de alface coletadas neste segundo local, 80% das que haviam sido lavadas e também das que não haviam sido lavadas apresentaram resultado positivo para presença de enteroparasitas. Nos exames de amostras de alface lavada registrou-se a presença predominante de Dipylidium sp., seguido das formas de ovo e larva de Ancylostoma sp., Strongyloides sp. na forma larval e Enterobius sp. na forma de ovo, em diferentes porcentagens como mostra na sequência a Tabela V. Tabela V Presença de enteroparasita em alface lavada - horta 2 Parasito Cistos Ovos Larvas Frequência (%) Dipylidium sp. + 43,8 Ancylostoma sp ,5 Strongyloides sp. + 12,5 Enterobius sp. + 6,3 As amostras de alface não lavada representaram dominância de larvas de Strongyloides sp., seguido de Ascaris sp. na forma de ovo, Ancylostoma sp. na forma de larva e ovo e Dipylidium sp., sendo representados na Tabela VI. Tabela VI Presença de enteroparasita em alface não lavada - horta 2 Parasito Cistos Ovos Larvas Frequência (%) Strongyloides sp. + 53,3 Ascaris sp. + 26,7 Ancylostoma sp ,3 Dipylidium sp. + 6,7 11
12 Das amostras de agrião lavado analisadas, contatou-se que 46,7% apresentaram positividade. Na frequência da Tabela VII, está representada a presença de Dipylidium sp., seguido de Strongyloides sp. na forma de larva. Tabela VII Presença de enteroparasita em agrião lavado - horta 2 Parasito Cistos Ovos Larvas Freqüência (%) Dipylidium sp. + 57,1 Strongyloides sp. + 42,9 Nas amostras de agrião não lavado, 60% apresentaram-se positivas. Verificou-se a maior incidência de Dipylidium sp. seguido da forma larval de Strongyloides sp. em diferentes frequências, como mostra a Tabela VIII. Tabela VIII Presença de enteroparasita em agrião não lavado - horta 2 Parasito Cistos Ovos Larvas Freqüência (%) Dipylidium sp Strongyloides sp Os estudos conduzidos por Takayanagui et al (2001) na cidade de Ribeirão Preto (SP) corroboram com esses resultados pois detectaram 67% de estruturas parasitárias em amostras de alface, com destaque para Salmonella, coliforme fecais, Entamoeba sp., Ascaris sp., Giardia sp., Cryptosporidium sp., Hymenolepis nana e Toxocara sp., evidenciando a importância desses alimentos como veiculadores das parasitoses intestinais. No entanto, na mesma linha de raciocínio, estudos desenvolvidos por Vollkopf et al. (2006) mostram a maior presença de helmintos que protozoários, como neste trabalho, pois os autores detectaram contaminação em 96,52% das amostras de alface, com prevalência de ovos de Ascaris sp., Trichuris sp., Ancylostomídeos, Strongyloides sp. e Toxocara sp., que compatibilizam com os resultados alcançados por este estudo, 12
13 com exceção de Dipylidium sp. que foi registrado com predominância e frequência que varia de 6,7% a 70% de contaminação tanto para a alface como para o agrião. Esta pesquisa também constatou semelhanças com os estudos desenvolvidos por Saraiva et al. (2005), que consistiram na coleta de 20 amostras de alface no mercado varejista de Araraquara e São Carlos, no Estado de São Paulo. Das amostras coletas, 17 apresentaram-se positivas. Os agentes contaminantes com predominância foram: Giardia lamblia, Enterobius vermicularis, Strongyloides stercoralis e Entamoeba histolytica. Mais uma vez, utilizando avaliações parasitológicas em folhosas, Soares e Cantos (2006), em estudos na cidade de Florianópolis (SC), observaram que as estruturas parasitárias comumente encontradas na análise parasitológica de folhas de alface foram: ovos de Ancilostomídeos, larvas de Strongyloides stercoralis, ovos de Hymenolepis nana, cistos de Entamoeba hartmanni, cistos de Entamoeba coli, cistos de Entamoeba histolytica /Entamoeba dispar, oocistos de Blastocystis hominis e protozoários de vida livre, o que continua de acordo com os achados deste estudo. Observando a prevalência entre as duas hortas, é possível notar que as hortaliças coletadas nos dois ambientes de produção, tanto as amostras lavadas como as não lavadas, apresentaram condições muito semelhantes de contaminação por enteroparasitas, destacando ovos de Dipylidium sp. e Strongyloides sp. na forma larval com ocorrência generalizada. As contaminações parecem ser através do solo e água contaminada, no entanto, não foram feitas análises na água de irrigação e condições de solo. A presença desses parasitas está de acordo com o que é dito por Oliveira e Germano (1992) sobre os níveis de contaminação nas variedades de hortaliças estudadas parecerem estar associadas, fundamentalmente, às condições sanitárias do ambiente em que são cultivadas, diferentes em cada horta produtora, de acordo com as práticas de cultivo inadequadas do ponto de vista higiênico sanitário. Apesar de os resultados mostrarem contaminações por enteroparasitoses nas hortaliças, o benefício que esses alimentos trazem em sais minerais e vitaminas se sobressai à contaminação. Faz-se necessária a conscientização da população que consome esses vegetais para que promovam a correta higienização para o consumo. 13
14 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho mostrou que houve a presença tanto de protozoários como de helmintos, com contaminação maior por helmintos. Há possíveis semelhanças entre as quantidades de espécies de parasitas encontrados nos locais pesquisados. O diferencial deste trabalho comparado com outros da literatura foi a presença de Dipylidium sp., o que indica contaminação por fezes de animais. O Dipylidium sp. seguido da forma larval de Strongyloides sp. foram os helmintos mais prevalentes e Endolimax sp. e Giardia sp., os protozoários. Este estudo mostra a necessidade da antissepsia dos vegetais antes do consumo, uma vez que praticamente todas as amostras apresentaram pelo menos um enteroparasita. 6. REFERÊNCIAS ABRAHAM, Ricardo de Souza; TASHIMA, Nair Toshiko; SILVA, Maria Aparecida. Prevalência de Enteroparasitoses em Reeducandos da Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira de Presidente Venceslau. SP. Revista Brasileira de Análises Clínicas. v. 39, n. 1, p ALVES, E. G. L. Parasitos intestinais em hortaliças comercializadas em Lavras MG. Universidade Federal de Lavras (UFLA), Disponível em < Acessado em 02 mar ATIAS, Antonio. Parasitologia Médica. 3 ed. Santiago Chile: Mediterraneo, BASTOS, R. K. X. Avaliação da contaminação em hortaliças irrigadas com esgoto sanitário. Aidis. Viçosa, v. 1, n. 1, p. 1-3, BLUMENAU, U. J. et al. Redução dos riscos para a saúde com a utilização agrícola de águas residuais: medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde OMS. Disponível em < Acessado em 10 jun CHITARRA, M. I. F. Processamento mínimo de frutas e hortaliças. Lavras: UFLA, DAROLT, Moacir R. A qualidade dos alimentos orgânicos. Disponível em < Acessado em: 10 mar EVANGELISTA, J. Contaminação de alimentos. In: Tecnologia de alimentos. São Paulo: Atheneu, 1992, p FILGUEIRAS, Filho M. Novo manual de horticultura. Viçosa: UFV, GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2001, 159 p. GONÇALVES, Samira Alcure e PARTELLI, Dulciane Peruzzo. Pesquisa de parasitas intestinais em folhas de alface (L. sativa L.) comercializadas no município de Vitória ES. Disponível em: Acesso: 29 nov. 14
15 2011. GUILHERME, A. L. F. Prevalência de enteroparasitos em horticultores e hortaliças na feira do produtor de Maringá. Revista da Sociedade Brasileira Médica Tropical. São Paulo: v. 22, n. 4, HOBBS, Betty C. & ROBERTS, Diane. Toxinfecções e Controle Higiênico-Sanitário de Alimentos. 1 ed. São Paulo: Varela, HOFFMANN, W. A.; PONS, J. A.; JANER, J. L. The sedimentation - concentration method in Schistosomiasis mansoni. American Journal Public Health, v. 9, p , INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Anuário Estatístico de Rio de Janeiro: LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia científica. 4 ed. São Paulo: Atlas, MARZOCHI, M. C. A. Estudos dos fatores envolvidos na disseminação dos enteroparasitas. II Estudo da contaminação de verduras e solo de hortas na cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil, Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo, v. 19, p , NEVES, D. P. Parasitologia humana. 10 ed. São Paulo: Atheneu, OLIVEIRA, C. P. F.; GERMANO, P. M. L. Estudo da ocorrência de enteroparasitos em hortaliças comercializadas na região metropolitana de São Paulo. Pesquisa de Helmintos. São Paulo: Revista Saúde Pública, v. 26, nº 3, p. 283, PESSOA, S. P.; MARTINS, A. V. Parasitologia médica. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988, 872 p. REY. Parasitologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, ROBERTSON, L. J.; GJERDE, B. Ocurrence of parasites on fruits and vegetables in Norway. J. Food Protection, v.64, p , SANTANA, Ligia R. R. et al. Qualidade física, microbiológica e parasitológica de alfaces (Lactuca sativa) de diferentes sistemas de cultivo. Salvador: Rev. Saúde Pública, SARAIVA, N. Incidência de contaminação parasitária em alface nos municípios de Araraquara (SP) e São Carlos (SP). São Paulo: Revista Uniara, v. 36, p.213, SILVA, C. G. M.; ANDRADE, G. A. L. Ocorrência de Cryptosporidium spp e outros parasitas em hortaliças consumidas in natura no município de Recife (PE). Revista Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 10, p , SILVA Jr, Eneo Alves de. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos. 5 ed. São Paulo: Varela, SOARES, B.; CANTOS, G. A. Avaliação microbiológica de alface (Lactuca sativa) comercializada em Florianópolis- Santa Catarina, em relação à presença de coliformes totais e fecais. Revista Higiene Alimentar. São Paulo, v. 20, n. 147, dez TAKAYNAGUI, O. M.; OLIVEIRA, C. L. S.; CAPUANO, D. M. Fiscalização de verduras comercializadas no município de Ribeirão Preto (SP). Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Uberaba, v. 31, n.1, p , UCHÔA, C. M. A. Parasitoses intestinais: prevalência em creches comunitárias da cidade de Niterói, Rio de Janeiro Brasil, Rio de Janeiro: Revista Instituto Adolfo Lutz, p VOLLKOPF, P. C. P.; LOPES, F. M. R.; NASAU, I. T. Ocorrência de enteroparasitas em amostras de alface (Lactuca sativa) comercializada em Porto Murtinho MS. Arquivos de Ciência Veterinária e Zoologia da Unipar. Umuarama (PR), v.9, n.1, p ,
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