Comentários OAB 2ª fase Peça prático-profissional - Direito do Trabalho

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1 Comentários OAB 2ª fase Peça prático-profissional - Direito do Trabalho Peça prático-profissional EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 50ª VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA PB Autos do processo nº FLORICULTURA FLORES BELAS LTDA, (qualificação), representada por seu sócio (qualificação), nos autos do processo em epígrafe, por seu patrono que a presente subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 847 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, apresentar sua CONTESTAÇÃO a todos os termos da reclamação trabalhista proposta por ESTELA, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. 1. DOS FATOS A reclamante foi admitida pela reclamada no dia 25/10/2012, na função de floricultora e com salário mensal equivalente a dois salários mínimos. A jornada de trabalho da reclamante era de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com intervalo intrajornada de duas horas e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo, o que contabilizava 44h semanais. O contrato de trabalho foi rompido sem justa causa no dia 29/12/2017 e as verbas rescisórias foram devidamente pagas no prazo legal. Eis um breve relato dos fatos. 2. PRELIMINARMENTE 2.1. DA INCOMPENTÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PROCESSAR E JULGAR AÇÃO PENAL A reclamante pugna em sua inicial a aplicação da penalidade criminal cominada no art. 49 da CLT contra os

2 sócios da reclamada ao argumento de que os mesmos cometeram a infração prevista no referido diploma. Inicialmente a reclamada refuta qualquer alegação contra os seus sócios primeiro por não serem parte na presente demanda, segundo porque a todos deve ser garantido a ampla defesa e contraditório, terceiro pela ilegitimidade da reclamada se o fundamento difere da pessoa jurídica e quarto pelo fato da presente demanda se limitar às partes nela envolvidas, o que em hipótese nenhuma pode impor condenação a terceiro que não fez parte dessa relação jurídica processual (os sócios). Não obstante esses argumentos, melhor sorte não ampara a reclamante, pois a Justiça do Trabalho não é competente para processar e julgar as ações penais oriundas das relações de trabalho, eis o entendimento do Supremo Tribunal Federal STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI nº Por tais motivos, requer o reconhecimento e declaração da incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para processar e julgar eventual conduta descrita no art. 49 da CLT como sendo crime, tudo nos termos da ADI citada e no art. 114, IX da Constituição Federal - CF que, por mais que seja extensivo, não amparou, na melhor exegese, a matéria criminal DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL A reclamante propôs a presente demanda no dia 27/02/2018 e considerando a prescrição quinquenal, tem-se por prescrita as pretensões anteriores a 27/02/2013. Desse modo, requer o reconhecimento e declaração da prescrição quinquenal nos termos do art. 7º, XXXIX da CF, art. 11, caput da CLT e Súmula 308, I do TST. 3. DO MÉRITO Adentra-se no mérito em observância ao princípio da eventualidade que rege o processo e para que não tenha pretensão sem contestação, pois a reclamada não acredita que as preliminares acima suscitadas sejam ultrapassadas ADICIONAL DE PENOSIDADE AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL A reclamante pugna pela condenação da reclamada ao pagamento do adicional de penosidade, contudo, apesar de previsto no art. 7º, inciso XXIII, CF, trabalhadora não se

3 atentou que inexiste regulamentação quanto ao tema, tratando-se, desta feita, de norma constitucional de eficácia limitada. Estabelece o art. 5º, II, da CF que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei e, portanto, por inexistir lei no particular não merece guarida a pretensão autoral. Pugna a reclamada pela total improcedência do pedido de condenação ao pagamento do adicional de penosidade DAS HORAS EXTRAS IMPROCEDÊNCIA RESPEITO AO LIMITE CONSTITUCIONAL A reclamante afirma em sua inicial que tem direito a horas extras porque prestava serviços em extensa jornada e, segundo sua descrição, era das 10h às 20h, de segunda a sexta-feira, com intervalo de duas horas para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo. Excelência, a jornada de trabalho da reclamante respeitou a jornada máxima prevista no art. 7º, XIII da CF e art. 58, caput, da CLT. Nesta mesma linha, frisa-se que o ônus da prova quanto à eventual jornada seria da reclamante, pois na reclamada não existe folha de ponto (art. 74, 2º, CLT) e tem menos de dez empregados conforme guia da RAIS em anexo (inteligência da Súmula 338 do TST). Portanto, improcedente o pleito de horas extras e eventuais consectários DA MULTA DO ART. 477, 8º DA CLT Pugna a reclamante pela condenação da reclamada ao pagamento da multa do art. 477, 8º, da CLT ao argumento de que o valor das verbas resilitórias somente foi creditado na sua conta 20 dias após a comunicação do aviso prévio, concedido na forma indenizada, extrapolando o prazo legal. Equivoca-se a reclamante quanto a tal ponto, pois o valor das verbas rescisórias foi pago no prazo previsto no art. 477, 6º, da CLT. Improcede a pretensão ADESÃO AO PLANO DE SAÚDE Na inicial consta o relato de que a reclamante foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de saúde,

4 tendo assinado na admissão, contra a sua vontade, um documento autorizando a subtração mensal do valor. Inverídicas as alegações da reclamante, haja vista que jamais houve por parte da reclamada qualquer imposição ou coação para que a reclamante consentisse com o desconto do plano de saúde (documento assinado em anexo). A manifestação de vontade da reclamante e de qualquer empregado da reclamada foi livre e não houve qualquer conduta praticada pela ora demandada que pudesse influenciar na decisão adotada pela reclamante, tanto é assim que assinou o documento. Ademais, importante ainda asseverar que o ônus da prova quanto ao vício de consentimento em relação à aposição da assinatura no documento autorizando o desconto é de quem alega, no caso, a reclamante e desde ônus não se desincumbiu. Neste sentido, cita-se o art. 818 da CLT, o art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil CPC e Súmula 342 do TST. Improcede a alegação da reclamante. Para fins de argumentação, impende ainda citar a OJ 160 da SDBI-1/TST que contraria a pretensão da reclamante e enaltece ser inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade da admissão. Portanto, a reclamada respeitou o art. 462 da CLT e os demais dispositivos citados, razão pela qual pugna pela total improcedência dos pedidos. 4. RECONVENÇÃO Preliminarmente a reclamada e ora reconvinte pugna desde já pelo recebimento da presente reconvenção (art. 343 do CPC) e pela procedência dos seus pedidos DOS FATOS Assim que a reconvinte cientificou a reclamante do aviso prévio, a empregada teve uma reação violenta, gritando e dizendo-se injustiçada com a atitude do empregador.

5 A situação chegou ao ponto da segurança terceirizada ser acionada para conter a trabalhadora e acompanhá-la até a porta de saída. Não satisfeita com a situação, quando deixava o portão principal, Estela começou a correr, pegou uma pedra do chão e a arremessou violentamente contra o prédio da empresa, vindo a quebrar uma das vidraças. O valor do prejuízo material ocasionado pela reconvinda foi de R$ 300,00 para a recolocação do vidro atingido, conforme nota fiscal DO DIREITO Eis um relato dos fatos. É inconteste que regra contida nos arts. 186 c/c 927 do Código Civil - CC deve ser aplicada ao caso em tela, haja vista que a reconvinda cometeu ato ilícito em razão da sua ação livre e dolosa e que cominou na violação do direito da reconvinte decorrente do dano suportado. O CC impõe o dever de reparação material quanto aos prejuízos decorrentes desse dano, razão pela qual requer a condenação da reconvinda ao pagamento da indenização por dano material no valor de R$ 300,00 referente ao vidro que dolosamente quebrou. Dá à presente reconvenção o valor de R$ 300,00 (trezentos reais). 5. DOCUMENTOS JUNTADOS PELA CONSIGNANTE A reclamada impugna os documentos anexados à inicial por não socorrerem o direito da reclamante. Tais documentos apenas corroboram com a peça contestatória. 6. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer o acolhimento das preliminares apresentadas, inclusive a de mérito, e, na eventualidade de serem ultrapassadas, que os pedidos constantes na reclamação trabalhista ora guerreada sejam julgados totalmente improcedentes, bem como o conhecimento e procedência da reconvenção para condenar a reconvinda nos termos do pedido apresentado na fundamentação.

6 Requer ainda a condenação da reclamante/reconvinda ao pagamento de honorários sucumbenciais nos termos do art. 791-A, 5º, CLT. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos e em especial o depoimento da reclamante/reconvinda, a oitiva de testemunhas e a juntada de documentos, para ao final serem julgados improcedentes os pedidos constantes da inicial e procedente o da reconvenção. Declara o patrono ora subscritor desta peça que os documentos anexados são originais e/ou cópias idênticas, logo autênticas. Termos em que, Pede deferimento. Data,. ADVOGADO OAB/DF Advogado militante. Especialista em Direito Público. Palestrante e Parecerista na área de direito do trabalho, especialmente em cursos de prevenção de passivos trabalhista. Professor de Direito do Centro Universitário do Distrito Federal UDF na disciplina Direito Processual do Trabalho. Professor de Direito da Faculdade Projeção FAPRO na disciplina Direito Processual do Trabalho e Direito do Trabalho. Professor de Cursos Preparatórios para Concurso Público.