A PRÁTICA DA COMPOSTAGEM COMO ALTERNATIVA DE MANEJO SUSTENTÁVEL DE RESIDUOS ORGÂNICOS NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL PIO XII - JAGUARÃO/RS
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- Rosa da Rocha Azambuja
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1 A PRÁTICA DA COMPOSTAGEM COMO ALTERNATIVA DE MANEJO SUSTENTÁVEL DE RESIDUOS ORGÂNICOS NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL PIO XII - JAGUARÃO/RS Resumo Eliane de Mello Teixeira ¹ Monique Gonçalves Carboneiro ² GT4 (A constituição de educadores e educadoras ambientais) A questão ambiental, tema cuja relevância tem sido percebida em toda a extensão da sociedade e largamente discutida nas salas de aula, é abordada neste artigo com foco na prática da compostagem como alternativa às técnicas não orgânicas de correção do solo e para o manejo sustentável do cultivo de vegetais em uma escola publica do município de Jaguarão RS. Abstract The environmental issue, a subject whose importance has been perceived in all extension of society and widely discussed in the classroom, is addressed in this article with a focus on the practice of composting as an alternative the techniques of organic correction of the soil and for the sustainable management of the cultivation of plants in a public school in the municipality of Jaguarão - RS. Palavras-chave: compostagem; resíduos orgânicos; questões ambientais. Key Words: Composting; organic waste; environmental issues. INTRODUÇÃO Entende-se por compostagem o processo de reciclagem da fração fermentável dos resíduos sólidos urbanos. Com essa prática, é possível dar um destino útil aos resíduos orgânicos, evitar o acúmulo destes no ambiente e melhorar a estrutura do solo. Tal melhora devolve à terra os nutrientes de que necessita e aumenta-lhe a capacidade de retenção de água, permitindo o controle da erosão e evitando o uso de fertilizantes sintéticos. Em termos científicos, a compostagem pode ser definida como sendo uma decomposição aeróbica de substratos orgânicos. O resultado deste processo é um produto final suficientemente estabilizado que pode ser aplicado no solo com várias vantagens sobre os fertilizantes químicos de síntese, e que se dá o nome de composto. ¹ Pós Graduada em Educação Ambiental FUCVEST / SC (eliane.mello.bio@hotmail.com ) ² Graduanda em Pedagogia UNIPAMPA / RS (moniquegonçalvescarboneiro@hotmail.com )
2 A prática da compostagem A compostagem não é uma técnica recente. Ela vem sendo praticada por agricultores e jardineiros ao longo dos séculos. Material vegetal, estrume, restos de cozinha e outros tipos de resíduos orgânicos são amontoados em pilhas, num local conveniente, e deixados a decompor e estabilizar. Assim permanecem até que estejam prontos para serem devolvidos ao solo ou até que o agricultor necessite fertilizar o solo. Nos tempos atuais, a preocupação com a redução de resíduos e a produção de alimentos orgânicos (livres de agrotóxicos) levou a um renovado interesse na compostagem, seja ela em larga escala ou doméstica. Esta última, a compostagem doméstica, foi a prática escolhida para ser desenvolvida na Escola Estadual de Ensino Fundamental Pio XII, no município de Jaguarão/RS, visto que é feita em pequena escala, dentro de recipientes pequenos ( compositores) ou no próprio chão, não exigindo grande quantidade de resíduos. Uma tarefa importante para o professor, associada ao tema Meio Ambiente, é a de favorecer ao aluno o reconhecimento de fatores que produzam real bem-estar; ajudá-lo a desenvolver um espírito de crítica às induções ao consumismo e o senso de responsabilidade e solidariedade no uso dos bens comuns e recursos naturais, de modo a respeitar o ambiente e as pessoas de sua comunidade. (MEC, 2000, p. 49). Inicialmente, objetivou-se promover uma reflexão sobre a quantidade de lixo produzido diariamente e o que poderia ser feito para reduzir este volume, visto que é este uma das questões ambientais mais preocupantes na atualidade. A palavra lixo, derivada do termo latim lix, significa cinza. Pode-se considerar lixo todos os tipos de resíduos sólidos resultantes das atividades humanas ou do material considerado imprestável ou irrecuperável pelo usuário, seja papel, papelão, restos de alimentos, vidros, embalagens plásticas. (OLIVEIRA;CARVALHO, 2004). Viu-se na compostagem a prática propícia para atingir tais objetivos. Demonstrou, ainda, ser um tema gerador de subsídios para as demais questões ambientais abordadas pelos bolsistas do Programa de Bolsas de Iniciação a Docência PIBID, idealizadores desse projeto. Vale aqui resaltar que Programas como PIBID enriquecem consideravelmente as práticas docentes, visto que a escola corresponde ao melhor ambiente para implementar a consciência de que o futuro da humanidade depende da relação
3 estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis. Para isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação. Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene dos diversos ambientes. (MEC, 2000). Entretanto, não raramente a escola atua como mantenedora e reprodutora de uma cultura que é predatória ao ambiente. Nesse caso, as reflexões que dão início à implementação da Educação Ambiental devem contemplar aspectos que invertam esse quadro, produzindo consequências benéficas, como a compreensão da importância fundamental de todas as formas de vida coexistentes em nosso planeta e do meio em que estão inseridas e, ainda, o desenvolvimento do respeito mútuo entre os membros de nossa espécie. (CURRIE et al., 1998). O projeto de compostagem na Escola Pio XII, encontra-se ainda em andamento. Conforme já mencionado, foi idealizado pelos bolsistas do projeto PIBID e aceito por todos os docentes da escola. Desta forma, todas as turmas encontram-se envolvidas, desde a Educação Infantil até 5º Ano do Ensino Fundamental. Inicialmente, foi feita uma exposição teórica sobre o tema, durante as intervenções dos bolsistas e também nas aulas de Ciências. Ao longo destas aulas, foi explicado aos alunos como ocorre o processo de compostagem, os problemas decorrentes da inadequada disposição do lixo nos núcleos urbanos e a importância dos decompositores na reciclagem da matéria. O interessante nesta parte do trabalho foi que, apesar das turmas estarem desenvolvendo os conteúdos específicos de cada ano, todas puderam integrar competências e habilidades. São exemplos: a Pré Escola, ao reconhecer o processo de germinação das sementes; o 4º Ano, ao analisar a importância da vida bacteriana no cultivo do solo; e, o 5º Ano, ao identificar a produção excessiva de lixo como uma das grandes questões ambientais da atualidade. No Brasil, o lixo é composto na sua maior parte (60%) por restos de alimentos. Esse desperdício poderia ser evitado com o uso de embalagens adequadas e de melhor manuseio. (GONÇALVES et al., 2005). Vale ressaltar que a valorização e a categorização de um produto como lixo apresenta uma dimensão temporal. Segundo algumas respostas, o resíduo recolhido em um dado momento e que serve
4 para ser vendido constitui-se como um meio de sobrevivência, mas quando esta atividade deixa de existir passa a ser considerado como um produto descartável. Visando à realização das práticas na produção do composto, foi disponibilizado pela direção da escola um local de fácil acesso em um dos pátios externos para a construção da composteira. Optou-se por construí-la no próprio solo, constituindo-se de 3 buracos medindo 3m 3 cada, e cuidadosamente cobertos com armações de lona e madeira. Para tanto, o projeto contou com a colaboração do 12º Regimento de Cavalaria Mecanizada, quartel do Exército Brasileiro, em Jaguarão, na pessoa de seu comandante, Ten Cel Rogério Marques Nunes, que gentilmente disponibilizou seus militares para a execução desta etapa do trabalho. Após a escolha e adequação do local, a próxima etapa do projeto foi identificar, através de pesquisas, os resíduos que poderiam ser compostados. Através destas leituras constatou-se que para que a compostagem decorra da melhor forma, é necessário ter uma grande variedade de resíduos. Na tabela seguinte (Figura 1), vemos os resíduos que podem ser compostados, bem como, os materiais que não devem entrar no processo de compostagem. RESÍDUOS QUE PODEM SER COMPOSTADOS RESÍDUOS QUE NÃO PODEM SER COMPOSTADOS Resíduos Verdes Resíduos castanhos Carne; Peixe; Lacticínios Restos de vegetais verdes crus Restos de cascas de frutas Feno Palha Resíduos de jardim tratados com pesticida Plantas doentes ou infectadas com insetos Borras de café Aparas de madeira Cinzas de carvão Casca de ovos esmagadas Cereais Serradura Ervas secas Ervas daninha (com sementes) Medicamentos e outros produtos químicos Folhas e sacos de chá Folhas secas Vidro; Metal e Plásticos. Figura 1: Tabela com os resíduos à serem compostados. Fonte: Iniciada a prática da compostagem, ficou estabelecido que todos os alunos deveriam separar os resíduos em suas casas e trazê-los para a escola. Nesta fase, notou-se o envolvimento das famílias, pois a separação dos resíduos passou a ser um hábito
5 comum a todos O lixo gerado na cozinha da escola também passou a ser separado diariamente, bem como grama, folhas e arbustos secos antes coletados no jardim da escola por funcionários e outras vezes pelos próprios alunos. As turmas de Educação Infantil ainda confeccionaram os compostores, utilizandose de pequenas lixeiras domésticas como mostra a Figura 2. O propósito foi analisar mais de perto o processo de decomposição da matéria orgânica, observando a temperatura, a umidade e o aspecto do composto que se formará nas lixeiras. Figura 2: Os compostores sendo confeccionados na sala de aula O projeto teve início em junho de 2012, não tendo sido possível, ainda, observar o resultado final do processo de compostagem, já que este se conclui ao final de um prazo de 6 meses, aproximadamente. A etapa em andamento é a de monitoramento e armazenagem dos resíduos. As turmas têm se revezado em visitas à composteira, a fim de revolver o excesso de gás carbônico e introduzir o ar atmosférico, rico em oxigênio e consumido pelos microorgansimos presentes no composto. Nesta ocasião, tem sido recordado com os alunos a importância de intercalar os resíduos com material seco (folhas, galhos secos e serragem), tudo com a finalidade de neutralizar o odor da decomposição e evitar a presença de moscas, ratos e demais vetores. As discussões sobre degradação ambiental, desperdício, má
6 disposição do lixo nos núcleos urbanos e ação dos decompositores também são levantadas neste momento. Após os 180 dias previstos para os trabalhos, o composto já deverá estar pronto para ser utilizado como adubo na horta e no jardim da escola. A partir daí, dar-se-á início à segunda parte deste projeto: o cultivo de hortaliças para consumo na própria escola. Nesse contexto os alunos poderão observar o ciclo completo da matéria orgânica na natureza: vegetal-solo-vegetal. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar do projeto ainda estar em andamento, já é possível analisar alguns aspectos positivos. Os alunos passaram a observar com mais atenção às questões relacionadas ao desperdício de recursos naturais e a importância de se encontrar alternativas criativas e viáveis que, no mínimo, amenize certos impactos ambientais. Percebe-se, por exemplo, que já há uma preocupação maior diante dos problemas gerados com a produção e disposição inadequada do lixo no ambiente. Em face do exposto, conclui-se que, por meio da aplicação de conceitos e metodologias em sala de aula, está sendo possível oportunizar aos alunos a vivência concreta de um problema ambiental, e sua possível solução. Assim, visualiza-se na prática como a natureza é capaz de regenerar-se em um ciclo perfeito, cabendo ao ser humano a simples e imprescindível missão de respeitar. REFERÊNCIAS ANDRADE, I. Quais os resíduos que podem ser compostados? Disponível em: CURRIE, K. L. et al. Meio ambiente: interdisplinaridade na prática. Campinas: Papirus, 1998 GONÇALVES, M. de F. et al. Escola Viva: Programa de pesquisa e apoio escolar: o tesouro do estudante. SãoPaulo: Meca, 2005.
7 MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente: saúde.2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000 OLIVEIRA, M. V. de C; CARVALHO, A. de R. Princípios básicos do saneamento do meio. 4. ed. São Paulo: Senac, TEVES, C.I.: MILLER, P.R.M. Compostagem Ciências e Prática para a Gestão de Resíduos Orgânicos. 1 ed. Brasília: Embrapa, 2010.
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