Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Gabinete do Desembargador José Ricardo Porto

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1 Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba Gabinete do Desembargador José Ricardo Porto 111 DECISÃO MONOCRÁTICA APELAÇÃO CÍVEL Bananeiras RELATOR : Des. José Ricardo Porto APELANTE : baú Seguros SiA ADVOGADO: Samuel Marques Custódio de Albuquerque APELADO : Fleronaldo Carvalho de Amorim ADVOGADO : Wamberto Balbino Sales APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DPVAT. PRELIMINARES. ILEGITIMIDADE PASSIVA E A USÊNCL4 DE INTERESSE DE AGIR. REJEIÇÃO. - Qualquer seguradora que opera no sistema pode ser acionada para pagar o valor da indenização corre.spolidente ao seguro obrigatório, conforme preconiza a Lei n'' 6.194/74. em seu art.7. - O recebimento do seguro DP1'.'AT não está condicionado ao e.sgotcmze1110 da via administrativa. MÉRITO. DANO DO COMPONENTE DENTÁRIO E CICATRIZ VICIOSA NO DORSO NASAL. COMPROVAÇÃO PELA PROVA PERICIAL. DIREITO À PERCEPÇÃO DA INDENIZAÇÃO

2 CORRESPONDENTE. ESTIPULACi0 EQUÂNIME. PEDIDO DE OBSERVÂNCIA AO TETO PREVISTO NA LEI N /07. MOLDES QUE FORAM FIXADOS Arit SENTENÇA. FAL TA DE INTERESSE RECUSAL. SENTENÇA EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. APLICAÇÃO DO ARI: 557. NEGATIVA DE SEGUIMENTO DO RECURSO. - Auseníe o interesse recursal quando a sentença é proferida nos exatos moldes que reclama o apelante. - Restando preenchidos os requisitos exigíveis ao pagamento da indenização, conforme previsto na Lei 'n 6.194/74, artigos 3' e desincumbe-se o autor do ónus de provar jato constitutivo do seu direito. - Atestando o laudo pericial a deformidade permanente que acometeu o demandante, atendendo ao critério da razoabilidade e equanimidade na fixação do valor devido a título de indenização de seguro obrigatório, é de se reconhecer o direito à verba securitária. Vistos, etc. Trata-se de Apelação Cível interposta por baú Seguros S/A visando reformar sentença proferida. pelo Juiz de. Direito da Comarca de Bananeiras, nos autos da Ação de Cobrança ajuizada por Heronaldo Carvalho de Amorim, visando à cobrança de seguro obrigatório DPVAT. O juiz a quo, às fls. 93/99, julgou procedente o pedido e condenou a seguradora promovida a pagar ao autor à quantia de R$ (seis mil. quatrocentos e oitenta reais), acrescidos de juros de mora a partir da citação e correção monetária a partir do ajuizamento da demanda. Condenou.

3 ainda. em custas e honorários advocatícios. estes fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. Irresignada, a promovida interpôs recurso apelatório (fls. 123/145) suscitando as preliminares de ilegitimidade passiva ad causam e ausência de interesse de agir. No mérito. sustenta: 1) a ilegalidade da vinculação do salário mínimo; 2) a necessidade de quantificação do valor indenizável, posto que a Lei if /07 prevê um teto máximo para as hipóteses de invalidez permanente. devendo haver a devida graduação da lesão, aferindo-se o seu grau. devidamente comprovada por perícia; 3) necessidade de cálculo nos termos da tabela em anexo à Lei n" /09. Aduzindo, ainda, que a debilidade suportada pelo promovente não é indenizável, afirmando a ausência de compfovação.do nexo causal entre o acidente e a suposta invalidez. Não se desincumbindo, portanto. do ónus probatório que lhe competia, nos termos do art do CPC. Contrarrazões às fis. 166/172, onde o apelado rebate todas as alegações recursais. pugnando pela manutenção do decisum. Às fls. 184/185, a douta Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do recurso. É o Relatório. Decido. Preliminarmente, argumenta a apelante que é parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda: - A Lei Tf 6.194/74, que dispõe sobre o seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, prevê em seu art.7" que: "A indenização por pessoa vitimada por veículo lido identificado, com seguradora

4 não identificada, seguro não realizado ou vencido, será paga nos mesmos valores. condições e prazos dos demais casos por um consórcio c o tis - titztído, obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que operem no seguro objeto desta lei." Conforme pode se observar. resta clara a legitimidade de qualquer seguradora para figurar no polo passivo das demandas envolvendo o pagamento do seguro obrigatório. Sobre a questão acima. é pacífico o entendimento do!:->"1 -.1: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO QUE NÃO LOGRA INFIRAIAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÀO AGRAVADA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT ACIDENTE DE TRÂNSITO. LEGITIMIDADE PASSIVA. SEGURADORA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/SLI MATÉRIA CONSTITUCIOA51L. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL. 1. Mantém-se na integra a decisão recorrida cujos fundamentos não.foram infirmados.2. Qualquer seguradora que opera no sistema pode ser acionada para pagar o valor da indenização correspondente ao seguro obrigatório. assegurado o direito de regresso. Precedentes. (...) 6. Agravo regimental improvido.' (grifo -nosso) 1 ALtRg no Ag / RJ A RAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2007/ Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123) NlIãO Julgador T4 - QUARTA TURMA Data do Julgamento 20.'11/2007 Data da Publicação/Fonte EU 11/02/2008 p. 106.

5 Justiça: Nesse contexto. registre 7sé acórdão proferido nesta Corte de PRUCESSUIL CIVIL. Ilegitin 7 idade passiva ad causam. Inocorrência. Preliminar de.falta de interesse processual. inexistência de requerimento administrativo prévio. Desnecessidade. Rejeição das preliminares. - A escolha da seguradora contra quem vai litigar o beneficiário do seguro DPVAT pertence tão somente a este, não sendo oponível a resolução do CNSP que criou a entidade líder das seguradoras. - (...) = (grifo nosso) Por isso. deve ser rejeitada a prefaciai. Ainda em sede de preliminar, a recorrente alega carência de ação. por falta de interesse de agir. diante da ausência de prévio requerimento administrativo. lhe assiste. Em que pese as alegações tecidas, tenho que novamente não Como é cediço. após o advento da Constituição da República de 1988, que adotou o principio da inafastabilidade da apreciação do Poder Judiciário, consagrado no art. 5, inciso XXXV. da Carta Magna. o esgotamento da via administrativa não é mais condição para ajuizamento de demanda. Assim, o pleno acesso ao judiciário é um direito fundamental previsto constitucionalmente, sendo inadmissível impor a alguém obrigação de propositura de processo admii istrativo. ante a ausência de tal exigência em lei. TJPB - Acórdão do processo a" /0000!27001 Órg?io( ram2ra Cive!) -Relator DES. MANOEL SOARES MONTEIRO -j. 06/

6 TJMG: Neste sentido, vejamos o entendimento jurisprudencial do "COBRANÇA. DPVAT. INTERESSE PROCESSUAL. 1/./i4 ADMINISTRATIVA. DUT. APRESENTAÇÃO. DESNECESSIDADE. INDE1\IZ4 Ç4-0 SECURITÁRIA DEVIDA..4 ausência de comunicação à seguradora. pela via administrativa, não afasta o direito da parte de recorrer ao Judiciário para o recebimento da indenização relativa ao seguro DPVAT. Outrossim. o interesse de agir é avaliado segundo necessidade e utilidade que tem o autor de pleitear a tutela jurisdicional invocada. com fundamentos razoáveis e devidos. Neste contexto, a exigência de esgotamento da via administrativa como pretende a ré, ora apelante, viola o principio da legalidade e do acesso à justiça. não encontrando. pois. amparo legal. Rejeito, pois, essa argüição. - Mérito Ultrapassadas e rejeitadas as preliminares, passo à apreciação da questão meritória. Ab initio, ressalto que o sinistro ocorreu em 29/ , quando ainda não estava em vigor a Lei /07, que passou a ter vigência a partir de 1 de janeiro de Contudo, com base na novel legislação é que foi proferido o decisório hosti1ç ado. 3Apelação if 0473._ 9-8. Rel. Juiz lunar Ferreira Campos. j :

7 Assim. a despeito da sua inaplicabilidade. em respeito ao principio que veda a refirmatio in pejus. deixo de modificar o decisum neste aspecto. Dito isto. verifica-se que falta interesse recursal à seguradora apelante quanto aos pontos de impugnação relativos à ilegalidade da vinculação do salário mínimo e necessidade de observância ao teto máximo estipulado na Lei n /07, porquanto, repita-se, a sentença foi proferida nos termos da referida norma, fixando a verba no valor correspondente a RS 6,480,00 (seis mil, quatrocentos e oitenta reais), muito aquém do patamar disposto na legislação. No que se refere à alegação de que a debilidade suportada pelo 010 autor não é indenizável, bem como no tocante à ausência de comprovação do nexo causal entre o acidente e a suposta invalidez, verifica-se que não assiste razão ao recorrente. É cediço que o art. 5 0, da Lei 6.194/74, que regula a percepção do seguro obrigatório por acidente automobilístico, dispõe que "O pagamento da indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente. independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer,franquia de responsabilidade do segurado". Da análise desse artigo, percebe-se. claramente, que o legislador não exigiu nenhum documento especifico para o pagamento do seguro. Segundo o texto do dispositivo, a única condição a ser preenchida. nesse sentido. é a simples prova da existência do acidente e do dano decorrente. Nesse sentido, trago à colação os seguintes julgados: 'AÇO DE INDENIZAÇÃO - SEGURO OBRIGATÓRIO -C(MIPLEVENTAÇÃO CRITÉRIO DA INDENIZAÇÃO - CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA - TERMO INICIAL. - A :seguradora responde pelo seguro obrigatório, ainda gut; descoberto, cujo pagamento será efetuado ediante simples prova do

8 acidente e do dano decorrente. A quitação dada pelo beneficiário (lo segairo obrigatório não renúncia do direito oo pagontento integral (1,-.1 cobertura. - A /c,. uclota o solário minimo C01710 Cl'ifél"10 LIC fixação da indenização. não como. fator de COPreção monetária. - A correção monetária conta-se da data em que a indenização se devida. 011, na falta desse dado, a partir do sinistro: os juros de mora. d i citação inicial, por se [Fator de responsabilidade contratual. - Apena por litigancia de ma-fé só se justifica no caso dc violação do dever de lealdade processual. - LmentasAÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO OBRIGATÓRIO - DPVAT - PAGAMENTO DA INDENIZAG:i0 - SALÁRIO Alárl,10 - CRITÉRIO DE - FIXAÇÃO CONSTITUCIONAL IDADE. Para os fins do pag a men t o da 111 deu izaç ã o do seguro DPVA T deve ser demonstrado o falecimento ou incapacidade decorrente de acidente com veículo automotor de via terrestre, bem como (1 qualidade de beneficiário. estando os requisitos legais dispostos no artigo 5" da Lei 6.194/74....Vão inconstitucional O utilização do salário mínimo conto critério de fixação do valor indenfratório do seguro DPVAT. em rola de seu caráter social e prevideneiário. Súmula: NEGARAM PROVIMENTO) Compulsando os autos. infere-se que o nexo de causalidade entre o acidente e o dano provocado pelo sinistro foram devidamente demonstrados. 'Número do processo: /001(1)Relator FABIO MAIA VIANI. Data do Julgamento: 25/09/2007, Data da blicação: 16/10/2007 snúmero do processo: /001(1) Relator: FERNANDO CALDEIRA BRANT; Data do Julgamento: 24/09/2008; Da da Publicação: 09/10/2008);

9 Observa-se, pois, a existência de documentos comprobatórios dando conta de que o demandante, em decorrência de acidente automobilístico ficou a padecer de debilidade permanente consistente em "dano de 48% do componente dentário da estética fàcials bem como cicatriz viciosa no dorso nasal". Neste trilho, a perícia médica realizada pelo IML (fis. 72) mostra-se suficiente para a percepção do seguro obrigatório. Portanto, ao revés do alegado em seu arrazoado. o autor da lide se desincumbiu do ônus probatório, nos termos do art. 333, I do CPC. ao acostar junto à sua peça exordial a documentação necessária a amparar o seu pleito. 111 No tocante ao pedido de observância a tabela em anexo à Lei n /09. para fins de fixação do quantum indenizatório, novamente é de se ressaltar que, em se tratando de acidente ocorrido em 29/10/2005, não são aplicáveis as disposições legais posteriores. Assim, as alterações implantadas pelo referido diploma legal apenas vinculam o magistrado nas hipóteses de sinistros que ocorreram após a sua edição. Com estas considerações, encontrando-se a sentença em conformidade com a jurisprudência dominante do C. Superior Tribunal de Justiça, prescinde-se de sua apreciação pelo órgão fracionário. Razão por que, nos termos do art. 557 do Código de Processo Civil, nego seguimento ao presente recurso apelatório. P.I. João Pe )a. 04 de abril de Des. Jo ièqrdo Porto ela to'r

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