ANÁLISE COMPARATIVA DE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL
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- Antônia Paranhos Braga
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1 Recebido em: 21/03/2011 Emitido parece em: 18/04/2011 Artigo inédito ANÁLISE COMPARATIVA DE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Ana Tereza Lima Ambrogio², Danilo Lopes Ferreira Lima¹, Raquel Felipe de Vasconcelos Carneiro¹, Adriano César Loureiro Carneiro², Monica Helena Neves Pereira Pinheiro¹. RESUMO Nos últimos anos, conhecer métodos eficazes de avaliação física tornou-se muito importante para profissionais da saúde. Considerando a relevância de se avaliar e definir o estado físico e de saúde de uma pessoa, acredita-se que a escolha do meio para atingir essa meta seja de extrema importância. Os objetivos desse estudo foram realizar uma análise comparativa de métodos de avaliação da composição corporal (dobras cutâneas, bioimpedância bipolar e IMC), relacionar os resultados obtidos e identificar possíveis discordâncias entre eles. Participaram 110 indivíduos (34 homens e 76 mulheres), escolhidos aleatoriamente no campus da Universidade de Fortaleza e com idades entre 18 e 60 anos. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados balança (plena), fita métrica de tecido, adipômetro (Slim Guide) e aparelho de bioimpedância bipolar (Tech Line). Quando os resultados dos homens foram confrontados evidenciaram-se uma forte correlação entre os % de gordura (r=0,792), a massa magra (0,950) e a massa gorda (0,844) obtidos pela BIA e pelas dobras cutâneas e não houve diferença significativa entre esses protocolos (p>0,05), ocorrendo uma concordância entre eles. No entanto, quando comparado os % de gordura da DC e da BIA ao IMC essa concordância não ocorreu visto que os percentuais de gordura média dos homens (16,97% e 15,95% respectivamente) deram acima da média e o IMC médio (25,65) foi considerado sobrepeso (ACSM, 2006). Ao comparar os resultados femininos, houve uma associação significativa dos resultados da composição corporal (p>0,05), uma correlação forte para massa magra (0,866) e massa gorda (0,876) e moderada para % de gordura (0,644). Quando os resultados de % de gordura de DC e BIA e de IMC são confrontados ocorre uma forte concordância, ou seja, os valores médios de DC (24,03%) e BIA (24,29%), considerados como valores dentro da média por Pollock e Wilmore (1993), coincidem com o valor de IMC de 22,4, considerado dentro da normalidade pelo ACSM (2006). Conclui-se que os métodos aqui analisados apresentaram, em geral, uma boa correlação e uma relação significativa. Palavras-chave: Composição corporal, dobras cutâneas, impedância bioelétrica, IMC. COMPARATIVE ANALYSIS OF BODY COMPOSITION EVALUATION METHODS ABSTRACT In the last years, knowing about efficient methods of physical evaluation has become highly important for health professionals. Considering the relevance of evaluating and defining the physical state and health of a person, it is possible to conclude that the choice of the means for achieving that goal is extremely important. The objective of this study was to carry out a comparative analysis among the methods of skinfolds, bipolar bioimpedance and BMI, relate the obtained results and identify possible divergence among them. 110 people were part of this study (34 men and 76 women) and their age range was between 18 and 60 years old. They were randomly chosen in the University of Fortaleza s campus. The data collection instruments used were weight scale, tape measure, skinfold calipers (slim guide) and bipolar bioimpedance device (tech line).when the men s results were compared there was a strong correlation among the fat percentage (r=0,792), lean body mass (0,950) and fat body mass (0,844) obtained through bipolar bioimpedance and skinfolds, and there was not a significant difference between those protocols (p>0,05). However, when the fat percentage obtained through bipolar bioimpedance and skinfolds were compared to the BMI this consonance didn t occur since the average fat percentage of the men (16,97% e 15,95% respectively) resulted above average and the average BMI (25,65) was considered overweight (ACSM, 2006). When comparing the women s results there has been a significant association of the body composition results (p>0,05), an evident correlation for lean body mass (0,866) and fat body mass (0,876), and a moderate correlation for the fat percentage (0,644). When the results of Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.10, n.1, ISSN:
2 fat percentage, skinfolds and bipolar bioimpedance and BMI are compared a strong consonance is shown, that is, the average value of skinfolds (24,03%) and bipolar bioimpedance (24,29%), considered within the average by Pollock e Wilmore (1993), corresponds to the BMI value of 22,4,considered normal by ACSM (2006). It follows that the methods analyzed in this study presented, in general, a good correlation and a significant relation. Keywords: Body composition, skinfold thickness, bioelectric impedance, BMI. INTRODUÇÃO Avaliar a composição corporal de um indivíduo tornou-se uma tarefa de grande importância, tendo em vista que os excessos de gordura corporal (GC) subcutânea, visceral e sanguínea estão relacionados diretamente ao nível de saúde que uma pessoa apresenta. A incidência de pessoas com sobrepeso e obesas está aumentando em quase todo o mundo e isso vem atrelado a sérias consequências negativas em nível de Saúde Pública. É de conhecimento geral que praticar exercícios físicos regularmente, segundo o American College Of Sports Medicine (ACSM, 2007), no mínimo cinco vezes por semana de intensidade moderada, traz benefícios à saúde, prevenindo doenças crônicas não transmissíveis tais como obesidade, diabetes mellitus, cardiopatias, dislipidemia, osteoporose entre outras. Sendo assim é de fundamental importância que pessoas sedentárias busquem formas de se movimentar com intensidade e regularidade programadas. À prescrição de um programa de treinamento deve-se preceder uma avaliação física, médica e nutricional completas. Essas avaliações são de extrema importância para nortear o profissional e muni-lo de informações sobre as condições de saúde e condicionamento do cliente. Para corroborar, o ACSM (2006) afirma que a avaliação é um processo dinâmico destinado a tomar decisões acerca da aptidão relacionada à saúde específica para cada indivíduo. Anamnese, histórico clínico de doenças e lesões, exames sanguíneos, teste ergométrico, testes de força e resistência muscular, avaliação da flexibilidade, da composição corporal entre outros podem e devem fazer parte dos dados e informações colhidas do cliente. Entre as avaliações que deverão ser realizadas para coleta de dados norteadores para a prescrição de um programa adequado, de acordo com os resultados e objetivos do indivíduo, está a avaliação da composição corporal. É nesta avaliação que se obtêm dados como o índice de massa corporal (IMC), relação cintura-quadril (RCQ), o percentual de gordura corporal (%GC), a massa magra (MM) ou massa isenta de gordura (MIG), estado corporal do indivíduo, se este está na faixa de peso normal, sobrepeso ou obeso. Além de identificar o percentual de gordura corporal e, consequentemente, o risco do indivíduo em desenvolver doenças, a avaliação da composição corporal serve para estimar a massa corporal saudável ou ideal, possibilitando recomendações nutricionais e prescrições de programa de exercícios coerentes com as necessidades do indivíduo, assim como analisar alterações dos componentes corpóreos relacionados a algumas doenças, desnutrição e envelhecimento (HEYWARD, 2004; PITANGA, 2004). Além disso, a partir dos resultados obtidos, por uma prévia avaliação, pode-se prescrever um programa orientado para a diminuição de gordura ou aumento da massa muscular e, com uma reavaliação, analisar se os objetivos do programa foram atingidos. Considerando a importância de avaliar e definir o estado físico e de saúde de uma pessoa, acredita-se que este estudo tem uma grande relevância para os profissionais da saúde (professores de educação física, nutricionistas, médicos, fisioterapeutas) visto que se propõe comparar diferentes protocolos de avaliação e identificar possíveis divergências entre eles, proporcionando assim maior confiança na escolha do protocolo. O objetivo do presente estudo é realizar uma análise comparativa de métodos de avaliação da composição corporal. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA O presente estudo caracteriza-se como descritivo-comparativo, com corte transversal e abordagem quantitativa (THOMAS e NELSON, 2002). Participaram da pesquisa 110 indivíduos, sendo 76 do sexo feminino e 34 do sexo masculino. Eram alunos, professores e funcionários da Universidade, escolhidos aleatoriamente. Como critérios de inclusão foram selecionados indivíduos, com idades entre 18 e 60 anos, que pratiquem qualquer tipo de modalidade de exercícios físicos, pelo menos três vezes Coleção 8 Pesquisa em Educação Física - Vol.10, n.1, ISSN:
3 por semana e que concordaram em participar da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos os indivíduos que utilizavam marca passo, grávidas e os que não praticavam nenhum tipo de exercícios físicos e/ou que não aceitaram participar da pesquisa. Também não puderam participar os indivíduos que tinham praticado exercícios há pelo menos 12 horas antes das medidas de composição corporal e ou que haviam se alimentado até duas horas antes. Foram realizadas, pelo próprio pesquisador, as medidas antropométricas: massa corporal; estatura; aferição de impedância elétrica bipolar e medidas de dobras cutâneas. a) Medição da massa corporal: o indivíduo subiu na balança, ficando em postura ereta e cabeça erguida. A medida foi anotada em quilogramas com a utilização de uma casa decimal. Foi feita a calibragem da balança com um peso padrão previamente conhecido. b) Medição da estatura: a fita métrica de tecido foi fixada na parede a 1 metro do solo e estendida de baixo para cima. O avaliado era colocado em postura ereta, estando a fita por trás e no centro de seu corpo. O avaliador acrescentava 1 metro (distância do solo a trena) ao resultado medido na trena métrica. Para a leitura da estatura foi utilizado um dispositivo em forma de esquadro. Deste modo um dos lados do esquadro era fixado à parede e o lado perpendicular junto à cabeça do indivíduo. Este procedimento elimina erros decorrentes da possível inclinação de instrumentos tais como réguas ou pranchetas quando livremente apoiados apenas sobre a cabeça do indivíduo. c) Aferição de impedância elétrica bipolar: o indivíduo segurou o aparelho com a palma das mãos envolvendo totalmente os eletrodos até que os resultados de impedância apareçam no visor do aparelho. As articulações dos ombros e dos cotovelos ficavam estendidas e paralelas ao chão, fazendo uma angulação de 90º (noventa graus) na articulação gleno-umeral. d) Medição de dobras cutâneas: todas foram realizadas no lado direito do corpo. Os pontos aferidos em homens foram: tricipital, subescapular, suprailíaca e panturrilha medial (protocolo de Petroski, 1995) e em mulheres foram: tricipital, suprailíaca e abdominal (protocolo de Pollock e Wilmore, 1993). A escolha desses protocolos foi feita devido à fácil localização e medição. A análise quantitativa foi realizada através da estatística descritiva e inferencial (Correlação de Pearson e Teste T para amostra pareada) sendo o nível de significância adotado em todos os casos de p<0,05. Utilizou-se o pacote Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 16.0 for Windows. Os resultados foram apresentados na forma de figuras e tabelas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza COÉTICA, com o parecer número 118/2010. DESCRIÇÃO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO A média de idade foi de 27, ,48 anos para os homens e 25,75 + 7,6 para as mulheres. O IMC dos homens, 25,65 + 3,59, foi classificado como sobrepeso e os das mulheres, 22,4 + 3,3, dentro da normalidade, de acordo com o ACSM (2006), que classifica o IMC de normal quando os valores variam entre 18,5 a 24,9 kg/m² e o IMC de sobrepeso quando gira em torno de 25,0 a 29,9. kg/m². A análise da composição corporal (Tabela 2) não evidenciou diferença significativa (p>0,05) na predição do percentual de gordura entre os dois protocolos, indicando a concordância entre os mesmos. A correlação de Pearson (r) indicou uma associação forte e significativa (p<0,05) segundo as diretrizes para a interpretação do índice de correlação (TRITSCHLER, 2003). A associação entre os dois métodos ocorreu na predição do %GC, na MG e MM. Petrança (2009), em pesquisa feita com 42 atletas de futebol, com idade média de 25,38 anos, para comparar os métodos de dobras cutâneas e bioimpedância bipolar, não encontrou diferença na média de % de gordura, no entanto a correlação entre os testes deste estudo se mostrou fraca (r=0,53). Tabela 2. Comparação da predição da composição corporal de homens ativos maiores de 17 anos e índice de associação (r) entre as duas técnicas. Média DP Mínimo Máximo t cal r % Gordura por dobras cutâneas (%) 16,97 6,24 6,56 32,21 1,436 0,79* % Gordura por bioimpedância (%) 15,95 6,52 5,60 27,9 Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.10, n.1, ISSN:
4 Massa Gorda por Dobras Cutâneas (kg) 12,94 5,08 3,75 24,82 1,099 0,84* Massa Gorda por bioimpedância (kg) 12,34 5,90 4,02 23,74 Massa Magra por Dobras Cutâneas (kg) 62,61 10,02 35,59 83,47 1,099 0,95* Massa Magra por bioimpedância (kg) 63,21 9,11 40,16 83,78 DP = Desvio Padrão t cal = valores calculados do teste t para amostra pareada p>0,05 r = índice de correlação *p<0,05 Um estudo realizado por Lunardi e Santos (2009), com 43 indivíduos de 18 a 35 anos de idade, para comparar as técnicas de bioimpedância e dobras cutâneas, concluiu que os dados apresentaram uma associação forte (r=0,865). No entanto quando comparados estatisticamente esses métodos divergiram na estimativa do % de gordura (p=0,000). A tabela 3 mostra os resultados obtidos, em mulheres ativas, da composição corporal, preditos pelas dobras cutâneas e bioimpedância bipolar. A análise da composição corporal não evidenciou diferença significativa (p>0,05) na predição do percentual de gordura entre os dois protocolos, indicando a concordância entre os mesmos. A correlação de Pearson (r) indicou uma associação significativa, sendo moderada para o percentual de gordura e forte para a massa magra e massa gorda (p<0,05), segundo as diretrizes para a interpretação do índice de correlação da tabela 5 (TRITSCHLER, 2003). Tabela 3. Comparação da predição da composição corporal de mulheres ativas maiores de 17 anos e índice de associação (r) entre as duas técnicas. Média DP Mínimo Máximo t cal r % Gordura por dobras cutâneas (%) 24,03 5,32 13,10 39,60 0,489 0,64* % Gordura por bioimpedância (%) 24,29 5,62 11,00 37,50 Massa Gorda por Dobras Cutâneas (kg) 14,12 5,02 5,28 32,16 0,497 0,88* Massa Gorda por bioimpedância (kg) 14,26 5,27 4,77 32,81 Massa Magra por Dobras Cutâneas (kg) 43,27 5,00 31,86 60,29 0,497 0,87* Massa Magra por bioimpedância (kg) 43,12 4,96 28,08 54,69 DP = Desvio Padrão t cal = valores calculados do teste t para amostra pareada p>0,05 r = índice de correlação *p<0,05 Os valores de IMC e % de gordura dos protocolos avaliados e em ambos os sexos mostram que são diferentes estatisticamente (p<0,01), apesar de apresentarem uma forte correlação (Figura 3 e 4, respectivamente). Estudo realizado por Lopes (2007) evidenciou uma correlação moderada, r=0,64, entre o IMC e o % de gordura predito por dobras cutâneas em mulheres com idade média de 26,85 anos, frequentadoras de academias de ginástica. Quando comparado os valores do IMC das mulheres, considerado dentro da normalidade (ACSM, 2006), têm uma relação positiva com os resultados de % de gordura de ambos os protocolos (24,03% pelas dobras cutâneas e 24,29% pela BIA), valores estes considerados dentro da média ( normalidade ), por Pollock e Wilmore (1993). No entanto, quando se observa os resultados dos homens, constata-se uma discrepância entre os valores do IMC e dos % de gordura dos dois protocolos. Enquanto os percentuais médios de gordura (16,97% pelas dobras cutâneas e 15,95% pela BIA) são considerados acima da média por Pollock e Wilmore (1993), o IMC médio masculino foi considerado como sobrepeso pelo ACSM (2006). Esses dados sobre relação IMC e % de gordura podem ser importantes dados quando se leva em consideração que o IMC não divide a massa magra da massa gorda como afirmam Queiroga (2005) e ACSM (2006). Coleção 10 Pesquisa em Educação Física - Vol.10, n.1, ISSN:
5 Quando obtido os resultados da associação do percentual de gordura de homens fisicamente ativos, preditos pelas dobras cutâneas e bioimpedância, evidenciou-se a relação significativa (p<0,05) e forte dos resultados. No tocante às mulheres, também preditos pelas dobras cutâneas e bioimpedância, evidenciou-se uma relação significativa moderada dos resultados. Provavelmente isso ocorre devido aos extremos ocorridos em algumas avaliadas, causada pela forma de distribuição da gordura abdominal e suprailíaca. O diagrama de dispersão da figura 1 apresenta os resultados da associação do indicie de massa corporal e o percentual de gordura predito pelas dobras cutâneas de mulheres fisicamente ativas. Essa associação se mostrou forte (r=0,72) e significativa (p<0,05). Figura 1. Associação entre o índice de massa corporal (IMC) e o percentual de gordura predito pelas dobras cutâneas de mulheres ativas de 17 anos (r=0,72; p<0,05). A figura 2 mostra o diagrama de dispersão dos resultados da associação do indicie de massa corporal e o percentual de gordura predito pela bioimpedância das mulheres participantes deste estudo. Observa-se uma associação forte (r=0,79) e significativa (p<0,05). Figura 2. Associação entre o índice de massa corporal (IMC) e o percentual de gordura predito pela bioimpedância de mulheres ativas de 17 anos (r=0,79; p<0,05). Barbosa, et al., (2001) realizaram um estudo, com mulheres idosas sedentárias com faixa etária de 62 a 79 anos, para comparar os resultados entre dobras cutâneas, bioimpedância e DEXA. Não foi evidenciada diferença significativa (p>0,05) entre os protocolos de DC e BIA, enquanto que para as comparações feitas entre DEXA e DC e DEXA e BIA foram encontradas diferenças significativas (p<0,05). No entanto, a estimativa da GC feito pelo DEXA apresentou uma forte correlação entre os outros protocolos. A associação apresentada na figura de dispersão 3 mostra uma relação fraca (r=0,46) entre os resultados encontrados entre o IMC e o percentual de gordura predito pelas dobras cutâneas de homens, enquanto que a figura 4 apresenta uma associação moderada (r=0,691) entre o IMC e o % de gordura predito pela bioimpedância entre os homens. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.10, n.1, ISSN:
6 Figura 3. Associação entre o índice de massa corporal (IMC) e o percentual de gordura predito pelas dobras cutâneas de homens ativos maiores de 17 anos (r=0,446; p<0,05). Figura 4. Associação entre o índice de massa corporal (IMC) e o percentual de gordura predito pela bioimpedância de homens ativos maiores de 17 anos (r=0,691; p<0,05). Os aparelhos de impedância bipolares são relativamente novos em relação aos tetrapolares e, segundo Heyward (2004), a quantidade de pesquisas ainda é limitada sobre sua validade na avaliação da composição corporal. Quanto mais estudos forem realizados para uma comparação entre os vários protocolos mais informações se têm quanto sua validade, aplicabilidade e correlação ou discrepância entre os métodos. Araújo (2005) realizou um estudo com 60 mulheres e 28 homens, adultos jovens e idosos, para comparar os métodos bioimpedância bipolar e medidas de circunferência para predição de gordura corpórea. Seu estudo chegou a uma associação significativa entre os dois protocolos e a uma margem média de erros de 5% para os homens e 5,5% para as mulheres. De acordo com Rossi e Tirapegui (2001), em pesquisa realizada com 20 desportistas para comparar bioimpedância tetrapolar (BIAt), bioimpedância bipolar (BIAf) e dobras cutâneas (protocolo de Faulkner), a correlação entre as BIAt e BIAf é muito alta (r=0,94) e entre esses dois métodos não houve diferença estatística. No entanto, a correlação entre o protocolo de dobras e BIAt foi médio (r=0,64) enquanto com BIAf foi um pouco maior (r=0,72). Corroborando com os dados de Rossi e Tirapegui (2001), Rodrigues et al., (2001) realizou uma pesquisa, com 25 homens com idades entre 19 e 36 anos, para comparar resultados de % de gordura utilizando quatro aparelhos diferentes de BIA tetra polar, protocolo de dobras cutâneas (3 e 7 dobras de Jackson e Pollok) e pesagem hidrostática. Quando comparados entre si os aparelhos de BIA não apresentaram diferença significativa em seus resultados de % de gordura, mas quando comparados com a pesagem hidrostática, foram detectadas diferenças significativas. Ao comparar os resultados com as dobras cutâneas notaram uma menor variação das medidas em relação à pesagem hidrostática. O Coleção 12 Pesquisa em Educação Física - Vol.10, n.1, ISSN:
7 estudo de Rodrigues et al., (2001) indica uma maior confiabilidade nos protocolos de dobras cutâneas e pesagem hidrostática. Em pesquisa realizada por Cocetti et al., (2009), com 1286 crianças (583 meninos e 703 meninas) com idades entre 7 e 9 anos, utilizando os métodos de dobras cutâneas e bioimpedância bipolar (perna-perna) os resultados mostraram uma correlação alta e significativa entre todas as medidas obtidas, principalmente MM e MG para ambos os sexos. CONCLUSÃO Conclui-se que os métodos aqui analisados apresentam, em geral, uma boa correlação e uma relação significativa. No entanto este estudo não é conclusivo quanto à escolha do melhor método. É plausível aceitar que não se deve escolher um único protocolo como meio de avaliação. Escolher mais de um parâmetro de avaliação é o mais indicado e sempre utilizar os mesmo parâmetros quando se realiza uma reavaliação em um mesmo indivíduo. REFERÊNCIAS ACSM. Recomendações do ACSM e American Heart Association para atividade física e saúde pública de adultos Disponível em: visitado em: 26/10/2009. ACSM. Manual do ACSM pra avaliação da aptidão física relacionada à saúde/ American College Of Sports Medicine; Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, ARAÚJO, F. L. Análise da correlação dos métodos de bioimpedância (tech line) e da circunferência para a determinação da composição corporal de indivíduos adultos jovens e da 3ª idade. Fortaleza: UNIFOR (monografia de graduação), BARBOSA, A.R.; SANTARÉM SOBRINHO, J.M.; JACOB FILHO, W. ; MEIRELLES, E. S. ; MARUCCI, M.F.N.Comparação da Gordura Corporal de Mulheres Idosas Segundo Antropometria, Bioimpedância e DEXA. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, v. 51, n. 1, p , 2001 COCETTI, M.; CASTILHO, S. D.; BARROS FILHO, A. A.. Dobras cutâneas e bioimpedância elétrica perna-perna na avaliação da composição corporal de crianças. Revista de Nutrição, v. 22, n. 4, p , 2009 HEYWARD, V. H. Avaliação física e prescrição de exercício: Técnica avançadas. 4. ed. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2004 LOPES, F. A. Distribuição da gordura corporal em homens e mulheres que frequentam academias em Teresina PI. ANAIS do II Encontro de Educação Física e Áreas Afins Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação Física (NEPEF). Departamento de Educação Física / UFPI, Disponível em: 0EM%20HOMENS%20E%20MULHERES%20QUE%20FREQUENTAM%20ACADEMIAS%20EM%20TE RESINA%20%20PI%281%29.pdf, visitado em 15/08/2010. LUNARDI, C. C.; SANTOS, D. L. Comparação entre impedância bioelétrica e antropometria na avaliação corporal. Lectures Educación Física y Deportes. Disponível em: visitado em 16/9/2009 PETRANÇA, D. R. Comparação dos métodos de bioimpedância hand to hand e equação de Faulkner para avaliação da composição corporal em jogadores de futebol brasileiros. Lectures Educación Física y Deportes. Disponível em: visitado em 16/09/2009. PITANGA, F. J. G. Testes, medidas e avaliação em educação físicas. 3. ed. São Paulo: Phorte, POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercício na saúde e na doença: Avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi, QUEIROGA, M. R. Testes e medidas para avaliação da aptidão física relacionada à saúde em adultos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.10, n.1, ISSN:
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