A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE DA UFAL: contribuições para a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior

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1 A EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE DA UFAL: contribuições para a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior Rosiane Oliveira de Amorim; Stephanie Pimentel Gomes; Neiza de Lourdes Frederico Fumes Eixo Temático: Inclusão na Educação Superior RESUMO Vinculado ao Programa INCLUIR Programa de Acessibilidade na Educação Superior do Ministério da Educação. O Núcleo de Acessibilidade da Ufal é um projeto que tem como público alvo universitários com deficiência, matriculados na Universidade Federal de Alagoas. Um dos objetivos refere-se à promoção de ações que busquem a eliminação de barreiras atitudinais, pedagógicas e de comunicação, para que deste modo se assegure o acesso, a permanência e a aprendizagem, com qualidade e na máxima medida de suas possibilidades, o respeito às diferenças na comunidade acadêmica e uma formação profissional qualificada para o atendimento da pessoa com deficiência. O intuito desse trabalho objetiva-se apresentar o processo de instituição do Núcleo de Acessibilidade, bem como algumas ações, projetos e eventos desenvolvidos vista à acessibilidade no ensino superior. Palavras-chave: Inclusão; Pessoas com deficiência; Educação Superior. INTRODUÇÃO A Educação Inclusiva pressupõe a garantia de acesso, participação efetiva e aprendizagem de todos os alunos, indiscriminadamente e constitui-se como um movimento recente para as Instituições de Ensino Superior (IES) brasileira. No que se refere ao ingresso de alunos com deficiência na educação superior segundo os dados divulgados pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), as matrículas de alunos com deficiência na educação superior aumentaram quase 50% nos últimos quatro anos, sendo a maioria em cursos de graduação presenciais. É importante dizer que esse crescimento, se originou de conquistas alcançadas até o momento e por sua vez se deram através de lutas históricas daqueles que ao longo de muitos anos se encontra(va)m excluídos ou marginalizados desse espaço educacional. Nesse contexto, defende-se a necessidade de ações voltadas para universalização do acesso em todos os níveis de ensino. Logo, ações educativas junto a estudantes com necessidades educacionais especiais na educação superior é uma questão de democracia e cidadania (CASTANHO; FREITAS, 2005). Para tanto, os Núcleos de Acessibilidades das IES constitui-se em um dos apoios propostos para colaborar na construção de universidades mais inclusivas.na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o Núcleo de Acessibilidade (NAC), vinculado ao programa

2 INCLUIR/MEC, desempenha atividades que visam garantir equiparações de oportunidades ao(à) universitário(a) com deficiência na instituição. Tem como público alvo universitários com deficiência, matriculados na Universidade Federal de Alagoas, campus A. C. Simões, assim como docentes, preferencialmente os que lecionem para os primeiros. O objetivo geral do projeto é promover ações que busquem a eliminação de barreiras atitudinais, pedagógicas e de comunicação, para que deste modo se assegure o acesso, a permanência e a aprendizagem, com qualidade e na máxima medida de suas possibilidades ao/à universitário/a com deficiência na Universidade Federal de Alagoas. Além disto, desenvolver ações que fomentem uma convivência norteada pelo respeito às diferenças na comunidade acadêmica e uma formação profissional qualificada para o atendimento da pessoa com deficiência. METODOLOGIA A presente pesquisa tem abordagem qualitativa. A investigação teve início no ano de 2013 e ocorreu anualmente com a atualização do banco de dados, tendo a participação dos coordenadores dos 111 cursos presenciais distribuídos em diferentes campi da Universidade Federal de Alagoas e dos 11 cursos oferecidos na modalidade à distância da mesma instituição. A pesquisa utilizou como instrumento um questionário composto de 16 questões que abordam diferentes tópicos da temática da inclusão de alunos com deficiência no ensino superior. A metodologia está pautada em quatro áreas de intervenção: 1) consolidação das ações do Núcleo de Acessibilidade, sobretudo no âmbito do atendimento educacional de alunos com deficiência; 2) sensibilização da comunidade universitária sobre a diversidade humana, particularmente a representada pelas pessoas com deficiência; de profissionais e discentes; 3) produção de materiais para o apoio ao professor no processo de inclusão de universitários com deficiência; e, 4) divulgação de informações e de conhecimentos produzidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A concepção de uma sociedade inclusiva e acessível vem sendo amplamente discutida por vários segmentos, no âmbito educacional defende-se a necessidade de ações voltadas para universalização do acesso à escola em todos os níveis de ensino. Alguns instrumentos legais visam a efetivação do direito da pessoa com deficiência, a exemplo temos o decreto 5296/2004 coloca que os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou privados, devem proporcionar condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Sendo assim, a Núcleo de Acessibilidade da Universidade Federal de Alagoas (NAC/UFAL) procura promover ações que visam a eliminação de barreiras pedagógicas, arquitetônicas e de comunicação para efetivação de uma política de acessibilidade na Universidade Dessa forma, optamos por apresentar na sequência as atividades/práticas adotadas pelo NAC no período de 2013 a 2015, a partir das seguintes áreas de Intervenção: 1) Mapeamento dos alunos com deficiência 2) Cursos de extensão e eventos de acessibilidade; e 3) Acessibilidade curricular, sala de aula e Atendimento Educacional Especializado. 1 Mapeamento dos alunos com deficiência Atualização do banco de dados com informações dos alunos com deficiência matriculados na graduação e pós-graduação da UFAL. Foram identificados 32 alunos com deficiência matriculados na graduação no ano letivo e 6 alunos com deficiência matriculados na pós-graduação stricto sensu. Para isto, foram realizadas as seguintes ações: a) reuniões com unidades, colegiados e pró-reitorias (PROEST e PROGRAD) com o objetivo de

3 estabelecermos uma política de identificação dos estudantes que demandam atenção e acompanhamento contínuo do NAC; b) envio do questionário online criado pelo NAC e visitas às coordenações dos cursos ofertados pela UFAL buscando a identificação dos alunos d) contato com alunos identificados para levantamento das demandas. Tabela 1. Alunos com deficiência matriculados cursos de graduação da Universidade Federal de Alagoas DEFICIÊNCIAS QUANTITATIVO Deficiência Visual 11 Deficiência Física 12 Deficiência Auditiva 06 Transtorno Global do 01 desenvolvimento Deficiência Múltiplas 01 Outras necessidades 01 Total 32 Para contribuir nesse mapeamento, em 2013, foi realizado 24 entrevistas com coordenadores de curso que possuem alunos com deficiência. Todavia, no corrente ano, optamos contatar os coordenadores por meio de , no qual foram explicitados os objetivos da pesquisa, solicitando a colaboração destes para a execução da pesquisa. Os coordenadores que aceitaram eram direcionados, por meio de endereço eletrônico para responder um questionário, na ferramenta Google Docs. Sendo assim, os dados foram coletados por meio de um questionário composto por 16 perguntas abertas em que o coordenador relatava se possuía algum aluno com deficiência em seu curso, se em sua coordenação existia algum recurso disponível para este aluno, se os docentes que lecionavam possuem formação em Educação Especial Inclusiva, como se dava o processo de inclusão destes alunos, dentre outras questões que dariam o direcionamento para o prosseguimento das próximas ações norteadoras do projeto. Posteriormente, entramos em contato com os responsáveis pela coordenação para que ele/ela nos informasse o nome deste aluno, período que estudava e o seu contato. A seguir, era feito o contato posterior com o aluno em si, para que o mesmo informasse a sua necessidade, para que pudéssemos realizar os atendimentos e acompanhamentos de acordo com a deficiência e a necessidade relatada. Até o momento, cerca de 41 coordenadores contribuíram com o nosso banco de dados. 2- Desenvolvimento de cursos de extensão a) curso de Técnica de Leitura e Escrita BRAILLE, com foco de possibilitar que o participante conheça a escrita em braille e com isto consiga colaborar no processo de apoio à aprendizagem do aluno com cegueira. Foi realizado no período de 14 de abril à 23 de maio de 2014 e teve participação de servidores, professores e bolsistas da Universidade Federal de Alagoas; b) curso de Tecnologias Assistivas para Pessoas com Deficiência Visual, teve o objetivo de capacitar professores, técnicos e bolsistas que acompanham alunos com deficiência quanto ao uso e aplicabilidade das tecnologias assistivas; c) curso de Tecnologias Assistivas para Pessoas com deficiência física; d) oficina de Introdução ao Braille realizado no Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia 2015, objetivo de apresentar a comunidade em geral o sistema de escrita Braille, propor soluções para evitar a inacessibilidade nas aulas e nos

4 conteúdos. Também houve a participação no V Encontro de Educação Inclusiva: apresentação do NAC e resultados alcançados, a colaboração na realização de 9 encontros do subprojeto Sextas Inclusivas: discutindo a educação da pessoa com deficiência com a comunidade alagoana. Vale destacar que desses encontros participaram 55 pessoas, em média, sendo professores da rede regular de ensino, professores de salas de recursos multifuncionais das redes públicas de educação do estado de Alagoas, profissionais da Educação em geral, coordenadores de curso da Universidade Federal de Alagoas, estudantes das áreas afins e a comunidade alagoana em geral. 3 - Acessibilidade curricular, sala de aula e Atendimento AEE Com o objetivo de proporcionar possibilidades para que os alunos com deficiência sejam cada vez mais autônomos no desempenho pleno de suas atividades e desenvolvimento de suas capacidades. O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é ofertado pelo NAC e realizado na sala de recursos multifuncional que fica localizada no prédio do CEDU, em horários alternados e previamente estabelecidos, respeitando as demandas de cada aluno atendido e os horários disponibilizados por todas as bolsistas envolvidas no atendimento. Desta forma, o acompanhamento pedagógico dos alunos com deficiência, dá-se: seis alunos com deficiência, sendo 3 alunos com baixa visão, 1 cegueira, 1 paralisia cerebral, 1 deficiência física. Foram realizadas as seguintes ações: a) atendimento individualizado na sala de Recurso Multifuncional dos alunos; b) acompanhamento do bolsista do NAC para o aluno com paralisia cerebral que tem dificuldade na escrita afim ajudá-lo a tomar notas das aulas; c) ampliação de material e gravação de texto para os alunos com baixa visão; d) monitores, ledores e transcritores para alunos com deficiência e/ou necessidades educacionais especiais; e) empréstimos de tecnologias assistivas, tais como: lupa eletrônica portátil, gravador de voz, entre outras. CONCLUSÃO Mediante o exposto, evidenciamos o quanto é primordial que a universidade invista em materiais de suporte e assistivos para auxiliar a aprendizagem de alunos com deficiência. Nessa direção, constatamos que é fundamental investir na capacitação e cursos de atualização para docentes e coordenadores pedagógicos do ensino superior, visto que muitos sequer tiveram alguma formação específica na área. Acreditamos com isto que o professor será capaz de melhor compreender e lidar com a diversidade humana e estará desta forma habilitado para lecionar este aluno. Além disso, reconhecemos que se faz necessário a adequação da instituição para favorecer a inclusão de universitários com deficiência que nela ingressem. Concordamos que as barreiras arquitetônicas dificultam o acesso e a permanência dos alunos com deficiências nas IES, mas evidenciamos que não é o único entrave. Para tanto, o Núcleo de Acessibilidade constituem-se em um dos apoios propostos para colaborar na construção de uma UFAL mais inclusiva e tem trabalhado para que os envolvidos no processo inclusivo tenham condições de desenvolver um trabalho adequado às necessidades do aluno com deficiência. REFERÊNCIAS

5 BRASIL. Decreto de nº 5296 de 2 de dezembro de Disponível em: < Acesso em 25 de novembro de BRASIL. Decreto de nº de 9 de maio de Disponível em:< >. Acesso em 25 de novembro de CASTANHO, D. M. FREITAS, S, N. Inclusão e prática docente no ensino superior. Revista Educação Especial. n. 27, p , Santa Maria, Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior, divulgado em 09 de setembro de Disponível em: < Acesso em 30 de setembro NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE. Relatório Final das Bolsas BDAI. Maceió: UFAL, 2015.