INDUÇÃO À OVULAÇÃO DE CURIMBA (Prochilodus lineatus) ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE EXTRATO BRUTO HIPOFISÁRIO DE FRANGO (Gallus gallus)
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- Eugénio Vergílio Carmona Maranhão
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1 INDUÇÃO À OVULAÇÃO DE CURIMBA (Prochilodus lineatus) ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE EXTRATO BRUTO HIPOFISÁRIO DE FRANGO (Gallus gallus) Fernanda de Fátima Souza Teixeira 1, Sarah Jane Laira 2, Wallace Ribeiro Correa n União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa UNISEPE Faculdades Integradas ASMEC Av. Dr. Professor Antônio Eufrâsio de Tôledo, Jardim dos Ypês - Ouro Fino/MG Resumo- A piscicultura é um ramo da economia nacional que vem crescendo fortemente, isto se deve inclusive à sua associação com estudos biológicos que visam menor impacto ambiental e o desenvolvimento sustentável. O presente trabalho teve como objetivo promover a ovulação de Prochilodus lineatus a partir da aplicação de extrato bruto de hipófise de frango sendo realizado em três etapas: conservação das hipófises, a aplicação do extrato e contagem das ovas. A espécie escolhida para a desova foi o Curimba (Prochilodus lineatus) por se tratar de uma espécie considerada resistente ao manejo e por seu alto valor comercial. A partir da aplicação dos procedimentos de manejo da técnica hipofisária constatou-se uma resposta satisfatória quanto à maturação gonodal e subseqüente desova da espécie Prochilodus Lineatus. Mediante os resultados obtidos tem-se que o extrato hipofisário de frango constitui de alternativa positiva a indução de maturação final dos gametas existentes atualmente. Palavras-chave: Piscicultura, Prochilodus lineatus, indução hormonal, hipofisação Área do Conhecimento: Ciências Biológicas Introdução A piscicultura, ou seja, criação de peixes vem crescendo expressivamente nos últimos dez anos (SILVA 2004) onde um importante fator deste crescimento tem sido a aplicação da biotecnologia no controle da reprodução (SOARES et al. 2003). Várias espécies vêem se revelando promissoras para pisciculturas se destacando os teleósteos reofílicos que possui potencial para criação e engorda em cativeiro (MORAES et al. 2004) podendo citar o curimba (Prochilodus lineatus) a qual apresenta alta prolificidade, crescimento rápido, elevada rusticidade e por ser um peixe detritívoro realiza limpeza de tanques o tornando propício para o cultivo (KOBERSTEIN et al.2001). Prochilodus lineatus também conhecido popularmente como grumatão, curimbatá, curimba, curimatã e papa-terra (STREIT JR. 2004) é uma espécie tropical comum no Pantanal que necessita a realização da piracema na época reprodutiva entre novembro e janeiro rumo às nascentes dos rios. A migração desse peixe por centenas de quilômetros afeta toda a sua fisiologia desencadeando processos essenciais para o preparo da reprodução sendo estimulados por fatores ambientais, sobretudo pela temperatura e fotoperíodo. O aperfeiçoamento de técnicas que substitua esse deslocamento para que essa espécie possa reproduzir artificialmente em cativeiro de pisciculturas vem sendo trabalhadas. A reprodução artificial consiste na indução hormonal a fim de estimular as gônadas à desova e espermiação. O método utilizado por pesquisadores é a hipofisação, ou seja, a aplicação de extrato bruto de hipófise (EBH) de um peixe doador, desenvolvida na década de trinta no Brasil por Rodholfo Von Ihering paralelamente na Argentina por Hossay (ZANIBONI FILHO et al.2007). A hipofisação é uma das técnicas de reprodução artificial mais simples e prática, se tornando mais utilizada no mundo (STREIT JR et al 2004), contudo sua principal desvantagem é seu alto custo, pois a utilização de extrato bruto de hipófise de carpa é o mais empregado devido seu resultado satisfatório em vários experimentos, sendo adquirida muitas vezes em lojas especializadas por um preço exorbitante o que culmina no difícil acesso dessa técnica a pequenos piscicultores. Uma alternativa a esse impasse é a utilização de hipófise de frango devido a sua eficiência na indução e seu preço baixo, pois em abatedouros quase sempre as cabeças de frangos são descartadas após o abate. O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência da aplicação de extrato de pituitária de frango (EBHF) em curimba para a indução à desova, sendo avaliada a quantidade em volume, gramas e unidades aproximadas através de procedimentos probabilísticos comparados a outros resultados obtidos em outras literaturas citadas neste mesmo trabalho. Metodologia 1
2 O presente estudo aconteceu em três etapas; sendo a primeira delas a conservação das hipófises de frango, a segunda a aplicação do extrato e a terceira a contagem das ovas. Para a preparação do extrato hipofisário foram adquiridas cabeças de frango com aproximadamente 45 dias de vida em um matadouro aviário da cidade de Conceição dos Ouros MG. Foi retirada toda a pele, o bico e porção restante da cervical e todas as cabeças lavadas em água corrente para retirada de coágulos sanguíneos e facilitar a abertura das cabeças. Após esta primeira preparação as cabeças puderam então ser abertas através da retirada da calota craniana com o auxílio de uma serrinha de corte, este corte seguiu a forma geométrica de um quadrado, depois de serrada a calota pode então ser retirada superficializando assim a meninge que recobria o cérebro. A meninge foi cortada e aberta com o auxílio de um bisturi deixando à mostra a massa cefálica. Após isso a massa cefálica foi deslocada para fora da caixa craniana com o auxílio de pinça e espátula, conforme a figura 1. Após a retirada parcial da massa cefálica o nervo óptico pôde ser localizado e cortado, desta forma o cérebro pode então ser retirado inteiro e as hipófises identificadas e retiradas uma a uma repetindo esta mesma operação. e dentro do mesmo foi acrescentado gel de sílica para evitar o umedecimento. Os exemplares de peixes da espécie curimba (Prochilodus lineatus) com idade média de um ano e seis meses foram colocados em um tanque redondo com cerca de um metro e meio de diâmetro e vazão contínua de água mineral proveniente de uma nascente. Os exemplares foram alimentados pela manhã e tarde com ração para engorda Acquamil Power 28 em proporção de 6 % da biomassa total dos exemplares, aproximadamente 36 gramas. Os peixes foram retirados do tanque e transportados vivos até o laboratório de desova, pesados um a um e anotados seus respectivos pesos para que então se procedesse ao cálculo para o preparo do extrato bruto hipofisário, sendo que para cada um kg vivo de peixe utilizou-se 4 gramas de hipófise desidratada pesadas em balança eletrônica de precisão. Estas foram maceradas em um cadinho de vidro com um pistilo também de vidro com o auxílio de uma conta gotas foram então acrescentadas quatro gotas de glicerina para facilitar a maceração. Simultaneamente á maceração foi acrescida solução fisiológica a 0,65% de NaCl em porção de um mililitro por quilo vivo de peixe medidos em pipeta volumétrica de 5 mililitros, conforme a figura 2. Figura 1 Retirada das hipófises. Todas as hipófises depois de retiradas foram imediatamente mergulhadas e uma solução de acetona 100% para assim se iniciasse a desidratação das mesmas. Doze horas após a retirada das hipófises a acetona foi então trocado sendo o seu conteúdo anterior totalmente desprezado. Após o período de desidratação as hipófises foram repassadas para um papel filtro e secas por um decantador por sucção. Depois de totalmente secas as hipófises foram então repassadas para um vidro previamente esterilizado e conservado fechado hermeticamente Figura 2 Preparação do extrato hipofizário. Tabela 1 Número, peso quantidade de hipófise e soro fisiológico utilizado para cada exemplar. Exemplar e Peso Peso de hipófise Quantidade de soro fisiológico Exemplar g 0,58 mg 0,145 ml 2
3 Exemplar g 0,52 mg 0,132 ml Exemplar g 0,59 mg 0,148 ml Exemplar g 0,64 mg 0,160 ml Exemplar g 0,58 mg 0,147 ml A aplicação intramuscular ocorreu abaixo da nadadeira dorsal no sentido crânio-caudal (conforme a figura 3) em duas doses, sendo que na primeira foram injetados 90% da dose (dose preparatória) e na segunda 10% restante (dose efetora) com intervalo entre ambas de oito horas. Após as oito horas da ação do extrato e logo após a aplicação da dose efetora as ovas foram retiradas através de extrusão manual que procedeu de forma a comprimir o ventre com os dedos indicador e polegar no sentido início do ventre em direção á cloaca. Figura 4 - Contagem das ovas Resultados Os exemplares 1 e 5 apresentaram a desova após o tratamento realizado com o soro hipofisário, os exemplares 2 e 3 não apresentaram a desova, já o exemplar 4 apresentou comportamento anormal já na aplicação da primeira dose chegando a morrer na segunda aplicação. Tabela 2 Quantidade aproximada em mililitros e em gramas de ovas por exemplar. Figura 3 Aplicação do extrato hipofisário. Os ovócitos extrusados foram armazenados em embalagens plásticas esterilizadas e fechados hermeticamente e levadas aos laboratórios de Biologia das Faculdades Integradas ASMEC, unidade de Ouro Fino MG, para serem aferidas as suas medidas. A terceira e última etapa foi a contagem, pesagem e mensura em mililitros das ovas obtidas que ocorreu no laboratório de microbiologia. Primeiramente as ovas de cada exemplar foram pesadas em balança eletrônica de precisão e logo após foram separados 100 ovos com o auxílio do contador de colônias bacterianas, estas foram pesadas e obtidas o cálculo estatístico do total das ovas. Após a contagem estatística estas foram inseridas em uma proveta de 10 mililitros e medidas a quantidade em mililitros dos ovócitos obtidos de cada exemplar. Exemplar Quantidade de ovócitos em mililitros e gramas Quantidade aproximada Exemplar 1 2,2 ml e 2,86 g Exemplar 2 Exemplar 3 Exemplar 4 Morreu Exemplar 5 8,1 ml e 8,91 g Morreu
4 O extrato hipofisário de frango apresentou-se como uma grande ferramenta biológica como indutor reprodutivo para espécies reofílicas. Sendo assim pode ser considerado como uma excelente ferramenta para a piscicultura moderna que nos atuais tempos enfrentam grandes dificuldades para suprirem a grande demanda de espécies que possuem grande valor comercial agregado. Existe ainda o benefício de repovoamento de rios que constantemente sofrem baixas em suas espécies devido à grande exploração. Referências Figura 5 Aferição de volume das ovas. Discussão Considerando o período em que a pesquisa foi realizada os resultados obtidos foram satisfatórios, pois o período compreendido como época reprodutiva de espécies migratórias ou piracema acontece de novembro a fevereiro (STREIT JR. et al. 2004), portanto a desova aconteceu fora do período caracterizando assim o efeito positivo do extrato de pituitária. A morte do exemplar 4 mais tarde ao ser examinado anatomicamente pode-se compreender a sua causa; tratava-se de um exemplar do sexo masculino e, portanto a dose aplicada foi considerada exorbitante já que em outros trabalhos (SOARES et al.2003) o indicado seria um oitavo da dose aplicada. Todos os exemplares apresentavam idade aproximada de um ano e seis meses, idade esta que caracteriza o início da maturidade reprodutiva para esta espécie conforme (SILVA, 2007), portanto os exemplares 2 e 3 que não apresentaram ovulação mediante a aplicação do soro podiam não estarem em mesmo estágio de maturação gonodal que os exemplares 1 e 5 (NAVARRO et al.2007) Para os exemplares 1 e 5 o soro atuou de forma a induzir a desova produzindo aproximadamente ovas e respectivamente. No total foram obtidas aproximadamente e 10,3 ml de ovas, resultado este considerado satisfatório em comparação a trabalhos realizados. Conclusão - KOBERSTEIN, T.C.R.D; DURIGAN, J. G. Produção de larvas de Curimbatá (Prochilodus lineatus) submetidas a diferentes densidades de estocagem e níveis de proteína bruta na dieta. Rev. Ciên. Rur. V.31, n.1, p , MORAES, G.V.; STREIT JR, D.P.; RIBEIRO, R. P.; SAKAGUTI, E.S.; SOUZA, E.; POVH, J.A.; RUIZ-SILVA, C. Ação de Diferentes Diluidores Indutores Reprodutivos Hormonais no Aparecimento de Anormalidades Morfológicas em Espermatozóide de Piviaçú (Leporinus macrocephalus), Curimbatá (Prochilodus lineatus) e Carpa Comum (Cyprinus carpio). Rev. Cient. Pesc, Aqüic. Limnol.. V.30, n.2, p , NAVARRO, R.D.; OLIVEIRA, A.A.; RIBEIRO FILHO, O.P.; CARRARA, F.P.; PEREIRA, F.K.S.; SANTOS, L.C. Reprodução induzida de curimbatá (Prochilodus lineatus) com uso de extrato bruto hipofisário de rã-touro (Rana Catesbiana). Rev. Bras. Zootec. V.36, n.3, p , SILVA, J.M.A. Características resprodutivas de Curimbá (Prochilodus lineatus), Pacu (Piaractus mesopotamicus) e Piracanjuba (Brycin orbignyanus), f. Dissertação (mestrado em Zootecnia) Universidade Federal de Lavras, SOARES, M.C.F.; URBINATI, E.C.; SENHORINI, J.A. Variação periódica da triidotironina (T3) plasmática e ação na reprodução induzida do matrinxã, Brycon cephalus (Gunther, 1869). Rev. Bras. Zootec.. V.32, n.6, supl. 2, STREIT JÚNIOR, D.P.; MORAES, G.V.; RIBEIRO, R.P.; SAKAGUTI, E.S.; SOUZA, E. D.; POVH, J.A.; CAÇADOR, W. Comparação do Sêmem de Curimbá (Prochilodus lineatus) induzido por extrato de hipófise de frango, coelho ou carpa. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. V.41, n.3, p ,
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