PALAVRAS-CHAVE: Poluição Sonora, Meio-ambiente, Aprendizagem.
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- Nathan Bento Caires Rios
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1 1 A POLUIÇÃO SONORA NO AMBIENTE ESCOLAR Edite Terezinha Marx Pricila Rocha dos Santos Orientadora RESUMO Existem barulhos no ambiente escolar que podem fazer com que os alunos e pessoas deste ambiente sintam-se incomodados ou percam a concentração em consequência destes. Isto pode acarretar redução no aprendizado, bem como danos auditivos ou doenças relacionadas às consequências da poluição sonora no ambiente. Especialistas em neurociências afirmam que sons harmônicos são motivadores e exercem papel fundamental nos fenômenos mnemônicos do cérebro, potencializando o bom humor, a concentração e a auto-estima, sendo que situações contrárias também podem ser verdadeiras, na medida em que o caos sonoro provoca no indivíduo a desorganização interior, desconcentração, depressão que podem levar ao stress e culminar em diferentes patologias. Estes também seriam os fatores que interferem na aprendizagem dos sujeitos expostos à poluição sonora. PALAVRAS-CHAVE: Poluição Sonora, Meio-ambiente, Aprendizagem. INTRODUÇÃO A pesquisa realizada produziu um diagnóstico das condições sonoras do ambiente escolar da EMEF. Governador Ildo Meneghetti, e foi baseada na opinião da comunidade escolar nele inserida. A mesma objetiva a conscientização da existência do problema da poluição sonora, com vistas a uma mudança de atitude dos envolvidos, favorável para a melhora na aprendizagem dos alunos, bem como qualidade de vida e o nível de satisfação dos sujeitos que convivem naquele ambiente. Sendo a escola um meio de comunicação e estando exposta à poluição sonora, que afeta tanto o aprendizado dos alunos quanto a saúde dos profissionais da educação como problemas vocais, estresse e outros, é um ambiente favorável e propício para a educação ambiental. As propostas educativas voltadas à questão ambiental, segundo Souza (2004), se pautam em três possibilidades de ação: A mudança cultural associada à estabilidade social; a mudança social associada à estabilidade cultural; a mudança cultural concomitante à mudança social. 1 A POLUIÇÃO SONORA A poluição sonora é conceituada como um conjunto de ruídos e barulhos provenientes de uma ou mais fontes sonoras manifestadas ao mesmo tempo num
2 2 determinado ambiente, gerando sons intoleráveis ou prejudiciais à saúde de homens, animais ou plantas. É formada pelos seguintes elementos sonoros: Som; toda vibração percebida pelo aparelho auditivo. Barulho; qualquer som que incomoda. Ruído; composto por uma mistura de sons. Este é classificado segundo sua natureza em ruído contínuo, de sons intermitentes; e ruído impulsivo, que gera picos sonoros com duração inferior a dois segundos como batidas, marteladas, tiros. O ruído afeta o bem-estar físico e mental dos indivíduos, principalmente os que vivem imersos numa atmosfera de ruídos, inclusive durante o sono, a exemplo das pessoas que vivem em grandes centros metropolitanos. A nocividade do ruído é gerada pela duração, repetição e intensidade medida em forma de decibéis (db). Os efeitos nocivos da poluição sonora podem ser graduados em três grupos: - De 30 a 60 decibéis, provoca perturbações simples. - De 60 a 90 decibéis, surgem perturbações perigosas como efeitos mentais e degenerativos. - De 90 a 120 decibéis, ocorrem alterações na saúde com transtornos dos mais variados tipos como diminuição da audição, problemas vasculares e cardíacos, estresse. Acima de 120 decibéis pode causar surdez. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera toleráveis os ruídos até 50 decibéis. Conforme o Artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais (Lei de ) causar poluição de qualquer natureza em níveis que resultem danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição da flora... Configura crime. A causa do surgimento da poluição sonora no ambiente escolar tem variadas origens que remetem desde a má projeção na arquitetura dos estabelecimentos de ensino desprovidos de preservação sonora a uma pontual questão da cultura do barulho, que gera sons em volumes e intensidade desnecessários e fluem como um verdadeiro esgoto sonoro. Apesar da Organização Mundial da Saúde ter classificado a poluição sonora a terceira em prioridade, depois da poluição atmosférica e da água de consumo, a educação ambiental caminha a passos lentos e ainda não atingiu a maioria dos indivíduos sobre a consciência e noção das diversas formas de poluição e sua nocividade. Souza, 2005, afirma que especialistas denunciam uma crise civilizatória mais extensa do que a crise ambiental em termos
3 3 de devastação e proteção da vida no planeta. O futuro da humanidade depende da superação dos problemas ambientais e esta só pode acontecer se cultivada uma mentalidade da educação ambiental. Esta deve começar dentro do ambiente escolar através da constatação do problema, reflexão, debate e busca de soluções dentro da própria comunidade escolar. Pode não ser possível eliminar o problema, mas sim diminuí-lo a um ponto tolerável de forma que não interfira de forma prejudicial no processo de ensino-aprendizagem. Na classificação dos limites em decibéis para os diferentes ambientes, o nível sonoro confortável ao ambiente escolar seria: - Na biblioteca, de 35 a 45 decibéis. - Na sala de aula/ laboratórios, de 40 a 50 decibéis. - Na área de circulação, de 45 a 55 decibéis. 2 A POLUIÇÃO SONORA NO AMBIENTE DA EMEF. GOV. ILDO MENEGHETTI. Do contingente entrevistado, 82% dos indivíduos sentem-se afetados por diversos barulhos indesejáveis e se dizem incomodados, em maior ou menor grau por tal situação e 83 % das pessoas acreditam que os barulhos em excesso durante a explicação dos conteúdos, atrapalham a compreensão dos mesmos. Destes barulhos, os que mais perturbam a concentração são as conversas em grande volume e os gritos e/ou risadas dentro da sala e em seu entorno. No entanto, a maioria dos entrevistados considera que todos os barulhos, mesmo os de menor intensidade diminuem a concentração e desviam o foco de atenção do aluno. No ambiente escolar, os barulhos considerados mais nocivos ou que mais incomodam a comunidade do ambiente escolar pesquisado são: 1) conversas em grande volume; 2) risadas e gritos; 3) gente andando pela sala; 4) assobios; 5) som de celulares, MP3 e similares 6) barulho da aula de educação física na quadra. 7) todos os barulhos citados incomodam.
4 4 Barros, (in Souza, 2005), refere que os efeitos do estímulo ambiental no sistema nervoso, além de mudanças estruturais e de tamanho das células e diâmetro dos vasos sanguíneos que irrigam o córtex, também ocorrem mudanças químicas no cérebro que influem na habilidade de aprender e resolver problemas. Ainda, o autor coloca que não é a quantidade de estímulos que contribuem para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, mas sim a qualidade destes. Pais e professores devem estar atentos aos distúrbios auditivos que podem surgir pelo excesso de ruídos existentes no ambiente em que as crianças ficam expostas, pois como citado acima, estes podem ser irreversíveis. No contingente de pessoas entrevistadas nesta pesquisa, 79% considera que o aluno deixa de aprender em detrimento do excesso de barulhos no ambiente que o circunda 10% não concordam e 11% não sabe. Assim como a música, que se resume a sons harmônicos, combinados entre si dentro de estruturas sonoras que soam de forma agradável ao ouvido, os sons dissonantes, desagradáveis, estridentes e que não estão combinados de acordo com as leis da harmonia, prejudica e causa distúrbios neurológicos no indivíduo. A musicoterapia utiliza a música para a cura de diferentes patologias e como tratamento de apoio em doenças crônicas, bem como elemento preventivo ao stress em empresas e entidades. Sacks, 2007, procura justificar a relação do indivíduo com a música a partir de explicação científica dentro do parâmetro musical e cerebral. A esta estão relacionadas questões como a emoção, a identidade, a musicalidade, a fala, em detrimento de disfunções corporais e mentais, a memória e os movimentos cerebrais. A experiência com sonoridades agradáveis e o contato com a música provocam desde o bem-estar até as reações mais diversas no indivíduo. Segundo Fubini, 2008, o prazer estético, influencia o psicológico e a vida interior do sujeito, podendo, portanto, ser utilizado como um elemento motivador para a busca de vivências e aprendizagem. Assim, ao conhecer os motivos e dados científicos que levam o indivíduo à busca de vivências através de sons harmonizados, se oferecem meios para que as pessoas se beneficiem dela para a melhora de sua qualidade de vida e cura. Os autores abordados especificam as reações emocionais e intelectuais frente à vivência musical, elucidando as implicações mentais e ações do cérebro diante do fazer musical. Em contrapartida, o desprazer experimentado no contato
5 5 com sonoridades não harmônicas desencadeia no cérebro reações contrárias às mencionadas para uso em musicoterapia. Neste caso, o sujeito adoece física e psicologicamente em detrimento ao alto nível de stress que a exposição continuada à poluição sonora provoca, causando patologias degenerativas muitas vezes irreversíveis, como a surdez, e outras doenças já mencionadas. Dentro do ambiente da EMEF. Gov. Ildo Meneghetti, existem picos de maior poluição sonora, intercalados com momentos mais tranqüilos. Segundo as pessoas entrevistadas, a escola fica mais barulhenta em determinados momentos como: 1) No recreio; 2) Na troca dos professores; 3) Na entrada e saída dos alunos; 4) Na sala de aula; 5) No refeitório; 6) No deslocamento das turmas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a problemática suscitada sobre a existência da poluição sonora no ambiente escolar da EMEF. Gov. Ildo Meneghetti de Porto Alegre, bem como seus efeitos sobre os sujeitos que nele se inserem, os resultados apontados pela pesquisa não só confirmam a hipótese como instigam uma reflexão profunda sobre o assunto, requerendo soluções que possam amenizar ou extinguir tal problema. A questão da poluição sonora no ambiente citado é um fato constatado através de depoimentos, sendo considerado um assunto de relevância dentro do cotidiano escolar. Grande parte dos barulhos e ruídos produzidos neste ambiente poderia ser evitada caso houvesse conscientização e colaboração por parte da comunidade escolar no sentido de buscar um ambiente mais silencioso. As opiniões dos entrevistados apontam para uma direção de solução dos problemas suscitados através de diferentes ações: 1) Colaboração individual no sentido de diminuir os barulhos; 2) Campanhas por mais silêncio; 3) Conscientização da comunidade escolar quanto ao problema; 4) Outras formas de abordagem; 5) Não sabem.
6 6 Não poderia haver um universo mais propício do que a própria escola para a educação ambiental dos sujeitos que dela fazem parte, assim como não é mais tolerável que este espaço mantenha seus indivíduos à mercê da educação ambiental, ignorante e alheia à realidade do meio que os cerca. Segundo Barros (2005), de acordo com a OMS, a poluição sonora se posiciona em terceiro lugar dentre os problemas ambientais mais críticos do planeta, estando em primeiro plano a poluição atmosférica e em segundo, a poluição da água doce. No entanto, parece que o enfoque é dado somente para os dois problemas mais pontuais. A cada dia que passa, percebe-se um gritante aumento de sons nocivos, ruídos e barulhos no meio ambiente, entrando nos ouvidos sem controle, afetando nossos cérebros de maneira substancial com consequências muitas vezes irreversíveis. O problema suscitado no ambiente da escola acima citada deve estar se repetindo em muitas outras e, se as entidades governamentais que delegam as normas ambientais para a preservação do planeta não percebem a gravidade do que aqui está sendo elencando, quem sabe uma mudança de mentalidade dentro de cada célula comunitária, cada segmento social e cada cidadão em si, possa surtir efeito para a diminuição do problema como um todo. Há que se reverter a cultura do barulho para o cultivo de ambientes mais silenciosos em favor da saúde e da aprendizagem com mais qualidade dos nossos estudantes. REFERÊNCIAS FUBINI, Enrico. Estética da Música, Edições 70, 2008, Lisboa, Portugal, Cap.1, 4, 7, e 10. SACKS, Oliver. Alucinações Musicais, Edit. Schwarcz Ldta, 2007, São Paulo. SOUZA, Arinelson M. A Poluição Sonora No Ambiente Escolar Reflexos no processo ensino/aprendizagem. 2005, Niterói. Tese de Mestrado no Centro Universitário Plínio Leite. Disponível em: POLUIÇÃO Sonora- o que é, efeitos negativos, ruídos, ambientes com poluição. Disponível em:
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