Desenvolvimento de mudas de Cedrela fissilis em substrato adubado com biofertilizante suíno (1).

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1 Desenvolvimento de mudas de Cedrela fissilis em substrato adubado com biofertilizante suíno (1). Paulo Henrique Silveira Cardoso (2) ; Paula Wellen Barbosa Gonçalves (3) ; Gustavo de Oliveira Alves (4) ; Jéssica Mendes Ferreira (5) ; Rodinei Facco Pegoraro (6) ; Regynaldo Arruda Sampaio (6). (1) Trabalho executado com recursos da UFMG (2) Estudante de Pós-graduação em Produção Vegetal; Universidade Federal de Minas Gerais; Montes Claros, Minas Gerais; paulohenrique.sc@hotmail.com; (3) Estudante de Pós-graduação em Produção Vegetal; Universidade Federal de Minas Gerais; (4) Estudante de Agronomia; Universidade Federal de Minas Gerais; (5) Estudante de Engenharia Florestal; Universidade Federal de Minas Gerais; (6) Professor doutor; Universidade Federal de Minas Gerais. RESUMO: A fim de se reduzir os custos com fertilizantes minerais na produção de mudas de Cedrela fissilis, este trabalho objetivou avaliar o desenvolvimento de mudas de cedro rosa, submetidas a doses crescentes de biofertilizante suíno. O experimento foi realizado na fazenda experimental do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG, em delineamento em blocos casualizados, com seis níveis de doses de N pela aplicação de biofertilizante suíno, consistiu na adição de 0, 125, 250, 375 e 500 mg dm -3 N, em quatro repetições. Com cinco meses de cultivo foi avaliado o diâmetro do coleto, altura da muda, massa seca da parte aérea, raiz e total. Com excessão da massa seca da raiz, os demais atributos avaliados sofreram influência da adubação com biofertilizante suíno. A altura apresentou resposta linear crescente a adubação e o diâmetro e a massa seca da parte aérea e total apresentaram resposta quadrática, com valores máximos na dose de 273 e 300 mg dm -3, respectivamente. A adubação de Cedrela fissilis com biofertilizante suíno é recomendada na dose de 300 mg dm -3, devido a melhor qualidade das mudas, propiciando um melhor desenvolvimento dessas após o transplantio para o campo. Termos de indexação: aproveitamento de resíduo; cedro rosa; produção de mudas. INTRODUÇÃO A Cedrela fissilis Vell ou cedro-rosa como é popularmente conhecida, pertence à família meliaceae. O cedro-rosa é encontrado principalmente na Amazônia e também se encontra em biomas como Cerrado e Mata Atlântica sendo classificada como espécie secundária inicial a secundária tardia. Sua utilização é principalmente para uso madeireiro, paisagístico e de recuperação de áreas degradadas. Pode chegar até 35 metros de altura e em torno de 60 a 90 centímetros de diâmetro (LORENZI, 1992). O cedro-rosa é bastante utilizado para recomposição de áreas de preservação permanente e à recuperação de áreas degradadas, e por isso, faz-se necessário criar condições mais apropriadas para a produção de mudas que propicia a busca por fatores favoráveis ao crescimento inicial em campo, colaborando para o aumento da homogeneidade, da sanidade e da redução da mortalidade no plantio (CUNHA et al., 2005), buscando redução de custos, melhorias no desenvolvimento e a qualidade das mudas (OLIVEIRA et al., 2008). A produção de mudas para o plantio de espécies florestais é o mais indicado, pois a utilização das mudas já pré-estabelecidas garante a sobrevivência da planta no campo. Além disso, tem-se uma economia significativa de sementes, uma vez que o plantio diretamente no campo deve-se utilizar um número maior,

2 devido as condições limitadas para germinação e estabelecimento inicial da planta no campo. Já a produção previa das mudas em viveiros, tem a proteção contra pragas e doenças, controle de temperatura, luminosidade, nutrientes e umidade que contribuem para um germinação uniforme e estabelecimento inicial da muda satisfatório, contribuindo para levar uma muda sadia e isenta de problemas nutricionais, fisiológicos e livres de pragas e doenças (SIMÕES, 1987). Os custos com insumos, especialmente com adubos constituem os maiores gastos para produção das mudas de espécies florestais em viveiros. A utilização de adubos orgânicos como biofertilizantes, reduz os custos com insumos (FONTENELE, 2015). O biofertilizante suíno é rico macro e micro nutrientes, apresentando em sua constituição 3% de nitrogênio, 4% de fósforo e potássio, contribuindo para redução dos gastos com fertilizantes minerais e consequentemente com os custos de produção, e além disso, reduz o risco de poluição ambiental (MIYAZAWA & BARBOSA, 2015). Diante do exposto o objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento de mudas de cedro rosa, submetidas a doses crescentes de biofertilizante suíno. MATERIAL E MÉTODOS Local de realização do experimento O experimento foi conduzido em área experimental do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Campus regional de Montes Claros, latitude 16º51 38 S e longitude 44º55 00 W, no período de abril a setembro de Conforme a classificação de Köppen, o clima predominante na região é o Aw tropical de savana, com verão chuvoso e inverno seco. Montagem do experimento O substrato utilizado foi obtido a partir da mistura de solo e areia na proporção de 1:1. O solo foi coletado na camada de 0-20 cm em área da própria instituição (Tabela 1). A correção do substrato ocorreu conforme Silva e Stein (2008) para produção de mudas, a qual consistiu na adição de 250 mg de N, 700 mg de P2O5, 100 mg de K2O e 500 mg de calcário dolomítico por dm³ de substrato. Tabela 1. Características físico-químicas do solo, na camada de 0-20 cm de profundidade ph M.O. P K Ca Mg Al H+Al T V Areia Silte Argila em H2O g kg mg dm cmolc dm % ,6 25,00 10,25 101,00 7,00 1,86 0,00 1,19 10,31 88,00 24,00 46,00 30,00 ph em água destilada. P e K, extrator Mehlich-1. M.O. Matéria orgânica. V Saturação por bases. Em delineamento em blocos casualizados, o experimento foi montado com 5 tratamentos e 4 repetições, totalizando 20 unidades experimentais. Os tratamentos consistiram na aplicação de doses de 0, 50, 100, 150 e 200% da adubação recomendada para produção de mudas (250 mg dm -3 de N), sendo 0, 125, 250, 375 e 500 mg dm -3 de N. O teor de N orgânico do biofertilizante é 14,5 mg/g e sua taxa de mineralização é de 33% (CORVIL et al., 2005), assim, foi adicionado ao substrato 0; 18,5; 37,0; 55,6; 74,1 g dm -3. Cada unidade experimental foi constituída por um saco plástico de 1 dm³, no qual foi adicionado o substrato, juntamente com suas respectivas doses de biofertilizante. Após, foi adicionado 4 sementes de Cedrela fissillis Vell. e quando as mudas apresentaram 2 pares de folhas foi realizado desbaste, deixando apenas uma plântula. A partir dos 30 dias de emergência das plântulas, foi realizado quinzenalmente adubação foliar de B, Zn e Cu com solução 0,5%. A irrigação foi realizada diariamente, com aplicação de lâmina de 7 mm de água. Após 5 meses de cultivo, foi realizado medidas de diâmetro no coleto (Dc) rente ao substrato, utilizando paquímetro analógico; altura da planta (H), com régua milimétrica até o meristema apical; contagem do número de folhas (nf) e ramos (nr); massa seca de parte aérea (MSPA), raízes (MSR) e total (MST).

3 Análise Estatística Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e de regressão com testes dos coeficientes até 10% de probabilidade pelo teste t. Os dados onde não houve significância para os tratamentos, foi realizado intervalo de confiança a 5% de probabilidade pelo teste t. RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 1 apresenta os resultados obtidos dos parâmetros avaliados. O diâmetro do coleto apresentou resposta quadrática, com maior diâmetro (11,56 mm) a 273,3 mg dm -3 (Figura 1A). A altura das mudas apresentou resposta linear crescente com o aumento da aplicação de biofertilizante, com os valores variando de 17,6 a 25,5 cm (Figura 1B). Oliveira et al. (2008) encontraram valores inferiores aos obtidos nesse trabalho, mesmo com adubação de 300 mg dm -3 de sulfato de amônio em diferentes substratos alcançaram valor médio de 1,64 mm e 14,40 cm de diâmetro e altura nas mudas de Cedrela fissilis, respectivamente. Em contrapartida, Pias et al. (2015), obtiveram diâmetro e altura média de 10,85 mm e 26,83 cm, respectivamente, com aplicação de 900 mg dm -3 ureia, semelhantes ao encontrado no presente trabalho. Pias et al. (2015) discutem que a altura e o diâmetro são essenciais para se avaliar se as mudas já estão aptas ao transplantio à campo, sendo que mudas com esses atributos elevados apresentam melhor desenvolvimento e enraizamento, aumentando a probabilidade de sobrevivência da muda. A massa seca da raiz não ajustou-se aos modelos matemáticos testados e apresentou média de 2,35 g/muda (Figura 1D). Já a massa seca da parte aérea e a total apresentaram resposta quadrática ao aumento da dose de biofertilizante, com produção de, respectivamente, 6,94 g/muda e 9,56 g/muda na dose de, aproximadamente, 300 mg dm -3 (Figura 1C-E). Pias et al. (2015) encontraram valores de 5,97; 12,87 e 18,44 g/muda de biomassa seca de raiz, parte aérea e total, sendo esses superiores ao deste trabalho. Isso ocorreu pela maior disponibilidade de N no trabalho desses autores (900 mg dm -3 ), sendo que o N é o principal nutriente para aumento da produção de biomassa. Renó et al. (1997) observaram que sem adubação nitrogenada houve uma redução de 1,87 para 0,80 g/muda (~43%) da massa seca da parte aérea de cedro. Figura 1. Diâmetro do Coleto (A), Altura (B), Massa Seca da Parte Aérea (C), da Raiz (D) e Total (E) de mudas de Cedrela fissilis adubada com biofertilizante suíno

4 , *, ** - Significativo a 10, 5, 1% de probabilidade pelo teste t. ns Não significativo até 10% de probabilidade pelo teste t. CONCLUSÕES A adubação de Cedrela fissilis com biofertilizante suíno é recomendada na dose de 300 mg dm -3, devido a melhor qualidade das mudas, propiciando um melhor desenvolvimento dessas após o transplantio para campo.

5 REFERÊNCIAS CORVIL, C. M. S.; COUTINHO, J.; GOSS, M.; CABRAL, F. Potentially mineralizable nitrogen from organic materials applied to a Sandy soil: fitting the one-pool expoonential model. Soil Use and Management, 21:65-72, CUNHA, A. O.; ANDRADE, L. A.; BRUNO, R. DE. L. A.; SILVA, J. A. L.; SOUZA, V. C. Efeitos de substratos e das dimensões dos recipientes na qualidade das mudas de Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex D.C.) Standl. Revista Árvore, 29: , FONTENELE, M. S. Custo de implantação de um plantio de espécies nativas do cerrado no âmbito da compensação florestal. Departamento de Engenharia Florestal, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, DF, 37p LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Ed. Plantarium, p. MIYAZAWA, M & BARBOSA, G. M. C. Dejeto líquido de suíno como fertilizante orgânico: método simplificado. 26 p.: il.; 22 cm (Boletim Técnico; n. 84), ISSN Londrina: IAPAR, OLIVEIRA, R. B.; LIMA, J. S. S.; SOUZA, C. A. M. S.; SILVA, S. A.; MARTINS FILHO, S. Produção de mudas de essências florestais em diferentes substratos e acompanhamento do desenvolvimento em campo. Ciência & Agrotecnologia, 32: , PIAS, O. H. C.; BERGHTTI, J.; SOMAVILLA, L.; CATARELLI, E. B. Qualidade de mudas de cedro em função da utilização de fertilizantes e recipientes de diferentes tamanhos. Revista Agroambiente, 9: , RENÓ, N. B.; SIQUEIRA, J. O.; CURI, N.; VALE, F. R. Limitações nutricionais ao crescimento inicial de quatro espécies arbóreas nativas em Latossolo Vermelho-amarelo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 32:17-25, SIMÕES, J. W. Problemática da produção de mudas em essências florestais. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais ESALQ/USP - Departamento de Ciências Florestais. Sér. Téc. - IPEF Piracicaba, 4:1-29, dez