Relatório e Contas. Exercício de 2002
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- Martín Delgado Abreu
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1 BANCO SANTANDER CENTRAL HISPANO, S.A. Sede social: Paseo de Pareda nº 9 a 12, Santander, Espanha Capital Social: ,5 euros Registada no Registro Mercantil de Santander Cantabria CIF A Relatório e Contas Exercício de 2002 (ao abrigo do Reg. CMVM nº 13/2002)
2 Relatório Anual 2002 Compromisso com a transparência
3 Índice Informações Relevantes 3 Carta do Presidente 4 Carta do Administrador Delegado 8 O Grupo Santander Central Hispano O Nosso Grupo 28 Os Nossos Clientes 31 Os Nossos Empregados Relatório sobre o Governo Corporativo Relatório sobre o Conselho de Administração e suas Comissões 50 Assembleias Gerais de Accionistas 62 A Acção 67 Administração Geral 67 Página web do Grupo Responsabilidade Social Corporativa Universidades 73 Outras Actuações de Carácter Social 74 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 75 Fundações 76 Indicadores de Responsabilidade Social Relatório Financeiro Relatório Financeiro do Grupo Consolidado 98 Relatório por Áreas de Negócio Gestão Financeira e Gestão de Risco Gestão Financeira 130 Gestão de Risco Informações Jurídicas Relatório de Auditoria 152 Contas Anuais Consolidadas 211 Relatório de Gestão 216 Balanço e Demonstração de Resultados de Banco Santander Central Hispano, S.A. Apêndices A Função de Cumprimento 224 Prevenção de Branqueamento de Capitais 226 Cronologia 228 Séries Históricas 230 Mapas Financeiros das principais Entidades do Grupo 235 Informações Gerais Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
4 Como prova da nossa confiança na capacidade de geração de resultados do Grupo Santander, vamos propor à Assembleia Geral manter o dividendo de 0,2885 euros por acção, como em 2001, o que representa um rendimento por dividendo para o accionista, face à variação de fecho do exercício, de 4,4%. A nossa especialização na área da banca comercial e a nossa diversificação geográfica caracterizam-nos como um grupo multilocal. Um grupo que combina um modelo de negócio comum com uma gestão local. O Grupo Santander não necessita de novas compras e investimentos para garantir o seu desenvolvimento. As possibilidades de criação de valor, através da gestão eficaz do crescimento orgânico dos seus negócios actuais, são consideráveis e muito superiores às dos nossos principais concorrentes internacionais. 2
5 Informações relevantes Lucro líquido atribuído 2.258, , ,2 milhões de euros Dividendo por acção 0,2735 0,2885 0,2885 euros Recursos próprios * (Rácio BIS) milhões de euros Variação Margem de exploração (milhões euros) 5.565, ,5-6,37% Lucro líquido atribuído (milhões euros) 2.247, ,3-9,62% Eficiência (rácio %) 52,28 53,98-1,70 p. Lucro por acção (euros) 0,4753 0, ,74% Dividendo por acção (euros) 0,2885 0,2885 Rendimento médio por dividendo (%) 3,64 2,81 0,83 p. Rácio BIS (%) 12,64 12,04* 0,60 p. (*) Descontado o efeito da amortização de acções preferenciais materializada em Nota: Mais informações sobre os principais indicadores de 2002 na página 79 deste relatório anual. Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
6 Carta do Presidente 4 Caros accionistas: O Grupo Santander atingiu no exercício um lucro líquido atribuído de 2.247,2 milhões de euros, com uma quebra de 9,6% face ao ano anterior, tendo mantido o seu dividendo em 0,2885 euros por acção, o que representa um rendimento por dividendo para o accionista, face à variação do fecho do exercício, de 4,4%. Estes resultados foram alcançados num ano difícil para o sector bancário, no qual a banca internacional, em média, viu consideravelmente reduzidos os seus lucros e a sua cotação na bolsa de valores. A criação de valor a longo prazo para os nossos accionistas, que superaram o milhão no ano de 2002, é a prioridade estratégica mais importante para o Grupo Santander. A rentabilidade acumulada da nossa acção nos últimos 10 anos foi de 360% e o dividendo por acção aumentou a uma média anual cumulativa de 10,3% durante igual período. Fechámos o ano com uma capitalização de ,4 milhões de euros, a 2ª entidade da zona euro e a 16ª do mundo. Modelo de negócio e estratégia de gestão A nossa especialização na banca comercial e a nossa diversificação geográfica caracterizam-nos como um grupo multilocal. Um grupo que combina um modelo de negócio comum com uma gestão local, que nos permite conhecer em profundidade os mercados em que estamos presentes. Apesar da dimensão do Grupo, os nossos riscos não são globais mas sim locais. Por esta razão e devido à nossa experiência nestes mercados, os riscos estão mais diversificados e são mais fáceis de controlar.
7 A nossa condição multilocal vê-se reforçada por uma gestão orientada tanto para a eficiência, através da geração de receitas, como para o controlo de custos, e para a solidez do balanço, através da estrita gestão do risco e da melhoria da base de capital. O resultado é a boa evolução da actividade bancária de carácter mais recorrente, na qual assentamos a nossa evolução futura. Assim, da margem de exploração, 86% é proveniente da banca comercial. Completada com os negócios de Tesouraria, Banca Privada Internacional, Banca «Wholesale» e de Gestão de Activos. Nestas áreas a nossa gestão é integral e global, o que nos permite satisfazer as necessidades complementares dos nossos clientes em todos os países em que estamos presentes. Com base nestes princípios, a actuação do Grupo neste exercício concentrou-se no desenvolvimento das bases de uma estratégia assente no negócio da Península Ibérica e da América Latina, complementada com a aliança com o Royal Bank of Scotland e com a nossa actividade de Banca de Consumo na Europa. No plano estratégico, de destacar o acordo celebrado com o Bank of America para desenvolvimento do negócio bancário no México. A integração comercial do Banco Santander Mexicano e da Banca Serfin, a fusão do Banco Santander Chile e do Banco Santiago, a integração do AKB no CC-Bank e a colocação no mercado de 11,64% do capital do Banesto são outras das operações realizadas durante o ano que se revestem de particular importância. Em matéria de fundos próprios, o Grupo conseguiu neutralizar o impacto das desvalorizações das moedas latino-americanas mediante uma forte geração de resultados recorrentes e da venda de participações industriais (Dragados e Vallehermoso) assim como de 3% do Royal Bank of Scotland. Em complemento realizámos provisões e saneamentos equivalentes a milhões de euros, melhorando os rácios de capital, repetindo o dividendo do ano anterior e sem recorrer aos nossos accionistas. Consequentemente, iniciámos o exercício de 2003 com uma sólida base de capital, situando-nos entre as entidades melhor capitalizadas da zona euro. Banca Comercial Durante o exercício concentrámos a nossa actuação nos países com maior potencial de rentabilidade e de crescimento: Espanha, Portugal, Brasil, México e Chile. Trata-se de um mercado conjunto muito amplo, com uma população de 330 milhões de habitantes e no qual contamos com 30 milhões de clientes. 5 Nestes países o Santander tem uma clara vantagem competitiva graças às elevadas quotas de mercado, superiores a 10% nos mercados em que actua, à sua ampla experiência na gestão da banca comercial e dos riscos de crédito e à oferta de serviços complementares aos nossos clientes na Banca de Investimentos e Banca Corporativa Global. Durante o ano reforçámos as nossas capacidades nestes países, melhorando a eficiência e os índices de morosidade e com um impacto muito favorável em todos os demais rácios de gestão. Este amplíssimo mercado, verdadeiro núcleo de actual, constitui uma excelente plataforma para o crescimento futuro dos nossos resultados. O Grupo Santander não necessita de novas compras ou investimentos para garantir o seu desenvolvimento. As possibilidades de criação de valor, através da eficaz gestão do crescimento orgânico dos seus negócios actuais, são consideráveis e muito superiores às dos nossos principais concorrentes internacionais. Noutros países em que estamos presentes mas que não reúnem as condições necessárias para desenvolver um modelo de banca comercial universal, ajustámos a nossa presença a um modelo de banca mais selectiva. Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
8 Carta do Presidente Brasil No Brasil, a incerteza associada ao processo eleitoral exigiu uma elevada capacidade de reacção. O que para nós foi sempre claro é que o Brasil é e continuará a ser uma prioridade estratégica para o nosso Grupo. A solidez e o dinamismo do sistema bancário brasileiro constituem uma garantia de estabilidade para o país. Trata-se de um sistema bancário moderno, com entidades solventes e bem capitalizadas. O Grupo Santander está a cumprir pontualmente todos os objectivos estabelecidos no momento de aquisição do Banespa, como demonstram os excelentes resultados alcançados no presente ano. Royal Bank of Scotland e Bank of America A aliança estratégica com o Royal Bank of Scotland ocupa um papel importante em todas as nossas actuações. O apoio financeiro recíproco e a troca de ideias e de experiências constituem uma valiosa contribuição conjunta da qual esperamos também muito no futuro. 6 Pouco antes de concluir o ano celebrámos um importante acordo de colaboração com o Bank of America dirigido ao mercado mexicano. Através deste acordo o Bank of America adquire 24,9% do Santander Serfin com o que se potenciará de uma forma significativa a capacidade de actuação conjunta e de oferta de serviços nos mercados mexicano e norte-americano. Trata-se de uma magnífica operação tanto para o Bank of America como para o Grupo Santander que reactiva assim uma antiga relação iniciada há já 37 anos com a criação do Bankinter. Este acordo valoriza e potencia de forma importante o nosso investimento na América Latina. A aliança já histórica com o Royal Bank of Scotland (5º banco do mundo por capitalização) e as possibilidades futuras que se nos abrem com o acordo com o Bank of America (3º por capitalização) são relações complementares que nos conferem uma posição privilegiada no sistema financeiro europeu e mundial. Valores corporativos Qualquer actuação estratégica deve ter como referência sólidos valores corporativos. No Santander, ao longo dos seus cento e quarenta e cinco anos de história, estes valores foram a ética profissional, a agressividade comercial e a atenção ao cliente, a prudência nos riscos, a flexibilidade de adaptação às alterações do mercado e uma marcada capacidade de antecipação que acompanha a nossa ambição de conseguir resultados. São precisamente estes os valores em que assenta o orgulho de pertencer ao Santander, tão característico das nossas equipas. O Conselho de Administração está empenhado em preservar e reforçar estes valores, que permitiram que o nosso Grupo se situasse na posição de liderança que hoje ocupa. Bom Governo Neste exercício realizámos também avanços significativos em dois aspectos que considero fundamentais, como são o bom governo e a Responsabilidade Social Corporativa. Em relação ao Governo Corporativo, na Assembleia Geral de Accionistas do passado dia 24 de Junho apresentei o novo Regulamento do Conselho de Administração, que incorpora as práticas mais avançadas nesta matéria com a finalidade de aprofundar os direitos dos accionistas, evitar conflitos de interesses e aumentar a transparência. Em coerência com estas actuações, o Conselho proporá na próxima Assembleia Geral de Accionistas, entre outros acordos, a supressão total das medidas estatutárias de blindagem.
9 Por outro lado, o próprio Conselho de Administração, a Comissão Executiva, as Comissões do Conselho e o Conselho consultivo Internacional estão a desempenhar o seu papel com uma participação cada vez mais eficaz dos seus membros. Estas medidas integram-se num trabalho de melhoria, que considero permanente, da Administração Corporativa da nossa Entidade. Em 2002 integraram-se no Conselho os senhores Juan Abelló, Guillermo de la Dehesa e Abel Matutes. É fundamental que num Conselho exista um equilíbrio adequado entre Administradores externos, de reconhecido prestígio e sucesso profissional, e Administradores executivos, envolvidos no dia a dia do negócio. O nosso Conselho reflecte este enquadramento, um Conselho unitário, com Administradores empenhados e com uma visão clara do que este Grupo é e quer ser. Responsabilidade Social Corporativa Em linha com o objectivo de criar valor a longo prazo com todos os colectivos com que se relaciona (accionistas, empregados, clientes e sociedade), o Santander Central Hispano definiu e anunciou o seu modelo de Responsabilidade Social Corporativa, que considero virá a constituir uma referência mundial neste âmbito. O Programa Universidades e o Portal Universia representam a materialização do nosso compromisso para com a cultura e a educação e fazem do Santander a entidade financeira com a maior presença no âmbito académico latino-americano. São já 249 os convénios específicos que mantemos com outras tantas universidades dentro do Programa de Universidades. O Portal Universia, por seu lado, agrupa já 635 universidades espanholas, portuguesas e latino-americanas que reúnem um colectivo de 7 milhões de estudantes. No nosso caso, nos últimos quatro anos destinámos 151 milhões de euros a actividades de carácter social e cultural em Espanha, Portugal e América Latina. Em 2002 o investimento em acção social atingiu os 2,7% do lucro líquido atribuído, um grande investimento que cria um valor de reconhecimento social e de prestígio para o nosso Grupo e que se submete às mesmas exigências de transparência que as nossas restantes actividades. Em resumo, creio que 2002 pôs à prova a nossa gestão. E os resultados demonstram que sabemos gerir as dificuldades. A nossa organização é hoje mais eficaz que há um ano e conta com uma sólida estrutura de balanço. Estamos, portanto, em melhor posição para aproveitar as oportunidades futuras com base na elevada qualidade das nossas equipas humanas, no conhecimento do negócio e dos seus riscos e nas vantagens competitivas que temos nos mercados onde actuamos. 7 Quero transmitir o meu agradecimento pessoal às pessoas que trabalham no Santander, pois o seu profissionalismo é a melhor garantia para continuar a crescer. Procurar a motivação e o compromisso de todos eles é um desafio e uma exigência permanente para mim e para o Conselho de Administração. Ao longo do próximo exercício devemos avançar igualmente na melhoria da qualidade do serviço que prestamos a cada um dos nossos clientes, corrigindo rápida e eficazmente as deficiências que detectemos. A nossa gestão continuará apontada à obtenção do máximo rendimento de todos os grandes activos com que contamos e que nos fazem ser um Grupo único com um enorme potencial de crescimento. Estou convencido que o preço actual da nossa acção não reflecte o valor do nosso Grupo. A recuperação dos mercados trará sem dúvida uma significativa revalorização da acção Santander. Com esta convicção, agradeço uma vez mais a vossa confiança. Emilio Botín Presidente Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
10 Carta do Administrador Delegado 8 Caros accionistas, Fechámos o exercício com um lucro líquido atribuível aos nossos accionistas de milhões de euros, o que representa uma redução de 9,6% relativamente ao ano anterior. E ainda que insatisfeitos, estes resultados comparam-se muito favoravelmente com os dos nossos concorrentes nacionais e estrangeiros. E o que é mais importante, incrementámos os nossos negócios mais recorrentes (Banca Comercial Europa e América) e fortalecemos a nossa solidez financeira. Em Espanha, Portugal, México, Brasil e Chile temos posições de liderança na banca comercial, negócio que gerimos de forma descentralizada, o que nos permite adaptar-nos às características de cada mercado. Este modelo de negócio multilocal, conjuntamente com a nossa capacidade e experiência de gestão nos ambientes voláteis e os contínuos avanços em matéria de redução de custos, permitiram alcançar uma margem de exploração de milhões de euros, o que representa um crescimento (excluindo a Argentina) de 1,5%.
11 Solidez financeira Estes resultados foram obtidos depois de importantes esforços para sanear e fortalecer o nosso balanço. Destinaram-se milhões de euros a saneamentos ordinários e extraordinários, a dotações para moras e a amortização regular e acelerada de goodwill, incluindo o do Brasil e da Colômbia e o da AOL e da BtoB Factory. Assim, o goodwill do Grupo (sem Argentina) situa-se nos milhões de euros, dos quais milhões correspondem à América, após ter-se reduzido o do Banespa para milhões, menos de metade do seu montante inicial. Hoje, 75% do goodwill do Grupo está ligado a negócios ou países em que o nosso retorno do investimento inicial (ROI) é superior ao custo do capital. Ao longo do exercício de 2002 também melhorámos consideravelmente os nossos rácios de capital. O Tier I situa-se em 8% e o rácio BIS em 12,6%, os níveis em que sempre dissemos que queríamos estar. As operações realizadas venda de participações industriais, de 3% do Royal Bank of Scotland e OPV do Banesto mais que compensaram as consequências da desvalorização das moedas latino-americanas sobre as nossas reservas (cerca de milhões de euros). As operações anunciadas para 2003, a qualidade do nosso risco de crédito e a geração recorrente de capital do nosso negócio permitir-nos-ão continuar a melhorar estes rácios. A solidez do balanço do Grupo também se vê avalizada pela excelente qualidade dos nossos riscos, que é outro dos princípios fundamentais da nossa gestão. Ter riscos locais, previsíveis e geridos com grande prudência reflectiu-se nos dados de morosidade (1,89%, 1,68% sem Argentina) e cobertura (140%, 152% sem Argentina), que se situam em níveis muito favoráveis apesar da conjuntura. Finalmente, o Grupo conta com mais-valias latentes da sua carteira de participações equivalentes a cerca de milhões de euros no fecho do exercício de Um valor que reforça um balanço sólido, que constitui a base de um maior crescimento e criação de valor para os accionistas. Produtividade e tecnologia 9 Para assegurar o nosso crescimento a médio prazo num ambiente tão competitivo, é imprescindível ser líder na produtividade, gerar mais lucro por unidade de custo. Para o efeito, mantemos um rigoroso controlo de custos, que nos permitiu reduzir o rácio de eficiência em 2,5 pontos, para os 51,8% - sem Argentina -. Em matéria de eficiência, de destacar unidades de negócio como o Chile, que está nos 41,6%, e a Banca Comercial Santander Central Hispano, que está nos 50,0%. Com o apoio da melhor tecnologia, conseguimos sustentar estas melhorias de produtividade e eficiência. Por isso é chave a entrada em funcionamento do Projecto Partenón, que permitirá mudar toda a base tecnológica do nosso negócio em Espanha utilizando o modelo Banesto, sem dúvida o mais avançado da banca espanhola. Nesta área, também avançámos na implementação da plataforma Altair na América, que se concluirá em 2003 com a entrada do Brasil. Os nossos negócios Graças a esta base de grande capacidade de geração de negócio recorrente, elevada solidez financeira e liderança tecnológica, no ano de 2002 todos os nossos negócios melhoraram sensivelmente em termos de rentabilidade e eficiência, tendo em simultâneo mantido controlados os riscos. O nosso núcleo de negócio, a Banca Comercial na Europa e na América, evoluiu especialmente bem. Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
12 Carta do Administrador Delegado A banca comercial na Europa, que é responsável por 49% dos resultados do Grupo e contribui para os mesmos com estabilidade e recorrência, atingiu milhões de euros de lucro, 12,5% superior a De destacar os resultados da rede Santander Central Hispano, com um lucro de 786 milhões de euros, que implica um crescimento de 6,3% e reflecte a forte actividade no lançamento de novas iniciativas, produtos e campanhas comerciais. Também o Banesto, com o seu avançado modelo de negócio centrado no cliente e apoiado numa elevada capacidade tecnológica, e os nossos bancos em Portugal, com a sua estratégia multimarca e a sua ênfase na eficiência comercial, conseguiram melhorar as suas quotas de mercado e os seus rácios de eficiência. Finalmente, o nosso negócio de Financiamento ao Consumo assegurou a sua posição na Alemanha com a integração do AKB no CC-Bank. A banca comercial na América Latina também melhorou sensivelmente os seus resultados, apesar da volatilidade de alguns mercados importantes. O nosso lucro no conjunto da região aumentou 14,3% a taxas de câmbio constantes, para os milhões de euros, graças à boa evolução do negócio nos nossos mercados chave: Brasil, México e Chile. 10 No Brasil superámos os objectivos estabelecidos no momento da aquisição do Banespa, atingindo um lucro de 802 milhões de euros, 20,5% superior ao de Também melhorámos o perfil de riscos e a eficiência do Banco e aumentámos a sua ampla base de clientes, com o que o Banespa se consolida como o banco privado dominante na região mais dinâmica do país. O resultado do Grupo no México cresceu 16,4% para os 681 milhões de euros, apoiado na agressividade comercial e na contínua melhoria das quotas de mercado, que crescem um ponto percentual por ano e poderiam atingir 20% dentro de três anos. A integração dos nossos bancos mexicanos no Santander Serfin, iniciada em Setembro, situa-nos como o terceiro banco do sistema e reflectir-se-á em melhorias de eficiência. O recente acordo com o Bank of America contribuirá, sem dúvida, para impulsionar ainda mais o nosso negócio no México. No Chile, o Banco Santander Chile é o primeiro do país desde a fusão com o Banco Santiago no passado mês de Agosto. Os lucros do banco, que atingem os 229 milhões de euros, são penalizados por terem absorvido praticamente a totalidade das despesas extraordinárias de fusão. Não obstante, a estabilidade e maturidade da economia chilena, a posição privilegiada do nosso banco e a qualidade da gestão são garantias para o crescimento do nosso negócio no Chile. Na Venezuela atingiram-se lucros de 166 milhões de euros, o que demonstra a elevada capacidade do Grupo para gerir os negócios em ambientes de alta volatilidade. Antes de terminar com a América Latina, gostaria de fazer uma breve referência à Argentina, onde as variáveis macro-económicas tiveram uma melhoria e onde foram dados passos no sentido da normalização do sector financeiro, embora ainda haja um grande caminho a percorrer. O Banco Río está a levar a cabo um programa de restruturação que lhe permitirá estabilizar os seus parâmetros económicos e financeiros. Em 2002, a contribuição da Argentina para os resultados foi nula, ao estar todo o investimento de capital provisionado. Negócios Globais A sólida base dos nossos negócios da banca comercial na Europa e na América Latina oferece muitas possibilidades de desenvolvimento dos nossos negócios globais: Banca «Wholesale», Gestão de Activos e Banca Privada. Os resultados destas áreas foram mais afectados pela elevada volatilidade dos mercados financeiros em Na Gestão de Activos, uma área estratégica para nós, o Grupo gere um volume de milhões de euros em fundos de investimento e de pensões, dos quais 75% na Europa. As nossas quotas de mercado continuam a melhorar em todos os mercados em que actuamos e de forma destacada em Espanha, onde já alcançámos 28% em fundos de investimento após aumentar a quota quase em 2 pontos durante o ano de Em Banca Privada mantemos a liderança no mercado espanhol através do nosso banco especializado, o Banif. A nossa quota neste negócio supera já os 30%. A Banca Privada Internacional serve fundamentalmente os clientes latino-americanos e continuou a avançar em termos do seu objectivo a médio prazo de se converter no interveniente mais relevante deste mercado.
13 A Banca «wholesale» concentrou os seus esforços em pôr ao serviço dos nossos clientes as enormes capacidades em produtos e serviços que nos proporciona o nosso modelo de negócio multilocal, com presença dominante nos nossos cinco mercados chave. Os nossos clientes Em todos os nossos negócios a nossa obsessão é prestar o melhor serviço aos clientes, pois sabemos que a nossa relação com eles é a maior fonte de vantagem competitiva. Temos 35 milhões de clientes e operamos em mercados que somam 500 milhões de habitantes, o que proporciona um grande potencial de aumento da nossa base actual de clientes. Não obstante, queremos servir cada um dos nossos clientes de forma única, individual. Por isso trabalhamos para lhes dar valor na sua relação connosco. Avançamos para o objectivo de sermos o melhor e maior fornecedor de serviços financeiros para os nossos clientes. Para o efeito, acelerámos em todas as áreas de negócio as iniciativas destinadas a melhorar a qualidade do serviço prestado. As nossas equipas Estes objectivos e os resultados obtidos até agora são apenas possíveis devido ao trabalho dos profissionais que constituem o Grupo, e às capacidades de gestão da equipa directiva. O nosso capital humano é a garantia de crescimento futuro. Por isso pusemos em marcha novos projectos que assegurem o desenvolvimento, a criatividade e a ambição dos nossos profissionais. A contribuição de cada pessoa e de cada equipa determinará a sua compensação e desenvolvimento profissional. Neste ano, um ano difícil para o Grupo e portanto também para a equipa directiva, os resultados obrigaram-nos a reduzir em 20% a massa de retribuições variáveis dos nossos executivos. Uma decisão dura mas coerente com a redução do lucro líquido. A nossa ambição 11 Nos últimos quinze anos combinámos acertadamente a nossa capacidade de crescer em termos orgânicos com numerosas aquisições que nos converteram num Grupo multilocal. O sucesso desta estratégia traduziu-se num crescimento anual acumulado de 19% do lucro líquido atribuído e de 13% do dividendo por acção. Estamos orgulhosos do conseguido, mas também profundamente insatisfeitos. Estamos convencidos de que estes resultados nos situam agora numa posição privilegiada para avançar com determinação para o nosso objectivo. Um objectivo ambicioso: ser o Grupo financeiro melhor e mais rentável, a entidade financeira de referência nos nossos mercados naturais. Estamos conscientes da oportunidade que temos. Sabemos onde queremos chegar e sabemos como fazê-lo. Com esta esperança e com esta clareza de objectivos, damos início ao exercício de Alfredo Sáenz Segundo Vice-Presidente e Administrador Delegado Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
14 A transparência começa
15 O Grupo Santander Central Hispano O Nosso Grupo 14 Banca Comercial Santander Central Hispano 17 Banesto 19 Portugal 20 Financiamento ao Consumo na Europa 21 América Latina 22 Gestão de Activos e Seguros 25 Banca Privada 26 Banca «Wholesale» Global 27 Os Nossos Clientes 28 Os Nossos Empregados 31 na clareza e qualidade. Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
16 O Nosso Grupo Somos o primeiro banco espanhol e o segundo da zona euro por capitalização, com uma clara vocação de banco comercial. OGrupo Santander Central Hispano é a primeira entidade financeira de Espanha e a segunda da Zona Euro, com uma capitalização, a 31 de Dezembro de 2002, de milhões de euros. Conta com um quadro de pessoal de empregados, dos quais 65% se encontram fora de Espanha. Temos uma estratégia muito clara: ser uma entidade de referência a nível internacional, especializada em banca comercial e com uma forte presença na Europa e na América Latina. Combinamos a diversificação geográfica com um profundo conhecimento dos mercados em que trabalhamos e que gerimos localmente. Contamos com elevadas quotas de mercado que nos permitem retirar o máximo potencial do nosso modelo de negócio. Este envolvimento nos mercados em que estamos presentes faz com que sejamos um grupo multilocal. A actividade de banca comercial gera 86% da margem de exploração do Grupo e é onde reside a nossa principal vantagem competitiva. Esta actividade é complementada com negócios globais: gestão de activos, banca privada, banca corporativa, banca de investimento e tesouraria. 14 Concentramos a nossa actividade nos países com um maior potencial de negócio: Espanha, Portugal, Brasil, México e Chile. Na Europa ocupamos posições de liderança na Banca de Consumo em Espanha, Portugal, Alemanha e Itália e temos uma sólida aliança estratégica com o Royal Bank of Scotland, o que nos coloca numa posição privilegiada dentro do sistema financeiro europeu. Noutros países latino-americanos temos uma presença mais selectiva, tanto em termos geográficos com menor número de dependências como por negócios corporativo e institucional, banca privada ou gestão de activos-. Também na América Latina, em 2002 assinámos uma aliança estratégica com o Bank of America, que nos coloca na melhor posição para aproveitar todo o potencial de negócio da população mexicana dos EUA e das mais de empresas norte-americanas situadas no México. Somos um Grupo com uma inquestionável vocação de crescimento, ainda que não creiamos que para a materializar seja necessário realizar aquisições nem fusões. Confiamos plenamente na nossa capacidade de explorar as vantagens competitivas do nosso modelo de negócio e de criar valor maximizando a rentabilidade da nossa actual estrutura de negócio. Definimo-nos como um grupo multilocal, fruto da integração de bancos locais, com clientes locais geridos localmente
17 Para o sucesso desta estratégia foi necessário contar com princípios de gestão claramente definidos a partir de duas premissas: a eficiência e a solidez. A melhoria da eficiência apoia-se na geração de receitas e no controlo dos custos. Para conseguir o primeiro, redefinimos a estratégia das áreas de negócio com o objectivo de aumentar a actividade e ganhar quota de mercado através do lançamento de novos produtos e mediante programas de fidelização dos nossos clientes. Não queremos apenas ser o banco que tem os melhores produtos, queremos também ser o que oferece o melhor serviço. Esta é a garantia para manter vinculados os nossos clientes em momentos de crescente concorrência em todos os mercados em que trabalhamos. Para o conseguir, contamos com a melhor tecnologia da banca espanhola. Esta estratégia permitiu-nos ganhar quota em depósitos e fundos de investimento em Espanha e 70 pontos básicos nos países da América Latina, onde o Grupo está a levar a cabo uma estratégia de expansão. Se na geração de receitas fizemos um esforço especial durante o ano de 2002, no controlo de custos apostámos em manter a filosofia de austeridade que vínhamos aplicando há já vários anos. Os principais elementos em que se apoia esta política de controlo de custos são a racionalização de quadros de pessoal e de dependências, o aproveitamento das possibilidades que oferece a tecnologia e a simplificação de procedimentos, o que permitiu uma redução dos gastos em 12,8%. 15 O conjunto destas acções permite-nos manter-nos entre os grupos financeiros mais eficientes. Somos a terceira entidade mais eficiente entre os maiores grupos financeiros da zona euro, com uma taxa de 51,8%, 2,5 pontos percentuais abaixo do rácio do ano passado, sem considerar a Argentina. A solidez do nosso balanço sustenta-se numa gestão prudente do risco e na qualidade da nossa base de capital. A situação do Grupo em matéria de risco é privilegiada, especialmente entre as entidades com dimensão internacional. O nosso risco é mais previsível e de uma maior qualidade que o dos nossos concorrentes internacionais por duas razões. Os resultados em 2002 mostram uma boa evolução das actividades de carácter mais recorrente. Em primeiro lugar, porque a nossa política de gestão do risco tem sido tradicionalmente muito prudente. É para nós muito claro que o crescimento não pode fazerse à custa de uma deterioração da qualidade do crédito. Por isso, durante os últimos três anos temos sido capazes de combinar o desenvolvimento da nossa actividade com a manutenção da taxa de morosidade em cerca de 2%, apesar da deterioração na conjuntura económica internacional. Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
18 O Nosso Grupo Em segundo lugar, porque a nossa estrutura é muito diferente da estrutura de outros grupos multinacionais, o que nos permite beneficiar das suas vantagens, mas evitar os seus inconvenientes. Somos o resultado da integração de bancos locais, com bases de clientes de carácter local. Somos um grupo multilocal, o que torna a nossa exposição a riscos globais mínima. O resultado é que, apesar de durante 2002 se terem produzido algumas das maiores quebras da história, a nossa taxa de morosidade mantém-se em 1,89%, com uma taxa de cobertura de 140%. Grande parte dos nossos bons resultados no controlo do risco explicam-se pela diversificação que fizemos seguindo duas estratégias complementares: expansão para novos mercados e para novos negócios. A consequência desta estratégia é aumentar a estabilidade e recorrência dos nossos resultados. Relativamente à nossa base de capital, terminámos o ano com rácios superiores aos nossos objectivos, após realizar uma série de operações que permitiram compensar o efeito da desvalorização das moedas latino-americanas. 16 Após estas medidas, o rácio BIS atingido no fecho do exercício é de 12,64% o que, em conjunto com a nossa capacidade de geração de capital através dos resultados e com a prudente política de saneamentos, formam uma sólida estrutura de balanço. O nosso modelo de negócio assume, por último, a transparência com todas as suas consequências. Devêmo-la aos nossos accionistas, clientes, empregados e sociedade. É algo que, a longo prazo, cria valor a partir da confiança e do reforço dos vínculos das empresas com os grupos com os quais se relaciona. Os resultados da aplicação das políticas descritas durante 2002 combinam uma boa evolução das actividades de carácter mais recorrente com um pior comportamento das relacionadas mais directamente com os mercados de divisas e de valores. O efeito conjunto foi uma diminuição da margem de exploração de 6,4%, mas que sem a Argentina aumenta em 1,5%. Considerando a parte mais recorrente da nossa actividade, ou seja, excluindo dividendos e resultados de operações financeiras, o aumento da margem de exploração sem Argentina atinge 14,3%. Os saneamentos realizados implicaram que a diminuição do lucro líquido atribuído (9,6%) seja algo superior à registada pela margem de exploração. Em qualquer caso, o valor alcançado, milhões de euros, é o mais elevado no nosso país. Trata-se, em resumo, de resultados que demonstraram a capacidade do Grupo em gerir situações difíceis. Em 2002 atingimos um lucro líquido atribuído de milhões de euros
19 Banca Comercial Santander Central Hispano ABanca Comercial Santander Central Hispano mantém relações com oito milhões e meio de clientes em Espanha através de uma rede de dependências. Gere um total de milhões de euros em recursos de clientes. Durante 2002 impulsionámos a geração de receitas e a aquisição de quota de mercado A rede Santander Central Hispano trabalha com um modelo de negócio único através de duas estratégias complementares: o foco no cliente e o desenvolvimento de produtos inovadores. O cliente está colocado no centro da nossa estratégia com um objectivo triplo: captação, fidelização e vinculação. A melhor forma de captar novos clientes é tratar bem os que já temos. Para o conseguir, todas as áreas de negócio da Banca Comercial Santander Central Hispano compartem uma ideia comum: um serviço de qualidade orientado para o cliente. Para optimizar o serviço que prestamos aos nossos clientes contamos com o Modelo Da Vinci, com as mais modernas ferramentas de segmentação e de constituição de carteiras, que incrementa a nossa capacidade comercial e a qualidade do serviço. O sucesso da implementação destas ferramentas permite desenvolver um plano de crescimento das receitas baseado numa eficaz gestão comercial que se estende às três áreas do Banco: particulares, elevado rendimento e empresas e instituições. A Banca de Particulares destina-se a um amplo universo social, apoiando-se numa potente rede de dependências e agentes e nos melhores produtos e serviços, na venda cruzada e na permanente qualidade de serviço das suas equipas humanas e dos seus sistemas de gestão. 17 A Área de Altos Rendimentos pretende ser a referência deste tipo de clientes, pelo que conta com uma consultoria individualizada e com propostas de valor específicas para este segmento, renovadas constantemente. Por seu lado, a Área de Empresas e Instituições vincula o cliente mediante um serviço profissional muito qualificado, oferecido através de uma ampla rede especializada de dependências. Em conjunto com o serviço ao cliente, o segundo elemento chave da nossa gestão comercial é a inovação, mediante a concepção e lançamento de produtos capazes de compatibilizar as necessidades dos clientes com as exigências de rentabilidade do Banco. Nesta alínea, temos que destacar os inovadores produtos que oferecemos este ano e que tiveram um grande acolhimento por parte dos nossos clientes: Depósito Supersatisfação, Fundo Supersatisfação e Depósito Super Rendimento. Em conjunto, estes produtos permitiram captar mais de milhões de euros durante o exercício. Todas as áreas de negócio da Banca Comercial Santander Central Hispano partilham de uma ideia em comum: um serviço de qualidade orientado para o cliente Santander Central Hispano Relatório Anual 2002
20 Banca Comercial Santander Central Hispano O esforço realizado permitiu-nos aumentar a nossa quota de mercado em produtos chave como depósitos a prazo ou fundos de investimento. Pelo lado do Cré dito, conseguimos um forte crescimento no segmento de empréstimos hipotecários a particulares (14,2%) na contratação de linhas de financiamento de capital circulante a empresas. O lucro líquido atribuído aumentou em 2002 em 6% A forte actividade comercial desenvolvida pela Banca Comercial Santander Central Hispano, aliada à defesa das margens, à cobrança de comissões e à poupança de custos, permitiram que em 2002 a margem de exploração tenha aumentado em 7,8% e que o lucro líquido atribuído o tenha feito em 6,3%. Os nossos objectivos em 2003 são quatro: defender a margem financeira, crescer em comissões, aumentar a quota de mercado e melhorar o serviço. Para os atingir contamos com o modelo Da Vinci, com as capacidades da nossa equipa e com a presença da nossa rede. 18
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