Anexo I METODOLOGIA TRUCOST PARA ESTIMAR GASES DE EFEITO ESTUFA ÍNDICE CARBONO EFICIENTE
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- Theodoro Cesário Barreto
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1 1 Introdução Anexo I METODOLOGIA TRUCOST PARA ESTIMAR GASES DE EFEITO ESTUFA ÍNDICE CARBONO EFICIENTE I. Sobre o projeto Atenta às preocupações do mundo com o aquecimento global, grande desafio da humanidade neste século, a BM&FBOVESPA decidiu criar um novo índice de mercado o Índice Carbono Eficiente (ICO2 ou Índice), em iniciativa conjunta com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse índice é composto pelas ações das companhias participantes do índice IBrX-50 que aderiram à iniciativa, e leva em consideração para ponderação não apenas o free float das ações das empresas componentes, mas também o seu grau de eficiência de emissões de gases de efeito estufa (GEE). O papel da Trucost foi o de aplicar seu modelo de cálculo de emissões de GEE às empresas participantes da carteira do Índice, de forma a harmonizar, segundo a mesma base metodológica, os dados de emissões de GEE fornecidos pelos inventários de emissões das empresas, bem como estimar as emissões de GEE de empresas que não realizam seus inventários de emissões, inclusive para fins desse Índice. II. Objetivos do relatório 1) Descrever a metodologia e o modelo utilizados pela Trucost para (i) tornar comparáveis os dados de emissões de GEE das empresas; (ii) harmonizar as diferentes metodologias de inventário utilizadas; e (iii) estimar as emissões das empresas que ainda não realizam inventário de suas emissões. 2) Esclarecer a compatibilidade da metodologia da Trucost em relação às diretrizes de inventário do padrão GHG Protocol Corporate Standard (GPCS) e do Programa Brasileiro do GHG Protocol (PBGHGP). 3) Abordar as especificidades da economia brasileira que foram contempladas na metodologia da Trucost para fins do ICO2.
2 2 III. Estrutura do relatório Este relatório está estruturado em quatro capítulos. O capítulo 1 apresenta descrição da metodologia usada pela Trucost para calcular as emissões de GEE das empresas e explica como as informações públicas relativas às emissões foram incorporadas no modelo, notadamente aquelas contidas no inventário de emissões de GEE das empresas. O capítulo 2 expõe o alinhamento da metodologia da Trucost com os protocolos PBGHGP e GPCS. O capítulo 3 aborda as principais especificidades da economia brasileira, como o uso de bicombustíveis e energia hidrelétrica, e explica como foram consideradas no âmbito da metodologia usada pela Trucost, visando inserir, no seu modelo, variáveis que refletem a realidade brasileira. Por fim, seguem informações referentes à Trucost. IV. Conceitos A seguir, apresentamos alguns conceitos utilizados ao longo do relatório e considerados para fins deste Índice. 1) Gases de efeito estufa São aqueles regulados pelo Protocolo de Quioto: Dióxido de carbono (CO 2 ); Metano (CH 4 ); Óxido nitroso (N 2 O); Hexafluoreto de enxofre (SF 6 ). Hidrofluorocarbonetos; Perfluorocarbonetos. 2) Inventário de emissão de gases de efeito estufa Segundo definição do PBGHGP, é uma espécie de raio-x que se faz em uma empresa, grupo de empresas, setor econômico, cidade, estado ou país para se determinar fontes de gases de efeito estufa nas atividades produtivas e a quantidade de GEE lançada à atmosfera. Fazer a contabilidade dos GEE significa quantificar e organizar dados sobre emissões com base em padrões e protocolos e atribuir essas emissões corretamente a uma unidade de negócio, operação, empresa, país ou outra entidade (GVces, ). 1 Fundação Getulio Vargas. Centro de Estudos em Sustentabilidade da EAESP.
3 3 V. Tipos de dados Os dados relacionados às emissões de GEE das empresas são classificados, para fins deste Índice, em dois tipos: 1) Dados primários São aqueles coletados diretamente para o Índice e que são fornecidos pelas empresas. Incluem (i) os dados referentes aos inventários de emissões divulgados pelas empresas, que foram disponibilizados para a Trucost por meio da BM&FBOVESPA; e (ii) os dados obtidos por meio da interação direta entre a Trucost e as empresas que aderiram ao Índice. 2) Dados secundários São aqueles que já estão publicados. Incluem os dados disponíveis em fontes públicas, tais como Relatório de Informações Anual (IAN), Relatório Ambiental e de Sustentabilidade, Carbon Disclosure Project CDP Brasil, Formulário 20-F 2, dentre outros. A Trucost utiliza, ainda, dados secundários publicados por diversas empresas e organizações, como a Agência de Proteção Ambiental Norte- Americana (por exemplo, fator de redução de emissão do etanol), Instituto Nacional de Estudos Ambientais do Japão, Thompson Financial Consulting Ltd. (por exemplo, dados financeiros), Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil (por exemplo, fator de emissão do Sistema Interligado Nacional), Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil (por exemplo, Balanço Energético Nacional), dentre outros. VI. Protocolo de GEE O protocolo de GEE representa um conjunto de práticas e conceitos recomendados por um grupo de entidades nacionais e internacionais para a elaboração de inventários de emissão de GEE. Para fins deste Índice, são considerados os seguintes protocolos. Guia para a elaboração de inventários corporativos de emissões de gases do efeito estufa. Realização GVces Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas; Organização: GVces, Ministério do Meio Ambiente, CEBDS, WBCSD, WRI. Apoio Embaixada Britânica, USAID, CETESB, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Edição e revisão Ricardo Barreto, Juarez Campos. São Paulo: FGV, Formulário 20-F é o relatório anual contendo todas as informações financeiras ou gerais da empresa nos Estados Unidos. Esse documento é exigido pela US Securities and Exchange Commission (SEC) para que se tenha o registro, no mercado americano, de ações e outros títulos e valores mobiliários de emissores estrangeiros privados.
4 1) GHG Protocol Corporate Standard O GHG Protocol Corporate Standard (GPCS) é uma metodologia utilizada por empresas para a contabilização e divulgação de inventários de GEE. Esse protocolo foi desenvolvido a partir de uma parceria entre empresas, ONGs e governos, facilitada pelo World Resources Institute (WRI) e pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). As principais características desse protocolo podem ser obtidas em 2) Programa Brasileiro do GHG Protocol O Programa Brasileiro do GHG Protocol (PBGHGP) foi lançado no Brasil em 2008 com o objetivo de criar uma plataforma que facilitasse a realização de inventários por parte de empresas brasileiras. Essa iniciativa conta com o apoio de entidades locais e internacionais, dentre elas o WRI e o WBCSD, dois dos criadores originais do padrão GHG Protocol Corporate Standard. Ambos os protocolos (GPCS e PBGHGP) estão baseados nos mesmos princípios gerais que buscam assegurar a confiabilidade dos inventários de GEE: relevância, integralidade, consistência, transparência e exatidão. Além disso, os programas recomendam a adoção das mesmas etapas para se desenvolver um inventário de emissões corporativo, incluindo o monitoramento dos gases que fazem parte do Protocolo de Quioto. VII. Escopos Os escopos representam grupos de fontes de emissões de GEE. De modo geral, as fontes são agrupadas em três escopos para determinar as emissões diretas e indiretas das organizações. A metodologia da Trucost segue a categorização dos escopos de inventário do padrão GPCS. As diretrizes encontradas no PBGHGP são similares às do padrão GPCS e, portanto, a metodologia da Trucost também é compatível com o PBGHGP. As definições dos escopos usadas na metodologia da Trucost, para fins deste Índice, são as seguintes: 1) Escopo 1 Definido como as emissões de GEE oriundas de fontes diretas da empresa, incluindo apenas os GEE reconhecidos pelo Protocolo de Quioto. A Trucost seguirá as diretrizes apresentadas pelos protocolos (GPCS e PBGHGP) e não considerará as emissões provenientes da combustão de biomassa no escopo 1, desde que a empresa divulgue suas emissões provenientes desta fonte. 4
5 2) Escopo 2 Definido como as emissões de GEE diretamente oriundas do consumo de eletricidade pela empresa. No caso específico de energia comprada para revenda, a Trucost seguirá as recomendações do GPCS, que excluem esse tipo de energia do escopo 2 e a computam no escopo 1. 3) Escopo 3 Definido como todas as emissões indiretas de GEE da empresa que não estão enquadradas nos escopos 1 e 2. No entanto, para fins deste Índice na análise dos inventários de 2009 e 2010, a Trucost considerará, no escopo 3, somente terceirização de logística e viagens aéreas dos funcionários da companhia. VIII. Categorias de empresas As empresas selecionadas são classificadas em quatro categorias de acordo com a disponibilidade e a característica dos seus inventários de emissões. O uso das estimativas de emissão de GEE das empresas selecionadas, calculadas pelo modelo da Trucost para fins deste Índice, ocorre em função da classificação das empresas. 1) Categoria 1 Empresas que disponibilizam seus inventários de emissões verificados por terceira parte de reconhecida capacidade técnica, baseados no GPCS, PBGHGP e/ou na série ISO Para as empresas classificadas nessa categoria, os resultados dos inventários, respeitando os escopos e limites definidos neste relatório, são considerados como o número final representativo das emissões da empresa. 2) Categoria 2 Empresas que disponibilizam seus inventários de emissões sem verificação por terceira parte, baseados no GPCS, PBGHGP e/ou na série ISO-14064, ou em outras metodologias, elaborados por empresa especializada em inventários de emissões. 3) Categoria 3 Empresas que disponibilizam seus inventários de emissões preparados internamente pela mesma, baseados no GPCS, PBGHGP e/ou na série ISO-14064, ou em outras metodologias. As informações prestadas pelas empresas classificadas nas categorias 2 e 3 são usadas pela Trucost no cálculo das estimativas a serem consideradas para fins do Índice. Caso haja diferenças significativas entre os números informados pelas empresas e aqueles estimados pela Trucost, a empresa é contatada pelos analistas da Trucost com o objetivo de entender as discrepâncias antes de incorporar as informações ao modelo da Trucost. O conceito de diferenças significativas é explicado no capítulo 1, subseção 1.2.3, deste relatório. 5
6 4) Categoria 4 Empresas que não tinham inventários de emissões ou não puderam fornecer as informações no cronograma estabelecido para o lançamento da primeira carteira do ICO2. Para as empresas classificadas nessa categoria, são utilizadas as estimativas de emissões calculadas pelo modelo da Trucost, e a interação da companhia com a Trucost ocorre conforme descrito na metodologia a seguir. Destaca-se, no entanto, que, independentemente da categoria de classificação da empresa, a Trucost utiliza as estimativas de emissões calculadas pelo modelo para completar informações quando estão incompletas. Este é o caso, por exemplo, de uma empresa que não fornece informações do escopo 3 dentro dos limites definidos no presente relatório. Da mesma maneira, caso a empresa realize seu inventário considerando o escopo 3 de modo mais abrangente que o definido pelos limites do presente relatório, são considerados, para fins deste Índice, apenas os números de emissões estabelecidos no referido limite. 6
7 7 Capítulo 1. Metodologia Trucost Este capítulo está dividido em duas subseções: subseção 1.1: apresenta uma descrição geral da metodologia da Trucost para a modelagem dos GEE; subseção 1.2: descreve detalhadamente como o modelo estima as emissões e explica como os dados primários e secundários são incorporados no mesmo. Ressalta-se que o modelo da Trucost não é uma ferramenta de inventário, mas uma metodologia que, em um primeiro momento, estima as emissões a partir de ramos de atividade, e, posteriormente, incorpora dados primários e secundários fornecidos pelas empresas para refinar suas estimativas. 1.1 Aspectos gerais da metodologia Trucost para GEE Dado que muitas empresas ainda não divulgam seus impactos ambientais em termos quantitativos, a Trucost desenvolveu uma metodologia própria que toma por base um modelo de input-output para estimar tais impactos. Os modelos input-output, que têm sido objeto de estudos de economistas por mais de 50 anos, estimam a quantidade de recursos (inputs) usados pela empresa para produzir bens e serviços (outputs) e o nível correspondente de poluentes, incluindo GEE, que é o foco deste Índice. O modelo de inputoutput da Trucost inclui o uso e as emissões de uma ampla gama de recursos naturais. De forma geral, o modelo da Trucost é usado para calcular os impactos ambientais de empresas atuantes em diferentes ramos de atividade. Foram selecionados 464 ramos de atividade como sendo os mais relevantes e necessários para analisar um banco de dados composto por mais de empresas listadas em diversas bolsas de valores ao redor do globo, inclusive no Brasil. Os ramos de atividade mapeados possibilitam uma cobertura e capilaridade que são suficientes para classificar todas as empresas elegíveis para o ICO2. Por exemplo, uma empresa do setor de energia elétrica pode ser classificada nos seguintes ramos de atividade: Geração de Energia Hidrelétrica, Geração de Energia a Gás Natural, Distribuição de Energia Elétrica, Transmissão e Controle de Energia Elétrica, dentre outros.
8 Estudos detalhados desses diferentes ramos de atividade, pesquisas governamentais e estatísticas industriais foram utilizados pela Trucost para desenvolver um modelo que possibilita estimar o quanto uma empresa emite de GEE a partir do enquadramento e segmentação da receita bruta da empresa em ramos de atividade (dentre os 464 ramos previstos no modelo da Trucost). Por exemplo, se determinada empresa do setor de energia elétrica divulga que possui receita de US$2.569 milhões advinda do ramo de atividade de Geração de Energia Elétrica Nuclear e de US$2.740 milhões advinda do ramo de atividade Geração de Energia Elétrica Gás Natural, a primeira etapa do modelo da Trucost permite estimar o nível de emissões de CO 2 da empresa no ramo de Geração de Energia Elétrica Nuclear em toneladas e o nível de emissões de CO 2 da empresa no ramo de Geração de Energia Elétrica Gás Natural em toneladas, totalizando uma emissão de toneladas de CO 2. Embora o modelo da Trucost seja usado para estimar as emissões de GEE que resultam de todas as atividades das empresas selecionadas, os dados primários e secundários divulgados pelas empresas são incorporados ao modelo, de forma a tornar mais aderentes ao perfil da empresa as estimativas feitas com base na receita bruta, conforme será explicado mais detalhadamente na subseção 1.2. Conforme comentado no item VII acima, o modelo da Trucost segue as diretrizes do GHG Protocol, incluindo emissões diretas (escopo 1), emissões indiretas relacionadas ao uso de eletricidade (escopo 2) e emissões indiretas (escopo 3). A importância da inclusão das emissões indiretas das empresas selecionadas visa evitar distorções relacionadas às seguintes situações, dentre outras: não diferenciar empresas que terceirizam suas atividades de distribuição de outras que fazem tal atividade internamente; não diferenciar uma empresa prestadora de serviços de transporte e logística menos intensiva em termos de emissão de carbono de outra que seja mais intensiva em termos de emissões; não considerar as emissões relacionadas a viagens de representação para setores em que estas sejam relevantes, tais como o setor de intermediação financeira. 8
9 1.2 Detalhamento da metodologia de GEE A metodologia da Trucost para calcular emissões das empresas subdivide-se em quatro passos, detalhados a seguir Análise financeira e segmentação dos dados Esse primeiro passo da metodologia visa identificar e segmentar em ramos de atividade a receita bruta de cada empresa. A utilização da receita bruta da empresa na estimativa de suas emissões, considerando seus ramos de atividade, permite uma melhor comparação entre as empresas, inclusive em termos de intensidade de emissões (dióxido de carbono [CO 2 ] emitido por milhões de unidades de receita) por ramo de atividade. A empresa analisada é classificada de acordo com um ou mais dos 464 ramos de atividade da Trucost, que são baseados no sistema de classificação NAICS (Sistema Norte-Americano de Classificação Industrial). A Trucost utiliza a classificação do NAICS porque considera que este é o banco de dados que contém as informações setoriais mais atualizadas em nível mundial. A classificação e a descrição de cada ramo de atividade previsto no NAICS podem ser acessadas em A Tabela a seguir demonstra um exemplo da classificação setorial feita pelo NAICS e pela Trucost. Tabela 1: Exemplo de classificação Classificação no Classificação NAICS Classificação Trucost Relatório Anual das empresas Cimento Fabricação de cimento Fabricação de cimento Concreto Fabricação de concreto Fabricação de concreto Produtos de Tubos, tijolos e blocos Tubos, tijolos e blocos concreto Cal 3274 Cal e gesso Cal e gesso 9
10 Aplicação dos fatores de emissões de acordo com o ramo de atividade No segundo passo, são aplicados os fatores de emissão de GEE por receita previamente calculados para cada ramo de atividade da empresa. A Trucost, como informado, calcula fatores de emissões de GEE para cada um dos 464 ramos de atividade. Para tanto, a Trucost analisa inventários nacionais e internacionais como os do Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil, do Ministério de Minas e Energia do Brasil, da Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana, do Inventário de Emissões Atmosféricas do Reino Unido, do Instituto Nacional de Estudos Ambientais do Japão, dentre outros bancos de dados. Na ausência de divulgação de dados primários pela empresa avaliada, a Trucost considera que seu método de cálculo baseado em médias globais de emissões setoriais é apropriado para fins deste Índice, pois é ajustado de acordo com as especificidades brasileiras descritas no capítulo 3 do presente relatório Incorporação de dados primários e secundários O terceiro passo do modelo consiste em pesquisar e incorporar informações de fontes primárias e secundárias que sejam relevantes para a determinação das emissões de GEE das empresas. a) Inventários de emissões de GEE Conforme explicado no tópico VIII, as empresas são classificadas em quatro categorias, de acordo com a disponibilidade e característica dos seus inventários de emissões. O cálculo de emissão de GEE feito pelo modelo da Trucost ocorre em função da classificação das empresas. b) Fontes secundárias A incorporação de dados secundários ao modelo é importante, principalmente, para as empresas classificadas na categoria 4 (tópico VIII). Nesse contexto, os analistas da Trucost conduzem uma busca completa em publicações, tais como Relatório de Informações Anual (IAN), Relatório Ambiental e de Sustentabilidade, Carbon Disclosure Project CDP Brasil, Formulário 20-F, website da empresa, dentre outras. A partir dessa coleta, os dados são incorporados no modelo da Trucost para refinar as estimativas feitas no segundo passo. 10
11 c) Controle de qualidade A Trucost realiza avaliação cuidadosa dos dados primários e secundários para garantir a precisão e a credibilidade destes. Essa avaliação é especialmente importante quando as empresas não realizam inventários de emissões verificados por terceira parte ou que não são elaborados por empresa especializada, ou, mais ainda, quando as empresas não reportam emissões. Para que os dados de emissão divulgados pelas empresas possam ser comparados, é necessária uma padronização para convertê-los em unidades comuns. Por exemplo, algumas empresas podem reportar emissões de CO 2 em toneladas, padronizadas de acordo com a produção, ao passo que outras podem reportar uma quantidade absoluta de emissão. Da mesma forma, certas empresas divulgam dados parciais, como, por exemplo, dados que não sejam segregados em impactos diretos e indiretos. Nesse caso, a Trucost pode inferir as emissões a partir de informações sobre o consumo de combustível, utilizando, por exemplo, uma média de fatores de emissão fornecidos por fontes externas, tais como o Intergovernmental Panel on Climate Change IPCC e US Environmental Protection Agency (EPA), dentre outras. Por fim, são feitas verificações estatísticas para evidenciar dados que sejam significativamente diferentes (segundo a regra de dois desvios-padrão) em relação à média do setor da empresa, ao comportamento observado em grupos de pares ou períodos anteriores. Eventuais erros ou pontos fora do padrão estatístico são revisados detalhadamente pela equipe da Trucost. Nos casos em que os dados da empresa são discrepantes em relação a seus respectivos pares, médias do setor ou períodos anteriores, o analista da Trucost entra em contato com a empresa por telefone para verificação direta dos dados. Uma vez concluído o processo de controle de qualidade, uma Planilha de Verificação de Dados (PVD) é gerada, incluindo as principais informações sobre a empresa: Nome da empresa; Receita bruta; Encerramento do exercício social; Principal ramo de atividade (classificação Trucost); Perfil das emissões de GEE por escopo; Fonte dos dados ambientais (ex. TC = estimativa Trucost; AR = divulgação em Relatório Anual IAN etc.). 11
12 Processo de verificação por parte da empresa No quarto passo, a Trucost realiza verificação final para analisar se o resultado de seus cálculos está alinhado com o perfil de emissão previsto, considerando-se os ramos de atividade da empresa conforme classificação feita pela Trucost e as informações primárias e secundárias fornecidas pelas empresas. Esta verificação é um componente crucial do processo de pesquisa, pois assegura a exatidão e a qualidade dos dados. A Trucost esclarece que essa verificação final não é necessária para as empresas classificadas dentro da categoria 1, a menos que a empresa não forneça informações do escopo 3 dentro dos limites definidos neste relatório. Após a conclusão da verificação final, o perfil de emissões de GEE de cada empresa é gerado e enviado à respectiva companhia para averiguação e comentários. A PVD enviada à empresa estima as emissões diretas relevantes lançadas no meio ambiente, bem como as emissões indiretas de CO 2 equivalentes associadas ao consumo de energia elétrica, viagens de representação etc. A PVD é enviada a todas as empresas selecionadas, inclusive àquelas que não divulgam nenhuma informação, a fim de lhes proporcionar oportunidade para revisar e aditar os dados do período. Dessa maneira, a empresa pode apresentar comentários, sendo que eventuais correções ou fornecimento de novos dados são inseridos no modelo Trucost e submetidos novamente ao controle de qualidade. 12
13 Capítulo 2. Alinhamento da Metodologia Trucost com o GHG Protocol Conforme mencionado, a metodologia da Trucost segue diretrizes de inventário compatíveis com aquelas do padrão GPCS. A seguir, descrevemos alguns aspectos da metodologia da Trucost, evidenciando como esses tópicos são tratados pelo GPCS e pelo PBGHGP. 2.1 Limites organizacionais No caso de empresas que detêm participação ou controle acionário de outras empresas, as estimativas de emissões feitas pelo modelo da Trucost são baseadas nas informações financeiras disponibilizadas pela empresa analisada. Se a empresa controladora apropria em seu balanço a totalidade (100%) da receita gerada pela controlada, a totalidade (100%) das emissões de GEE da controlada é alocada às emissões de GEE da controladora. Caso o percentual apropriado seja menor, a Trucost aloca a parcela de emissões correspondente à receita da controlada que estiver reportada nos relatórios financeiros da empresa analisada. Pelo GHG Protocol, as empresas controladoras podem escolher se reportam suas participações pelo critério de Participação ou Controle, considerando as seguintes definições: Participação: o percentual de participação da companhia em outra define a fração de GEE que será acrescida a suas próprias emissões. Controle: a companhia é responsável pela totalidade (100%) de toda a emissão das companhias sobre as quais exerce o controle financeiro ou operacional, mesmo que o controle não seja caracterizado por participação de 100% no capital da controlada. O PBGHGP, especificamente, exige um inventário baseado, pelo menos, no critério de Participação. A empresa pode optar se deseja, adicionalmente, reportar suas emissões pelo critério de Controle Limites operacionais A metodologia usada pela Trucost classifica as emissões da empresa em diretas (escopo 1) e indiretas (escopos 2 e 3), seguindo a definição comum de escopos contida em ambos os Protocolos, conforme explicado no tópico VII.
14 Outras considerações a) Sequestro de carbono O sequestro de carbono não é considerado nos cálculos de estimativa de emissões do modelo da Trucost, dado que esta apenas considera as emissões de GEE geradas pelas atividades das empresas, independentemente de apresentarem atividades que resultem no sequestro ou compensação de suas emissões. É importante notar que o PBGHGP e o GPCS não apresentam diretrizes claras sobre como o carbono sequestrado deve ser contabilizado, mencionando somente que o método utilizado pela empresa para tratar essa questão deve ser elaborado sob medida para alcançar o propósito de seu inventário e seguindo as metodologias de cálculo definidas no GHG Protocol. b) Limites geográficos O modelo da Trucost inclui as emissões decorrentes das atividades da empresa, produzidas em fontes provenientes de plantas e escritórios localizados no Brasil ou no exterior, que pertencem ou são controladas por ela (ver item 2.1). Da mesma forma, o GHG Protocol considera emissões decorrentes de fontes nacionais ou situadas no exterior, levando em conta a participação acionária se for o caso. c) Atividades terceirizadas Atividades terceirizadas são, regra geral, incluídas no escopo 3, observado o limite estabelecido no item VII. Entretanto, caso essas emissões sejam geradas por empresas controladas ou nas quais a empresa avaliada tenha participação acionária, tais emissões são computadas dentro do escopo 1 (ver item 2.1). Da mesma forma, o GHG Protocol considera as emissões de atividades terceirizadas no escopo 3, salvo nos casos em que são geradas por empresas controladas ou em que há participação acionária, quando são computadas no escopo 1. d) Ano-base Ambos os protocolos definem que o ano-base deve ser escolhido com um propósito específico. No caso da primeira fase deste Índice (carteira do ICO2 de setembro de 2010 a setembro de 2011), o ano-base é 2009.
15 Capítulo 3. Especificidades da Economia Brasileira Embora o Brasil esteja entre os maiores emissores de GEE do mundo, suas emissões de uso de energia são relativamente baixas devido a três fatores: alto uso de energia hidráulica; crescente uso de bicombustíveis (especialmente o etanol e o biodiesel); e altos níveis de uso de biomassa para geração térmica, energia elétrica e redução térmica pelo setor industrial. Esses fatores são considerados e incorporados ao modelo da Trucost com o objetivo de torná-lo mais aderente à realidade brasileira. 3.1 Fator de emissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) para inventários corporativos A Trucost usa o fator de emissão apresentado na Tabela 2, o qual, de acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia 3, é o fator anual para 2009 a ser utilizado nos inventários corporativos brasileiros. Tabela 2: Fator de emissão para inventários corporativos Fator de emissão brasileiro Ano (tco2e/mwh) ,0246 Esse fator de emissão é obtido por meio da média das emissões de geração de energia, incluindo-se o total de emissões geradas pelo despacho de cada usina conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Desse modo, a multiplicação desse valor pelo total de energia transportada no SIN fornece o total de emissões de GEE do sistema. É importante salientar que esse montante de emissões não contempla as emissões dos Sistemas Isolados da região Norte do País, que são aqui desconsiderados porque a grande maioria dos centros produtivos está localizada no SIN (98%). 3.2 Matriz energética brasileira: uso de bicombustíveis e biomassa Fontes de energia renovável têm, historicamente, dado contribuições significativas para a matriz de energia brasileira. Em 2008, por exemplo, a hidroeletricidade e a biomassa foram responsáveis por 46% de toda a energia fornecida no País, e a hidroeletricidade correspondeu a 85% de toda a eletricidade gerada no País naquele ano. Da mesma forma, o setor industrial, maior centro de demanda de energia do País, já se beneficia de uma matriz energética de baixo carbono, sendo que biomassa representa 40% do consumo
16 total deste setor, porcentagem muito acima da média de 8% dos países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 4. Com o objetivo de refletir, em seu modelo, a relevância das fontes renováveis na matriz energética brasileira, a Trucost aplica sobre seus fatores de emissão globais, relacionados ao consumo de energia de cada ramo de atividade, o fator redutor descrito na Tabela 3. Tabela 3: Redução no fator de emissão global da Trucost 16 Ano Multiplica-se o fator de emissão global da Trucost por ,64 5 Explicação Para a obtenção do fator de redução sobre o fator de emissão do modelo da Trucost, considerou-se que a redução de emissões dentro do escopo 1 para todos os setores (menos o siderúrgico) seria resultante das emissões oriundas dos consumos energéticos a partir de fontes primárias de energia, tendo como referência a Resenha do Balanço Energético Nacional Desse modo, o fator de redução de emissão é resultado da exclusão do uso de eletricidade (na matriz energética) e da base resultante considerando a participação relativa do combustível renovável na matriz energética do setor, ou seja: Fator de redução = 1 [ energia renovável / (matriz energética eletricidade)] Uso do carvão vegetal pelo setor siderúrgico Considerando que o carvão vegetal se origina de florestas manejadas sustentavelmente, as emissões de processo no setor de ferro e aço no Brasil são reduzidas significativamente quando comparadas àquelas advindas das emissões resultantes do uso do carvão mineral, coque ou gás natural, combustíveis fósseis mais comumente usados no processo de termorredução _Resenha_Energetica/Resenha_Energetica_2009-PRELIMINAR pdf. 6 Ver Tabela 8 da Resenha do Balanço Energético Nacional 2009.
17 ao redor do globo 7. Com o objetivo de refletir, em seu modelo, a relevância do uso de carvão vegetal por plantas do setor siderúrgico situadas no Brasil, a Trucost aplica, sobre seus fatores de emissão globais relacionados aos ramos de atividade do setor siderúrgico, o fator redutor descrito na Tabela 4. Tabela 4: Redução no fator de emissão global da Trucost 17 Ano Multiplica-se o fator global da Trucost por ,77 8 Explicação Para a obtenção do fator de redução sobre o fator de emissão do modelo da Trucost, considerou-se que a redução de emissões do setor siderúrgico específico seria resultante das emissões oriundas dos consumos energéticos a partir de fontes primárias de energia, tendo como referência a Resenha do Balanço Energético Nacional Desse modo, aplica-se a seguinte fórmula: Fator de redução = 1 [energia renovável do setor / (matriz energética do setor eletricidade do setor)] 9. A Tabela 5, a seguir, apresenta resumidamente em quais setores e escopos são aplicados os fatores e redutores descritos nas tabelas anteriores _Resenha_Energetica/Resenha_Energetica_2009-PRELIMINAR pdf. 9 Ver Tabela 17 da Resenha do Balanço Energético Nacional 2009.
18 Tabela 5: Redução no fator de emissão global da Trucost por setor e escopo 18 Setor Alimentos Bebidas Comércio Construção e Engenharia Energia Elétrica Holdings Diversificadas Intermediários Financeiros Madeira e Papel Material de Transporte Mídia Mineração Escopo Fator de emissão Matriz do SIN energética Carvão vegetal
19 19 Petróleo, Gás e Bicombustíveis Produtos de Uso Pessoal e de Limpeza Serviços Financeiros Diversos Siderurgia e Metalurgia Telefonia Fixa Telefonia Móvel Transporte Químico Fumo 1 - X X 3 X X X
20 20 Sobre a Trucost A Trucost possui considerável expertise na área de pesquisa ambiental e fornecimento de dados a instituições financeiras, dispondo do mais abrangente banco de dados do mundo sobre impactos ambientais, com cobertura da maioria dos principais índices internacionais. Fornece dados e análise referentes às emissões de empresas, em termos quantitativos e financeiros, sendo esse conjunto de dados utilizado por investidores para classificar empresas, integrar risco e desempenho ambiental no processo de seleção de títulos e ações, bem como para criar índices e produtos líderes no segmento ambiental e/ou de carbono. Esses dados são igualmente utilizados para auditoria do impacto ambiental de fundos e, portanto, para evidenciar quais fundos levam em conta o meio ambiente. A Trucost é marca líder no mundo com expertise firmemente estabelecida A lista de clientes da Trucost inclui ampla gama de instituições financeiras, em âmbito mundial. Dentre elas, podemos citar S&P, IFC, Mercer, Hermes, CaLPERS, GLG, Deutsche Bank, UBS, Merrill Lynch, BNP Cortal Consors, Commerzbank, AP2 Pension Fund, PGGM, Rabobank, Victoria Supperannuation, Henderson Global Investors, Credit Agricole, Fortis Fund Management Limited e a Agência Ambiental do Governo do Reino Unido (A Tabela 7 exemplifica a relação de fundos e índices embasados no modelo da Trucost). A Trucost foi também responsável pela redação das Diretrizes do Governo do Reino Unido sobre divulgação de informações empresariais em matéria ambiental. Tabela 7: Fundos e índices embasados no modelo Trucost S&P S&P UBS Euronext Deutsche Bank GLG Partners Virgin Money Merrill Lynch S&P IFC Emerging Markets Index S&P U.S. Carbon Efficient Index European Carbon Optimised Index Low Carbon 100 BNP que inclui um ETF CROCI Carbon 100 & Carbon Alpha (um fundo long/short) Environment Fund Climate Change Leaders Carbon Leaders Europe Index Para mais informações, visite o site:
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