COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Transcrição

1 COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR RELATÓRIO O, de autoria da senhora Deputada Aparecida Denadai, objetiva dispor sobre os serviços comerciais de tosa e banho em animais domésticos de pequeno porte e, para tanto, dá outras providências correlatas. O referido projeto de lei foi protocolizado no dia 05 de novembro de 2012, lido no expediente da Sessão Ordinária do dia 06 do mesmo mês e ano e publicado no Diário do Poder Legislativo - DPL do dia 20 de novembro de 2012, às páginas 17 e 18 (fls. 06 e 07 dos autos). Após, o projeto foi para a Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação para análise de sua constitucionalidade, legalidade, juridicidade e técnica legislativa e, desta forma, em 18 de dezembro de 2012, foi exarado o Parecer nº 568/2012 (fls. 26 a 32 dos autos), cuja conclusão foi pela constitucionalidade, legalidade, juridicidade e boa técnica legislativa do projeto de lei. Em oportunidade, cabe ainda o registro de que, em obediência ao disposto no art. 178 do Regimento Interno (Resolução nº 2.700/2009), foi determinado o apensamento do Projeto de Lei nº 417/2012, de autoria da senhora Deputada Luzia Toledo, ao presente projeto de lei, tendo em conta a identidade da matéria versada em ambas as proposições. Seguidamente, a proposição foi dirigida para a Comissão de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos, na forma do art. 52 da Resolução nº 2.700/2009, tendo esta Comissão emitido, em 02 de abril de 2013, o seguinte parecer: (...) pela APROVAÇÃO do, de autoria da Excelentíssima Senhora Deputada Estadual Aparecida Denadai, bem como do Projeto de Lei nº 417/2012, de autoria da Excelentíssima Senhora Deputada Estadual Luzia Toledo, exceto quanto ao art. 2º desta última proposição, tendo em conta a incompatibilidade do dispositivo com a proposição original (Parecer nº 22/2013 fls. 41 a 44 dos autos). Em continuidade, o foi encaminhado para a presente Comissão de Defesa do Consumidor para fins de verificação de seu mérito segundo o seu campo temático de análise previsto e determinado pelo dispositivo endereçado nos incisos do artigo 44 da Resolução nº 2.700/2009. Este é o Relatório. 1

2 PARECER DO RELATOR Denota-se do, de autoria da senhora Deputada Aparecida Denadai, que o seu objetivo é dispor que: os serviços de tosa e banho em animais domésticos de pequeno porte ocorrida em estabelecimentos comerciais são regulados pela presente lei. Para tanto, a proposição considera como animais domésticos de pequeno porte os cães e os gatos e a tosa, da mesma forma que regula que o banho realizado nesses animais somente poderá ser realizado em local que possibilite aos clientes e visitantes do estabelecimento a visão do referido serviço. Indo além, a proposição igualmente determina que, no prazo máximo de dois anos, todos os estabelecimentos comerciais, que prestem os serviços de tosa e banho em cães e gatos domésticos, deverão instalar sistema de câmeras que filme o serviço prestado e permita, através da internet, o acompanhamento do serviço por parte do cliente, sendo que tal filmagem deve ser armazenada e guardada por seis meses após a sua realização. Por fim, prevê ainda a aplicação de multa para o estabelecimento que não cumprir as normas estabelecidas por esta pretensa lei, cujo valor é de 3000 (três mil) Valores de Referência do Tesouro Estadual VRTEs e em dobro para os casos de reincidências. Notadamente, o escopo do Projeto é de grande relevância para o interesse público, daí o seu elevado grau de importância. Com esse mister, a Justificativa argumenta adequadamente que: recentemente foi notícia nacional, um vídeo que mostra cães sendo espancados em um pet shop no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio, que revoltou todos os brasileiros. Com isso, ainda argumenta, conclusivamente, a Parlamentar Autora da presente proposição legislativa: Sites de jornais classificaram como tortura os atos do filho da dona do pet shop, identificado como Daniel, de 20 anos. Era ele quem dava o banho nos animais. Em uma das cenas, ele dá socos e bate a cabeça de um animal contra a parede. Os sites dos jornais afirmam que as agressões seriam ainda mais graves porque os animais apanhavam durante o banho, quando não teriam como fugir. As imagens foram feitas há cinco meses, por um ex-funcionário. A proposta visa garantir uma maior segurança para os donos dos animais, através da obrigatoriedade de se garantir ao cliente e aos visitantes do estabelecimento prestador desse serviço, a visão do atendimento. Da mesma forma, fica estabelecido que em num prazo de dois anos seja instalado câmeras que filme o serviço, permitindo o acompanhando do 2

3 serviço pelo cliente em casa ou do seu local de trabalho. Essa medida visa não apenas a segurança dos animais, mas do próprio estabelecimento, que dessa forma ganha em credibilidade. O Poder Público possui a missão de intervir no processo de aquisição e fornecimento de serviços que envolvam animais indefesos e que são maltratados por serviços de pet shop, considerando ainda que tais agressões se revelam como fonte de revolta e indignação dos proprietários destes animais. A condição emocional envolvida nesta específica relação de consumo implica em especificidade que a identifica como merecedora de proteção estatal e pretensa legislação visa exatamente concretizar esta medida protetiva, por meio de aplicação de multa pelo seu descumprimento. Em verdade, cabe gizar que o objetivo é atendimento as necessidades de segurança dos consumidores no que tange a proteção de seus animais de estimações, sendo que nesse contexto é finalidade do Estado a salvaguarda dos interesses da hipossuficientes na relação consumista. Por sua vez, nesse processo, a capacidade de possuir as imagens do serviço de tosa e banho garante a transparência do próprio serviço e protege igualmente o prestador do serviço em relação às denúncias inverídicas. O retrato social ora delineado define que o mister desta atividade estatal, proposta pela proposição em avaliação, norteia-se por axiomas inafastáveis das políticas públicas voltadas para a relação de consumo, principalmente no que tange: (i) (ii) (iii) (iv) ao reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; a harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, sempre com base na boa-fé e no justo equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; a oferta de educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; e a coibição e repressão dos abusos praticados em todo o mercado de consumo capixaba. Nesse contexto balizador, resta registrado o elevado grau de importância meritória do, de autoria da senhora Deputada Aparecida Denadai, pois o mesmo registra a adoção de regulação apta e adequada para instituir um contributo importante nas ações estatais de proteção ao consumidor capixaba que 3

4 possui animais domésticos de estimação, haja vista a sua natura hipossuficiência na relação consumista. Nesse diapasão, denota-se que o, além de encontrarem amparo no interesse público, as medidas relacionam-se com aptidão à área temática desta Comissão, por força do que preconizam os dispositivos endereçados nos incisos II, III e IV, do artigo 44, do Regimento Interno desta Assembleia Legislativa. Ad litteram: Art. 44. À Comissão de Defesa do Consumidor compete opinar sobre: I -... II - produção, qualidade, custo, presteza e segurança dos serviços públicos e privados prestados à população; III - medidas legislativas de defesa do consumidor; IV - política estadual de defesa do consumidor; Em tempo, é devido comentar a respeito do Projeto de Lei nº 417/2012, cuja autora é a senhora Deputada Luzia Toledo, haja vista que tal proposição encontra-se anexada a presente e possui objeto normativo semelhante com o objeto normativo do Projeto de Lei nº 407/2012. Em verdade, aquele está contido neste último, com a observância de possuir implicações antinômicas entre dispositivos que integram os seus textos. Em outros termos, o disposto no art. 2º do Projeto de Lei nº 417/2012 esta em conflito com o disposto no art. 3º do, pois ao passo que o primeiro assinala o prazo de 120 (cento e vinte) dias para que os estabelecimentos abrangidos pela norma adequem suas instalações à nova legislação, este fixa o prazo de 2 (dois) anos com a mesma finalidade. Assim, resta concluir pela rejeição da proposição apensada, seja por já estar contida a sua mens legis no projeto mais antigo, seja pelo antagonismo regulatório ora aludida e identificada. Em conclusão final e considerando toda a análise de mérito acima disposta, identificamos no, de autoria da senhora Deputada Aparecida Denadai, como portador de relevante interesse público sob o âmbito de análise desta Comissão, por motivos opostos, opinamos pela rejeição do Projeto de Lei nº 417/2012, de autoria da senhora Deputada Luzia Toledo. Ex Positis, sugerimos aos Ilustres Pares a adoção do seguinte: 4

5 PARECER nº /2013 A COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR é pela APROVAÇÃO do, de autoria da senhora Deputada Aparecida Denadai, e pela REJEIÇÃO do Projeto de Lei nº 417/2012, de autoria da senhora Deputada Luzia Toledo. Sala das Comissões, em de de PRESIDENTE RELATOR MEMBRO MEMBRO 5