Proposta de Preços Mínimos Safra 2013/2014

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1 Proposta de Preços Mínimos Safra 2013/2014 (Produtos de inverno, regionais e leite)

2 PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS - SAFRA 2013/14 Produtos de Inverno, Regionais e Leite SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DA OFERTA - SUGOF Janeiro de 2013

3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 5 ALHO PANORAMA INTERNACIONAL PANORAMA MERCOSUL PANORAMA NACIONAL PREÇOS CONSUMO DOMÉSTICO E IMPORTAÇÕES PROPOSTA DE PREÇO-MÍNIMO ANÁLISE PROSPECTIVA E RESULTADOS ESPERADOS CANOLA APRESENTAÇÃO PANORAMA INTERNACIONAL Mercado Mundial PREÇOS INTERNACIONAIS PANORAMA NACIONAL Produção Suprimento de Óleo PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO CASTANHA DE CAJU PANORAMA INTERNACIONAL Importações Exportações PANORAMA NACIONAL Área, Produção e Produtividade Mercado de Oferta e Demanda PERSPECTIVAS E DESAFIOS ATUAÇÕES GOVERNAMENTAIS Programas de Apoio a Agricultura Familiar Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar - PGPAF Intervenções Governamentais Financiamentos PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO RESULTADOS ESPERADOS CASULO DE SEDA INTRODUÇÃO MERCADO INTERNACIONAL MERCADO NACIONAL PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO GIRASSOL APRESENTAÇÃO MERCADO

4 2.1. PANORAMA INTERNACIONAL PREÇOS INTERNACIONAIS MERCOSUL PANORAMA NACIONAL Safra 2011/ IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO QUADRO DE SUPRIMENTO PROPOSTAS DE PREÇO MÍNIMO GUARANÁ INTRODUÇÃO PANORAMA NACIONAL Estimativa de Área, Produção e Produtividade PREÇOS DE COMERCIALIZAÇÃO E PREÇO MÍNIMO Preços de Comercialização Expansão de demanda pelo guaraná Perspectivas Atuação Governamental PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO Preço Mínimo em Vigor LEITE INTRODUÇÃO MERCADO INTERNACIONAL Principais países produtores Mercosul Preços internacionais: pagos ao produtor e commodities MERCADO NACIONAL Produção: quadro de oferta e demanda Preços pagos ao produtor e quantidades adquiridas pelos laticínios Custos de produção Preços dos derivados lácteos FINANCIAMENTOS DO GOVERNO FEDERAL PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO DO LEITE PARA A SAFRA 2013/14 (VALORES DE REFERÊNCIA PARA OS FIANCIAMENTOS DO GOVERNO FEDERAL - FEPM E FGPP) MAMONA INTRODUÇÃO MERCADO INTERNACIONAL MERCADO NACIONAL PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO SISAL INTRODUÇÃO Usos tradicionais A importância socioeconômica do produto Novos usos Novo arranjo produtivo local A gestão corporativa da cadeia PANORAMA INTERNACIONAL Produção mundial Exportações brasileiras em

5 3. PANORAMA NACIONAL Produção Preços no Mercado Interno Atuação Governamental PEP Venda dos estoques governamentais Quadro de suprimento PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO Preço Mínimo Proposto - Contextualização Parâmetros Reflexos TRIGO,AVEIA, CEVADA E TRITICALE PLANO SAFRA ESPECIAL PARA O TRIGO TRIGO Mercado Internacional Situação no Mercosul Preços Externos Situação no Brasil Preços Internos Preços Mínimos de 2009/10 a 2012/ Padrão Oficial de Classificação Intervenção Governamental Preços Mínimos propostos AVEIA CEVADA TRITICALE CUSTOS DE PRODUÇÃO PREÇOS DE MERCADO PREÇOS MÍNIMOS PROPOSTOS PARA AVEIA, CEVADA E TRITICALE

6 APRESENTAÇÃO O ano de 2012 foi marcado pelo recrudescimento da crise mundial, com os principais mercados consumidores apresentando dificuldades macroeconômicas severas. Segundo o Eurostar (European Statistics), órgão oficial de estatística da União Europeia, a estimativa é de que o PIB decresceu em 0,4%, com o crescimento para 2013 irrelevante (0,1%). Há de se destacar a situação da Grécia com PIB negativo de 6% em 2012 e 4,2% em 2013, Portugal com -3,0% e -1,0, Itália com -2,3% e -0,5% e Espanha com -1,4 e -1,4, respectivamente. Para 2014 a previsão indica crescimento de 1,6% na Europa; 1,2% na França; 0,8% na Espanha, Portugal e Itália; e, 0,6% na Grécia, portanto, todos muito modestos. Em se tratando do emprego, 2012 chegou com 11,8% da população daquela região desempregada. A Espanha, por sua vez, amargou uma taxa de 26,6% de sua população economicamente ativa sem emprego, Grécia 26%, Portugal 16,3%, Itália 11,1% e a França, 10,5%. Nos Estados Unidos, segundo previsões do FED, o crescimento ficará na casa dos 2,5% em 2012 e Já para o ano seguinte, 4,5%. Quanto ao desemprego, as estimativas indicam que este passará de 7,9% em 2012, para 7,4% em 2013 e, posteriormente, para 7,0%. No Brasil, a despeito da estimativa de crescimento do PIB e da inflação para 2012, a perspectiva é de possível estagflação (o PIB crescendo à taxa de 1% ao ano e a inflação em 5,53%, segundo dados do BCB de dezembro de 2012). O desemprego continua reduzindo mês a mês e o rendimento dos assalariados em elevação (de setembro de 2011 a outubro de 2012 cresceu 7,8%). Esse fato indica que o consumo interno, especialmente dos produtos da agropecuária, continua com a demanda em evolução. Outra questão de fundamental importância para a formulação das políticas de produção e de abastecimento diz respeito à questão climática, que vem provocando grandes modificações nos cenários dos produtos agrícolas. A seca no sul do Brasil e nas regiões de produção de milho e soja dos Estados Unidos modificou, consideravelmente, a configuração das safras brasileiras, provocando redução da produção de trigo no Sul e aumento da de milho no Centro-Oeste, a ponto da 2ª safra tornar-se maior que a safra de verão. Dentro desta nova situação foram elaboradas as propostas de preços mínimos para a safra 2013/14, dos produtos de inverno, regionais e leite, para que sejam operados a partir de julho de Sílvio Isopo Porto Diretoria de Política Agrícola e Informações Dipai Diretor 5

7 ALHO Wellington Silva Teixeira 1. PANORAMA INTERNACIONAL A produção mundial de alho, na safra 2010, segundo dados da FAO, atingiu 17,6 milhões de toneladas em uma área cultivada de 1,2 milhões de ha. A Tabela 1 mostra a evolução da produção de alho ordenada pelos principais países onde o produto é cultivado. Observa-se que a produção mundial que vinha aumentando, gradativamente, até 2008, apresentou redução nos últimos dois anos. De um modo geral, a redução da produção ocorreu, em boa parte, nos maiores produtores mundiais, com grande destaque para a China que lidera o ranking com 77% de participação. Ajustes na área plantada do produto explicam a redução da produção China Indía Coreia do Sul Rússia Etiópia EUA Egito Bangladesh Espanha Argentina Brasil Mundo Fonte : FAO Tabela 1 - Evolução da produção mundial de alho - (Ton) Atualmente a Índia e a Coréia do Sul vêm em seguida, com uma participação de 4,72% e 1,53%, respectivamente. Nota-se na Tabela que a participação do Brasil em termos mundiais é pequena 0,59% em A Argentina, segundo país que mais exporta para o Brasil, teve ligeira queda na sua produção em 2008 e 2009, porém apresentou recuperação em Na Tabela 2, pode-se verificar os principais players do comércio internacional, com destaque mais uma vez para a China que exporta o tempero a preços muito competitivos. A Argentina, embora tenha uma participação muito pequena na produção mundial, destaca-se como o segundo maior exportador mundial do produto, tendo o Brasil como seu principal mercado. O Brasil historicamente é um importador líquido do produto, tendo exportado nos últimos anos quantidades que não representam 0,5% das exportações mundiais. 6

8 China Argentina Espanha Holanda Malásia França México Itália Brasil ,1 Mundo Fonte: FAO Tabela 2 - Evolução da exportação dos principais países - (Ton) A China se apresenta como o maior produtor, exportador e consumidor mundial de alho, pois mesmo com o grande volume que aquele país exporta, cerca de 90,0% da sua produção fica para consumo no mercado doméstico. A soma das exportações dos oito países que seguem a China na Tabela 2, em termos percentuais, não chegam a representar 16,25% do que é exportado pelos chineses, o que demonstra sua soberania no mercado mundial do produto. Em relação às importações, o quadro é mais equilibrado. Nota-se na Tabela 3 que o principal mercado importador é a Indonésia, responsável em 2010 por 21,79% das aquisições no comércio mundial. O Brasil com 9,23% de participação é o segundo maior importador do mundo, seguido pelo Vietnã com 7,39% Indonésia Brasil Vietnã Bangladesh Malásia EUA Filipinas Rússia Mundo Fonte: FAO Tabela 3 - Evolução da importação dos principais países - (Ton) O mercado importador é pulverizado, e não se nota nenhum poder monopsônio. Destacase a Indonésia, Brasil, Vietnã e Bangladesh, como os maiores importadores mundiais, porém, nenhum país chega a ter 10% de participação. 2. PANORAMA MERCOSUL No Mercosul os principais produtores são a Argentina e o Brasil. Países vizinhos como o Peru, Chile e Venezuela também aparecem com boa representatividade na produção, quando se fala da América do Sul. Conforme citado anteriormente, boa parte da produção argentina tem como destino o mercado externo. Já os demais países priorizam o mercado interno. 7

9 3. PANORAMA NACIONAL O alho no Brasil é cultivado, principalmente, nos Estados que compõem as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O Rio Grande do Sul é o estado que tem a maior área plantada com alho, seguido por Goiás e Santa Catarina. Tradicionalmente, conforme pode ser observado na Tabela 4, o Rio Grande do Sul se destaca com os maiores plantios de alho, no entanto em termos de produção ocupa lugar inferior devido a sua baixa produtividade em relação aos outros estados. Tabela 4 - Evolução da Área Plantada de Alho no Brasil (ha) UF Brasil BA MG ES SP PR SC RS GO DF Fonte: IBGE - Nov 2012 A área cultivada com alho no Brasil em 2012 teve recuo de 20,45%, em relação à safra anterior, ao registrar 10,2mil ha. A concorrência com outras culturas mais rentáveis e com os produtos importados explicam essa queda. No que tange à produção, conforme Tabela 5, houve recuo de 23,28% em relação ao último ciclo, o que é uma consequência da redução da área. Tabela 5 - Evolução da Produção de Alho no Brasil, por Unidade da Federação (ton) UF Brasil BA MG ES SP PR SC RS GO DF Fonte: IBGE Nov 2012 O Estado de Goiás se configura como o maior produtor nacional, seguido de perto por Santa Catarina e Minas Gerais. As três unidades da Federação são responsáveis por 66,7% do total produzido no país. 8

10 R$/kg Na Tabela 6 estão listados o calendário do alho no Brasil e os períodos de Tabela 6 - Calenário de Plantio e Colheita Calendário do Alho Região Período jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Sudeste e Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste e Centro-Oeste Nordeste Sul comercialização. Plantio Colheita Comercialização (%) Sudeste e Centro-Oeste 5% 0% 0% 0% 0% 0% 5% 15% 20% 25% 20% 10% Nordeste 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 20% 25% 25% 20% 10% Sul 15% 25% 20% 20% 10% 5% 0% 0% 0% 0% 0% 5% O alho, nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste é plantado de março a maio, com a colheita sendo feita entre julho e outubro. A Região Sul planta em fins de maio a julho, com a colheita em novembro e dezembro. O percentual médio comercializado é objeto da última parte da tabela, onde se nota que o pico da comercialização das três primeiras Regiões se processa entre setembro e novembro, enquanto que o da Região Sul, entre fevereiro e abril. 4. PREÇOS O Gráfico I traz os preços recebidos pelos produtores em importantes praças de produção e comercialização, quais sejam, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Com a forte queda da produção de Minas Gerais houve uma recuperação nas cotações. No Rio Grande do Sul, mesmo com a queda da produção, os preços estão em níveis baixos, o que pode ser explicado pela proximidade com a Argentina e com a pressão exercida pela entrada do produto oriundo daquele país no Brasil. Gráfico I - ALHO - Preços Reais Recebidos pelo Produtor - Rio Grande do Sul e Minas Gerais 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 Minas Gerais mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 Rio Grande do Sul dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 Fonte Conab dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 out/12 Cabe ressaltar que, mesmo com a forte concorrência com as importações, os valores praticados foram bastante remuneradores ao comparar com o preço mínimo praticado na última safra de R$ 2,62/kg. Os preços no varejo e na Ceagesp exibem tendência de alta nos últimos meses, embora ainda estejam em patamares elevados. Seu maior preço foi em junho de 2011 com R$ 17,66/kg. 9

11 R$/kg Gráfico II - Evolução dos Preços do Alho na Ceagesp e no Varejo em São Paulo 20,00 18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 Varejo jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 Média Ceagesp jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 Fonte: Dieese e Ceagesp nov/10 dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 O principal responsável pelo aumento dos preços, porém, não está no mercado interno, mas no comportamento econômico do maior produtor mundial, a China. Vários fatores geraram o aumento do alho chinês. Primeiro a queda da oferta mundial a redução nas importações decorrente da crise de 2008 levou a uma redução da área plantada em 2009 na China, reduzindo a oferta internacional. Aliados a este fato tem-se as políticas dadas pelo governo chinês para enfrentar a queda da demanda mundial, o aumento da demanda doméstica decorrente da gripe H1N1 e inundações, que são razões para o crescimento do preço do alho, tanto no mercado internacional como no doméstico. out/12 5. CONSUMO DOMÉSTICO E IMPORTAÇÕES O Brasil importou de janeiro a outubro 2012 o total de 122,5 mil toneladas, sendo que deste total, 57% foram provenientes da China, enquanto que 43% vieram da Argentina. Houve recuo de 10% em relação ao ano passado. Nos últimos sete anos as importações de alho tiveram aumento de 59,3%. O produto importado, tradicionalmente supre em torno de 70% o consumo doméstico. Em 2011 foram gastos com as importações 249,4 milhões (US$ FOB). Isso representa mais de quatro navios por ano e mais de 30 mil empregos gerados na China. 6. PROPOSTA DE PREÇO-MÍNIMO Os custos de produção levantados pela Conab caracterizam duas importantes regiões produtoras de alho no Brasil: uma é a região de São Gotardo, em Minas Gerais, caracterizada pela irrigação e pelo alto nível de produtividade, a outra é Flores da Cunha RS com uma realidade bem diferente, uma vez que não é uma cultura irrigada e tem como maior peso no custo de produção a mão-de-obra. O alho vernalizado, cultivado sob pivô central, nas regiões Centro-oeste e Sudeste, utiliza alta tecnologia de produção como: variedade, tamanho, origem e qualidade do alho-semente, câmara fria, época de plantio e manejo de irrigação. Nestes Estados a média de produtividade é de mais de kg por hectare. Já nas regiões Sul, Nordeste e Norte, os produtores não estão conseguindo aumentar a produtividade, por isso têm diminuído suas áreas de plantio no decorrer dos anos, já que estão perdendo competitividade. Estes produtores, em sua maioria, são pequenos e micros, que muitas vezes enfrentam problemas com o clima adverso. 10

12 O custo variável de produção, levantado pela Conab, em novembro de 2012, em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, foi de R$ 2,98 e R$ 3,72 por quilograma, respectivamente. Ambos tiveram aumento em relação a 2011 em 13,74% e 2,20%, respectivamente. O alho advindo da China foi comercializado na CEAGESP, em São Paulo, ao valor médio de R$ 5,83/kg, enquanto que o argentino foi vendido à R$7,27. Já o produto nacional teve preço médio de R$7,69/kg. Nota-se que o alho chinês é o mais competitivo, mesmo tendo uma tarifa antidumping. O produto nacional ainda consegue bons preços devido ao déficit entre a produção e o consumo no país, o que tem deixado o Brasil dependente das importações para suprir o mercado doméstico. Desta feita e como forma de incentivar o aumento da produção e a diminuição do déficit da produção nacional, propõe-se que o preço mínimo do alho seja fixado, pelo menos, no mesmo valor do custo de produção para as Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste que é de R$ 2,98/kg. Já para a Região Sul, com o objetivo de incentivar o cultivo em uma região onde a cultura é altamente empregadora de mão-de-obra, propõe-se um preço diferenciado das demais regiões, que neste primeiro momento ficará aquém do custo variável da região, no entanto, contabilizará alta de 26,5%, ao atingir R$3,10/kg. Ressalta-se que o preço mínimo é um instrumento criado para garantir ao agricultor a remuneração mínima do custo de produção, sendo também um balizador de preços de mercado, atuando, ainda, no financiamento da comercialização. Na Tabela 7 abaixo, tem-se os parâmetros para a elaboração da proposta de preço mínimo. 7. ANÁLISE PROSPECTIVA E RESULTADOS ESPERADOS O que se espera com a proposta é dar incentivo ao produtor, cobrindo o seu custo variável médio de produção. O cenário provável é de que o preço recebido pelos produtores seja bem acima dos seus custos em Há uma tendência de aumento da ingestão de comida mais condimentada, não só em termos nacionais, como mundiais, em função do aumento do deslocamento da população rural para meios urbanos e do crescimento do consumo de refeições fora de casa. Deve-se acrescentar que o alho é um produto intensivo em mão-de-obra, empregando cinco trabalhadores por hectare. Neste sentido, o seu cultivo ajuda na manutenção dos trabalhadores na área rural. Assim, tudo indica que esta cultura deve ser incentivada. A proteção na fronteira, com a renovação e aumento da tarifa antidumping e estímulos via preços, de um modo geral, poderiam provocar uma resposta imediata no setor produtivo. 11

13 CANOLA Manuel Araújo Carvalho 1. APRESENTAÇÃO Por muito tempo a colza esteve associada ao consumo animal vez que era imprópria ao consumo humano devido a sua toxidade com alto teor de ácido erúcico e glucosinolato. O melhoramento genético ocorrido acarretou redução do teor dos referidos ácidos e das gorduras saturadas, originando um grande mercado de novos consumidores. Esta variedade genética de colza passou a se chamar Canola (canadian oil low acid), como forma de incentivar o consumo. O Canadá foi o país que desenvolveu a Canola Council of. Canadá, (1999). A diferença entre a canola e a colza está em dois fatores: o óleo apresenta menos de 2,0% de ácido erúcico e o farelo tem menor teor de glucosinolatos. O baixo teor de ácido erúcico é necessário para que o produto seja destinado ao consumo humano, sem risco de intoxicação, enquanto que o teor de glucosinolato afeta o paladar da proteína e os animais tendem a rejeitá-la, caso seu nível seja elevado. A Canola é a terceira oleaginosa mais produzida em todo o mundo, respondendo por 16,0% da produção de óleos vegetais, logo atrás da soja (27,4%) e da palma (32,8%). O óleo de canola é também o terceiro mais consumido. Os principais produtores são: União Europeia (EU- 27), China, Canadá e Índia, onde a oleaginosa é cultivada em altas latitudes. O óleo extraído da canola é de excelente qualidade e um dos mais saudáveis, já que possui elevada quantidade de Omega-3 (reduz triglicérides e controla arteriosclerose), vitamina E (antioxidante que reduzem radicais livres), gorduras monoinsaturados (reduz LDL) e o menor teor de gordura saturada (controle do colesterol) de todos os óleos vegetais. Médicos e nutricionistas o indicam como o de melhor composição de ácidos graxos, substância que não é produzida pelo organismo, mas essencial à vida. 2. PANORAMA INTERNACIONAL 2.1- Mercado Mundial Os números do complexo canola (grão, farelo e óleo), na safra 2011/12, segundo o USDA Set. /12 apontam a produção mundial do grão em 60,9 milhões de toneladas; o farelo de 36,0 milhões de toneladas e a produção de óleo de 24,0 milhões de toneladas. O consumo mundial de grão de canola foi de 63,3 milhões de toneladas, o farelo 35,4 milhões de toneladas, e o óleo, 23,6 milhões de toneladas. A EU-27 se destacou com uma produção de 19,1 milhões de toneladas de grãos, importando 3,5 milhões de toneladas para suprir o mercado interno que consumiu 22,5 milhões de toneladas, seguida pela China, Canadá e Índia, (Gráf. 1). A produção de grãos canola vem se mantendo, em média, nos últimos três anos, entre 60,0 e 61,0 milhões de toneladas. Para a safra 2012/13 espera-se uma produção de 61,3 milhões de toneladas de grãos com aumento de 0,6%, em relação à safra 2011/2012. Estes aumentos devem ocorrer, principalmente, no Canadá e Índia, assim distribuídos, respectivamente: 6,3% e 3,1%. (Tabela 1). 12

14 Tabela 1 Canola Grão Suprimento Mundial Em milhões de toneladas Ano/Safra Área Estoque Inicial Prod. Imp. Total do suprimento Exp. Consumo P/Ração Consumo Doméstico Estoque Final 2010/11 33,91 8,81 60,55 10,46 79,82 10,85 0,54 61,95 7, /12 34,13 7,01 61,63 12,91 81,55 12,96 0,56 63,51 5, /13 34,69 5,08 59,28 11,01 75,37 10,96 0,58 61,60 2,81 Fonte: USDA - Dez./2012 Segundo o USDA-Dez./2012 o consumo mundial de grãos de canola para a safra 2012/13 deverá diminuir em torno de 3,0%, se comparado com a safra 2011/12, que teve um consumo de 63,5 milhões de toneladas. A União Europeia (EU-27) é o principal produtor, esmagador e consumidor de grãos e óleo de canola do mundo, com uma participação na produção mundial em cerca de 19,1 milhões de toneladas de grãos produzidos na safra 2011/12. Segundo o USDA-Dez./12, a previsão de produção para a próxima safra 2012/13 será de 18,8 milhões de toneladas, queda de 1,5%, se comparada com a safra passada. Apesar da queda de produção, a União Europeia também é o principal fornecedor de óleo e farelo para o mercado internacional, já que detém um ótimo complexo logístico para escoamento desta produção, conseguindo preços competitivos no mercado do complexo. Em vista da situação climática não muito favorável no momento do plantio, a União Europeia-27 deverá produzir na safra 2012/13 cerca de 18,8 milhões de toneladas de grãos, e em função das condições climáticas haverá uma perda de produtividade, podendo alcançar a 2.900kg/ha, sendo que em outras épocas este rendimento já ultrapassou os 3.000kg/ha. A China e o Canadá são grandes produtores, no entanto, a China, consome o que produz e ainda importa, tanto grãos como óleo, para suprir o mercado interno. O Canadá é um grande produtor de grão de canola, com uma previsão de exportação em torno de 8,7 milhões de toneladas de sua produção, com um consumo em torno de 7,5 milhões toneladas. A utilização do produto e do subproduto da canola deverá permanecer como fonte de proteínas; isto se deve às características especiais do grão, com diversas aplicações na formulação de produtos alimentícios como uma fonte importante de proteínas. Quanto ao consumo do óleo como biodiesel, este sim deve diminuir abrindo espaço para outros tipos de óleos menos nobre para o referido fim. O farelo possui de 34 a 38% de proteínas, sendo um excelente suplemento protéico na formulação de rações para bovinos, suínos ovinos e aves. 13

15 Em Toneladas Gráfico 1 Canola Grão Produção e Consumo Mundial Índia China Canadá EU-27 Prod. 2011/ Cons. 2011/ Prod. 2012/ Cons. 2012/ Fonte: USDA - dez./2012 Principais Países Quanto à produção mundial de óleo para a safra 2012/13, esta deverá ser da ordem de 23,8 milhões de toneladas, decréscimo em torno de 0,8%, em comparação à safra passada. O consumo deverá ser de 23,9 milhões de toneladas, aumento de 1,5% se comparado à safra 2011/12. (Tabela. 2 e Graf. 2). Para a safra 2011/12, a EU-27 é o maior produtor e consumidor de óleo de canola, principal subproduto, com uma produção de 9,1 milhões de toneladas e um consumo em torno de 9,3 milhões de toneladas, vindo em seguida a China em segundo lugar, com uma produção em torno de 5,2 milhões de toneladas e um consumo de 6,1 milhões de toneladas. Ano/Safra Estoque Inicial Prod. Imp. Tabela 2 Canola Óleo Em milhões de toneladas Total do suprimento Exp. Consumo P/Ração Consumo Doméstico Estoque Final 2010/11 1,24 23,69 3,30 28,23 3,45 16,28 23,56 1, /12 1,23 24,31 3,92 29,45 3,95 16,40 23,76 1, /13 1,74 23,53 3,61 28,88 3,73 16,56 23,79 1,36 Fonte: USDA - Dez./

16 Em toneladas Gráfico 2 Canola Óleo Produção e Consumo Mundial Japão india Canada China EU-27 Outros Prod. 2012/ Cons. 2012/ Fonte:USDA - Dez./2012 Principais Países Devido a este panorama e por questões estratégicas, são as que têm maiores quantidades de óleo estocado, sendo que a China possui mais de 53% de todo óleo de canola em seus estoques, (Graf. 3). Outros 23% Gráfico 3 Canola Óleo Estoque Final Mundial - Safra 2012/13 EU-27 15% Japão 3% Canadá 1% Índia 5% Fonte: USDA - Dez./2012 China 53% Estoque final mundial: 1.36 milhões/ton. Segundo o USDA-Dez./12, a Produção mundial de farelo de canola, para a safra 2012/13, deverá ser de 35,6 milhões de toneladas, ou seja, queda de 1,2% em comparação à safra anterior, com um consumo previsto em torno de 35,4 milhões de toneladas, queda de 0,7% no consumo, se comparada com a safra 2011/12. O maior produtor e consumido é a EU-27, vindo em seguida a China com uma produção em torno de 9,3 milhões de toneladas e com um consumo previsto para a safra 2012/13 de 10,0 milhões de toneladas, queda na produção de 7,4% e de 5,5% no consumo. (Tabela 3). 15

17 Em toneladas Ano/Safra Estoque Inicial Produção Tabela 3 Canola Farelo Em milhões de toneladas Imp. Total do suprimento Exp. Consumo Doméstico Estoque Final 2010/11 0,35 34,94 4,99 40,28 5,20 34,69 0, /12 0,40 35,77 5,07 41,24 5,45 35,38 0, /13 0,42 34,87 5,08 40,37 5,23 34,82 0,32 Fonte: USDA - Dez./ Gráfico 4 Canola Farelo Produção e Consumo Mundial Japão Índia Canadá China EU-27 Outros Prod. 2011/ Cons. 2011/ Prod. 2012/ Cons. 2012/ Fonte: USDA - dez./2012 Principais Países Gráfico 5 Canola Farelo Consumo Mundial Safra 2012/13 Outros 23% China 28% EU-27 36% Fonte: USDA - Dez./2012 Consumo Mundia safra/12/13 34,8 milhões/ ton. Japão 4% Índia 8% Canadá 1% O Canadá e a EU-27 são os países que possuem os maiores estoques de farelo de canola do mundo, com 39% e 35%, respectivamente. 16

18 US$/ton. 3. PREÇOS INTERNACIONAIS A cotação do grão e óleo de canola nos principais mercados exportadores de referência, quais sejam: Canadá e Argentina refletiram a pressão de demanda observada na safra 2011/12, onde o consumo aumentou e a produção ficou pouco mais estável. Em 2011/12 os preços internacionais do grão alcançaram patamares mais elevados em relação aos últimos cinco anos, verificando um preço médio no Canadá de US$ 505,08/ton. e US$ 493,52/ton., na Argentina. Quanto ao óleo, os preços médios ficaram: Canadá US$ 1,199.32/ton. e Argentina US$ 1,161.40/ton (Gráfico 6). As cotações tiveram aumento, também, em função dos preços elevados de outras oleaginosas, principalmente da soja, cujo preço médio nos Estados Unidos ficou em US$ 1.141,00/toneladas, Brasil US$ 1.155,00/ton e Argentina US$ 1.236,00/toneladas , , , , ,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 jan/07 mai/07 set/07 jan/08 mai/08 Gráfico 6 Canola Preços no Mercado Internacional set/08 jan/09 mai/09 set/09 jan/10 mai/10 set/10 jan/11 mai/11 set/11 jan/12 mai/12 set/12 Grão Canadá Grão Argentina Óleo Canadá Óleo Argentina Fonte: Cereais and Oilseeds Review - Statistics Canadá - Catalogue - SAGPYA Os preços do grão de canola acompanham estes movimentos de forte demanda importadora, aliados a um suprimento mundial bastante apertado, resultando, assim, em um movimento altista, principalmente nos preços internacionais do óleo. Na Europa, (Hamburgo) os preços médios do grão nos últimos cinco anos estiveram em torno de US$ /ton. Em comparação aos preços atuais de US$ /ton houve um acréscimo em torno de 12,9%. No Brasil os preços médios da tonelada, no período em referência foram de US$ 383. O aumento de 13,1% em relação ao preço médio acumulado até outubro de 2012 ficou em US$ /ton. No Canadá e na Argentina os preços médios da tonelada do grão de canola estão praticamente iguais, ou seja, em torno de US$ 595.0/tonelada. (Gráfico 7). 17

19 US$/ton. US$/Tonelada Gráfico 7 Canola Grão Preços médios no Mercado Internacional 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12(*) Hamburgo Brasil Argentina Canadá Fonte: USDA - Conab/Siagro - SAGPYA - Cereais & Oilseeds Review - Statistics Canadá (*) Valores Médios até Out./12 Os preços médios do farelo de canola nos mercados de Hamburgo e Canadá se comportaram de forma semelhante. Em 2011/12 ficaram em torno de US$ /ton, e US$ /ton, respectivamente, logo abaixo dos valores alcançados no período da crise das commodities, ocorrida no ano de Coincidência ou não, os preços estão bem perto deste patamar, (Gráfico 8). Gráfico 8 Canola Farelo Preços no Mercado Internacional /99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 Fonte: USDA - Cereals & Oilseeds Review - Statistics Canada (*) valores médios acumulado de Jan. a Out/12 06/07 07/08 08/09 09/10 Hamburgo 10/11 11/12(*) Canadá 18

20 4. PANORAMA NACIONAL 4.1. Produção A área a ser plantada no Brasil, para a próxima safra 2012/13, de acordo com o Terceiro Levantamento de Intenção de Plantio, da Conab, realizado em dezembro de 2012, deverá ser de 43,8 mil/ha, com um aumento previsto em torno de 3,3%. Seu maior aumento deverá ocorrer no Rio Grande do Sul, em torno de 7,6%. Este aumento de área de produção foi devido às condições climáticas favoráveis na época da semeadura, ocorrida em abril/maio de Quanto à produção, para a safra 2012/13, deverá ficar em torno de 60,5 mil toneladas, aumento de 16,3% em comparação à safra passada. Este aumento foi devido à maior experiência do produtor nos tratos culturais e no emprego de novas tecnologias que resultaram numa boa produtividade, especialmente no Paraná, um dos principais produtores, com uma participação na produção de 35,5%. Em nível de Brasil houve um ganho em produtividade em torno de 12,6%, que compensa a redução de área do Paraná em 12,9%, para a safra 2012/13. (Tabela 4). Região/UF Tabela 4 CANOLA COMPARATIVO DE ÁREA,PRODUTIVIDADE E PRODUÇÃO SAFRA 2011/12 e 2012/13 11/12 12/13 Var. % 11/12 12/13 Var. % 11/12 12/13 Var. % (a) (b) (b/a) (c) (d) (d/c) (e) (f) (f/e) CENTO-OESTE 2,3 2,3 0, ,0 2,4 2,4 0,0 4,0 5,3 MS 2,3 2,3 0, ,0 2,4 2,4 0,0 4,0 5,3 SUL 40,1 41,5 3, ,2 49,6 58,1 17,1 96,0 94,7 PR 13,5 12,9-4, ,7 15,6 21,5 37,8 35,5 29,5 SC 0,4 0,4 0, ,0 0,3 0,3 0,0 0,5 0,9 RS 26,2 28,2 7, ,0 33,7 36,3 7,7 60,0 64,4 CENTRO-SUL 42,4 43,8 3, ,6 52,0 60,5 16,3 100,0 100,0 BRASIL 42,4 43,8 3, ,6 52,0 60,5 16,3 100,0 100,0 Fonte: Conab - Levantamento de Safra - Dezembro/2012 Elab.: Sugof/Geole Área (Em mil ha) PRODUTIVIDADE (kg/ha) PRODUÇÃO (mil t) Produção Partici. (%) Área Partic (%) A demanda de óleo de canola no Brasil poderia ser suprida pelo cultivo nestas regiões, evitando-se, assim, a importação do óleo e derivados. No momento, a principal dificuldade para ampliar a produção no país é a pouca disponibilidade de sementes adaptadas para as condições climáticas do país. O principal uso da canola está na alimentação humana, com o óleo sendo considerado alimento funcional, indicado, inclusive, por médicos e nutricionistas, em razão dos benefícios na redução dos níveis de colesterol e doenças coronárias, o que valoriza o produto no mercado consumidor. Nas regiões Centro-Sul e Sul, muitos produtores têm colhido em torno de 23,3 e 23,0 sacas/há, respectivamente, o que equivale a 1.275kg/ha, com preço médio recebido de janeiro a novembro de 2012 em torno de R$ 57,42/60 kg, (Gráfico 9). 19

21 R$/ 60 Kg R$/60 kg R$ 80,00 R$ 70,00 R$ 60,00 R$ 50,00 R$ 40,00 R$ 30,00 R$ 20,00 R$ 10,00 R$ 0,00 jan/96 Gráfico 9 Canola Grão Preços Recebidos Pelos Produtores (Preços Nominais, Reais e Preços Mínimos) Preços Nominais Preços Reais Preços Mínimos Fonte: Conab - Deral - IBGE/IPCA jul/96 jan/97 jul/97 jan/98 jul/98 jan/99 jul/99 jan/00 jul/00 jan/01 jul/01 jan/02 jul/02 jan/03 jul/03 jan/04 jul/04 jan/05 jul/05 jan/06 jul/06 jan/07 jul/07 jan/08 jul/08 jan/09 jul/09 jan/10 jul/10 jan/11 jul/11 jan/12 jul/12 Na evolução dos preços do grão de canola e soja no mercado interno desde 1997 a Nov/2012, os preços da soja são sempre maiores que os preços da canola, na maior parte deste período. Atualmente o preço médio da soja está cotado em torno de R$68,64/60kg, enquanto que o preço médio da canola está em R$57,42/60 kg; diferença de 16,3%, em comparação ao preço médio da soja no Centro-Sul. (Gráfico 10). R$ 80,00 R$ 70,00 R$ 60,00 R$ 50,00 R$ 40,00 R$ 30,00 R$ 20,00 R$ 10,00 R$ 0,00 Gráfico 10 Evolução dos Preços do Grão de Canola e Soja Preços Recebidos pelos Produtores - Centro Sul (*) Canola 11,78 11,89 13,40 15,56 17,09 19,23 26,10 30,96 30,82 26,43 26,98 36,70 43,80 39,44 41,08 57,42 Soja 15,10 13,45 14,15 14,63 19,26 27,83 33,26 35,03 23,84 21,53 38,57 38,65 44,58 34,47 42,25 68,64 Fonte:Conab Siagro/Deral Obs.: Preços médio de Jan. a Nov./

22 Atualmente, graças aos trabalhos de melhoramento genético e de difusão tecnológica conduzidos pela Embrapa, algumas universidades e Institutos de pesquisas afirmam que o produto vem se consolidando como cultura de expressão no Brasil. As variedades utilizadas no plantio apresentam potenciais produtivos semelhantes aos de países produtores tradicionais como China, Índia, Canadá e a União Europeia, verificados nos ensaios de avaliação de genótipos conduzidos pela Embrapa Londrina em várias regiões brasileiras. A espécie tem características ímpares graças ao desenvolvimento de tecnologias que permitem a plantação em baixas latitudes (17 a 25 graus) uma vez que é própria de clima temperado, cultivada em latitudes entre 35 e 50 grau. O período de plantio nos Estados de Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul inicia-se em abril e maio, terminando em junho. Por ser uma cultura de inverno, ou safrinha, o plantio está diretamente associado à colheita da cultura principal, que no caso é a soja. A colheita 4.2. Suprimento de Óleo O mercado interno é de uma concepção bastante simples. A produção de grãos é basicamente direcionada ao esmagamento, com a finalidade de produção de óleo e seu principal subproduto, para fins de alimentação humana. Tradicional importador de óleo de canola, o país vem gradativamente trabalhando para se tornar auto-suficiente na produção, especialmente de óleo, com vistas ao abastecimento interno, prova disto é que nos últimos anos vem reduzindo fortemente as operações de importações, de acordo com informações dos agentes da cadeia produtiva da oleaginosa. Registra-se que no ano de 2000 as importações de óleo bateram o recorde de 52 mil toneladas. Nos períodos seguintes esse número foi diminuindo, até alcançar o patamar de 19 mil toneladas no ano de 2009, estabelecendo, em termos percentuais, decréscimo da ordem de 63,5%. O consumo anual de óleo de canola, segundo as quatro maiores processadoras do país está estimado em 54 mil toneladas, ou cerca de 4,3 mil toneladas mês. Porém, nota-se que nos três últimos anos a demanda não obedeceu estes patamares, revelando um consumo médio em torno das 71 mil toneladas, obrigando, assim, o país a importar, em média, 1,6 mil toneladas por mês para suprir o mercado interno. O principal fator de deslocamento do consumo para cima ou para baixo é o preço. As informações referentes a oferta, consumo, demanda e saldos de estoque de passagem com variações anuais de consumo diferenciados refletem muito bem a situação do complexo canola. Segundo o setor, é estimado um estoque estratégico, por parte das indústrias processadoras, em torno 2,1 a 3,5 mil toneladas, cada uma, volume suficiente para o abastecimento de 30 dias. 5. PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO O custo de produção estimado por hectare em Setembro de 2012 foi de R$ 805,49/ha e o saco de 60 kg R$ 32,24, com um custo total em torno de R$ 1.316,73/ton, enquanto o custo total do saco de 60 kg em set/12 foi registrado em R$ 52,69 (Tabela 3). A composição dos preços pagos aos produtores brasileiros é obtida com base na paridade de importação e flutuação dos preços do grão, cuja regência é o mercado argentino. A paridade de importação, posto na indústria/custo fábrica em São Paulo, com cotação CIF é de R$73,13/60 21

23 PRODUTOS INST. PGPM UNIDADE Variação (%) EM VIGOR PROPOSTO Variação (%) kg, assim, o valor recebido pelos produtores é diretamente atrelado às flutuações do câmbio interno, com acordos antecipados de aquisição para o grão (Tabela 4). Desta forma, o preço mínimo a ser fixado para a canola deverá funcionar como instrumento de incentivo à produção. Os preços internos deverão continuar firmes, em função da escassez da oferta e da disputa da matéria-prima pelas indústrias de esmagamento. Destinam-se, portanto, aos produtores, às cooperativas e às indústrias processadoras, que têm, como principal objetivo, financiar o setor na aquisição do produto. Portanto, na confecção da proposta do preço mínimo levou-se em consideração o custo variável de produção elaborado pela Conab, para o Estado do Rio Grande do Sul, maior produtor de grãos de canola do Brasil. Assim, o valor proposto para o grão de canola é de R$ 32,24/60 kg, aumento de 1,2% em relação ao Preço Mínimo atual, ajustando-o ao custo variável de produção. O Preço Mínimo proposto não trará problemas de gravosidade na importação de óleo e nem distúrbios nos preços internos. O preço médio recebido pelos produtores para o saco de 60 kg no Centro-Sul, no mês de setembro de 2012, estava cotado em R$ 73,32/60 kg, valor acima do preço mínimo proposto em 127,4%. (Tabela 5). Desta feita, no atual momento, especialmente diante das dificuldades que os produtores do sul passam para conduzir suas atividades durante o inverno, e tendo em vista a boa aceitação do óleo de canola para o consumo humano, se comparado aos demais óleos, deve-se incentivar a cultura que poderá fazer do país um importante produtor. Tabela 5 CANOLA PREÇOS MÍNIMOS 2013/2014 PARÂMETROS PARA ELABORAÇÃO DAS PROPOSTAS CUSTO PREÇO PREÇOS DE PARIDADE PREÇO MÍNIMO PRODUÇÃO PRODUTOR ATACADO PRODUTOR VARIAVEL MÉDIA CIF FOB CIF FOB ATUAL 12/13 13/14 ANUAL Imp Exp Imp Exp CANOLA (SUL/CO) FEPM 60 Kg 31,96 32,24 0,9 57,42 69, ,13-31,86 32,24 1,2 Fonte: Conab/ Siagro Câmbio R$ 2,00 Elaboração: CONAB/DIGEM/SUGOF/GEOLE 22

24 CASTANHA DE CAJU Marden Augusto da Silva Teixeirense 1. PANORAMA INTERNACIONAL A área mundial de castanha de caju in natura no período de 2006 a 2010 teve crescimento na ordem de 12%, enquanto que a produção e produtividade reduziram-se respectivamente, 21,6% e 30%. A produção da safra 2010 foi um pouco mais de 2,7 milhões de toneladas, cultivadas numa área de 4,7 milhões de hectares, que se comparada à safra do ano anterior teve redução de 7,3% na produção e de 5,9% na área (Tabela e Gráfico I). No período sob análise, entre outros fatores que contribuíram para tal ocorrência, podemse destacar, as adversidades climáticas ocorrida nos principais países produtores como também a Tabela 1. Produção Mundial de Castanha de Caju in natura - Comparativo de Área, Produção e Produtividade Países selecionados Discriminação Ano India Brasil C. Marfim Indonesia Nigeria Viet Nam Outros Total Mundial Área (ha) Produtividade (kg/ha) Produção (t) Participação % na produção Safra Safra Safra Safra Safra Var.% 2006/10 10,3 6,9 32,3 0,8 3,1 22,9 9,7 12,0 Var.% 2009/10 3,4 0,1 1,2 0,3 0,0-0,1-26,6-5,9 Safra Safra Safra Safra Safra Var.% 2006/10-3,0-59,9 22,2-3,5-0,9-78,4-10,5-30,0 Var.% 2009/10-14,7-52,7 7,3-1,8 0,0-0,6 26,6-1,5 Safra Safra Safra Safra Safra Var.% 2006/10-82,6-57,2 61,7-2,8 2,2-73,5-1,8-21,6 Var.% 2009/10-11,8-52,7 8,6-1,6 0,0-0,7-7,1-7,3 Ano ,3 6,9 6,7 4,2 18,1 31,1 16,7 100 Ano ,8 3,8 7,6 4,0 17,9 33,8 16,2 100 Ano ,6 7,9 10,7 5,1 23,7 10,0 20,9 100 Ano ,4 7,4 11,8 5,0 21,9 9,8 20,8 100 Ano ,2 3,8 13,8 5,3 23,6 10,5 20,9 100 Part. média % na 2006/10 20,1 6,0 10,1 4,7 21,0 19,1 19,1 100 produção Fonte: FAO. Elaboração: Conab out/12 retração da demanda causada pela crise financeira em alguns países importadores. 23

25 1.1. Importações As importações mundiais de amêndoa de castanha de caju, no ano de 2010 somaram toneladas ou 4,6% a menos em relação 2009, que totalizou toneladas. Destacam-se os EUA e Países Baixos como os maiores importadores, participando, respectivamente, com 37,6% e 13% do total importado (Tabela 2). O valor médio das importações em 2010 foi da ordem de US$ 5.833/t, significando acréscimo de 15% em relação à média obtida em 2009, que foi de US$ 5.158/t. Tabela 2. Principais Países Importadores de Amêndoa Castaha de Caju Países Quantidade (t) US$ Mil US$/t Part.% nas Importações United States of America ,6 Netherlands ,0 Germany ,0 United Arab Emirates ,8 Australia ,7 United Kingdom ,1 China ,4 Canada ,0 Russian Federation ,6 Japan ,1 Outros ,7 Total Mundo Fonte: Faostat - Elaboração: Conab 1.2. Exportações Em 2010 as exportações de amêndoa de castanha de caju totalizaram toneladas, correspondendo a mais 2,5%, se comparadas às exportações realizadas no ano anterior, quando alcançaram o total de toneladas (Tabela 3). Em termos de participação mundial na comercialização, o Vietnam, Índia e Brasil, juntos, participaram com toneladas ou 76,97%. 24

26 O Brasil no ano de 2010 exportou toneladas que, se comparadas às exportações/2009, equivaleram a menos 11,7%. Tal fato pode ser atribuído à crise financeira Tabela 3. Principais Países Exportadores de Amêndoa Castanha de Caju Países Quantidade (t) Fonte: Faostat. Elaboração: Conab mundial que atingiu um dos seus maiores importadores, os EUA. Contudo, no ranking dessas exportações o Brasil ficou colocado entre os três maiores, com participação de 9,9%. US$ Mil US$/t Part.% nas Exportações Vietnam ,5 India ,6 Brasil ,9 Países Baixos ,2 Tanzânia ,1 Emirados Árabes ,2 Indonésia ,7 Alemanha ,0 Moçambique ,9 Outros ,1 Total Mundo PANORAMA NACIONAL 2.1. Área, Produção e Produtividade Dados do IBGE revelam que o crescimento da área cultivada com castanha de caju in natura no Brasil tem ocorrido de forma a atender à demanda existente, uma vez que sua expansão foi pouco expressiva, ou seja, entre 2007 e o acréscimo total de área foi da ordem de 4,6% ou 0,75%/ano, em média. Em idêntico período a produção acumulou crescimento de 36,3% e a produtividade de 30,4% (Tabela 4, Gráfico II). Ressalta-se que estes crescimentos foram motivados por uma condição de clima em 2012 ligeiramente melhor em relação a do ano de 2007, tempo em que a estiagem afetou fortemente a região produtora. Nesse período, chama à atenção os baixos níveis de produtividades alcançados. Pode-se considerar o clima como um dos fatores determinantes nas colheitas observadas. Contudo, para obter um maior ganho na produtividade os produtores terão que chamar para si a responsabilidade de produzir com eficiência, ou seja, cuidando dos seus pomares adequadamente, fazendo os tratos culturais necessários na época certa, seguindo orientações de profissionais ligados ao setor, sobretudo, utilizando-se de novas tecnologias. Em média, 87,3% da produção nacional deste produto concentram-se em três Estados: Ceará (44,9%), Rio Grande do Norte (21,6%) e Piauí (20,8%). A safra de 2012 deverá produzir toneladas, cultivadas numa área de hectares, o que representará a diminuição na produção de 15,3%, e aumento de área na ordem 0,9%, em comparação à safra do ano anterior. Contudo, agentes da cadeia estimam que a produção seja inferior à recentemente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Como é do conhecimento dos envolvidos nesse mercado, a quebra foi provocada pela severidade climática (uma das piores dos últimos 30 anos) que atingiu quase todas as áreas 25

27 Produtividade em (kg/ha) Área (em ha)/produção em (t) produtoras da cajucultura. Em que pese às estimativas otimistas do IBGE, os números apresentados no levantamento do mês de outubro deverão ser alterados para menos, se for levado em conta as já mencionadas intempéries climáticas que nos últimos meses assola a Região Nordeste. Espera-se, portanto, que nos próximos levantamentos da entidade, os números Tabela 4. Brasil Castanha de Caju in natura - Comparativo de Área, Produção e Produtividade Estados Selecionados Discriminação Ano Ceará Piauí R.G.Norte Pernanbuco Bahia Outros Total Brasil Área (ha) Produtividade (kg/ha) Produção (t) Participação % na produção Safra Safra Safra Safra Safra Safra Var.% 2007/12 7,3 0,2 13,5-7,1-7,5-23,5 4,6 Var.% 2011/12 0,3 0,8 4,7-20,9-0,4 0,1 0,9 Safra Safra Safra Safra Safra Safra Produtividade Média 2007/ Var.% 2007/12 58,9 150,4-49,4 13,8-6,0-19,7 30,4 Var.% 2011/12-18,7 29,1-59,2 12,2 206,0 6,0-16,0 Safra Safra Safra Safra Safra Safra Var.% 2007/12 70,5 150,9-42,6 5,7-13,0-38,6 36,3 Var.% 2011/12-18,5 30,2-57,2-11,3 204,9 6,1-15,3 Safra ,0 16,9 28,7 3,5 4,4 8,6 100 Safra ,8 23,1 17,5 2,3 1,8 5,5 100 Safra ,4 19,5 22,2 2,6 2,4 5,9 100 Safra ,8 13,9 25,4 5,3 5,2 12,5 100 Safra ,4 20,2 24,0 2,6 0,8 3,1 100 Safra ,5 31,1 12,1 2,7 2,8 3,9 100 Partipação média % 2007/12 44,9 20,8 21,6 3,2 2,9 6,6 100 na produção Fonte: IBGE. Elaboração: Conab out/12 divulgados estejam mais próximos da realidade. Gráfico II. Castanha de Caju in natura - Brasil - Evolução da Área, Rendimento e Produção Fonte: IBGE. Elaboração: Conab Quantidade produzida Área colhida Rendimento 26

28 2.2. Mercado de Oferta e Demanda No Balanço de Oferta e Demanda (Tabela 5), destacam-se a produção e as exportações. O Brasil ocupa a décima colocação no ranking da produção mundial de amêndoa de castanha de caju, com 9,9%. As exportações podem ser consideradas o carro chefe desta atividade, já que 87% da produção nacional, em média, são destinados ao mercado externo, fato que coloca o Brasil como um player no mercado internacional, uma vez que ocupa a terceira posição no ranking dos maiores exportadores mundiais. Em relação a 2011 as exportações realizadas até outubro de 2012 tiveram o seguinte comportamento: redução de 33,3% para o principal importador EUA, incremento de 37,2% para os Países Baixos e 26,2% para o Canadá (Tabela 6). Contudo a previsão de escassez de oferta de castanha in natura na safra 2012, provocada pela quebra de safra causaram aos setores de beneficiamento e exportação dificuldades para atender os contratos, principalmente junto ao consumidor externo. Neste sentido, visando manter o desempenho e principalmente honrar compromissos assumidos, dentro e fora do mercado interno, as indústrias internalizaram toneladas de matéria-prima (castanha de caju in natura) equivalente a toneladas de amêndoas. O dispêndio total com a compra do produto foi de US$ mil, equivalente a US$ 1,03/kg ou R$ 1,99/kg, considerando a taxa média do dólar de janeiro a outubro/12 que foi de US$ 1,9310. Registra-se que esta foi a maior operação de importação brasileira de castanha dos últimos 16 (dezesseis) anos. O fato é que a falta de matéria-prima (castanha de caju in natura) afeta a sustentabilidade e competitividade das indústrias de transformação e do setor exportador, gerando redução da atividade operacional e até fechamento de unidades processadoras. Observa-se no Gráfico III, abaixo que as exportações realizadas até o mês de outubro/12, quando comparadas ao mesmo período do ano passado foram nitidamente prejudicadas pela crise econômica e financeira internacional: No aspecto quantitativo foram exportadas menos 23,4%, já no financeiro a redução foi na ordem 44,5%. Tabela 5. Brasil - Balanço de Oferta e Demanda - Amêndoa Castanha de Caju Em toneladas Ano Safra Produção Importação Oferta Total Consumo Exportação (*) Fonte:Secex e Mercado. Elaboração: Conab (*) Importações e Exportações dados disponíveis até out/

29 Tabela 6: Exportações Amêndoa de Castanha de Caju - Por países de destino Países de Destino Jan-Out/ Quant. Quant. Quant. Var.% Var.% Valor Valor Valor (t) (t) (t) US$1000FOB US$1000FOB US$1000FOB África do Sul ,1 100,0 2054,6 123,4 171,5-94,0 39,0 Alemanha ,9 20,6 3298,4 1911,3 2191,9-42,1 14,7 Argentina ,9 113,5 2089,1 1935,9 3226,9-7,3 66,7 Austrália ,2-60,5 456,6 1766,8 596,5 287,0-66,2 Canadá ,9 26, ,7 2,4 Espanha ,7-57, ,8-62,8 EUA ,7-33, ,4-42,9 França ,1 37, ,4 19,8 Itália ,1-20, ,6-24,3 Líbano ,2 19, ,9 6,6 México ,8 35, ,8 27,4 Países Baixos ,6 37, ,6 14,0 Portugal ,1-58, ,3-66,0 Reino Unido ,3 3, ,6 3,2 Russia, Fed ,6-49, ,6-46,7 Outros ,3-39, ,6-46,4 Total ,6-16, ,3-28,6 FONTE: SECEX (*) Castanha de Caju, sem casca ELAB : CONAB/DIGEM/SUINF/GEINT NCM: Var.% Var.% Gráfico III. Exportação Brasileira de Amêndoa de Castanha de Caju / Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembr o US$ mil US$ mil Qtde (t) Qtde (t) Dezembro Fonte: Secex - Elab: Conab Conforme pode ser observado no Gráfico IV, a partir de setembro/2010, período em que começou a ficar evidente a iminente quebra de safra, os preços recebidos pelos produtores apresentaram evoluções bastante expressivas, notadamente a partir do mês de novembro/2010, quando superavam os Preços Mínimos e ao mesmo tempo se igualavam aos valores de paridade de exportação efetiva, estendendo-se até maio de A partir daí, os valores de paridade evoluíram com mais velocidade, alcançando o patamar máximo de R$ 2,99/kg em setembro de 28

30 2011, enquanto que os valores recebidos pelos produtores também deram continuidade a sua tendência de alta, porém com menor intensidade. Em 2012, os preços pouco oscilaram mantendose na faixa de R$ 1,50/kg. 3. PERSPECTIVAS E DESAFIOS Nota-se que a cadeia produtiva desse produto não tem sido capaz de superar as dificuldades a ela impostos; os avanços se é que houve nos últimos anos, têm sido praticamente imperceptíveis. Vale ressaltar que o potencial da cadeia é imenso, contudo os desafios também o são, já que existe um mercado demandador que precisa ser preservado e ao mesmo tempo criar meios e condições para novas expansões, trazendo para seu portfólio novos clientes já que os valores envolvidos no comércio internacional da amêndoa de castanha situa-se na faixa de US$ 2,3 bilhões e a participação do Brasil gira em torno de US$ 230 milhões/ano, o que em termos percentuais equivale a uma fatia de 10% do comércio internacional. A cajucultura é uma das mais importantes atividades socioeconômicas da Região Nordestina, uma vez que gera cerca de 280 mil empregos diretos na zona rural e 16 mil na urbana. Para amenizar as dificuldades que o setor ao longo dos anos tem atravessado é preciso resolver alguns gargalos de modo a projetar-se no mercado doméstico e internacional em condições de oferecer sustentabilidade e acima de tudo, competitividade. Dentre esses desafios podem ser destacados: a) emprego de maior uso de tecnologia em suas principais atividades, principalmente com a renovação escalonada dos pomares envelhecidos, através da substituição de copa e plantio com novos clones, visando melhoria da qualidade e aumento da produtividade que garanta aos produtores mais rentabilidade; b) incrementar um sistema de cooperativismo com gestão eficiente que realmente invista em capacitação de seus associados com visão plena de mercado; 29

31 c) promover maior articulação da cadeia produtiva da cajucultura, com criação de uma câmara setorial em nível (Estadual e Federal) que possa efetivamente discutir os problemas da cadeia e apresentar soluções e; d) buscar parcerias com o setor privado e público que possa assegurar principalmente ao pequeno e médio produtor, políticas que garantam, além de preços mínimos, assistência técnica, distribuição de insumos, armazenagem e comercialização. 4. ATUAÇÕES GOVERNAMENTAIS 4.1. Programas de Apoio a Agricultura Familiar Pequenos agricultores familiares são responsáveis por mais de 70% da produção de castanha de caju. O Governo Federal, através do Programa de Aquisição de Alimentos PAA tem dado todo apoio a esses produtores, especialmente no que se refere às operações de Compra da Agricultura Familiar com Doação Simultânea CPR e Doação e Formação de Estoques pela Agricultura Familiar - CPR Estoque, promovendo de modo sistematizado toda cadeia, no que diz respeito à produção, comercialização e consumo Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar - PGPAF Este é mais um dos instrumentos oferecidos pelo Governo Federal ao agricultor familiar. O Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar PGPAF tem como um dos objetivos, garantir os preços de origem da agricultura familiar, de modo que o produto financiado pelo crédito de custeio do Pronaf tenha o custo de produção garantido, mesmo se o preço de mercado estiver abaixo do custo de produção. O preço de garantia estabelecido para os produtores de castanha-de-caju in natura, da agricultura familiar, válido para a safra 2011/2012 foi de R$ 1,30/kg e para a safra 2012/2013, reajustado para R$ 1,56/kg Intervenções Governamentais As operações com CPR Estoque e CPR Doação, no ano de 2012, compreendendo o período de janeiro a outubro, totalizaram 66,6 toneladas (Tabela 7). Desse total o Estado do Rio Grande do Norte participou com 65,2% e o Pará com 34,8%. Vale ressaltar que, em termos financeiros, o desembolso foi na ordem de R$ 205 mil reais. Tabela 7. Castanha de Caju - Programa de Aquisição de Alimentos - PAA Operações Realizadas em Brasil Mecanismo Estados Quantidade Participação % Valor (R$) R$/kg (*) (kg) no Total Brasil Pará ,00 5,00 1,9 CPR-ESTOQUE Rio Grande do Norte ,00 14,00 65,2 Sub-Total ,00 9,50 67,1 CPR-DOAÇÃO Pará ,00 1,20 32,9 Sub-Total ,00 1,20 32,9 Total Brasil ,00 5, (*) refere-se ao preço médio out/12 Fonte/Elaboração: Conab 30

32 4.4. Financiamentos Dados constantes no Anuário Estatístico do Banco Central, compreendendo o período de janeiro a julho/2012 (Tabela 8), revelam que foram liberados para os produtores de castanha de caju e respectivas cooperativas, um montante de recursos da ordem de R$ 41,0 milhões, contemplados em três linhas de crédito. a) Comercialização-FEPM/FGPP: linha de crédito que demandou maior quantidade de recursos, algo em torno de 92,8%, tendo os Estados do Ceará (que é o maior produtor, beneficiador e exportador) e do Rio Grande do Norte, como dois únicos tomadores de empréstimos com participações respectivas de 77,7% e 22,3%, b) Custeio Agrícola, vários estados estiveram envolvidos no processo, contudo os que contraíram maior volume de empréstimos pela ordem de grandeza foram: Piauí com 33,5%, Ceará 31,7%, Maranhão 21,7% e Rio Grande do Norte com 12,9% e; c) Extrativismo; o Estado de Alagoas foi o único a demandar Tabela 8. Castanha de Caju - Financiamentos a Produtores e Cooperativas Operações Realizadas em Brasil Ano Alagoas Ceará esta linha de crédito. Modalidade Número Contratos Valor (R$) Área (HA) Participação no Total BRASIL Extrativismo , Custeio ,00 4 0,2 Custeio , ,7 Comercialização-EGF , ,7 Maranhão Custeio , ,7 Piauí Custeio , ,5 Rio G. Norte Custeio , ,9 Comercialização-EGF , ,3 Extrativismo , BRASIL Custeio , Comercialização-EGF , TOTAL BRASIL , Fonte: Bacen - Elaboração: Conab 5. PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO Foram considerados os seguintes indicadores econômicos para efeito da elaboração da proposta de Preço Mínimo: a) preços médios recebidos, em 2011, pelos produtores de castanha de caju in natura dos três principais estados produtores da Região Nordeste (Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte), R$ 1,78/kg; b) preço médio de castanha de caju in natura recebido pelos agricultores nesses estados, de janeiro a outubro/2011, R$ 1,89/kg; c) preço médio de castanha de caju in natura recebido pelos agricultores nesses estados, de janeiro a outubro/2012, R$ 1,50/kg; d) paridade de exportação para a amêndoa de castanha de caju (ACC) tipo W-1320 FOB fortaleza, média janeiro a outubro de 2012 ao produtor, R$ 1,95/kg e; e) utilizou-se o custo variável de produção levantado pela Conab nos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte no mês de outubro/2012. O valor médio apurado foi de R$ 1,56/kg. 31

33 Gráfico V - Proposta de Preço Mínimo para Castanha-de-Caju - Safra /14 R$/kg 2,00 1,90 1,80 1,70 1,60 1,50 1,40 1,30 1,20 1,10 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 1,38 Custo Variável Prod ,56 Custo Variável Prod ,78 Preço Médio ,29 P.Médio Paridade Exportação Efetiva 1,89 Preço Médio 2011 (*) 1,50 Preço Médio 2012 (**) 1,38 PM Safra 2012/13 1,56 PM Proposto Safra 2013/14 Fonte/Elab: Conab. (*) preço médio de mercado jan a out/11 (**) jan a out/12. Neste ano (de janeiro a outubro/12) os preços médios de R$ 1,50/kg recebidos pelos produtores de castanha de caju, em relação à média de igual período do ano passado R$ 1,89/kg, apresentaram recuou de 20,6%. Este recuou nos preços pode ser atribuído em parte à fraca demanda, uma vez que os estoques de passagem das indústrias ainda se encontram abastecidos pelas aquisições do produto na safra passada, somando-se, ainda, as importações realizadas no decorrer deste ano. A proposta para o preço mínimo, da safra 2013/14, é de que este seja equivalente ao valor do custo variável de produção, ou seja, R$ 1,56/kg, correspondendo a um aumento de 13,0%, em comparação aos custos médios variáveis de produção do ano passado, quando foram valorados em R$ 1,38/kg. Tal fato pode ser explicado pela variação de preços para cima dos insumos básicos que compõem as despesas de custeio da lavoura. É de fundamental importância a aceitação desta proposta uma vez que esta é uma das formas do Governo Federal orientar agricultores familiares, produtores rurais e cooperativas, indústrias de castanha de caju, quanto aos benefícios que as ações governamentais, através dos preços mínimos lhes poderão facultar, especialmente, no tocante aos instrumentos de financiamento do Governo Federal, são eles: Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários Integrantes da Política Geral de Preços Mínimos (FEPM); e o Financiamento Para Garantia de Preços ao Produtor (FGPP). 6. RESULTADOS ESPERADOS a) Maior organização e fortalecimento da cadeia produtiva da cajucultura, de modo a assegurar a mulher e ao homem do campo, oportunidades de trabalho, renda, segurança alimentar, como também promovendo a limitação do êxodo rural; b) Aumento da produção, com vistas a atender maior demanda do mercado interno e crescimento das exportações junto aos clientes tradicionais e ampliação de novos mercados. 32

34 CASULO DE SEDA Humberto Lôbo Pennacchio 1. INTRODUÇÃO O bicho-da-seda é originário da China e há cerca de anos vem sendo criado pelo homem para obtenção de fios de seda. Da China o inseto foi introduzido no Japão, Turquestão e Grécia, a partir do ano de 1740 o bicho-da-seda passou a ser criado na Espanha, na França, na Itália e na Áustria. A sericicultura é uma atividade integrada à indústria-sericicultor, abrangendo o cultivo da amoreira (Morus sp.) e a produção, desde a obtenção dos ovos até o cultivo das lagartas do bicho-da-seda no campo (Manual de Sericicultura, 2000). O bicho-da-seda da amoreira, Bombyx mori L. (Lepidóptera:Bombycidae), contribui com 95% da produção total de fios de seda utilizada nas confecções de diferentes tipos de tecidos (Fonseca & Fonseca, 1986; Watanabe et al., 2000). Para o sucesso de uma grande produção de seda com fios de qualidade é necessária a seleção de raças resistentes às doenças que suportem as condições do campo e que tragam em seu código genético informações que possibilitem a produção de altos teores de seda. Portanto, é de suma importância caracterizar e selecionar raças de bichos da seda, que sejam boas produtoras no campo. As raças de origem japonesa apresentam alto teor de seda no casulo, e as raças de origem chinesa apresentam uma maior resistência ao cultivo no campo. Desta forma, para obtenção do híbrido de alto valor comercial, que apresente elevado rendimento de casulos por grama de ovos e alto rendimento de seda, índices estes importantes para produtores e indústrias de fiação, e que sejam ao mesmo tempo resistentes no campo, procura-se misturar as características genéticas das raças japonesas e chinesas. No Brasil, a sericicultura é uma importante atividade agroindustrial que contribui substancialmente para a economia rural. A atividade tem-se desenvolvido, sobretudo, nas pequenas propriedades rurais, e tem atualmente o Estado do Paraná como principal produtor nacional de casulos do bicho-da-seda, onde predomina o trabalho familiar, representando uma importante atividade na geração de renda para as famílias envolvidas, contribuindo de forma significativa para a diminuição do êxodo rural. Somando-se a essas características, a sericicultura contribui para o desenvolvimento sustentável do país, em virtude de seu relevante aspecto social e por se tratar de atividade de baixo impacto ambiental. 2. MERCADO INTERNACIONAL A produção mundial de casulos de seda, tem na China seu maior expoente seguida pela Índia, Uzbequistão, Tailândia, Irã e Brasil estes os principais. No caso da Índia, historicamente um dos principais expoentes da produção e industrialização de casulo, sofreu no último ano um duro golpe, com o governo aplicando o controle de preços ao setor e ao mesmo tempo flexibilizando os direitos de importação para os fios, o que levou uma grande parcela dos produtores de casulo de seda a migrarem para outras culturas, abandonando o cultivo das amoreiras, alterando assim a situação do país na produção mundial. Com isso o Brasil, passou a ocupar posição de destaque na produção mundial, caminhando para ocupar o posto de quarto maior mundial de casulos e de fios de seda, com sua participação sendo ultrapassada, apenas, pela China, ainda o maior 33

35 produtor mundial, tanto de casulos como de fios com a fatia de cerca de 65% da produção mundial de casulos. O Quadro I, demonstra as mais recentes informações oficiais sobre a produção mundial de casulos de seda. 3. MERCADO NACIONAL A produção brasileira de casulos de seda vem sofrendo um grande declínio nos últimos 11 anos, pois desde o ápice da produção que atingiu em 1993 cerca de toneladas, chegando nesta safra à toneladas, número inferior ao observado para a safra anterior, que foi de toneladas, 15,38% menor. É bem verdade que esse decréscimo veio acompanhado de um salto tecnológico com produtividades crescentes na produção de casulo e principalmente na qualidade do fio. Outros fatores importantes a considerar foram: um ajuste no mercado global de seda com a saída de alguns países produtores, a estabilização da produção por parte dos que permaneceram e até o encerramento da produção, como foi o caso do Japão, uma vez que a participação deste 34

36 produto na composição de fibras têxteis mundiais é de apenas 0,24% da produção. Para melhor visualizar a movimentação da safra brasileira, apresenta-se o Gráfico I. Gráfico I Histórico de Produção - Casulo da Seda - Estado Paraná Nº de Municípios Nº de Produtores Área de Amoreira (ha) Produção de casulos (ton.) 2004/ / / / / / / / Fonte: Seab/Deral As exportações de fio de seda do Brasil têm como destino a França e Japão responsáveis neste ano por cerca de 50% das quantidades, seguido pelo Vietnã, China e Itália. Os números das exportações brasileiras de fios de seda alcançaram, até outubro de 2012, 408,8 toneladas, a um preço médio de US$ 63,80/kg, em termos nominais um aumento de 18,5% em volume, em relação ao mesmo período de 2011, gerando uma receita de US$ 26,08 milhões. Paralelamente à queda de 1,3% na receita do volume exportado, o preço médio pago pelo quilo do fio também sofreu um decréscimo de 20,2%. O Quadro II, relaciona as exportações brasileiras nos últimos cinco anos, por países de destino. 35

37 Historicamente o Brasil é essencialmente exportador de fios de seda, praticamente 90% da produção. As exportações brasileiras de produtos têxteis estão concentradas em artigos fabricados com fibras naturais, as quais respondem por 69% da pauta de produtos exportados. Já nas importações desses mesmos produtos, a situação se inverte, as fibras naturais representam 34%. Os principais mercados para os fios brasileiros continuam sendo, em ordem de grandeza: França, Japão, China e Itália, que absorveram 96% das exportações. A produção brasileira de casulo de seda está concentrada no Estado do Paraná, que responde por 93% da produção nacional de casulos, seguido pelos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. A seguir o panorama atual da cadeia produtiva da seda: Perspectiva de redução de 15,38% na produção de casulos verdes, em relação à safra anterior, provocada principalmente pela evasão de produtores para outra atividade. Aumento da produtividade média em kg de casulos/ha/ano, de 19,11%, ou seja, de 663 kg/ha/ano para 789/kg/ha/ano Diminuição da área total destinada à atividade em 21,11%, passando de ha, para ha. Aumento nos custos de produção da indústria de fiação, em razão da ociosidade do parque industrial que atingiu 45%. Atualmente, a produção de fios no Brasil, esta restrita a uma empresa processadora, Fiação de Seda Bratac S/A, responsável por 100% do processamento da matéria prima e fabricação de fios de seda, incluindo também o fornecimento, aos agricultores, dos insetos à produção de casulos. O Gráfico II, mostra a evolução dos preços recebidos pelos produtores no Estado do Paraná, nos últimos sete anos. A partir de 2006, período em que a cotação chegou a US$ 2,42/kg (menor valor), os preços vêm se recuperando até ultrapassar a média de 1995, que foi de US$ 2,45. Em outubro de 2012 o produtor comercializou o produto à razão de US$ 5,44/Kg, 1,12% superior á média alcançada para o mesmo período do ano de 2011, que foi de US$ 5,38. 36

38 4. PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO Sendo uma atividade basicamente desenvolvida em pequenas propriedades rurais, onde predomina o trabalho familiar, o custo de produção do casulo da seda está muito calcado na mão de obra, que tem grande peso na composição do mesmo. Outro fator preponderante é a baixa capacidade do sericicultor em se tecnificar, o que de certo modo onera o produtor. Além das dificuldades listadas acima por que passa a cadeia produtiva, convém destacar que o preço mínimo para o referido produto tem funcionado como um alavancador da atividade, uma vez que segundo o último relatório do Banco Central, na atividade Sericicultura, foram formalizados até julho de 2012, 44 contratos de custeio, no valor de R$ ,00, e para a modalidade FEPM/FGPP, concedido um montante de R$ ,00, demonstrando sim que há interesse pelo crédito. Na composição do custo de produção variável, são listados 13 itens, tomando-se como base uma produtividade média de 624 kg/ha, que em determinadas propriedades pode atingir até 850 kg/ha. Os valores usados na composição do custo, têm como base o mês de novembro de Na apuração final, chegou-se ao valor do custo variável de R$ 10,45/kg. Levando-se em consideração que o produtor, no Estado do Paraná, recebeu em média, durante o ano de 2012, preços até o mês de outubro, R$ 10,49/kg, pelo casulo de primeira, com 15% de teor líquido de seda, atingindo valores de até R$ 11,76. Se considerarmos a média dos preços recebidos, há um empate entre custo e comercialização. Do exposto, e com base nos dados apresentados, e ainda buscando apresentar uma proposição que dê condições para que os produtores e mesmo o setor sericícola, obtenham recursos suficientes, via financiamento (FEPM/FGPP), para mantê-los na atividade, está sendo proposto o novo preço mínimo de R$ 7,70/kg para o casulo da seda, valor que representa, apenas a variação do custo variável de produção, em relação à safra anterior, a preços de 2011 e o calculado para a atual safra, a preços de novembro de Em relação ao custo da safra anterior, representa um acréscimo de 8,06%. 37

39 GIRASSOL Manuel Araújo Carvalho 1. APRESENTAÇÃO O desempenho de uma lavoura de girassol de elevado potencial produtivo está diretamente relacionado à escolha da época de semeadura, do genótipo, do manejo adequado da fertilidade do solo, considerando o sistema de rotação e sucessão de culturas, além dos fatores ambientais como a distribuição de água uniforme durante o ciclo da cultura. O girassol é uma cultura que se adapta a diferentes condições edafoclimáticas, podendo ser cultivado desde o Rio Grande do Sul até o Estado de Roraima. Em função da disponibilidade hídrica e da temperatura característica de cada região, pode ser cultivado como primeira cultura, aproveitando o início das chuvas (inverno-primavera), ou como segunda cultura (verão-outono), aproveitando o final das chuvas. Recomenda-se especial cuidado em não cultivá-lo em épocas favoráveis ao aparecimento de doenças, especialmente aquelas que ocorrem no final do ciclo das plantas, imediatamente após o florescimento, evitando, assim, regiões com baixas temperaturas no final do ciclo. O Cultivo do girassol no Rio Grande do Sul varia entre 3,3 a 7,9 mil hectares por safra, porém, segundo o Levantamento de safra feito pela Conab, no mês de dezembro de 2012, para a safra 2012/13, estima uma manutenção de área da safra 2011/12. As plantações estão mais concentradas na região Noroeste, no Norte são menores. Entre os problemas que impedem a expansão do cultivo na região está a ausência de variedades de ciclo curto. Outro fator que limita a expansão é a produtividade já que compete em área com o milho, que tem produtividade média de 3,5 mil quilos por hectares, além da existência de produtores obtendo quase 10 mil quilos. Com o girassol os produtores têm obtido em torno de 2,4 mil quilos por hectare. Assim, esta cultura concorre com o trigo e com o milho, tendo o milho sua semeadura em setembro, e o girassol em julho, seguindo até meados de novembro, o que impede a formação da lavoura do milho e do trigo. Hoje, grande parte da produção de girassol é destinada à alimentação humana, na forma de óleo. Por vários anos, na década de 80, o Rio Grande do Sul foi o principal produtor do país, chegando a cultivar quase 60 mil hectares. No final dos anos 90 repetiu-se tal condição, porém, a partir desse período os Estados de Mato Grosso e Goiás passaram a ser os maiores produtores de girassol. A produção de grãos de girassol no Brasil vem apresentando um desempenho relativamente significativo nos últimos anos, com crescimento acelerado desde a safra 1997/98, passando de 15,8 mil toneladas para cerca de 116,1 mil toneladas, apresentando crescimento de 634,8% até a safra 2011/12, segundo o Levantamento de Safra realizado pela Conab, no mês de dezembro/

40 2. MERCADO 2.1. PANORAMA INTERNACIONAL O Girassol é cultivado em várias regiões do mundo, com destaque para Ucrânia, EU-27, Rússia e Argentina. Seu cultivo, apesar da planta ter sido domesticada há cerca de anos, só foi introduzido na América do Sul no século XIX. A Ucrânia é atualmente o maior produtor mundial do grão. A produção mundial do girassol grão diminuiu nos últimos dois anos. Na avaliação do USDA é prevista para a safra 2012/13, a nível mundial, uma queda na produção do grão em torno de 12,3%, se comparada com a safra passada, ficando na faixa de 35,7 milhões de toneladas, (USDA-dez./12). Isto se deve à crise financeira mundial, principalmente na Europa, onde estão os maiores produtores e consumidores do complexo girassol. Cerca de 91% da produção de girassol são destinados ao processamento industrial, resultando, em média, 14,5 milhões de toneladas de farelo e 13,6 milhões de toneladas de óleo. (Tabela 1). Pais/Ano Tabela / / / / / / / / /13 Argentina Rússia Turquia Ucrânia EU Outros Total Mundial Fonte: USDA dezembro/2012 Grão GIRASSOL Principais Países Produtores Produção Mundial Este decréscimo na produção mundial da safra 2012/13 se deve basicamente à diminuição da área plantada, o que, provavelmente, deverá provocar queda nas importações, em vista dos baixos estoques dos principais exportadores. A Europa, grande produtora mundial, atualmente passa por uma nova crise financeira; em conseqüência destes fatores, a área tende a ser menor nesta safra do que a anterior. Com um consumo previsto em torno de 36,6 milhões de toneladas (Tabela 2). Tabela 2 Farelo (mil toneladas) Girassol Grão Suprimento Mundial (Em milhões de toneladas) Ano/Safra Área Estoque Produção Imp. Exp. Consumo Estoque Inicial Final 2005/06 22,90 2,23 30,27 1,40 1,52 29,64 2, /07 23,73 2,74 30,35 1,78 1,92 29,57 3, /08 21,20 3,38 27,44 1,25 1,48 27,59 2, /09 23,89 2,99 33,48 1,85 2,14 32,99 3, /10 23,20 3,19 32,18 1,48 1,56 33,29 2, /11 23,20 2,00 33,46 1,55 1,79 33,47 1, /12 25,76 1,75 40,53 1,86 1,94 40,44 1, /13 24,73 1,77 35,69 1,51 1,58 36,60 0,78 Fonte: USDA - Dezembro/2012 Óleo 39

41 Em toneladas Segundo, ainda, o USDA-dez./12 a produção mundial de óleo de girassol, para a safra 2012/13, tem previsão de queda em relação à safra 2011/2012 de 9,8%. Este decréscimo deve ocorrer nos principais países produtores. Os países que mais devem reduzir suas produções são: Rússia, com decréscimo de 19,8%, Ucrânia, 14,1% e EU-27, 8,9%, (Tabela 1 e gráfico 1) Gráfico 1 Girassol Grão Produção e Consumo Mundial - Safra 2012/13 Turquia Argentina EU-27 Rússia Ucrânia Outros Produção 2012/ Consumo 2012/ Fonte: USDA - Dez./2012 Principais Países Tabela 3 Girassol Óleo Suprimento Mundial (Em milhões de toneladas) Ano/Safra Estoque Estoque Produção Importação Exportação Consumo Inicial Final 2005/06 0,86 10,67 3,31 3,92 9,88 1, /07 1,04 10,71 3,33 4,05 10,19 0, /08 0,83 10,14 2,73 3,53 9,24 0, /09 0,94 11,95 4,01 4,55 10,63 1, /10 1,72 12,12 3,71 4,49 11,56 1, /11 1,49 12,28 3,64 4,58 11,54 1, /12 1,29 15,14 5,35 6,41 12,96 2, /13 2,40 13,65 5,55 6,12 13,43 2,05 Fonte: USDA - Dezembro/2012 A União Europeia, tradicionalmente importa o óleo de girassol da Ucrânia e da Rússia, para suprir o mercado interno. No próximo ano é provável que não ocorram importações significativas pelos referidos países, uma vez que a produção e o consumo são praticamente os mesmos. Na safra 2012/13 a produção mundial de óleo de girassol está prevista em 13,6 milhões de toneladas, com um consumo previsto em torno de 13,4 milhões de toneladas. (Gráfico 2). 40

42 Consumo 31% Gráfico 2 Girassol Óleo Suprimento Mundial Safra 2012/13 Estoque Final 5% Estoque Inicial 6% Produção 31% Fonte: USDA - Dez./2012 Exportação 14% Importação 13% Estoque Inicial Produção Importação Exportação Consumo Estoque Final A Produção mundial de farelo de girassol, para a safra 2012/13, segundo o USDA Dez./12 deverá ser da ordem de 14,5 milhões de toneladas, queda de 9,0% em comparação à safra anterior, com um consumo previsto em 14,8 milhões de toneladas, aumento em torno de 0,09%, se comparado ao ano anterior, com um estoque final 0,356 mil toneladas, 61,5% menor do que a safra 2011/12. (Tabela 4). Tabela 4 Girassol Farelo Suprimento Mundial (Em milhões de toneladas) Ano/Safra Estoque Estoque Produção Importação Exportação Consumo Inicial Final 2005/06 0,17 11,52 3,30 3,55 11,18 0, /07 0,25 11,49 3,32 3,49 11,39 0, /08 0,18 10,71 2,79 3,29 10,17 0, /09 0,23 12,75 3,91 4,30 12,06 0, /10 0,53 12,96 3,49 4,12 12,33 0, /11 0,53 13,13 3,88 4,58 12,38 0, /12 0,58 15,97 5,95 6,77 14,81 0, /13 0,93 14,53 4,98 5,26 14,82 0,36 Fonte: USDA - Dezembro/2012 O maior produtor de farelo de girassol é a Ucrânia com uma produção de 3,8 milhões de toneladas e com um consumo em torno de 0,5 milhões de toneladas, vindo em seguida a EU-27 com uma produção de 3,4 milhões de toneladas, consumo doméstico previsto em torno de 6,6 milhões de toneladas, com previsão de importação de 2,9 milhões de toneladas para suprir o mercado interno, em razão de ser o maior consumidor mundial. (Gráfico 3 ). 41

43 em toneladas Gráfico 3 Girassol Farelo Produção e Consumo Mundial - Safra 2012/ Produção 2012/13 Consumo 2012/ Turquia Argentina Russia EU-27 Ucrânia Outros Fonte: USDA - Dez./2012 Principais Países 3. PREÇOS INTERNACIONAIS A cotação do grão de girassol nos principais mercados de referência, quais sejam: Estados Unidos, Holanda e Argentina refletiu o aumento pela busca do grão, observado na safra 2010/11. Os preços internacionais do girassol, no ano safra 2011/12, alcançaram patamares positivos em relação aos últimos anos. Verificou-se no período aumento de 23,1% em Rotterdam, saindo de US$ a tonelada em Jan./12, para uma cotação média US$ em nov./2012. Já na América do Norte o preço da tonelada do grão em jan./12 foi cotado em US$ , passando a valer, em média, em nov./12, US$567.00, ou seja, queda de 10,4%. Na Argentina a cotação do grão em jan./12 custava US$ por tonelada e em nov./12 passou a valer US$ , aumento de 24,1%. Este aumento na cotação da Argentina foi devido à crise financeira ocorrida na Europa, que aumentou a procura pelo grão. No Brasil, a cotação média anual em dólares, referente aos preços recebidos pelos produtores do grão até nov./12 foi de US$ 403,00 a tonelada, ou seja, abaixo dos preços praticados em outros países. (Gráfico 4). 42

44 US$/Tonelada US$/tonelada 800 Gráfico 4 Girassol Grão Preços no Mercado Internacional EUA Rotterdam Argentina Brasil / / /3 2003/4 2004/5 2005/6 2006/7 2007/8 2008/9 2009/ / /12 Fonte: USDA - nov./12 - SAGPYA - SECEX/MDIC Ano/Safra O preço do complexo girassol (grão, farelo e óleo) segue praticamente com o mesmo movimento e, em todos os casos, com uma pequena retração da média das cotações de 2011/12, em relação à 2010/11. No mercado internacional, o preço médio da tonelada praticado do óleo de girassol, até o mês de novembro de 2012, estava cotado da seguinte forma: EUA US$ 1,781.00, Rotterdam US$ 1,256.00, Argentina US$ 1, e Brasil US$1, por tonelada. Nota-se que os preços nos EUA, Rotterdam e Argentina estão praticamente iguais, em uma espécie de co-movimento. (Gráfico 5) Gráfico 5 Girassol Óleo Preços Nominais no Mercado Internacional /1 2001/2 2002/3 2003/4 2004/5 2005/6 2006/7 2007/8 2008/9 2009/ / /12 Fonte: USDA - SGPYA AgroStat Brasil - Secex/Mdic EUA Rotterdam Argentina Brasil 43

45 A cotação do farelo de girassol no mercado internacional encontra-se estável com preços bastante ajustados, principalmente nos EUA, com preço médio de jan até nov./12, a US$ por tonelada, Rotterdam US$ por tonelada, enquanto que na Argentina o preço da tonelada difere dos preços dos outros países citados em média a 38,3% (Gráfico 6). 4. MERCOSUL A Argentina é o principal produtor, esmagador e exportador de grãos e óleo de girassol da América do Sul. Também vem se mantendo como o quarto maior produtor mundial, além de ocupar a posição de um dos principais produtores e fornecedores de óleo e farelo para o mercado internacional. É ainda detentora de um ótimo complexo logístico para escoamento da produção, com preços competitivos para o complexo girassol. Em vista da boa situação climática e com chuvas na época do plantio, tal condição fez com que o Ministério da Agricultura Argentino, (SAGPYA) revisasse os números iniciais da safra 2012/13, para os atuais 1,7 milhões de hectares plantados e uma produção prevista na ordem de 3,2 milhões de toneladas, alcançando uma produtividade média de Kg/ha. A produção de girassol no Paraguai, safra 2012, foi de 150 mil toneladas. Para a próxima safra (2013) é estimada uma produção em torno de 153 mil toneladas, enquanto que no Uruguai a produção esperada para a safra 2011/12 é de 57,3 mil toneladas. 5. PANORAMA NACIONAL 5.1. Safra 2011/ Área e Produção A cultura do girassol vem apresentando em sua área plantada uma média, nas ultimas 12 safras, em torno de 62,4 mil hectares. Para a próxima safra, 2012/13, estima-se que a área a ser plantada atinja 74,5 mil hectares. Quanto à produção, a média nas últimas 12 safras foi da ordem de 85,3 mil toneladas. Na safra 2011/12 esta foi de 116,4 mil toneladas Produtividade A produtividade média foi de Kg/ha, pois, além da influência do clima, o emprego de novas tecnologias e o aprimoramento do cultivo pelos produtores, através do uso de sementes mais adaptadas e boas adubação, não evitou uma queda na produtividade que ficou em torno de 19,7%. O terceiro Levantamento de Safra, realizado pela Conab, no mês de dezembro de 2012, mostrou que o cultivo do girassol, para a safra 2012/13, concentra-se basicamente na região Centro-Oeste, que detém, respectivamente, 88,6% da área plantada e 93,9% da produção do país. O Estado do Mato Grosso desponta-se com a maior área e produção regional, com cerca de 63,2% e 64,5%, respectivamente. (Tabela 5). 44

46 Tabela 5 GIRASSOL GRÃO COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUTIVIDADE E PRODUÇÃO SAFRAS 2011/12 e 2012/2013 REGIÃO/UF Área (Em mil ha) Produtividade (Em kg/ha) Produção (Em mil t) Produção Área 11/12 12/13 Var.% 11/12 12/13 Var. % 11/12 12/13 Var.% (%) (%) Nordeste 0,2 0, ,0 0,2 0,2 0,0 0,23 0,27 CE 0,1 0, ,0 0,1 0,1 0,0 0,11 0,13 BA 0,1 0, ,0 0,1 0,1 0,11 0,13 Centro-Oeste 66,0 66,0 0, ,1 104,2 82,3-21,0 93,95 88,59 MT 47,1 47,1 0, ,8 79,4 56,5-28,8 64,50 63,22 MS 5,0 5,0 0, ,2 6,0 6,3 5,0 7,19 6,71 GO 13,9 13,9 0, ,3 18,8 19,5 3,7 22,26 18,66 SUDESTE 4,3 4, ,0 6,0 0,0-100,0 0,00 5,77 MG 4,3 4, ,0 6,0 0,0-100,0 0,00 5,77 SUL 4,0 4,0 0, ,5 6,0 5,1-15,0 5,82 5,37 PR 0,7 0,7 0, ,3 0,9 1,0 11,1 1,14 0,94 RS 3,3 3,3 0, ,3 5,1 4,1-19,6 4,68 4,43 BRASIL 74,5 74,5 0, ,7 116,4 87,6-24, Fonte: CONAB Levantamento de Safra: Dezembro/ Safra 2012/13 Segundo o terceiro Levantamento de Plantio, para a safra 2012/13, realizado pela Conab no mês de dez./12, é prevista a manutenção da área plantada em torno de 74,5 mil hectares, com uma produtividade média de kg/ha, queda de 19,7%, em comparação à safra 2011/12. Quanto à produção, esta deverá ficar em torno de 87,6 mil toneladas, queda de 24,7%, se comparada com a safra anterior. 6. IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO O Brasil é pouco expressivo na produção de Girassol grão, tendo participado com aproximadamente 0,2% da produção mundial. Nos últimos três anos a produção mundial estabilizou-se em 36,4 milhões de toneladas, e a brasileira em torno de 93,3 mil toneladas. A importação de óleo reduziu-se de 78,5 mil toneladas, no valor de US$ 73,9 milhões de dólares em 1998, para 37,9 mil toneladas, com um custo de importação de US$ 44,9 milhões de dólares, valores estes acumulados de janeiro a novembro de O preço da tonelada de importação em novembro de 2012 é de US$ 1,182.00, enquanto o valor da tonelada para exportação custa US$ 1, No entanto, por conta da baixa produção de grãos de girassol nas últimas três safras, o Brasil passou a importar mais óleo de girassol, principalmente da Argentina, por questões logísticas e preço para suprir o mercado interno. Apesar da baixa produção o Brasil exportou de janeiro a novembro de 2012, 0,55 mil toneladas, com uma receita de US$ 1,07 milhões de dólares em valores acumulados, segundo a SECEX/MDIC (Graf. 6). 45

47 7. QUADRO DE SUPRIMENTO Com o aumento de área para a próxima safra, a atenção deverá ser redobrada na continuação de incentivo à cultura, uma vez que se pretende avançar na produção de girassol, rumo a auto-suficiência de óleo comestível, principal subproduto da cadeia, visando o abastecimento interno, vez que, devido à boa qualidade como alimento humano, provavelmente a cultura venha a crescer dentro do cenário nacional, nos próximos anos. (Tabela 6). Tabela 6 46

48 O segmento alimentação mais saudável tem sido um dos principais canais para a expansão do consumo do grão de girassol e seus derivados. O mercado de grão de girassol, para o consumo humano na forma de óleo, apresenta-se com elevado potencial para ser um dos principais segmentos de consumo. O comportamento do preço torna-se, portanto, um importante sinalizador para balizar decisões referentes à produção de grão de girassol. A esta questão, adiciona-se o fator preço como agravante no processo de difusão do consumo do óleo de girassol no Brasil, o que, em grande medida, eleva os riscos de mercado para os projetos de produção e consumo deste produto. A respeito dos preços do óleo de girassol e dos principais óleos concorrentes, milhos e soja, o mercado oferece um preço diferenciado, proporcionando a esses dois últimos, uma considerável competitividade-preço. Para o consumidor indica uma diferença em média de 35,8% a 95,5% mais barato que o óleo de girassol, respectivamente, no mercado nacional. O mercado interno é de uma concepção bastante simples: A produção de grãos é basicamente direcionada ao esmagamento com finalidade de produção do óleo; o principal subproduto, para fins de alimentação humana. Parte desta produção de grãos é destinada ao comércio varejista como insumo para a indústria confeiteira e também na alimentação de pássaros. 8. PROPOSTAS DE PREÇO MÍNIMO A composição dos preços pagos aos produtores brasileiros é obtida com base na paridade de importação e flutuação dos preços do grão, cuja regência são os mercados de Rotterdam e da Argentina. Sendo assim, o valor recebido pelos produtores é diretamente atrelado às flutuações do câmbio interno, com acordos antecipados de aquisição para o grão, uma vez que o parâmetro para a composição do preço é o mercado internacional. Os valores recebidos pelos produtores para o girassol grão atualmente estão em torno de R$ 51,79/60kg, (Tabela 7) e o valor de paridade de importação do grão da Argentina está em R$ 81,36/60 kg CIF, posto na indústria no Estado de São Paulo, uma diferença de 57,1% custo fábrica, se comparados com os preços recebidos pelos produtores. Enquanto o custo variável de produção para produzir um hectare no Brasil está em torno de R$ 967,33/ton, o custo de importação da Argentina está em R$1.191,04/ton custo fábrica, com uma taxa de câmbio de R$2.00/US$, com variação a maior de 23,1%. Tabela 7 47

49 O preço mínimo a ser fixado para o girassol deverá funcionar como instrumento de incentivo à produção. Os preços internos deverão continuar firmes, em função da escassez da oferta e da disputa da matéria-prima pelas indústrias de esmagamento. Destina-se, portanto, aos produtores, cooperativas de produtores e às indústrias processadoras, tendo como principal objetivo financiar o setor na aquisição do produto. Na proposta de Preços Mínimos levou-se em consideração o custo variável de produção elaborado pela Conab para o Estado do Mato Grosso, que corresponde a 35,25 R$/60Kg. Portanto, propõe-se para o grão de girassol aumento de 5,4%, em relação ao preço mínimo em vigor de R$ 30,60/60 kg, para que se iguale ao custo variável de produção que registra R$32,25/60kg. Este aumento foi devido aos preços elevados dos fertilizantes e agrotóxicos na composição do custo variável, em torno de 42,7%% e 18,6%, respectivamente. No custo total de produção o aumento fica por conta de um leque de fatores, com destaque para a terra própria, com uma participação no custo variável em torno de 43,6% e com participação de 28,6%, no custo total. No pacote tecnológico elaborado pela Conab, o aumento de 5,4% no Preço Mínimo atual não trará problemas de gravosidade na importação de óleo e nem distúrbios nos preços internos. Neste sentido, o preço proposto visa ajustar o preço mínimo ao custo variável de produção, uma vez que este custo elaborado pela Conab, no mês de julho/12 foi de R$ 32,25/60 kg, ou seja, 5,4% maior que o preço mínimo em vigor. Com este acréscimo a diferença entre o preço recebido pelos produtores e o preço mínimo proposto é de menos 56,8% (Gráfico 8). Para a safra 2013/2014, consolidadas as medidas de caráter estrutural, com maior liberdade de mercado e integração com a economia mundial, impõe-se ao setor a necessidade de ganhos de eficiência para que tenha condições de competir internacionalmente. Assim, a Política de Garantia de Preços Mínimos tem que ser adaptada a esses fatores e, mais do que isto cabe a esta, a obrigação de sinalizar nesta direção. Para tanto, a fixação de preços mínimos tem de levar em conta, entre outras questões, as perspectivas da formação de estoques para abastecimento interno e por outro lado, a manutenção de estímulos a produtos que o país não é auto-suficiente, respeitado um padrão mínimo de competitividade internacional. 48

50 Se for adotada a presente sugestão, o Governo Federal estará dando uma importante contribuição no desenvolvimento desta cultura e, por conseqüência, na estabilização da renda do produtor rural e na saúde do consumidor. Segue, abaixo, planilha com os principais parâmetros avaliados e utilizados na proposta apresentada. 49

51 GUARANÁ Marden Augusto da Silva Teixeirense 1. INTRODUÇÃO A produção mundial do guaraná está concentrada quase que totalmente no Brasil, sendo que Peru e Venezuela se apresentam como pequenos produtores. As principais formas de comercialização são as seguintes: a) Guaraná em grãos, b) bastão, c) Pó e, d) xaropes e essências. Esta cultura assume cada vez mais um relevante papel econômico e social por demandar um grande número de mão-de-obra, oportunizando emprego e renda aos agricultores familiares da Região do Baixo Sul da Bahia, como também do Sul e Centro Amazonense. Novos cultivares (clones) em substituição às mudas e sementes (pé franco) trazem vantagens substanciais aos agricultores: menos tempo na formação da muda e consequentemente, na produção, maior produtividade e, tolerância às doenças que comumente atacam o guaranazeiro. 2. PANORAMA NACIONAL 2.1. Estimativa de Área, Produção e Produtividade A área e a produção nacional de guaraná, compreendendo as safras de 2007 a 2012, tiveram crescimento respectivo de 6,1% e 18,9%. Já a produtividade permaneceu estabilizada na média de 367 kg/ha. A estimativa de produção brasileira para a safra 2012 é de toneladas, cultivadas numa área de hectares (conforme levantamento realizado pelo IBGE em outubro/2012), o que representará redução na produção de 2,4% e de 4,6% na área, se comparada à safra do ano passado (Tabela e Gráfico 1). Contudo, as condições climáticas que favoreceram o aumento de 30% na produtividade do Estado do Amazonas foram bastante adversas para o Estado da Bahia, impondo perdas na ordem de 7,5%. Em que pese a ausência de estatísticas oficiais, é praticamente um consenso entre os agentes da cadeia produtiva que o consumo da produção brasileira de guaraná tem a seguinte destinação: indústrias de refrigerantes 44%; indústrias de extratos, xaropes e pó 24,5%; laboratórios em geral 21% e exportação in natura, 10,5% (Gráfico 2). 50

52 Área (em ha)/produção em (t) Produtividade (kg/ha) Tabela 1. Produção Estadual de Guaraná (Semente) - Comparativo de Área, Produção e Produtividade Discriminação Ano Unid Acre Amazonas Bahia Mato Grosso Pará Rondônia Total Área (plantada) Produtividade Produção Participação % na produção Fonte: IBGE. Elaboração: Conab Safra 2007 ha Safra 2008 ha Safra 2009 ha Safra 2010 ha Safra 2011 ha Safra 2012 ha Var.% período 2007/12-75,8 14,0 3,2-18,9-33,3-100,0 6,1 Var.% 2011/12 37,0-2,8-4,4-30,0 2,4 0,0-4,6 Safra 2007 kg/ha Safra 2008 kg/ha Safra 2009 kg/ha Safra 2010 kg/ha Safra 2011 kg/ha Safra 2012 kg/ha Var.% período 2007/12-29,8-15,4 36,1 28,6-16,2-100,0 0,0 Var.% 2011/12 118,9 30,0-7,5 54,3-7,3 0,0 19,9 Safra 2007 ton Safra 2008 ton Safra 2009 ton Safra 2010 ton Safra 2011 ton Safra 2012 ton Var.% período 2007/12 Var.% 2011/12 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011 Ano 2012 Part. média % na produção (2007 a 2012) -83,0-3,6 40,5 4,3-44,1-100,0 18,9 200,0 26,4-11,6 8,0-5,0 0,0-2,4 1,6 33,1 56,2 6,8 1,0 1, ,5 24,6 67,7 5,4 0,6 1, ,3 36,0 58,8 3,5 0,6 0, ,2 20,0 71,9 6,9 0,6 0, ,1 20,7 73,3 5,4 0,5 0, ,2 26,9 66,4 6,0 0,5 0, ,5 26,9 65,6 5,6 0,7 0,7 100 out/12 Gráfico 1. Guaraná - Evolução da Área, Produção e Produtividade /07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 - Fonte: IBGE. Elaboração: Conab Área Produção Produtividade 51

53 Gráfico 2. Destino da Produção Brasileira de Guaraná (4.129 toneladas) Exportação 10,5% = 433,5 t Laboratórios 21,0% = 867,1 t Refrigerantes 44,0% = 1.816,8 t Ind. Xaropes e Pó 24,5% = 1.011,6 t Fonte: Mercado. Elaboração: Conab 3. PREÇOS DE COMERCIALIZAÇÃO E PREÇO MÍNIMO Os preços nominais de guaraná em grãos, recebidos pelos produtores no período de janeiro/2008 a novembro/2012 (Gráfico 3), tiveram incrementos de 40% no Estado do Amazonas e 10% no Estado da Bahia. Neste último ano, considerando o período de novembro/2011 a novembro/2012, em que a demanda esteve menos aquecida, o preço do guaraná na Bahia saiu do patamar de R$ 11,56/kg para R$11,00/kg, desvalorizando-se em 4,84%. No Amazonas os preços permaneceram estáveis em R$ 21,00/kg. Quando se observa as curvas de preços ilustradas no Gráfico 3, nota-se uma tendência de estabilização que tem sido determinada pelo consumo, apresentando comportamento estável ao longo do ano. As grandes indústrias como AMBEV e Coca-Cola, instaladas no Estado do Amazonas, praticamente consomem toda a produção. Já a produção dos Estados da Bahia, Mato Grosso, Pará e Acre é demandada pelas indústrias do Amazonas e também de outros estados. O Governo Federal, por meio de política pública voltada ao incentivo e ao fortalecimento da cadeia produtiva do guaraná, no período sob análise (2008 a 2012), aumentou os Preços Mínimos em 109,9%. 52

54 3.1. Preços de Comercialização A diferença de preços observada entre os Estados da Bahia e do Amazonas está basicamente relacionada à questão dos custos variáveis. No Amazonas o produtor desembolsa, em média, R$ 3.843,73/ha para produzir aproximadamente 295 kg de guaraná em grãos, na Bahia desembolsa uma quantia até maior, algo em torno de R$ 5.036,61/ha, contudo, a produtividade obtida naquele Estado é de kg de grãos/ha, ou seja, 2,3 vezes superior a do Amazonas. Com menor custo o produto baiano fica mais competitivo, razão pela qual consegue uma maior penetração no mercado, sendo comercializado para várias Unidades da Federação Expansão de demanda pelo guaraná A AMBEV, embora produza parte da matéria-prima que necessita, ainda adquire no mercado interno grande quantidade de guaraná em grãos para atender a demanda de sua fábrica em Manaus-AM. De forma a incentivar a produção e melhorar a qualidade do produto, a empresa faz doação de mudas clonadas aos produtores da Região de Maués AM. Os governos do Amazonas e da Bahia têm apoiado a expansão dessa cultura, através de incentivo fiscal às indústrias e assistência técnica Perspectivas Nos principais municípios produtores de Guaraná (Taperoá-BA, Valença-BA; Maués-AM e Urucará-AM), muitos produtores têm aumentado suas áreas cultivando guaraná orgânico produto que representa um novo nicho de mercado, cujos preços de comercialização são mais remuneradores. Depois de processado (moído) o produto recebe a certificação de entidades competentes, para em seguida ser comercializado no mercado externo, em vários países, alcançando preço médio de R$ 35,60/kg. Considerando que haverá recuo da produção na safra atual, a tendência é de que em 2013 os produtores consigam realizar negócios em níveis melhores de preços, fato que irá contribuir para o aumento da renda. 53

55 3.4. Atuação Governamental No período 2008 a 2012 o Governo Federal ampliou seu apoio à cultura. Somente no ano passado foram liberados recursos da ordem de R$ 4,8 milhões, ou seja, o equivalente a 631 contratos. De janeiro a julho de 2012 observou-se a liberação de R$ 1,03 milhão Tabela 2. Recursos Liberados pelo Governo Federal a 2012 (*) Ano Unidade Qdt Número Valor (ha) Contratos (R$) 2008 (ha) , (ha) ,65 CUSTEIO 2010 (ha) , (ha) , (ha) ,74 Var.% 2011/ , (ha) , (ha) EXTRATIVISMO 2010 (ha) , (ha) , (ha) ,04 Var.% 2011/ , (ha) , (ha) ,47 INVESTIMENTO 2010 (ha) , (ha) , (ha) ,97 Var.% 2011/ , (ha) (ha) ,90 BENEF. PARA 2010 (ha) INDÚSTRIAS 2011 (ha) , (ha) 0 0 0,00 Var.% 2011/2012 (100,00) (100,00) (100,00) ANO ,30 ANO ,02 TOTAL GERAL ANO ,67 ANO ,13 ANO ,75 Var.% 2011/ (78,38) Fonte: Bacen - Anuário Estatístico. Elab. Conab (*) recursos liberados até o mês de julho correspondente a 49 contratos (Tabela 2). 54

56 4. PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO 4.1. Preço Mínimo em Vigor Os preços mínimos em vigor são de R$ 12,30/kg para o guaraná tipo 1 e R$ 8,61 para o tipo 2, nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, permitindo, apenas, operações de FEPM (Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários Integrantes da Política Geral de Preços Mínimos ) e FGPP(Financiamento Para Garantia de Preços ao Produtor), para guaraná em grãos (semente torrada). Na elaboração da proposta dos preços mínimos foram levados em consideração os seguintes fatores: (a) o custo variável de produção e; (b) a média de preços de mercado, recebidos pelos produtores, no ano de 2011 e de A proposta de preço mínimo para o guaraná em grãos - tipo 1 - safra 2013/14 - abrangendo as Regiões Norte (Acre, Amazonas e Pará) e; Centro-Oeste (Mato Grosso) é que seja mantido o valor atual, ou seja, R$ 12,30/kg, em que pese o custo variável de produção de R$ 13,03/kg calculado pela Conab se apresentar ligeiramente superior ao preço mínimo em vigor. Com relação à Região Nordeste, vale observar que o custo variável de produção levantado pela Conab, em trabalho de campo realizado na Região de Taperoá BA foi de 5,04/kg, sendo para tanto, considerado, um volume de produção equivalente a 1.000kg/ha. Diante desse novo valor fica aberta a possibilidade de redução do Preço Mínimo da Região Nordeste, atualmente fixado em R$ 12,30/kg. Torna-se importante esclarecer que somente a partir deste ano de 2012 os custos de produção desse produto foram elaborados com a metodologia da Conab/Suinf/Gecup, que utiliza pacotes tecnológicos para definir os valores. Já os custos de produção da safra 2011, em sua elaboração, tiveram a participação da Embrapa/AM e Ceplac/BA. Também é importante esclarecer que um dos principais parâmetros utilizados para a proposição e definição dos Preços Mínimos é o custo variável de produção. Por si só este fator pode levar a Conab a deliberá-lo como proposta de Peço Mínimo. Contudo, a sugestão de Preço Mínimo para o guaraná em grãos - tipo 1 - safra 2013/14/Região Nordeste (Bahia) é R$ 7,58/kg, importância esta 50% superior ao custo variável de produção e inferior em 38,4% ao preço mínimo em vigor (Gráfico 5 e Tabela 3). Esta proposta busca amenizar a abrupta redução do atual valor em vigor, evitando impactos negativos nos níveis de preços recebidos pelos produtores nos últimos dois anos, conforme ilustrado no Gráfico 3, e nos valores de financiamentos de FEPM e FGPP, concedidos a agricultores familiares, produtores rurais e suas cooperativas, beneficiadores e indústrias de transformação do produto. 55

57 Gráfico 5. Guaraná em Grãos Tipo 1 - Safra 2013/14 - Parâmetros da Proposta R$/kg 25,00 20,00 15,00 10,00 12,30 5,04 10,17 10,06 12,30 7,58 5,00 0,00 Tabela 3. Demonstrativo de Reajuste - Guaraná em grãos - Tipo 1- R$/kg Regiões Guaraná em grãos Preço Mínimo Atual (a) Safra 2012/13 Preço Mínimo Proposto (b) Safra 2013/14 Custos Variáveis Safra 2013/14 (c ) Var.% (b/a) Norte e Centro-Oeste Guaraná T1 12,30 12,30 13, ,6 Fonte: Conab Custo Prod. Variável BA 2012 Custo Prod. Variável BA 2013 (*) Preço Médio Prod. BA 2011 Preço Médio Prod. BA 2012 PM Atual BA 12,30 5,04 10,17 10,06 12,30 7,58 Fonte: Seagri, Ceplac, Ebda, Coofava e Conab. (*) Custos médios de Produção calculados pela Conab PM Proposto BA Var.% (b/c) Nordeste Guaraná T1 12,30 7,58 5,04 (38,4) 50,4 56

58 Com a implementação dos Preços Mínimos propostos, espera-se os seguintes reflexos: o preço mínimo utilizado como parâmetro para formalização de FEPM (Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários Integrantes da Política Geral de Preços Mínimos); e FGPP (Financiamento Para Garantia de Preços ao Produtor). manutenção do preço de comercialização do guaraná, em nível de produtor, em patamares que remunerem a atividade; manutenção dos atuais postos de trabalho no campo, no comércio e nas indústrias, da ordem de pessoas. 57

59 LEITE Maria Helena Fagundes 1. INTRODUÇÃO A seguir são apresentados alguns aspectos do setor lácteo, no país e no mercado mundial, no que se refere a produção, preços e comércio, com o objetivo de apresentar informações que auxiliem a formatação dos instrumentos de apoio ao setor a constarem do Plano Agrícola e Pecuário 2013/14, entre eles os novos preços mínimos para o leite in natura. A safra 2013/14 de grãos, fibras e produção pecuária deverá ocorrer em um ambiente de crescimento da economia mundial, o qual deverá ser de + 3,6 % em 2013 (+ 3,3% em 2012), relativamente ao ano anterior, conforme último relatório do International Monetary Fund (IMF) 1. Em 2013, estima-se que as economias desenvolvidas deverão crescer + 1,5% (+ 1,3% em 2012) e as economias emergentes e em desenvolvimento + 5,6% (+ 5,3% em 2012). Os Estados Unidos deverão crescer + 2,1% em 2013 (+ 2,2% em 2012) e a União Europeia (área do Euro) + 0,2% (- 0,4% em 2012). O Japão, deverá crescer + 1,2% em 2013 (+ 2,2% em 2012). Os principais países emergentes e em desenvolvimento devem apresentar as seguintes taxas de crescimento em 2013: Rússia + 3,8% (+ 3,7% em 2012); China + 8,2% (+ 7,8% em 2012); Índia + 6,0% (+ 4,9% em 2012); e Brasil + 4,0% (+ 1,5% em 2012). Os países da Ásia recentemente industrializados (Coréia do Sul, Formosa, Hong Kong e Singapura), importantes importadores de lácteos, aumentarão seu crescimento de + 2,1% em 2012 para + 3,6% em Os cinco países pertencentes à Associação das Nações do Sudeste da Ásia (ASEAN - 5), Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas e Vietnam, grandes importadores de lácteos, principalmente de leite em pó, aumentarão seu crescimento de + 5,4% em 2012 para + 5,8% em A Argélia, grande importador de leite em pó, aumentará seu crescimento de + 2,6% em 2012 para + 3,4% em Os quatorze países da Europa Central e Oriental devem aumentar o seu crescimento de + 2,0% em 2012 para + 2,6% em O comércio global em volume, de bens (excluindo serviços), de exportações e importações, deverá aumentar + 4,5% em 2013 após crescer + 3,2% em As exportações de bens (também excluindo serviços), em volume, dos países desenvolvidos deverão aumentar de + 2,2% em 2012 para + 3,6% em 2013, e as dos países emergentes e em desenvolvimento deverão aumentar de + 4,0% em 2012 para + 5,7% em As importações, em volume, dos países desenvolvidos deverão aumentar de + 1,7% em 2012 para + 3,3% em 2013 e as dos países emergentes e em desenvolvimento deverão diminuir de + 7,0% em 2012 para + 6,6% em International Monetary Fund, World Economic Outlook, outubro de 2012, Washington. 58

60 Em termos de valor, medido em dólares americanos, o comércio global de alimentos que diminuiu - 1,1% em 2012 deverá diminuir - 2,0% em 2013 e o de matérias primas agrícolas, que se reduziu em - 12,9% em 2012 deverá se reduzir em adicionais - 2,1% em A tendência de redução de preços dos principais grãos (soja, milho e trigo) deverá se manter até O preço do petróleo, depois de aumentar + 2,1% em 2012, deverá reduzir-se em - 1,0% em 2013, relativamente ao ano anterior, tendência de redução de preço que deverá se manter até Estima-se que o preço médio anual do barril em 2012 deverá situar-se em US$ 106,18 e em US$ 105,10 em 2013, uma redução de -1,0%. De acordo com os índices de preços internacionais de produtos agropecuários, divulgados pela Food and Agriculture Organization (FAO) 2, mostram que, entre outubro/2011 e outubro/2012, o índice dos preços internacionais de lácteos se reduziu em - 4,7% (preços das commodities ponderados pelas quantidades transacionadas). Nesse mesmo período, com exceção do índice dos cereais que aumentou + 12,2%, houve redução também nos demais grupos: carnes - 1,0%; açúcar - 20,2%; e oleaginosas - 8,0%; resultando numa redução de - 1,1% no índice global de preços internacionais dos alimentos nos últimos doze meses (cinquenta e cinco cotações ponderadas pelas quantidades transacionadas). O custo de produção permanece em alta devido ao aumento dos preços do milho e soja resultado da quebra da safra norte-americana com impacto nos mercados internacionais desses grãos. A alta de preços dos derivados lácteos nas regiões da Oceania e Europa a partir de junho/2012 deverá continuar nos próximos meses devido à redução da oferta nos Estados Unidos e UE (27), aliado aos baixos estoques e ao crescimento menor da produção previsto na Oceania, face a uma demanda internacional firme. A produção aumenta na Ásia e na América Latina. No mercado interno, em 2012, os preços pagos ao produtor de leite, em termos reais, se reduziram mesmo na entressafra e cobriram apenas os custos variáveis, mas não os custos totais, o que coloca em risco a continuidade da produção em várias regiões, o que se traduz na progressiva redução das taxas de crescimento da produção de leite no país. Em 2013, a rentabilidade da produção de lácteos, e da agropecuária em geral, irá depender, entre outros fatores, da evolução da taxa de câmbio, que se desvalorizou + 13,4% nos últimos doze meses (de R$ 1,79/US$ para R$ 2,03/US$), aumentando o custo dos insumos importados (fertilizantes etc.). Por outro lado, a persistir a tendência de desvalorização, aliada à recente recuperação dos preços internacionais das commodities lácteas, o setor lácteo deverá ser melhor remunerado pelas suas exportações. Para a safra 2013/14 está sendo proposto um aumento de + 10,5% para o preço mínimo do leite, referência para a concessão de FEPM (Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários Integrantes da Política Geral de Preços Mínimos); e FGPP (Financiamento Para Garantia de Preços ao Produtor), com início de vigência em 1º/07/2013, para o valor de R$ 0,67/litro para as regiões Sul e Sudeste; de R$ 0,65/litro para a região Centro-Oeste (exceto Mato Grosso); de R$ 0,60/litro para a região Norte e Mato Grosso; e de R$ 0,69/litro para a região Nordeste. 2 Food and Agriculture Organization, World Food Situation, novembro de

61 2. MERCADO INTERNACIONAL 2.1. Principais países produtores De acordo com as informações do USDA/FAS 3, a produção de leite de vaca de países selecionados, evoluiu a uma taxa de + 1,7% aa entre 2008 e 2012, sendo estimada pela OECD/FAO 4 em + 2,6% em 2013, quando deverá alcançar 476,6 milhões de t (Tabela 1). A seguir comenta-se a situação atual e as perspectivas de produção para os principais países produtores e exportadores. De acordo com a OECD/FAO, a UE (27) deverá aumentar a sua produção em + 2,8% em 2013, após um crescimento de + 1,3% no ano anterior, alcançando143,9 milhões de t, com exportações estimadas, em 2012, em 7,8% de sua produção. Os limites à produção têm sido aumentados em um ponto percentual a cada ano, sendo que o sistema de cotas deverá ser abolido em abril de Desde 2010 não são adotados subsídios às exportações de lácteos. Essa região é a segunda maior exportadora de lácteos em equivalente leite, mas tem apresentado tendência à estabilidade na sua participação no comércio mundial nos últimos anos. De acordo com dados da FAO 5, as exportações mundiais de lácteos da UE (27), em equivalente leite, apresentaram um market share estável de 23,3% entre e United States Department of Agriculture/Foreign Agricultural Service (USDA/FAS) 3, Dairy: World Markets and Trade, julho/ Organization for Economic Cooperation and Development / Food and Agriculture Organization, Agricultural Outlook , Food and Agriculture Organization, Food Outlook Global Market Analysis, novembro/2012. Abrange a produção de leite de todos os animais sendo que, nos países maiores exportadores, refere-se à leite de vaca. 60

62 Nos Estados Unidos, a produção aumentou + 2,7% em 2012 e deverá reduzir a sua taxa de crescimento para + 1,2% em 2013, alcançando 92,0 milhões de t, devido à redução da relação preço do leite/preço da ração e reflexos da seca de De acordo com a FAO - Food Outlook, as exportações norte-americanas de lácteos, em equivalente leite, aumentaram de 4,0 milhões de t, no período , para uma estimativa de 5,3 milhões de t em 2012 em equivalente leite (ou + 31,6%), principalmente de leite em pó desnatado e queijo, aumentando a sua participação no mercado internacional de 9,0% para 10,1% das exportações totais mundiais, sendo o terceiro maior exportador em equivalente leite. O Brasil, quarto maior produtor mundial, aumentou a sua produção de leite de vaca a um ritmo de + 4,6% aa no período , estimando-se haver alcançado 34,1 milhões de t em 2012, um aumento de + 3,0% em relação ao ano anterior. Em 2013, estima-se um aumento da produção em + 3,0%, alcançando 35,1 milhões de toneladas, mesmo com um cenário de aumento das importações, déficit na balança comercial de lácteos e aumento de custos. Essa mesma estimativa situa-se em + 1,9%, de acordo com a OECD/FAO. A produção na China continuará em expansão em 2013 a uma taxa de + 3,8% (+ 5,4% em 2012), devendo alcançar 33,5 milhões de t. A taxa de redução foi de - 1,5% aa nos últimos cinco anos e deveu-se à reorganização do setor lácteo no país, com a retirada da pequena produção de fundo de quintal e ao escândalo da melamina. O governo está intervindo para reestruturar a indústria nacional e melhorar a qualidade e confiança nos produtos domésticos. De acordo com a FAO - Food Outlook, a China é responsável por 12% do total das importações mundiais, devendo alcançar, em 2012, 6,3 milhões de t em equivalente leite, principalmente de leite em pó integral (maior importador), desnatado (segundo maior importador) e manteiga. A produção na Nova Zelândia está estimada em 20,2 milhões de t em 2013, um aumento de + 2,1% (foi de + 4,8% em 2012), e suas exportações em 2012 representaram 31,9% do total das exportações em equivalente leite mundiais, tendo sido de 28,9% no período , sendo o maior exportador mundial. O país é um grande exportador de todas as commodities lácteas, prevendo-se, de acordo com o USDA/FAS, as seguintes participações percentuais para 2012: 58,4% (1,2 milhão de t) do total das exportações mundiais de leite em pó integral; 62,2% (470 mil t) das de manteiga; 23,2% (365 mil t) das de leite em pó desnatado; e 19,3% (260 mil t) das de queijo. O rebanho leiteiro do país permanece em expansão e em boas condições, observando-se aumento do número de produtores. As pastagens estão em boas condições, não se esperam alterações climáticas e o país experimenta aumento de produtividade. A produção na Argentina deverá ser de 13,5 milhões de t em 2013, um aumento de + 5,7% sobre o ano anterior, tendo sido de + 7,0% em 2012, devido aos bons retornos da atividade e ao aumento da demanda externa. Sua participação, em equivalente leite, no mercado externo deverá aumentar de 3,2% no período para uma estimativa de 4,4% em Conforme as informações do relatório do USDA/FAS, em 2012 a Argentina deverá exportar 260 mil t de leite em pó integral (terceiro maior exportador); 75 mil t de queijo (quinto maior exportador); 30 mil t de manteiga (quinto maior exportador); e 17 mil t de leite em pó desnatado (6º maior exportador). Após um período de redução e pouco aumento da produção entre 2008 e 2012, a produção de leite na Austrália deverá aumentar + 2,1% em 2013, alcançando 10,2 milhões de t. Após o longo período de seca, as pastagens apresentaram recuperação, e os reservatórios de água voltaram aos níveis normais. O rebanho está em expansão, mesmo encontrando dificuldades de reposição e competição por terras. 61

63 Suas exportações diminuíram de 7,4% das exportações mundiais no período para uma estimativa de 6,3% em 2012, sendo o quarto maior exportador em equivalente leite. De acordo com as informações do USDA/FAS, o país exporta principalmente leite em pó desnatado (185 mil t); leite em pó integral (116 mil t); e manteiga (65 mil t). O comércio global de lácteos permanece em expansão, tendo sido de + 4,6% em 2012, na comparação com o ano anterior, aumentando a sua participação de 6,8% da produção mundial em 2011 para 7,0% em Conforme os dados da FAO - Food Outlook, a produção desses treze países representa 61,1% do total da produção mundial, estimada em 759,6 milhões de t em Mercosul A região do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) aumentou a sua produção a uma taxa de + 5,1% aa no período , quando a produção do bloco passou de 39,8 bilhões de litros para 48,6 bilhões de litros. Para 2013, espera-se que a produção do bloco aumente + 3,7%, alcançando 50,4 bilhões de litros, a depender das condições climáticas e continuidade das importações mundiais, principalmente no que se refere à Argentina e Uruguai, além do crescimento do mercado consumidor interno regional (Tabela 2). Informações, ainda preliminares, indicam um aumento da produção de leite na Argentina em 2012 de + 7,0% em relação ao ano anterior, alcançando 12,8 bilhões de litros. Para 2013, de acordo com estimativas da OECD/FAO, estima-se que a produção da Argentina deverá crescer a uma taxa menor, de + 5,7%, alcançando 13,5 bilhões de litros, devido aos preços em baixa, com impactos na rentabilidade do produtor, mas impulsionada pela demanda externa firme. Entre 2008 e 2012, o Uruguai aumentou a sua produção a uma taxa média anual de + 7,2% aa. Houve um expressivo aumento em 2012, de + 10,1%, e estima-se que aumente adicionais + 2,3% em 2013, alcançando 2,4 bilhões de litros. O Brasil, país maior produtor do bloco, aumentou a sua produção total de leite a uma taxa média de + 4,6 % aa entre , estimando-se haver alcançado 33,0 bilhões de litros no último ano. Em 2013, prevê-se que o Brasil deverá aumentar a sua produção em + 3,0%, alcançando 34,0 bilhões de litros. Esse aumento da produção irá depender do comportamento dos preços pagos ao produtor durante o ano, do efetivo controle das importações dos demais países, do comportamento do consumo interno e da retomada das exportações. 62

64 US$/100 kg No que se refere à defesa comercial da produção brasileira, está em negociação com a Argentina a prorrogação do acordo privado de quotas de importação de leite em pó, hoje em t/mês, negociadas ao preço que não poderá ser inferior ao preço mínimo divulgado para o mercado da Oceania. Também em negociação junto aos demais países do bloco, encontra-se a consolidação da Tarifa Externa Comum em 28% para os onze produtos lácteos que possuem essa tarifa apenas até dezembro/2012. Adicionalmente, é necessário adicionar esses produtos à Lista de Exceção à TEC do Brasil, com tarifas entre 35% a 55%, como permitido pelo Acordo assinado pelo país junto à Organização Mundial do Comércio. É também necessário incluir os produtos lácteos como produtos sensíveis no âmbito das negociações do acordo Mercosul - União Europeia. Adicionalmente, o setor privado brasileiro negocia a prorrogação, junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), das medidas de antidumping com a União Europeia (14,8% ad valorem) e Nova Zelândia (3,9% ad valorem), cujo prazo de vigência deverá expirar em 15/2/2012. Para os produtos lácteos que possuem medidas antidumping em vigor (NCMs , , , , , e ), as importações estão sujeitas a licenças de importação não automáticas e à apresentação de certificado de origem Preços internacionais: pagos ao produtor e commodities Os preços pagos ao produtor nos principais países produtores mostram a competitividade da produção na Nova Zelândia, que pagou, em setembro/2012, US$ 21,83/100 kg aos seus produtores. Seguida pela Argentina, com US$ 33,13/100 kg; Uruguai US$ 35,00/100kg; UE (27) US$ 42,47/100kg; Brasil US$ 42,86/100 kg; e Estados Unidos US$ 46,57/100kg. Brasil, Estados Unidos e UE (27) apresentaram recuperação dos preços pagos ao produtor nos últimos quatro, três e último mês, respectivamente (Gráfico 1). Essa recuperação de preços ao produtor deverá ser seguida pelos demais países devido à perspectiva de menor oferta mundial e demanda em expansão. Preços pagos ao produtor na UE (27), Nova Zelândia, Estados Unidos, Brasil, Argentina e Uruguai, 1999 a out/ Em US$/100 kg Gráfico 1 70,0 60,0 50,0 UE (27) Nova Zelândia USA Brasil Argentina Uruguai jan 2007 jan 2008 jan 2009 jan 2010 jan 2011 Fonte: LTO, MINAGRI, INALE, CEPEA e USDA. MHF/nov 12. jan ,0 30,0 20,0 10,0 0, /jan marmai jul setnov 2008/jan marmai jul setnov 2009/jan marmai jul setnov 2010/jan marmai jul setnov 2011/jan marmai jul setnov 2012/jan marmai jul setnov 63

65 Esses preços são influenciados pelas políticas cambiais dos países e suas participações no mercado internacional de lácteos, sendo que a competitividade das exportações irá depender também de outros fatores como os demais itens do custo de produção dos derivados, o comportamento dos preços internacionais das principais commodities e a demanda dos principais importadores. Na Oceania, os preços das commodities lácteas apresentaram recuperação a partir de agosto/2012, após registrar redução entre o início de 2011 e meados de 2012 (Gráfico 2). Gráfico 2 Oceania: Preços internacionais quinzenais do leite em pó desnatado, integral, manteiga e queijo cheddar, FOB porto, jan/2006 a out/ Em US$/t jan 2008 jan 2009 jan 2010 LP Desnatado Manteiga 03/01/ /03/ /05/ /07/ /10/ /12/2008 5/3/ /5/ /7/2009 1/10/ /12/ /2/ /4/2010 8/7/ /9/ /11/2010 jan 2011 jan 2012 LP Integral Queijo Cheddar 4/2/ /4/ /6/2011 1/9/ /11/ /1/ /3/2012 7/6/ /08/ /10/2012 Fonte: USDA. MHF/nov 12. Entre a segunda quinzena de outubro/2011 e a segunda quinzena de outubro/2012, os preços nessa região apresentaram o seguinte comportamento: leite em pó desnatado (+ 1,5%, alcançando US$ 3.400/t); leite em pó integral (- 5,7%, alcançando US$ 3.300/t); manteiga (- 20,7%, alcançando US$ 3.250/t); e queijo cheddar (estável, com a cotação de US$ 3.950/t). As cotações das commodities lácteas, FOB Norte da Europa, apresentaram aumento a partir de julho/2012 (Gráfico 3). Gráfico 3 Norte da Europa: Preços quinzenais internacionais do leite em pó desnatado, integral, soro em pó e manteiga, jan/2006 a out/ Em US$/t Fonte: /01/ /03/2008 jan 2008 LP Desnatado Soro em pó jan 2009 jan 2010 LP Integral Manteiga jan /05/ /07/ /10/ /12/2008 5/3/ /5/ /7/2009 1/10/ /12/ /2/ /4/2010 8/7/ /9/ /11/2010 4/2/ /4/ /6/2011 jan 2012 USDA. MHF/nov 12. 1/9/ /11/ /1/ /3/2012 7/6/ /08/ /10/

66 US$/l US$/t Entre a segunda quinzena de outubro/2011 e a segunda quinzena de outubro/2012, os preços nessa região apresentaram o seguinte comportamento: leite em pó desnatado (+ 8,0 %), alcançando US$ 3.562,5/t); integral (- 5,2%, alcançando US$ 3.862,5/t); soro em pó (+ 1,9%, alcançando US$ 1.337,5/t); e manteiga (- 21,4%, alcançando US$ 4.225,0/t). O menor aumento da produção estimado para os Estados Unidos e UE (27), os baixos estoques públicos nesses países, o menor aumento da produção na Nova Zelândia, fatores aliados à demanda firme e ao crescimento econômico nos principais países importadores, indicam que os preços das commodities lácteas continuarão em alta nos próximos meses No Brasil, mesmo sendo um setor cuja produção está quase totalmente dirigida ao mercado interno, é significativa a transmissão dos preços de importação do leite em pó integral, com origem na Argentina e Uruguai, para o nível de preços pagos ao produtor, sendo a principal causa para o seu acompanhamento pelo setor nacional, com a negociação de quotas e a vinculação dos preços de importação aos preços praticados na Oceania (Gráfico 4). No que se refere aos preços de paridade em nível de produtor, em outubro/2012, tomando como base o preço do leite em pó integral, colocado como equivalente leite no interior de São Paulo, obteve-se os seguintes resultados: a paridade efetiva de importação, origem no Mercosul, situa-se em R$ 0,7473/l; a paridade de exportação, base FOB Norte da Europa, é de R$ 0,4950/l; enquanto o preço pago ao produtor em São Paulo situou-se em R$ 0,9138/l; e o preço mínimo atual é de R$ 0,61/l para as regiões Sul e Sudeste (Gráfico 5). Gráfico 4 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 Brasil: Preços pagos ao produtor leite e preço do leite em pó integral (FOB Mercosul), jan/2008 a out/2012 Em US$/l e US$/t jul 2008/jan mar mai Preço pago ao produtor Preço Leite em pó integral (FOB Mercosul) jul set nov 2009/jan mar mai jul set nov 2010/jan mar mai jul set nov 2011/jan mar mai jan/2012 jul set nov 2012/jan mar mai set Fonte: CEPEA. MHF/nov

67 R$/l São Paulo (interior): Preços de paridade importação (base FOB Mercosul, LPI) e exportação (base FOB Norte da Europa, LPI), preço pago ao produtor em SP e preço mínimo, jan/2005 a out/ Em R$/l Gráfico 5 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 jul set nov 2005/jan mar mai PPP: R$ 0,9138/l Preço mínimo: R$ 0,61/l Paridade exportação: R$ 0,4950/l Paridade importação: R$ 0,7473/l 2006/jan jul set nov mar mai 2007/jan jul set nov mar mai 2008/jan jul set nov mar mai 2009/jan Como a paridade de exportação permanece inferior ao preço pago ao produtor, o mercado interno continuará sendo, em 2013, o grande consumidor dos produtos lácteos nacionais, sendo também o mercado mais rentável. A participação brasileira no mercado externo diminuiu de 0,9% do volume total em equivalente leite mundial exportado no período para 0,2% em , tendo como causas a valorização da moeda nacional, os altos custos de produção e preços internacionais que só a partir de agosto/2012 reiniciaram uma trajetória de recuperação. A paridade de importação, situada em patamar inferior ao preço pago ao produtor, indica a continuidade das importações lácteas com origem no Mercosul. jul set nov mar mai Paridade importação Paridade exportação Preço pago ao produtor Preço mínimo 2010/jan jul set nov mar mai 2011/jan jul set nov mar mai 2012/jan Fonte: USDA, CEPEA e Conab. MHF/nov 12. jan 2012 jul set nov mar mai 3. MERCADO NACIONAL 3.1. Produção: quadro de oferta e demanda A Tabela 3 apresenta o quadro de oferta e demanda de leite entre 2007 e 2013, sendo estimativas as informações para os dois últimos anos. A produção nacional de leite cresceu a uma taxa média anual de + 4,8% aa entre 2007 e 2012, quando evoluiu de 26,1 bilhões de litros para 33,0 bilhões de litros (estimativa para o último ano). Estima-se que a produção total deverá aumentar + 3,0% em 2013, alcançando 34,0 bilhões de litros, crescimento inferior ao da média dos últimos cinco anos. Nesse mesmo período, a produção sob inspeção aumentou + 5,1% aa, evoluindo de 17,8 bilhões de litros para 22,8 bilhões de litros (estimativa para o último ano). Estima-se que a 6 FAO, idem, pag

68 produção sob inspeção federal, estadual e municipal, deverá alcançar 24,0 bilhões de litros em 2013, ou 68,4% da produção total. Houve aumento das importações em equivalente leite entre 2010 e 2012, de + 73,2%, alcançando 1,3 bilhão de litros em Quanto às exportações, estima-se que aumentaram +2,0% em 2012, alcançando 128,5 milhões de litros em equivalente leite. O Gráfico 6 apresenta a evolução da balança comercial de lácteos (NCMs 0401 a 0406), entre 1996 e 2012 (até outubro). Após quatro anos de superávit (2004, 2005, 2007 e 2008), a balança voltou a ser deficitária em 2009 (US$ 114,1 milhões), 2010 (US$ 195,3 milhões) e 2011 (US$ 507,0 milhões). Em 2012, até outubro, a balança apresentou déficit de US$ 423,8 milhões, com exportações de US$ 77,2 milhões e importações de US$ 501,1 milhões, um acréscimo no déficit de + 1,4% relativamente ao mesmo período do ano anterior, tendência que deverá continuar nos próximos anos, de acordo com as últimas projeções da OECD/FAO 7. Estima-se que, em 2013, o déficit no comércio de leite em pó integral, por exemplo, será de - 34,88 mil t, devendo alcançar - 41,97 mil t em 2021 (Gráfico 7). 7 OECD/FAO, op. cit. 67

69 Mil t US$ milhões US$ milhões Gráfico 6 Lácteos: Balança comercial 1 (NCMs a ), 1996 a 2012 (out) - Em US$ milhões (jan a (jan a out) out) Exportações 19,3 9,4 8,1 7,5 13,4 25,0 40,3 48,5 95,4 130,1 138,5 273,3 509,3 147,8 131,6 97,3 80,4 77,2 Importações 514,3 454,7 508,8 440,0 373,2 178,6 247,6 112,3 83,9 121,2 154,7 150,8 211,6 261,9 327,0 604,9 498,3 501,1 Saldo -495,0-445,3-500,7-432,4-359,8-153,6-207,2-63,8 11,5 8,9-16,2 122,5 297,7-114,1-195,3-507,6-417,9-423,8 Fonte: MDIC. MHF/nov Gráfico Brasil: Exportações líquidas de manteiga, queijo, leite em pó desnatado e integral, 2000 a Em mil t Manteiga 2013 LP Desnatado Queijo LP Integral Fonte: OECD/FAO. MHF/nov 12. As principais origens das importações são a Argentina e o Uruguai, impulsionadas pelo real valorizado e pela grande competitividade da produção de lácteos nesses países. Até outubro/2012, foram importados lácteos no valor de US$ 501,1 milhões, sendo 47,9% do total, em valor, da Argentina; 38,6% do Uruguai; 4,1% do Chile; sendo que os restantes 9,2% tiveram origem em outros quinze países. 68

70 Nesses dez primeiros meses do ano, foram importadas 53,1 mil t de leite em pó integral - NCM (US$ 203,2 milhões e média de US$ 3.821,5/t), representando 40,6 % do valor total importado, enquanto no mesmo período do ano anterior foram importadas 48,0 mil t (US$ 190,1 milhões e média de US$ 3.957,5/t), representando 38,2% do valor total importado, um aumento de + 9,7% em quantidade e de + 6,4% em valor. O segundo produto mais importado nesse período foi o leite em pó desnatado (NCM ), que representou 13,8% do valor total importado ou US$ 68,8 milhões e 19,0 mil t; seguido pelo queijo mussarela (NCM ), representando 8,8% do total importado ou US$ 43,9 milhões e 10,2 mil t. No que se refere às exportações, entre janeiro e outubro de 2012, foram exportadas 20,5 mil t de leite condensado (NCM ), em um valor total de US$ 43,6 milhões (média de US$ 2.120,8/t), representando 56,6% do valor total exportado, enquanto no mesmo período do ano anterior foram exportadas 19,7 mil t, representando 52,0% do valor total exportado ou US$ 41,7 milhões. Houve, portanto, um aumento de + 4,3% das exportações de leite condensado em quantidade e de + 4,4% em valor. O segundo produto mais exportado nos dez primeiros meses foi Outros creme de leite etc. (NCM ), representando 21,1% do valor total ou US$ 16,2 milhões e 6,5 mil t; seguido pelos queijos fundidos (NCM ), representando 5,0% do valor total ou US$ 3,8 milhões e 957,6 t. O principal mercado das exportações brasileiras de lácteos, em valor, foi a Venezuela (16,9% do valor total exportado); seguida por Angola (11,1% do total); Filipinas (10,8% do total); Arábia Saudita (8,8% do total); e Emirados Árabes Unidos (6,7% do total). As demais exportações, representando 45,7% do valor total exportado, foram destinadas a outros quarenta e dois países. O consumo per capita nacional aparente, sem computar os estoques, em equivalente leite, em 2012, está estimado em 176,8 litros/habitante/ano, um aumento de + 2,4% relativamente ao ano anterior, ainda bastante inferior aos consumos aparentes, por exemplo, na Argentina, em 2010, de 206,3 litros/habitante/ano ou no Uruguai, também em 2010, de 242,0 litros/habitante/ano. O consumo anual em 2012 dos países desenvolvidos está estimado em 238,1 kg/habitante/ano e nos países em desenvolvimento em 72,7 kg/habitante/ano. Em 2013, o consumo per capita nacional poderá alcançar 180,8 litros/habitante/ano. A produção nacional total aumentou entre 5,0% e 6,0% entre 2008 e 2010, mas reduziu esse percentual para + 4,5% em 2011, devendo ficar em torno de 3,0% a 4,0% em 2012 e A baixa rentabilidade econômica da produção face aos preços insuficientes relativamente aos custos de produção, preços reais em queda e competição com a rentabilidade de outras produções agrícolas, são fatores que têm impedido um aumento da produção a taxas superiores Preços pagos ao produtor e quantidades adquiridas pelos laticínios Mesmo com o aumento das importações, os preços pagos ao produtor apresentaram recuperação a partir de setembro, mas encontram-se ainda substancialmente inferiores, em termos reais, aos verificados no ano anterior (Gráfico 8). 69

71 R$/l Índice (jun 2004 = 100) Gráfico 8 Brasil: Preços reais pagos ao produtor leite (corrigidos pelo IGP-M base out/2012), em 2011 e 2012 e quantidades sob inspeção (pesquisa CEPEA) Em R$/l e nº índice (jun 2004 =100) 1,00 Fonte: CEPEA. MHF/nov , ,90 0,85 0,80 0,75 Preço real out 2012/ out 2011 : - 7,8% Quant. set 2012/ set 2011: + 1,3% ,70 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Preços ,8147 0,8151 0,8336 0,8705 0,9150 0,9435 0,9452 0,9463 0,9633 0,9556 0,9139 0,9060 Preços ,8886 0,8989 0,9135 0,9158 0,9135 0,8887 0,8684 0,8632 0,8694 0,8808 Quant ,7 141,0 132,8 129,1 127,7 131,8 133,1 138,2 142,6 142,4 147,0 146,4 Quant ,3 140,1 134,8 134,2 134,5 139,8 143,6 145,2 144,5 115 A comparação da média dos preços reais brutos de janeiro a outubro de 2012 com o mesmo período de 2011, corrigidos para outubro/2012 pelo IGP-M, mostra uma redução de - 1,1%, enquanto a média de captação (Índice de Captação do Leite - ICAP/CEPEA 8), apresentou aumento de + 3,2% entre janeiro e setembro de 2012, relativamente ao mesmo período do ano anterior. No nível censitário, para o total do país, a quantidade de leite adquirida pelas indústrias aumentou + 3,9% no período janeiro a junho de 2012 comparado com o mesmo período do ano anterior. As regiões Nordeste e Sudeste apresentaram redução de - 10,3% e de - 0,4%, respectivamente, na comparação de janeiro a junho de 2012 com o mesmo período do ano anterior e as regiões Norte, Sul e Centro-Oeste apresentaram aumento de produção de + 1,5%, + 14,7% e + 0,04%, respectivamente, também relativamente ao primeiro semestre do ano anterior. O Rio Grande do Sul, segundo maior estado produtor, alcançou uma produção de 1,6 bilhão de litros, + 16,0% na comparação com o mesmo semestre do ano anterior. Santa Catarina apresentou significativo aumento de produção, de + 20,5%, alcançando 984,1 milhões de litros nos seis primeiros meses de Minas Gerais aumentou a sua produção de 2,77 para 2,79 bilhões de litros, ou + 0,8%, na comparação entre os dois semestres. São Paulo, terceiro maior estado produtor em 2011, reduziu a sua produção em - 3,7% na comparação entre o primeiro semestre de 2012 e o do ano anterior, com os produtores pressionados pelo alto custo das rações e preços insuficientes. A queda da produção na região Nordeste deveu-se à seca que ocasionou diminuições expressivas de produção na Bahia (- 23,8%), Alagoas (- 21,8%), Rio Grande do Norte (- 20,2%) e 8 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Departamento de Economia, Administração e Sociologia, Universidade de São Paulo, CEPEA/LEITE, outubro de

72 R$/l Mil litros Ceará (- 5,1%) na comparação do primeiro semestre de 2012 com o mesmo período do ano anterior. Gráfico 9 Brasil: Preços nominais e reais (IGP-M base out 12) pagos ao produtor e quantidades adquiridas pelos laticínios, jan/2007 a jun/ Em R$/l e mil litros 1,2500 1,1500 1,0500 Preços nominais Preços reais Produção sob inspeção adquirida Linear (Produção sob inspeção adquirida) y = 6325,3x + 1E+06 R 2 = 0,5216 jan , ,8500 0, ,6500 0, , /jan mar mai jul set nov 2008/jan mar mai jul set nov 2009/jan mar mai jul set nov 2010/jan mar mai jul set nov 2011/jan mar mai jul set nov 2012/jan mar mai jul set 0 O Gráfico 9 mostra a evolução da quantidade sob inspeção produzida entre janeiro/2007 e junho/2012. Sendo uma produção com base em pastagens, evolui de acordo com as estações do ano, o mesmo acontecendo com os preços pagos ao produtor, em relação inversa à quantidade produzida, na maior parte da série. As projeções feitas pela OECD/FAO 9 indicam que o Brasil deverá produzir, em 2013, as seguintes quantidades das principais commodities lácteas: 699,1 mil t de queijo; 532,1 mil t de leite em pó integral; 139,2 mil t de leite em pó desnatado; e 83,0 mil t de manteiga (Gráfico 10). 9 OECD/FAO, op. cit. 71

73 Mil t Gráfico Manteiga 3.3. Custos de produção Brasil: Produção, histórica e estimada, de manteiga, queijo, leite em pó desnatado e integral, 2000 a Em mil t LP Desnatado Queijo LP Integral Os custos de produção de leite, base outubro/2012, pesquisados pela Conab em municípios dos estados de Minas Gerais (Ibiá e Pompéu), Rio Grande do Sul (Ijuí e Passo Fundo) e São Paulo (Guaratinguetá e Mococa), em outubro/2012, mostram que a média aritmética do custo variável dos seis municípios, situou-se em R$ 0,76/litro; o custo operacional em R$ 0,89/l; e o custo total médio em R$ 1,09/l. O custo total oscilou de um mínimo de e Ijuí) a um máximo de R$ 1,32/l em Guaratinguetá (Tabela 4). Fonte: OECD/FAO. MHF/ago Perspectivas p/ 2021 (base ): Manteiga: + 20,3% (+ 2,1 % aa) 93,8 mil t Queijo: + 24,1 % ( + 2,4 % aa) 801,5 mil t LP Desnatado: + 26,5% (+ 2,6 % aa) 164,0 mil t LP Integral: + 26,8% (+2,7 % aa) 627,0 mil t R$ 0,97/l (Pompéu Na comparação com o levantamento de custos de dezembro/2011, o custo médio variável aumentou + 9,6 %, o operacional + 8,5% e o total + 7,05%. Entre os vinte itens de custo que compõem o custo de produção variável, os que apresentaram maior aumento foram os relacionados à alimentação (concentrado, silagem, pastagens e canavial), à mão-de-obra e serviços especializados, e ao transporte do leite e energia. O custo variável representou 72,6% do custo total em Minas Gerais; 71,7% no Rio Grande do Sul; e 66,4% em São Paulo. Na média dos três estados o custo variável representou 70,0% do custo total. Entre novembro/2011 e outubro/2012, os preços brutos, incluindo frete e CESSR, reais médios pagos ao produtor foram suficientes apenas para cobrir os custos variáveis nos seis municípios e os custos operacionais em Ibiá, Pompéu e Ijuí. Não foram suficientes para cobrir o custo total médio em nenhum dos seis municípios da pesquisa, o que coloca em risco a continuidade da produção de leite. 72

74 R$/kg Tabela 4 Custo de produção de leite: Municípios do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo e preço bruto real (IGP-M out/12) médio pago ao produtor no estado (nov 2011 a out 2012) Base: outubro/ R$/litro Localidade Produção Preço bruto pago ao produtor Custo variável ¹ Custo operacional ² Custo total ³ CV/CT l/dia médio real nov 2011 a out 2012 MG 0,9023 Ibiá 816 0,68 0,81 1,00 68,0% Pompéu ,75 0,86 0,97 77,3% Média MG 0,72 0,84 0,99 72,6% RS 0,8555 Ijuí 352 0,72 0,82 0,97 74,2% Passo Fundo 465 0,80 0,93 1,15 69,6% Média RS 0,76 0,88 1,06 71,7% SP 0,9271 Guaratinguetá 385 0,79 0,98 1,32 59,8% Mococa 570 0,83 0,94 1,12 74,1% Média SP 0,81 0,96 1,22 66,4% MÉDIA TOTAL 0,76 0,89 1,09 70,0% Fonte: GECUP/CONAB e CEPEA. MHF/nov 12. ¹ Custo variável: custeio e despesas financeiras. ² Custo operacional: custo variável acrescido de depreciações e outros custos fixos (capatazia, encargos sociais e seguro do capital fixo). ³ Custo total: custo operacional acrescido de renda de fatores (remuneração esperada sobre capital fixo e renda da terra) Preços dos derivados lácteos De acordo com informações do Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo, os preços no atacado dos derivados lácteos, na cidade de São Paulo apresentaram alta a partir de maio/junho de Entre outubro/2011 e outubro/2012, a variação de preços situou-se em: manteiga (- 5,1%%); queijo prato (- 6,2%); e queijo mussarela (- 1,1%) (Gráfico 11). Gráfico 11 15,00 14,00 13,00 12,00 11,00 10,00 9,00 8,00 7,00 6,00 São Paulo (cidade): Preços no atacado da manteiga, queijo tipo prato e queijo mussarela, jan/2007 a out/ Em R$/kg 2007/jan mar mai jul set nov 2008/jan mar Manteiga Queijo prato Queijo mussarela jan/2012 mai jul set nov 2009/jan mar mai jul set nov 2010/jan mar mai jul set nov 2011/jan mar mai jul set nov 2012/jan mar mai jul set Fonte: IEA. MHF/nov 12. No varejo, os preços dos derivados apresentaram o seguinte comportamento entre outubro/2011 e outubro/2012: leite UHT (- 0,8%); leite condensado (+ 8,4%); leite em pó integral (+ 8,4%); leite tipo C (+ 7,0%); manteiga (+ 9,3%); queijo tipo prato (+ 5,1%); e queijo mussarela (+ 6,3%) (Gráfico 12). 73

75 R$/kg e R$/10 litros R$/kg e R$/l Gráfico 12 São Paulo (cidade): Preços dos derivados (fracionados) no varejo do leite condensado, leite em pó integral, leite longa vida, leite tipo C, manteiga, queijos tipo prato e mussarela, jan/2007 a out/ Em R$/kg e R$/l Longa Vida Leite em pó integral Manteiga Queijo mussarela Leite Condensado Leite tipo C Queijo prato jan/2012 Fonte: IEA. MHF/nov /jan mar mai jul set nov 2008/jan mar mai jul set nov 2009/jan mar mai jul set nov 2010/jan mar mai jul set nov 2011/jan mar mai jul set nov 2012/jan mar mai jul set No mesmo período o IGP-M aumentou + 7,5% e o preço nominal pago ao produtor em São Paulo diminuiu - 2,8%. No que se refere às margens de preços entre os diversos níveis de comercialização, o Gráfico 13 apresenta, para o queijo tipo prato, os diferenciais entre o custo da matéria-prima, o preço no atacado e o preço no varejo, na cidade de São Paulo. Entre outubro/2011 e outubro/2012, os preços pagos ao produtor diminuíram, em valores nominais, - 2,8%, os preços no atacado diminuíram - 6,2%; e os preços no varejo aumentaram + 5,1%. Principalmente desde 2009, aumentam as margens entre atacado e varejo, revelando o poder de negociação dos estabelecimentos varejistas. A alta dos preços dos derivados lácteos no varejo é reflexo da demanda interna firme enquanto os preços no atacado tendem a seguir os preços pagos ao produtor. Gráfico 13 Margens entre produtor, atacado e varejo para o queijo tipo prato, jan/2008 a out/ Em R$/10 l e R$/kg jan/ ,0 Matéria-prima (1 kg = 10 l) 21,0 Varejo 19,0 Atacado 17,0 15,0 13,0 11,0 9,0 7,0 5,0 2007/jan marmai jul set nov 2008/jan marmai jul set nov 2009/jan marmai jul set nov 2010/jan marmai jul set nov 2011/jan marmai jul set nov 2012/jan marmai Fonte: IEA e CEPEA. MHF/nov 12. jul set nov 74

76 4. FINANCIAMENTOS DO GOVERNO FEDERAL O Empréstimo do Governo Federal é um instrumento de apoio à comercialização pertencente à Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), implementado para o setor lácteo em outubro/2002, sendo que as operações bancárias foram iniciadas em Em 2011 os EGFs para o setor lácteo representaram 98,9 % do total de EGFs destinados à pecuária e 19,2 % do total de EGFs concedidos para a agricultura e pecuária (Tabela 5). Entre 2007 e 2010, a concessão de EGF para o setor lácteo aumentou a uma taxa média anual de 39,9% aa, passando de R$ 630,5 milhões para R$ 2,1 bilhões, em valores correntes. Entre 2010 e 2011 esse aumento reduziu-se para + 22,1%, inferior à média do período Em 2011, o leite longa vida representou 39,0% do total (R$ 822,4 milhões); seguido pelo leite em pó integral que representou 35,0% dos empréstimos concedidos (R$ 738,4 milhões); e pelos queijos com 18,9% do total (R$ 399,5 milhões). Em 2011, o leite em pó desnatado, o leite in natura e a manteiga reduziram a sua participação nos empréstimos de EGF, em - 50,0%, - 3,7% e - 10,1% respectivamente, relativamente ao ano anterior. O antigo EGF (Empréstimo do Governo Federal) foi substituído por dois instrumentos - FEPM e FGPP - Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários Integrantes da Política de Garantia de Preços Mínimos e Financiamento Para Garantia de Preços ao Produtor, respectivamente, que representam importantes instrumentos de apoio à comercialização para o setor, retirando os derivados do mercado durante a safra e possibilitando às empresas que, paguem seus débitos, aguardando o melhor momento para comercialização no mercado interno ou para exportações, garantindo ao produtor, pelo menos, o valor referente ao preço mínimo. 75

77 5. PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO DO LEITE PARA A SAFRA 2013/14 (VALORES DE REFERÊNCIA PARA OS FIANCIAMENTOS DO GOVERNO FEDERAL - FEPM E FGPP) A Tabela 6 apresenta um resumo dos principais parâmetros utilizados para a proposta de preço mínimo do leite para a safra 2013/14, considerando como base o mês de outubro/2012. A taxa de câmbio utilizada é de R$ 2,00/US$. Os valores propostos para o valor de referência para a concessão de FEPM e FGPP na safra 2013/14 tiveram como base a variação do custo variável de produção nos últimos doze meses, de + 10,5% (+ 9,6% entre dezembro/2011 e outubro/2012), na média de seis municípios representativos dos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais; aliado às seguintes informações: a) a paridade de importação, à taxa de câmbio de R$ 2,00/US$, em nível do produtor, interior de São Paulo, tomando como base o leite em pó integral, fonte Mercosul, é de R$ 0,7363/, inferior ao preço mínimo proposto de R$ 0,67/l; b) o preço mínimo atual de R$ 0,61/l, composto no atacado em São Paulo, para o leite em pó integral, não fracionado, situa-se em R$ 0,7195/l e o novo preço mínimo proposto, de R$ 0,67/l, em R$ 0,7895/l, substancialmente inferiores aos preços médio e atual de mercado, também no atacado, em lata de 400 gramas, que é de R$ 1,77/l em outubro e de R$ 1,69/l para a média dos últimos doze meses; c) os preços internacionais de lácteos apresentaram recuperação a partir de julho/agosto de 2012, com perspectivas de continuidade dessa alta devido à menor oferta nos Estados Unidos e UE (27); ao menor aumento da produção na Nova Zelândia e à demanda internacional firme, com o aumento do crescimento econômico dos principais países importadores; d) no mercado interno, no atacado e varejo, os preços dos derivados lácteos apresentaram alta a partir de junho/2012 devido à demanda firme, o que deverá se refletir na alta dos preços pagos ao produtor, em recuperação desde agosto/2012; 76

78 e) os preços reais pagos ao produtor a partir de junho/2012 foram significativamente inferiores aos do ano anterior, mesmo com o aumento do custo de produção devido ao aumento dos preços do milho e da soja, pressionando a rentabilidade do produtor, fator que tem forçado a redução da taxa de crescimento da produção nos últimos anos; f) a consolidação da TEC em 28% ad valorem, para todos os países do Mercosul, para os onze principais produtos lácteos e a sua inclusão na Lista de Exceção à TEC do Brasil; a renovação do acordo de cotas de importação de leite em pó integral, desnatado e semi-desnatado, com preços vinculados aos da Oceania para as importações com origem na Argentina; a aceitação pelo MDIC do pedido de renovação dos direitos anti-dumping com a União Europeia e Nova Zelândia; as licenças não automáticas para os produtos que estão sujeitos a medidas antidumping, são medidas necessárias de defesa comercial que tendem a favorecer o aumento da produção interna e a sustentação dos preços pagos ao produtor; g) para os atuais patamares de preços internacionais e taxa de câmbio frente ao dólar, o país não detém competitividade nas exportações, permanecendo a tendência de diminuição da sua participação no mercado externo; h) a balança comercial de lácteos apresentou déficit, entre janeiro e outubro de 2012, de US$ 423,8 milhões, pelo quarto ano consecutivo, com aumento estimado para o ano, em equivalente leite, de + 2,0% das exportações e de + 10,0% das importações. Propõe-se os seguintes valores para o preço mínimo do leite da safra 2013/14: R$ 0,69/l para a região Nordeste; R$ 0,67/l para as regiões Sul e Sudeste; R$ 0,65/l para a região Centro- Oeste, exceto MT; e de R$ 0,60/litro para a região Norte e Mato Grosso. 77

79 MAMONA Leonardo Amazonas 1. INTRODUÇÃO Mamona ou rícino é o fruto da mamoneira (Ricinus communis L.). Seu principal produto derivado é o óleo de mamona, também chamado óleo de rícino. Embora seja usado na medicina popular como purgativo, possui largo emprego na indústria química. Pode ser usado na fabricação de tintas e isolantes, serve como lubrificante na aeronáutica, como base na manufatura de cosméticos e de muitos tipos de drogas farmacêuticas. O óleo de mamona também é empregado em vários processos industriais, como a fabricação de corantes, anilinas, desinfetantes, germicidas, óleos lubrificantes de baixa temperatura, colas e aderentes, base para fungicidas e inseticidas, tintas de impressão e vernizes, além de nylon e matéria plástica, em que tem bastante importância, além do uso na reação de transesterificação para a produção de biodiesel. A comercialização da mamona pode ser feita tanto na forma bruta e de pouco valor agregado (mamona em baga), como em formas intermediárias (óleo bruto ou refinado) ou através da exploração de seus derivados de alto valor agregado: ácido graxo destilado de óleo de mamona desidratado, óleo de mamona hidrogenado, óleo de mamona sulfuricinado, ácido 12- hidróxido esteárico e outros, com usos diferenciados como poliuretanos, resinas plásticas, etc. No mercado internacional, o óleo é o principal produto comercializado. De forma geral, o óleo é consumido em todos os países do mundo, sendo, contudo, o consumo concentrado nos países mais industrializados. 2. MERCADO INTERNACIONAL Em 2010 o maior produtor mundial de mamona era a China com 76,62% desta produção, em segundo lugar vem a China com 10,21% e o Brasil ocupa a terceira colocação com 5,40%; juntos os três países são responsáveis por 92,23% da produção mundial. Os maiores consumidores são os Estados Unidos, França, Alemanha e Japão. A produção da Índia é o fator de maior peso na definição do preço da mamona. Aumentos em área plantada ou no nível tecnológico naquele país forçam os preços para baixo, enquanto que a ocorrência de seca ou a má distribuição das chuvas provocam aumentos nas cotações. O principal ponto de comercialização de óleo de mamona é o porto de Rotterdam, na Holanda, onde diariamente é feita uma cotação que serve de referência para todos os países produtores e consumidores. Os preços são negociados em função dos estoques dos principais produtores e consumidores e expectativas de produção e consumo. Nos últimos anos os preços praticados no Porto de Rotterdam foram os mais altos historicamente, e em agosto/2011 chegaram, em média, a US$ 2.650,00 por tonelada do óleo. Já em 2012 a média dos preços de janeiro foi de US$ 1.923,33 por tonelada e em outubro teve uma pequena queda, fechando em US$ 1.735,00 por tonelada, mas bem acima da média histórica que é de US$ 1.024,00. 78

80 jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan jan Preços Pago do Óleo de Mamona Porto de Rotterdam. (1975/2012) 2.950, , , ,00 950,00 450,00 Fonte: Conab. 3. MERCADO NACIONAL O Brasil foi durante décadas o maior produtor mundial de mamona. A partir de 1981 perdeu essa condição para a Índia e em 1983 perdeu a segunda colocação para a China, desde então vem diminuindo vertiginosamente sua produção. A produção brasileira de mamona, estimada pela Conab na safra 1976/77 era de aproximadamente 201,5 mil toneladas com uma área de estimada em 249,9 mil hectares. Nos anos 80, na safra 1984/85, a produção chegou a 393,0 mil toneladas, com uma área de 485,0 mil hectares, já nos anos 90 houve uma drástica redução de produção, chegando à safra 1997/98 com apenas 18,8 mil toneladas e com uma área de 132,6 mil hectares. Fonte: FAO- Food and Agriculture Organization of the United Nations. Mesmo com a criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) em 2004, o que seria um incentivo ao plantio nacional de mamona, a produção não passou de 209,8 mil toneladas na safra 2004/2005, chegando a ser colhidas na safra 2006/2007, apenas 93,7 mil toneladas. 79

81 Para a safra 2010/11, a Conab prevê uma produção nacional de mamona em 141,3 mil toneladas, e na safra 2011/12, em 25,8 mil toneladas, ou seja, 81,7 % menor que a safra anterior devido à seca ocorrida na Bahia, Estado responsável por 92 % da produção interna, tendo o município de Irecê-BA a responsabilidade por 70% da produção nacional. A safra 2012/13 é estimada pela Conab em 80,5 mil toneladas. Produção Brasileira de Mamona REGIÃO/UF 2010/ / /13 (Previsão) (Estimativa) NORDESTE 129,9 21,3 75,1 PI 1,6 0,1 0,4 CE 26,3 2,7 14,4 RN 0,2-0,1 PE 2,8 0,6 1,3 BA 99,0 17,9 58,8 SUDESTE 7,8 3,9 3,7 MG 6,4 3,1 2,8 SP 1,4 0,8 0,9 SUL 3,6 0,6 1,7 PR 3,6 0,6 1,7 NORTE/NORDESTE 129,9 21,3 75,1 CENTRO-SUL 11,4 4,5 5,4 BRASIL 141,3 25,8 80,5 Fonte: Conab mil toneladas Os altos preços da mamona aumentam as dificuldades em torná-la competitiva diante da soja, que corresponde com cerca de 80% do biodiesel fabricado atualmente no Brasil e tem como núcleos produtores as grandes propriedades monocultoras do agronegócio empresarial. Assim, o óleo de mamona continua apto somente para sua utilização em mercados mais nobres, e não para fins energéticos. A indústria brasileira tem empregado o óleo da mamona na produção de itens como cosméticos e produtos farmacêuticos. No entanto, suas características e de seus co-produtos dão potencial para a obtenção de diversas substâncias fortemente valorizadas no mercado internacional, tais como ácidos e ésteres. Isso constitui uma oportunidade de mercado a ser explorada pelas indústrias e instituições de pesquisa brasileiras, para aumentar a geração de emprego e renda em toda a cadeia produtiva da mamona. Mesmo produzindo até o momento uma gama de produtos restrita e contando com apenas quatro indústrias esmagadoras, o Brasil atualmente importa óleo de mamona/derivados e até setembro de 2012 foram importadas toneladas de óleo de mamona. Destes, toneladas vieram da Índia e as exportações foram de apenas 348 toneladas do óleo no mesmo período. O Brasil não exporta e importa mamona em baga desde 2006 onde foram exportadas apenas 28 toneladas e importadas toneladas de mamona em baga. 80

82 MAMONA IMPORTAÇÃO BRASILEIRA ANO SEMENTES ÓLEO REFINADO (RICINO) Quant. Valor P.Médio Quant. Valor P.Médio (t) US$1000FOB US$/T (t) US$1000FOB US$/T Em 2012 a média dos preços praticada internamente foi os maiores historicamente e em agosto de 2012 chegou a R$ 126,80/60kg, devido à baixa produção, em conseqüência da seca ocorrida no Nordeste do país. Assim, como os preços do óleo de mamona no mercado nacional e internacional estão elevados, com a alta demanda interna e externa pelo óleo de rícino e com uma produção brasileira de mamona em baga estimada para safra 2012/13 em apenas 80,0 mil toneladas, espera-se que os preços internos continuem aquecidos para Preço Pago ao agricultor de Mamona em Baga - Brasil 2007/2012 (R$/60kg) Janeiro 42,60 74,21 62,50 72,25 71,00 101,75 Fevereiro 44,25 78,75 55,25 72,00 84,25 102,60 Março 44,00 79,50 55,00 73,80 96,00 101,25 Abril 44,50 79,40 56,00 73,75 99,00 109,50 Maio 49,32 81,00 57,00 75,50 113,00 120,40 Junho 49,52 86,00 55,00 77,20 107,20 123,50 Julho 52,36 70,00 54,40 77,25 99,50 124,00 Agosto 66,00 62,75 73,00 80,00 90,40 126,80 Setembro 70,25 72,00 75,00 82,80 97,75 119,88 Outubro 78,91 75,00 77,25 72,25 87,75 113,50 Novembro 74,09 63,25 73,25 64,00 85,60 - Dezembro 74,00 63,00 71,40 65,33 91,25 - Fonte: Conab 81

83 out/12 jul/12 abr/12 jan/12 out/11 jul/11 abr/11 jan/11 out/10 jul/10 abr/10 jan/10 out/09 jul/09 abr/09 jan/09 out/08 jul/08 abr/08 jan/08 out/07 jul/07 abr/07 jan/07 Média de Preço Pago ao Produtor- Mamona em Baga (Irecê/BA) R$/60Kg 140,00 130,00 120,00 110,00 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 126,80 119,88 113,50 Fonte: Conab Levando em consideração uma produtividade de kg/ha e preços pagos ao produtor de R$ 97,75 a saca (60kg), em 2011, e R$ 119,88 a saca (60kg) em 2012, a Receita Bruta foi de R$ 1.995,00/ha em 2011 e R$ 2.397,60/ha em 2012, ou seja, uma variação positiva de 22%. O Custo Variável foi calculado em R$ 970,71/ha em 2011 e R$ 974,47 em 2012; uma variação de apenas 0,39%. Sendo assim, a margem bruta, levando em consideração o Custo Variável, passou de R$ 954,29/ha em 2011, para R$ 1.423,13/ha em 2012; uma variação de 44,58%. 82

84 Paridade de Importação ÓLEO BAGA COMPONENTES MOEDAS RUPIA INDIA US$/t R$/t R$/t R$/60 KG I PREÇO ÍNDIA I.1 rupia/10 kg (1) 725,00 I.2 rupia/1 t ,00 I.4 fob india us$ 1.581,97 II FRETE ÍNDIA BRASIL(2) II.1 US$/1 t (3) 100,00 III PORTO SANTOS BRASIL III.1 US$/t (I.4 +II.1) 1.681, ,40 IV IMPOSTO IMPORTAÇÃO V 30% s/ III ,32 V PIS IMPORTAÇÃO VI 1,65 % Base Trabalhada 79,79 (+ou- 1,7977% s III+IV+V) VII CONFINS IMPORTAÇÃO VII 7,60 % Base Trabalhada (+ou- 8,280 % s III+IV+V) 374,1 VIII SISCOMEX VIII OUTROS (Capatazia, S.D.A., Despachante Desconsolidação, Expediente, Desembaraço, Marinha Mercante e outras despesas) 250,00 IX ICMS 925,68 (18% s/ III+...+VIII+ICMS) 1.092,30 X CUSTO ATÉ INDUSTRIA SP (III+...+X) 6.234,95 XI RECUPERAÇÃO CREDITOS PIS, CONFINS, ICMS (18+1,65+7,60) = 27,45% de X 1.711,5 XII CUSTO LIQUIDO ATÉ INDUSTRIA SP 4.523,46 XIII FRETE INDUSTRIA SP/ESMAGADORA BA 250,00 XIV CUSTO ESMAGADORA BA (XII-XIII) 4.273,46 CONVERSÃO 2.450,00 kg de baga = 1 t de óleo XV TONELADA DE BAGA NA ESMAGADORA BA = XIV/ ,27 XVI ESMAGAMENTO 150,00 XVII LOGISTICA 70,00 XVIII LOGISTICA PRODUTOR-ATRAVESSADOR 50,00 XIX VALOR LIQUIDO PRODUTOR (XV XVI-XVII-XVIII) 1.474,27 XX VALOR LIQUIDO PRODUTOR SC 60 KG. 88,46 Taxa de Câmbio: rupia x dólar = 54,36 - dólar x real = 2,03 Fontes: Reuters, Importadoras e Industrias de Esmagamento. 83

85 Mamona Irecê/BA Análise Financeira Mamona Irecê/BA Mamona Irecê/BA set/11 set/12 set/ set/2012 Produtividade média: Kg/ha Kg/ha Var(%) ANÁLISE FINANCEIRA: R$/ha R$/60 kg R$/ha R$/60Kg R$/60Kg A - Receita bruta (I*II) 1.955,00 97, ,60 119,88 22,64 B - Despesas: B1 - Despesas de Custeio (DC) 836,59 41,83 853,38 42,67 2,01 B2 - Custos Variáveis (CV) 970,71 48,54 974,47 48,72 0,39 B3 - Custo Operacional (CO) 1.008,37 50,42 974,94 48,75-3,32 a) - Margem Bruta - DC (A - B1) 1.118,41 55, ,22 77,21 38,07 b) - Margem Bruta - CV (A - B2) 984,29 49, ,13 71,16 44,58 c) - Margem Líquida - CO (A - B3) 946,63 47, ,66 71,13 50,29 4. PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO 1- Com os preços internacionais do óleo de mamona em alta; 2- Com os preços internos pagos ao agricultor no mercado interno alcançando o maior preço historicamente, chegando à R$ 126,80 sc/60kg em agosto de 2012; 3- Com um aumento do custo de produção variável de apenas 0,39% em ralação ao mesmo período do ano passado; 4- Com o preço mínimo vigente de R$ 55,84 sc/kg, bem acima do custo de produção variável que foi calculado em R$ 48,72 sc/60kg; 5- Com a manutenção da alíquota de importação sendo mantida em 30%, conforme resolução Camex 94/2011; 6- Com uma perspectiva de uma pequena produção estimada pela Conab em apenas 80,5 mil toneladas, que leva a conjecturar que o mercado interno continuará com os preços aquecidos; 7- Tendo em vista o aumento dado na safra anterior de 20% no preço mínimo vigente, passando de R$ 46,54 sc/60kg para R$ 55,84 sc/60kg, não há motivação para aumentar o preço mínimo vigente, pois, com a escassez do produto no mercado interno, a perspectiva é de que os preços continuem em alta. Desta feita, propõe-se a manutenção do preço mínimo vigente, ou seja, R$ 55,84 sc/60kg. 84

86 SISAL Ivo Naves 1. INTRODUÇÃO 1.1. Usos tradicionais O sisal é uma planta da qual se extraí a fibra que é utilizada tradicionalmente para a confecção de tapetes, carpetes, tecidos, papéis, mantas, produtos artesanais e principalmente na produção de cordões, cordas e fios agrícolas (baler twines), utilizados para amarrar feno e cereais para o consumo animal em países de inverno rigoroso, e a própria fibra natural cuja exportação representa cerca de 80% da produção brasileira A importância socioeconômica do produto O sisal é o principal produto da agricultura familiar e do segmento agroindustrial do semiárido brasileiro, cujo IDH médio é 0,589. A cultura é a principal geradora de emprego e renda para os cidadãos que habitam no paupérrimo Território do Sisal no semiárido e sertão da Bahia (maior produtor), Paraíba (outrora maior produtor e em processo de sucumbência), Rio Grande do Norte e no Ceará. Em 2012 a região foi assolada pela pior seca dos últimos 50 anos. Estudo divulgado pela Secretaria de Agricultura da Bahia (outubro/2012) indica que existem 400 mil agricultores familiares que cultivam o sisal em suas propriedades de pequeno porte (média de 15 ha). Segundo o Portal da Cidadania, além dos agricultores familiares do sisal, no Território do Sisal existem também famílias assentadas, 2 comunidades quilombolas e 1 terra indígena que dependem da cultura. Estudos divulgados pela Embrapa, pelas Secretarias Estaduais de Agricultura e Ciência e Tecnologia da Bahia (maior estado produtor) e outras instituições, dão conta que a cultura é uma das poucas possíveis na região e é alto o êxodo rural e envelhecimento da mão de obra primária. E os retirantes desqualificados migram para os guetos e favelas das grandes cidades, como a capital Salvador, aumentando e agravando o déficit social e a miserabilidade dos grandes conglomerados humanos. Não obstante sua importância socioeconômica, a cultura do sisal apresenta visíveis sinais de sucumbência pelo lado da oferta. Em contra partida, existem fortes sinais de crescimento pelo lado da demanda. Em face da baixíssima tecnologia aplicada ao longo da cadeia produtiva, esta é altamente demandante e dependente de mão de obra não qualificada e mal renumerada. Informações correntes dão conta que a cadeia gera empregos diretos e indiretos para 700 a 800 mil pessoas. Estima-se a existência de até 35 mil produtores diretos. A estes, na concepção de empregos diretos, devem ser agregados milhares de trabalhadores locais nos cerca de três mil motores e nas 60 batedeiras. O setor industrial (beneficiamento, comercialização e exportador e que congrega cerca de 14 empresas) é o maior empregador de mão de obra no Território do Sisal. Apesar de sua importância socioeconômica e do cenário promissor, a produção mundial e brasileira do sisal vem declinando em área plantada e em produtividade. No Brasil a produção na década de 1980 girou na casa das 200 mil t ano, caiu para 100 mil nos anos 1990 e recuou ainda 85

87 mais para cerca de 60 mil t em Recuperou-se em 2011 e agora, em 2012, estima-se a produção tenha atingido o menor volume de sua história: 55 mil t. Entre os fatores responsáveis por este declínio têm-se os aspectos estruturais (o baixo valor pago pela fibra; o êxodo e o envelhecimento da mão de obra; à competição com os fios sintéticos; o alto custo de produção em decorrência dos rudimentares processos de cultivo, de colheita, de beneficiamento e também dos conhecidos Custo Brasil) e conjunturais. Outro fator preponderante do declínio da produção e que reduz a competitividade da cultura é o aproveitamento de apenas 4% da folha do sisal em forma de fibra e único produto gerador de renda. Os resíduos sólidos (16%) e líquidos (80%) atualmente não são aproveitados, mas têm aplicabilidade em novos usos alternativos e promissores Novos usos A transformação da fibra de sisal em compósitos permite a substituição da fibra de vidro e do amianto em diversos componentes utilizados nas indústrias automobilísticas, imobiliária, moveleira e aeronáutica, com viabilidade econômica e sustentação cientifica. A Secretaria de Ciência e Tecnologia da Bahia, em 2012, apresentou o Projeto Sisal em Base Tecnológica que consolida e atesta esta nova realidade. Os resíduos sólidos (mucilagem e bucha), por exemplo, depois de processados e misturados com resinas sintéticas podem ser transformados em compósitos que podem substituir a fibra de vidro e outras sintéticas na produção de componentes utilizados pela indústria automobilística, moveleira, náutica, aeronáutica e de construção civil, se estendendo também aos setores de eletrodomésticos e de informática, dentre outros. Pesquisas cientificam que os resíduos sólidos possuem alto valor calorífico e, depois de transformados em briquetes, demonstraram potencialidade como fonte de energia, podendo ser empregados nos fornos de panificadoras, dentre outros, evitando a devastação da vegetação transformada em carvão vegetal. Os resíduos líquidos ou suco do sisal, que representam cerca de 80% do peso da folha, atualmente são abandonados nos campos sem nenhum tipo de utilização. Porém, estudos constataram que são de alta eficácia na utilização como bio-inseticida e bio--herbicida, em culturas, milho e algodão. A utilização do resíduo de sisal na alimentação de ruminantes torna-se também uma realidade na forma de feno e como ração para produção de leite ou carne, e, principalmente, para o sustento dos animais no período de estiagem. Nos últimos anos, pesquisas estão sendo realizadas objetivando potencializar a utilização desse subproduto, adicionando aditivos nutricionais (uréia, soja, milho, etc.), associados à forma de armazenamento e utilização, a fim de elevar os valores nutricionais desse alimento. A crescente demanda por produtos naturais, principalmente em substituição aos derivados fósseis, com vantagens ecológicas (o sisal é reciclável e renovável), sociais (o sisal é altamente demandante de mão de obra local da agricultura familiar) e econômicas (fibras naturais são mais leves, mais resistentes e mais baratas), traz para a cultura do sisal um cenário promissor de competitividade e sustentabilidade. 86

88 1.4. Novo arranjo produtivo local A consolidação deste novo cenário, todavia, necessitará da adoção de um novo Arranjo Produtivo Local (APL). Para tanto, se torna necessária uma verdadeira revolução na cultura e na sistemática de produção vigente para tornar a cadeia competitiva e sustentável. Atualmente a folha de sisal é desfibrada através do motor paraibano. Concebido nos anos 40, este motor trabalha de forma localizada (itinerante) e individualizada por produtor. Além da baixa produtividade, tal maquinário causa mutilações aos trabalhadores e não possibilita o aproveitamento em escala dos resíduos que representam 96% da planta. Na concepção deste novo APL haverá a instalação de uma máquina estacionária de alto desempenho e com coletores dos resíduos para, em escala, serem destinados a usinas de beneficiamento e produção de compósitos e outros novos subprodutos. Esta nova configuração está se materializando com a gestão corporativa que se implantou na cadeia há dois anos A gestão corporativa da cadeia A gestão corporativa é realizada por intermédio da Câmara Setorial de Fibras Naturais e da Câmara de Fibras da Bahia, que promovem a articulação/interlocução entre órgãos federais, estaduais e municipais e conta com representantes de todos os elos (agentes econômicos) da cadeia produtiva, tendo como estratégia compartilhar informações e, consensualmente, traçar ações para o desenvolvimento da cultura, articulando e maximizando as ações de diversas entidades e fomentando a introdução de melhorias em toda a cadeia produtiva. Em 2012 a Câmara Federal realizou três reuniões ordinárias e a Câmara Estadual quatro reuniões. Na reunião de 12/12/2012 teve-se a participação de cerca de 20 representantes dos diversos setores da cadeia. No decorrer de 2012 teve-se também a participação, através do Sindifibras e da Apex, em feiras internacionais e nacionais para divulgação dos novos usos com alto grau de aceitação e adesão de novos agentes econômicos, evidenciando a potencialidade de abertura de novos mercados. Dentro desta nova concepção, o Governo da Bahia, através da Secretaria de Ciência e Tecnologia, em parceria com a Secretaria de Agricultura, apresentou projetos para implantação de viveiros com novos cultivares; para a instalação de unidade piloto estacionárias de beneficiamento (nova máquina desfibradora); instalação de biofábrica e usinas para produção de compósitos e aproveitamento do suco para a produção de fungicidas e bioinseticidas, tendo como co-executoras a Embrapa, a UNESP, a UFRB, o Senai, o CIMATEC, a SUDIC, a APEX, e a FAO, entre outras. O montante orçado para tais projetos é de sete milhões e prevê-se que estejam implantados até PANORAMA INTERNACIONAL 2.1. Produção mundial A FAO disponibilizava, até 2009, informações estatísticas sobre a produção e o comércio mundial de fibras e manufaturados de sisal. Entretanto, esse fluxo de informações deixou de ser alimentado de forma regular. Com base nos dados divulgados em 2009, a produção mundial foi de 196 mil t. Se comprada à produção de 2008, estimada em 230 mil t, observa-se uma queda de 14,8%. O Brasil se destaca como maior produtor mundial de fibras e manufaturados de sisal, participando com 87

89 quase 50% da produção. Outros principais países produtores são a Tanzânia, 12,1%; China, 8,4%; Quênia, 8,2%; Madagascar, 6,7%%; México, 5,7%; Haiti, 4,6% e outros países com 2,1%, como demonstrado no Gráfico 1. Gráfico 1 Sisal Produção Mundial Participação Percentual 5,7 4,6 5,9 8,2 6,7 8,4 12,1 48,4 Brasil Tanzânia China Quênia Madagascar México Haiti Outros Fonte: SECEX Elaboração: Conab Em média, cerca de 80% da produção brasileira de sisal (fibra e manufaturados) são exportados. Como pode ser visualizado no Gráfico 2, observa-se uma diminuição nos totais gerais exportados em termos quantitativos (toneladas). As exportações de cabos e tapetes mostram, inclusive, tendência de queda. Por outro lado, em fibras (produto de menor valor agregado) e fios, nota-se tendência de alta, apesar da diminuição em relação ao período 2002/2007. Em termos de valores, conforme demonstrado no gráfico 4, as exportações de fibra e manufaturados de sisal têm apresentado valores FOB de exportação crescentes e com tendência de alta. Os valores de exportação de fio e cabos/cordas guardam similaridades. 88

90 Gráfico 3 Sisal Exportações brasileiras por tipo de produto - toneladas Fonte: SECEX Elaboração: Conab Em síntese, as exportações brasileiras mostram recuo nos totais de quantitativos exportados e constante elevação nos valores FOB alcançados. Os volumes exportados guardam similaridade com a produção nacional em queda. Já os melhores preços obtidos refletem a tendência de valoração da fibra e seus subprodutos, em consonância com a maior demanda mundial por produtos naturais. Gráfico 4 Sisal Exportações brasileiras por tipo de produto US$/t Fonte: SECEX Elaboração: Conab 89

91 2.2. Exportações brasileiras em 2012 As exportações brasileiras do complexo sisal, até outubro/2012, foram de 57,5 mil toneladas (Tabela 1). Este volume é 9,8% inferior ao montante exportado em igual período de Partindo de tal comportamento, as exportações acumuladas no ano de 2012 devem girar por volta de 72,5 mil toneladas, contra as 80,2 mil t exportadas em Tabela 1 Sisal Exportações brasileiras em 2012 x 2011 mil toneladas JAN 5,5 8,5 FEV 8,8 7,0 MAR 8,0 7,9 ABR 7,9 6,5 MAI 6,9 4,8 JUN 5,6 4,7 JUL 4,8 4,0 AGO 2,6 4,3 SET 6,9 5,6 OUT 6,7 4,2 Acumulado até out 63,7 57,5-9,8% NOV (*) 7,8 7,1 DEZ (*) 8,7 7,9 80,2 72,5 Fonte: SECEX Elaboração: Conab (*) Estimativa Em termos de valores exportados, até outubro/2012 as exportações brasileiras do complexo sisal totalizaram US$ 70,4 milhões, volume 0,1% superior ao verificado em igual período no ano passado (Tabela 2). Partindo-se deste comportamento, estima-se que até o final do ano o total auferido nas vendas externas alcançará cerca de R$ 94 milhões. Assim, em 2012, mantém-se o movimento observado historicamente de queda nos volumes exportados e melhoria nos valores recebidos em US$/t fob. Tabela 2 Sisal Exportações brasileiras em 2012 US$/t JAN 6,3 9,9 FEV 8,9 9,1 MAR 8,0 10,0 ABR 8,8 7,5 MAI 7,5 6,4 JUN 6,3 5,2 JUL 5,4 4,5 AGO 3,2 5,2 SET 7,2 6,7 OUT 8,7 5,9 Acumulado até out 70,3 70,4 0,1% Fonte: SECEX Elaboração: Conab NOV (*) 10,8 10,9 DEZ (*) 12,4 12,5 93,4 93,8 90

92 3. PANORAMA NACIONAL 3.1. Produção A seca que assolou a região sisaleira em 2012 reduziu a extração e a produtividade da planta. Pelas informações colhidas junto a produtores, cooperativas, exportadores e beneficiadores, e utilizando metodologia de extrapolação a partir das exportações, a produção brasileira de fibra de sisal em 2012 é estimada em 55 mil toneladas (Tabela 3). Uma queda de 51% em relação as 111,2 mil toneladas produzidas em Tabela 3 Sisal Produção Estadual Fonte: Conab, Produtores, Cooperativas, Indústrias Elaboração: Conab O Estado da Bahia, com uma produção estimada em 52,5 mil toneladas, contribui com 95% do volume total produzido de sisal no país. Segue-se a Paraíba com cerca de 2 mil toneladas (3,6% do total). Os demais Estados produtores são: Ceará ( 300 t = 0,5% do total) e Rio Grande do Norte ( 200 t = 0,4% do total) Preços no Mercado Interno O preço pago ao produtor de sisal em 2012 teve comportamentos diferentes nos dois semestres do ano na Bahia. Como pode ser observado no Gráfico 6, no primeiro semestre, em média, o preço recebido pelo produtor (R$ 1,08 kg) foi superior ao mínimo do período (R$ 1,04 kg). No segundo semestre, todavia, com o advento do novo preço mínimo (reajustado após três anos), o preço médio recebido pelo produtor baiano (R$ 1,11 kg média ) ficou abaixo do preço de garantia do Governo (R$ 1,24 kg). Gráfico 6 Sisal Preços 2012 Fonte: ConabSiagro 91

93 Na Paraíba, apesar do preço pago ao produtor situar-se abaixo do preço mínimo, observou-se uma forte reação (17,5%) entre agosto e outubro/2012, quando saltou de R$ 1,03 kg para R$ 1,21 kg. Considerando que no Estado tem-se a atuação oligopsônica de somente uma indústria compradora e que, naquele mês, a Conab anunciou AGF e disponibilizou recursos para tal, esta reação deveu-se ao efeito psicológico do AGF. No Gráfico 7 tem-se demonstrados os preços pagos aos produtores e os preços mínimos vigentes desde Observa-se que até o primeiro semestre de 2010 os preços pagos aos produtores mantiveram o comportamento histórico de situarem-se abaixo do preço mínimo. A partir do segundo semestre daquele ano nota-se uma reação e elevação para níveis acima do mínimo, que se mantiveram por dezoito meses. O fator explicativo de tal comportamento é a introdução do PEP, que enquanto esteve atrativo (com prêmio atrativo) o mercado pagou preços superiores ao mínimo. Com a queda no valor do PEP tem-se também uma simétrica queda no preço ao produtor. Gráfico 7 Sisal Preços Fonte: Conab/Siagro Este comportamento dos preços pagos aos produtores, e notórias e difundidas informações de produtores e suas cooperativas de que o PEP foi o segredo dos bons preços daquele período de um ano e meio, permitem afirmar que o instrumento foi eficaz na sustentação de renda para a cadeia. Além do que, conforme estudos divulgados, é cerca de 4 vezes menos dispendioso que o AGF. Ademais, nos anos em que foram realizados AGFs, o preço ao produtor manteve-se abaixo do preço mínimo Atuação Governamental Em face da sua importância socioeconômica e da gravosidade macroeconômica, a cultura do sisal é amparada pela Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), desde a década de 1980, com os tradicionais instrumentos EGF e AGF. Cabe informar que o EGF foi substituído, no ano de 2012, pelo Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários Integrantes da 92

94 Política de Garantia de Preços Mínimos (FEPM) e pelo Financiamento Para Garantia de Preços ao Produtor (FGPP). Em 2003, ampliando o apoio ao Território do Sisal, a Conab implantou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com o instrumento CPR Doação, por meio do qual foram adquiridos produtos alimentícios de cerca de cinco mil famílias de agricultores familiares, que foram doados para cerca de 350 mil consumidores. Neste programa, de 2003 até junho 2012, foram gastos mais de R$ 15 milhões PEP Em 2010, pela PGPM, foi introduzido, com sucesso, na sustentação de renda do produtor, o PEP (Prêmio para Escoamento de Produto). Através deste instrumento o Governo oferta, por meio de leilão, um prêmio para equalização da gravosidade do produto com o compromisso de seu escoamento. Conforme demonstrado no gráfico 5, em 2012 os volumes amparados pelo PEP foram de 7,1 mil t, que representaram cerca de 9,2% da safra estimada para este ano. Tal percentual foi de 58,7% para a safra e de 84,3% para a safra Gráfico 5 Sisal PEP Operações Realizadas Qte (mil t) x Valor (R$ milhões Fonte/Elaboração: Conab A queda de aplicações no PEP está relacionada à defasagem nos parâmetros (custos de beneficiamento e de exportação) utilizados para o cálculo do prêmio (planilha técnica) e a melhoria/elevação no valor FOB (US$/t), observado nas exportações, que também é uma variável da fórmula utilizada para o cálculo do PEP 3.5. Venda dos estoques governamentais A seca que assolou a região sisaleira em 2012 tornou-se aguda no final do primeiro trimestre do ano e fez diminuir, sobremaneira, a extração da planta no campo, em face da perda de qualidade e produtividade. Esta diminuição na oferta primária causou impacto nos preços da 93

95 fibra que subiram de R$ 0,90/kg em janeiro/2012 para R$ 1,16/kg em abril/2012. Uma alta de 28,8%, superando o preço mínimo de R$ 1,04/kg. A diminuição na oferta impactou as atividades das batedeiras (manufaturas de beneficiamento) que, sem o produto para trabalhar, viram-se na contingência de paralisar suas atividades e, com isto, dispensar milhares de trabalhadores empregados neste segmento importantíssimo para a economia do Território do Sisal. Diante de tal situação e atendendo solicitação da Câmara Estadual, a Conab colocou à venda os estoques governamentais de sisal (24,5 mil t), formados desde a safra 2006/2007 e, portanto, merecedores de gestão/comercialização, em face da depreciação qualitativa que a fibra sofre em longos períodos de armazenamento. Assim, em abril/2012, a Conab iniciou a venda dos estoques públicos deste produto para suprir sua falta no mercado e evitar desempregos no carente Território do Sisal. As vendas foram realizadas tendo como parâmetro de abertura o preço praticado no mercado para o produto da safra corrente, com cotas por adquirentes (inicialmente 300 t por leilão, posteriormente reduzido para 250 t leilão). Tabela 4 Sisal Venda dos estoques governamentais em Adquirentes Fonte/Elaboração: Conab A colocação dos estoques públicos no mercado possibilitou a manutenção das atividades do setor de manufatura/industrial e exportador, evitando a paralisação das atividades das batedeiras e o desemprego de um grande contingente de trabalhadores rurais, Este fato foi reconhecido publicamente pela Câmara Estadual e pela APAEB, a maior associação de produtores de sisal, localizada em Valente (BA). Nos nove leilões realizados até 15/08/2012, foram vendidas 20,3 mil t. para 22 empresas adquirentes, conforme discriminado na Tabela 4. A forte procura nos seis primeiros leilões foi revertida nos três últimos, quando o volume ofertado foi superior ao vendido. Esta baixa na demanda pelos estoques governamentais foi relacionada à retração verificada nas exportações e no consumo/industrialização/exportação dos estoques comprados em leilão. 94

96 3.6. Quadro de suprimento A partir da produção estimada para o corrente ano (Tabela 3) e das exportações previstas para o período (Tabela 1), tem-se o quadro de suprimento espelhado no tabela 5. Tabela 5 Sisal Quadro de suprimento Fonte/Elaboração: Conab Conforme pode ser observado na coluna de variação da Tabela 5, a performance da cadeia produtiva do sisal em 2012 apresentou desempenho inferior ao de Como fatores conjunturais explicativos de tal desempenho têm-se que: A produção foi 51% inferior em face da seca que assolou o Território do Sisal, causando perdas de qualidade e quantidade para a planta. A produção brasileira de sisal de 2012 é a menor já obtida na história da cultura. As exportações foram 9% inferiores, tanto em fibra quanto em manufaturados. Esta queda está relacionada às dificuldades econômicas enfrentadas pelos dois maiores países importadores do sisal brasileiro: EUA e China. O primeiro com a questão da seca que fez diminuir o volume de fenos produzidos e amarrados com fio agrícola de sisal. O segundo em face de seu menor crescimento econômico, que retraiu suas compras. As exportações brasileiras do complexo sisal foram fortemente auxiliadas pela desova dos estoques públicos realizada pela Conab (item 3.2.2). Em face da queda na produção e diminuição da oferta do produto no mercado interno. Os estoques públicos foram preponderantes para evitar uma maior queda nos volumes exportados.o consumo interno, que guarda correlação com a produção, praticamente acompanhou a queda nela verificada: menos 48%. O estoque de passagem reduziu de 39,6 mil toneladas para 6 mil, uma queda de 85%, principalmente em decorrência da desova dos estoques públicos que reduziram de 24,5 mil para 4 mil toneladas. 95

97 4. PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO 4.1. Preço Mínimo Proposto - Contextualização A cultura do sisal precisa ser contextualizada e entendida sob a ótica de sua importância socioeconômica para a região do semiárido brasileiro; precisa se vista pelo seu perfil de cultura da agricultura familiar; precisa ser destacada como altamente demandante de mão de obra não especializada que ao migrar para os grandes centros populacionais, como a capital do maior estado produtor Salvador, maximiza a problemática urbana e o déficit social brasileiro. A cultura do sisal precisa ser analisada e ter as políticas de apoio governamental definidas com acuro e determinação política sob a ótica do desenvolvimento sustentável, pois passa por um momento de dicotomia com indicativos de sucumbência pelo lado da produção e com auspiciosos cenários de uma demanda ascendente e de melhor remuneração para a cadeia A cadeia vive também um momento de transição, pois se encontra no liminar da implantação de um novo arranjo produtivo local que possibilitará o aproveitamento racional da planta (atualmente somente 4% da planta gera renda para o produtor) e, com a implantação de tecnologias, a utilização dos atuais resíduos em compósitos e insumos em novos e promissores usos, como relatado em 1.3. Neste mesmo sentido tem-se também o advento da noção de sustentabilidade que tem deslocado o mercado de fibras sintéticas para as naturais como é o sisal. Como indicativos do bom cenário futuro, os preços internos e externos subiram para novos patamares e com tendência de alta (Gráficos 4 e 7). Nos preços internos tem-se a indicação que superaram a faixa histórica de R$ 0,80/kg a R$ 0,90/kg, para se consolidarem na faixa de R$ 1,10/kg a R$ 1,20/kg. Todavia a produção brasileira tem-se mostrado declinante e com fortes sinais de sucumbência. Produzíamos 200 mil t ano na década de 80, caímos para 100 nos anos 90 e batemos no recorde negativo com as 55 mil t em É grande o abandono de plantações e elevado o êxodo e o envelhecimento dos trabalhadores do Território do Sisal, em face da miserabilidade das condições humanas e de trabalho da região. Agregando-se a estes fatores conjunturais têm-se ainda as previsões climáticas que indicam a persistência e até mesmo o recrudescimento da seca que assola a região sisaleira e que impactará negativamente na produção sisal e refletirá no contingente de brasileiros que sobrevivem com a cultura. Por outro lado, sob o ponto de vista estrutural, tem-se observado forte aglutinação dos diversos segmentos da cadeia visando à adoção de medidas e ações que, em conjunto com uma política conjuntural de sustentação de preços, dará competitividade e sustentabilidade à cultura. Neste momento de dicotomia, de transição e de adversidades climáticas, é imprescindível a manutenção das políticas publicas de sustentação de renda via PGPM, através de preço mínimo atrativo e que seus instrumentos operacionais (FEPM/FGPP, AGF, PEP, PEPRO, etc.) sejam eficientes e eficazes. Assim, torna-se necessário sinalizar para o produtor de sisal e demais agentes de mercado, inclusive os futuros demandantes (indústria automobilística, moveleira, náutica, 96

98 aeronáutica, farmacêutica e de construção civil), o novo cenário que se vislumbra para a cultura e reverter à tendência de sucumbência do ouro verde do sertão, face sua importância para milhões de seres humanos que vivem no semiárido brasileiro e inibir o inchaço e a miserabilidade dos centros urbanos Parâmetros Gráfico 6 Sisal Preços Parâmetros 1,60 1,48 1,48 1,40 1,24 1,29 1,14 1,24 1,20 1,09 0,99 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 Custo Variavel (Média Simples) BA Custo Variavel Custo Variavel Preço Médio (Média Ponderada) (Média Ponderada) Produtor BA out/12 BA BA Preço Médio Produtor BA média/12 Preço Paridade Exportação out/2012 Preço Mínimo Vigente Preço Mínimo proposto Fonte/Elaboração: Conab A proposta é que o preço mínimo do sisal, safra 2013/2014, seja, no mínimo, igual ao custo variável médio ponderado, seguindo orientações e deliberações definidas de política governamental para a questão: R$ 1,48/kg. O custo médio variável de produção da fibra, ponderado para as duas maiores regiões produtoras da Bahia (Coité-Valente e Campo Formoso), para a safra , é de R$ 1,48/kg. Ele é superior em 14,7 % ao apurado para a safra anterior Registre-se que, para o cálculo destes custos utiliza-se um pacote tecnológico que considera como produtividade média kg/ha. Face às adversidades climáticas ocorridas no Território do Sisal, a produtividade trabalhada pelos agentes econômicos é inferior a esta. Assim, se fosse considerada uma produtividade menor, tal custo tenderia ser superior ao apresentado. Como a alteração metodológica do citado pacote tecnológico se dá a cada três anos, não foi possível realizar tal atualização neste ano. A fibra tipo 2 (tipo base para o preço mínimo) está sendo comercializada a R$ 1,14/kg ao nível de produtor na Bahia, em outubro/2012, enquanto que o preço mínimo vigente, R$ 1,24/kg; A paridade de exportação da fibra beneficiada foi calculada em R$ 0,99/kg, utilizando parâmetros atualizados e captados em 2012 (nova metodologia). Utilizando-se a metodologia 97

99 antiga, a paridade seria de R$ 1,14/kg. Comparativamente à paridade do ano passado (R$ 0,91/kg pela metodologia antiga), tem-se uma evolução de 25,2%, refletindo a evolução nos preços FOB de exportação e, portanto, as relatadas melhorias no cenário futuro do cadeia. A paridade de exportação da fibra seja pela metodologia atualizada (R$ 0,99/kg) ou pela antiga (R$ 1,14/kg) demonstra que a cadeia é gravosa. Comparativamente à paridade de exportação calculada pela metodologia antiga (R$ 1,14/kg), o preço mínimo proposto (R$ 1,48/kg), é 29,8% superior. Utilizando-se a nova metodologia tem-se que à paridade de exportação (R$ 0,99 kg) é 49,4% superior ao preço mínimo proposto (R$ 1,48/kg) O preço médio da fibra nos dez primeiros meses do ano de 2012 é de R$ 1,09/kg. O preço praticado pelo mercado atualmente (outubro/2012) é de R$ 1,14/kg na BA e R$ 1,20/kg na PB. Comparativamente ao preço mínimo vigente (R$ 1,24/kg), o novo preço mínimo proposto (R$ 1,48/kg), tem uma variação positiva de 19,3%. O preço mínimo proposto é para a fibra T.2 (longa e extra longa), permitindo operações de FEPM/FGPP e AGF, no limite de kg, durante a safra, por produtor beneficiário Reflexos Os principais reflexos esperados com o novo preço mínimo de garantia proposto (R$ 1,48/kg) serão: aumento da renda do produtor agricultor familiar de sisal; minimizar o êxodo dos trabalhadores da agricultura familiar do Território do Sisal; manter o número de vagas de trabalho no campo e nos diversos segmentos da cadeia; reversão do abandono da cultura; aumentar a produção brasileira de sisal; incentivar a produção de fibra natural que se enquadra nos ditames do desenvolvimento sustentável preconizado pelo Governo Federal; levar aos novos demandantes (indústrias automobilísticas, moveleira, náuticas, aeronáutica e de construção civil) confiança na existência da produção continuada da fibra, gerando confiança para investimentos; aumentar os recursos disponibilizados pelo Governo Federal no amparo ao semiárido brasileiro e no combate à seca; acompanhar as diretrizes do Governo Federal preconizados no Plano Brasil Sem Miséria e de amenização dos efeitos deletérios da seca; manutenção e/ou incremento das exportações de fibras e manufaturados, gerando divisas da ordem de US$ 100 milhões; 98

100 fornecer suporte conjuntural de melhoria de renda, neste momento em que os agentes da cadeia que buscam a implantação de um novo arranjo produtivo local e outras ações estruturantes; elevada participação da PGPM na comercialização da safra, pois o preço mínimo estará acima do praticado pelo mercado e os instrumentos da PGPM deverão ser efetivamente disponibilizados e reajustados seus mecanismos operacionais para serem eficazes; registre-se, por fim, que mesmo diante de um cenário de alta participação governamental na comercialização da safra, são risíveis os montantes que poderão ser despedidos em amparo a cultura do sisal, se comparada com os vultos e meritórios valores que são orçados e alocados pelo Governo Federal para a política de sustentação de renda via PGPM; 99

101 TRIGO,AVEIA, CEVADA E TRITICALE Paulo Magno Rabelo Plano Safra Especial para o Trigo Em sucessivos anos o Governo Federal vem lançando os Planos Agrícolas e Pecuários com vistas a estimular a agropecuária nacional e garantir segurança alimentar. O Plano Agrícola de 2012/13 destinou à agricultura empresarial, 115,2 bilhões de reais, maior valor já anunciado nos últimos anos, para financiamento rural. Os recursos oferecidos dividem-se em custeio, comercialização e investimento e foram acompanhados por taxas de juros atrativas como medidas de incentivo à produção, beneficiando todos os setores. Entre essas há que citar a ampliação da cobertura do Seguro Rural e Proagro, e apoio à comercialização, através da Política de Garantia de Preço Mínimo, sendo direcionado à aquisição dos produtos, manutenção dos estoques e para equalização de preços. Assim a expectativa é que o governo lance um audacioso Plano Safra para o trigo que é o carro chefe da atividade econômica rural no período de inverno, pois sucessivos eventos climáticos vêm provocando quebras monumentais nas safras pelo mundo afora, inclusive no Mercosul, prejudicando, sobremaneira, o trigo que se destaca entre os produtos mais suscetíveis de perdas, dificultando o abastecimento nacional e agravando a fome e a miséria no mundo. Além dos problemas climáticos o trigo tem agora a concorrência do milho que oferece mais liquidez e maior rendimento por hectare. Torna-se, portanto, mais atrativo aos produtores, principalmente do Estado do Paraná. Na região Centro-Oeste o feijão está sendo a opção mais rentável e é forte concorrente do trigo. No Mato Grosso uma das alternativas para viabilizar o cultivo do trigo, segundo os produtores, seria a redução do custo da energia elétrica, igualando o custo de seu uso durante o dia, ao do período noturno. A avaliação a seguir serve de embasamento para a indispensável tomada de posição governamental, no sentido de lançar um Plano Agrícola para o trigo, com vistas a assegurar a continuidade da produção tritícola, seriamente ameaçada, para garantir a normalidade do abastecimento da população brasileira, que deverá alcançar em 2015, o número de 200 milhões de consumidores, que demandará cerca de 12 milhões de toneladas, incluindo farinha de trigo importada. Busca-se, então, menor dependência da produção de terceiros países para o abastecimento doméstico e menores gastos em dólares, com as excessivas importações, que podem superar, nesse ano safra, 7,0 milhões de toneladas e posicionar o país como segundo maior importador de trigo em grão, depois do Egito, com gastos que ultrapassam US$2,0 bilhões. Em 1970 a população brasileira somava 93 milhões de pessoas, época de rápido incremento demográfico, com taxa média de crescimento de 2,8% ao ano, evoluindo para 132 milhões de consumidores em Nesse período de quinze anos, a produção de trigo no Brasil esteve estagnada, saindo de 1,7 para 1,9 milhão de toneladas, com média no período de 2,1 milhões de toneladas. O consumo 100

102 interno evoluiu de 3,0 milhões de toneladas no primeiro ano, para mais de 6,0 milhões de toneladas em 1984, quando foram importadas 4,8 milhões de toneladas. Entre 1985 e 1990 o governo adotou política de apoio à produção de trigo, com vistas a reduzir as importações e seu elevado custo. Dessa forma, o país aproximou-se da auto-suficiência em 1987, com produção de 6,1 milhões de toneladas, ou o equivalente a 93% do consumo. As importações decresceram para apenas 952 mil toneladas em A partir do ano de 1990 a produção interna foi reduzida rapidamente e as importações cresceram. Nesse período foram suspensas as políticas de amparo à triticultura nacional e a produção média foi de 2,5 milhões de toneladas, chegando em 1995 a 1,5 milhão de toneladas e 1,6 milhão de toneladas em O fim da subvenção governamental; a desregulamentação do setor; a implantação do Mercosul; a abertura da economia brasileira ao mercado externo nos anos 90; os problemas de câmbio fixo no Brasil; e a reorientação da política agrícola brasileira afetaram fortemente a competitividade do trigo nacional e a dinâmica do mercado de trigo na década de A partir de 2000 houve aumento da área de cultivo de trigo no Brasil, decorrente dos seguintes fatores: redução da produção e dos estoques mundiais, aumento do consumo para ração animal, aumento de preços no mercado internacional, problemas econômicos, como a mudança da política cambial na Argentina e o pacto de recuperação da triticultura nacional alinhavado entre governo e organizações empresariais. Em 2003, a produção de trigo chegou a representar 60% do consumo doméstico. Após esse período de crescimento expressivo da produção no Brasil a área semeada e a quantidade produzida voltaram a sofrer retração até 2006, em decorrência da redução do preço, da situação cambial desfavorável e das condições climáticas adversas. Em 2008 a alta dos preços dos alimentos voltou a estimular o plantio do cereal e o país teve uma área média de semeadura de 2,4 milhões de hectares, recuando para 2,1 milhões de hectares em 2011/12 e 1,9 milhão em 2012/13. Entre 1994 e 2011 o país importou 109,1 milhões de toneladas de trigo em grão, totalizando gastos de US$19,1 bilhões, que ao câmbio de R$2,10, perfaz o valor de R$40,1 bilhões. Os danos à economia brasileira pela opção importadora vão além. O Censo Agropecuário do IBGE/2009 mostra que o conjunto de produtores de trigo no Brasil estava constituído por 34,0 mil propriedades com 52,1% destes estabelecimentos possuindo área total entre 10 a 50 hectares e 60,3% cultivando área com trigo menores de 20 hectares. Segundo o Censo, 69,2% dos estabelecimentos com registro de cultivo de trigo eram propriedades de base familiar e responderam por 21,2% da quantidade total produzida do cereal. O valor bruto da produção de trigo estimado em dezembro de 2012 pelo Ministério da Agricultura foi de R$2,39 bilhões para uma produção de 4,47 milhões de toneladas. Esse resultado encontra-se em declínio desde Em 2003 esse valor foi de R$4,58 bilhões, ocasião em que se produziu 6,1 milhões de toneladas. Esse volume de recursos no meio rural gera renda às famílias, melhoria da qualidade de vida e dinamiza a indústria, o comércio e serviços locais a montante e a jusante da produção, fortalecendo a atividade econômica municipal, estadual e regional. 101

103 A análise da relação entre oferta e demanda e a disponibilidade de terras para cultivo no período invernal, evidencia a potencialidade da triticultura nacional em ofertar as quantidades necessárias ao abastecimento. No entanto, fatores como logística de distribuição, elevados subsídios favorecendo a indústria de moagem argentina, além de benefícios fiscais internos distintos ao trigo e à farinha estimulando sua exportação ao Brasil causam insegurança e trazem instabilidade no comportamento do mercado que afeta a competitividade da triticultura doméstica. Nesse ambiente, a Política de Garantia de Preços Mínimos tem papel fundamental e deverá ser usada até que alterações estruturais, mercadológicas e políticas sejam implementadas, no sentido de consolidar o cultivo de trigo no Brasil. O apoio governamental, por meio de políticas públicas, é fundamental para ampliar a produção brasileira e reduzir a dependência externa. A melhoria da qualidade do trigo que se processa nos Estados produtores, notadamente no Rio Grande do Sul, surpreende o Complexo Agroindustrial do Trigo e mostra a potencialidade da triticultura nacional. Esse fato constitui um marco na triticultura doméstica e deve ser considerado pelo governo como momento propício para o lançamento de um Plano Safra audacioso que minimize os gastos excessivos com as importações, gerando renda e emprego na economia agrícola de inverno no Brasil. Segundo a Embrapa, o Rio Grande do Sul possui área para a produção de 5,0 milhões de toneladas de trigo, com uso dos espaços ocupados pela soja em cultivo de verão. Neste Estado, o trigo constitui a única alternativa econômica para plantio em larga escala no período de inverno. Finalmente, deve-se considerar que a crônica dependência ao fornecimento externo, coloca o país em situação de risco como ocorre na atualidade. A quebra de safra na Argentina poderá ser superior a 6 milhões de toneladas em comparação a 2010/11 e a 3 milhões de toneladas em relação a 2011/12. Alem disso a produção uruguaia foi menor com perda de produtividade e, principalmente, de qualidade. Nesse cenário, a Argentina ameaça com a suspensão temporária dos embarques de trigo e a intenção de reduzir as licenças de exportações do grão gerando insegurança no mercado e aumento da tendência de elevação nos preços da farinha e do pão, ameaçando os resultados da política de combate à inflação, que, sabidamente, prejudica a população mais pobre. 1. TRIGO 1.1. Mercado Internacional A partir da safra de 2009/10 o clima passou a desempenhar papel fundamental no estabelecimento dos volumes de produção e de preços no mercado internacional. A produção mundial perdeu cerca de 35,0 milhões de toneladas em 2010/11, recuperou 44,0 milhões em 2011/12 e, de novo, perdeu 45,0 milhões de toneladas, em 2012/13. Segundo o Departamento de Agricultura Norte-americano USDA, a safra de 2012/13 está estimada em 651,4 milhões de toneladas, contra 696,0 milhões em 2011/12, ou seja, uma redução de 6,4% em escala mundial. A área cultivada teve um decréscimo de 9,0 milhões de hectares, afastando-se de 226 milhões em 2009/10 para 217 milhões de hectares na atualidade. 102

104 1987/ / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / ,2 Milhões de toneladas e de hectares , ,1 Percentual (Estoque/Consumo) Apesar da evolução cíclica da produção, o relativo estoque-consumo manteve-se em queda a partir de 2009/10 até o período atual, saindo de 30,7%, para 25,8%. Nesse período os estoques recuam de 201,0 milhões para 174,2 milhões de toneladas Gráfico 1. Evolução da Área, Produção, Consumo e Estoque Mundial Estoque Área Produção Consumo Estoque/Consumo , ,0 34,2 34,8 ' ,0 626, , ,7 30,2 28,4 26,1 25, Esse desempenho instável tem reflexos nos preços e ameaça seriamente a segurança alimentar de milhões de terráqueos que cresce para 7,6 bilhões em 2020 e 8,3 bilhões em 2030, ou seja, um adicional de um bilhão de consumidores em relação ao período atual. Em 2015, o Brasil ultrapassará a marca de 200,0 milhões de consumidores com demanda cada vez mais forte devido ao desenvolvimento econômico que propicia renda anual crescente e que potencializa o consumo de alimentos. De olho nessa conjuntura e cenário, o Brasil deve urgentemente planejar a produção de trigo em seu espaço territorial, de forma a reduzir ou eliminar sua crônica dependência ao trigo produzido em outros países Situação no Mercosul Conforme relatado, enquanto a produção mundial se vê seriamente afetada pelos desequilíbrios climáticos em escala global, no Mercado Comum do Sul Mercosul, a produção atual ficou menor em 24,8%, em relação à 2010/11. Nesse período, sua produção decresce de 24,5 para 18,4 milhões de toneladas para um consumo doméstico de 18,0 milhões de toneladas. Apesar dessa situação, o Bloco Econômico se auto-abastece, desde que não se efetive exportações para fora de sua área geográfica, fato que não se concretiza, pois o Brasil tornou-se exportador de trigo tendo remetido ao exterior 2,0 milhões de toneladas da safra 2011/12 devendo exportar 1,0 milhão de toneladas em 2012/13. O desajuste climático trouxe sérios danos à triticultura mercosulina reduzindo o volume e a qualidade de sua produção. Os destaques são para a menor safra na Argentina, próxima de 11,0 milhões de toneladas, se o clima o permitir, menor em 6,0 milhões de toneladas frente a 2010/11. A continuidade das chuvas poderá reduzir essa produção para 10,0 milhões de toneladas. No Brasil, a produção atual recua mais de 1,0 milhão de toneladas e está estimada em apenas 4,4 milhões de toneladas, com sérios danos à qualidade no Rio Grande do Sul. Pelo mesmo motivo, 103

105 jan/05 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez jan/06 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez jan/07 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez jan/08 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez jan/09 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez jan/10 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/11 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/12 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 264 US$/tonelada / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /13 Hectares e milhões toneladas 18,4 22,2 24,5 também o Uruguai tem produção reduzida em volume e qualidade e em conjunto com o Paraguai deverá ofertar cerca de 3,0 milhões de toneladas. Gráfico 2 - Área e Produção no Mercosul CONSUMO DOMÉSTICO MERCOSUL 18,0 MMT 23,1 21, , ,9 16,4 17, ' Área (ha) Produção (t) 0 Fonte: Conab, SAGPyA, OPyPA, MAG Elaboração: Conab.Dipai.Sugof 1.3. Preços Externos A grande safra mundial de 2011/12 levou ao acirramento da competição entre os exportadores com o retorno da Rússia, Ucrânia e Cazaquistão ao mercado, em busca do espaço perdido, inclusive para o Brasil. O reflexo dessa situação para o Mercosul foi de redução das cotações praticadas pela Argentina, Uruguai e Paraguai para os níveis do ano de 2009 e parte de 2010, favorecendo o industrial brasileiro e prejudicando enormemente o triticultor doméstico. Entretanto, a espetacular seca no Meio-Oeste americano quebrou a safra de milho dos Estados Unidos em mais de 100,0 milhões de toneladas. Em outras regiões do planeta a produção de trigo foi menor em 45,0 milhões de toneladas, principalmente na Rússia, Cazaquistão, Austrália, Ucrânia e Mercosul, também em função de desequilíbrio climático. 600 Gráfico 3. Preços Internacionais do Trigo: Estados Unidos e Argentina 500 FOB Golfo FOB Argentina Fonte: USDA, SAGPyA Elaboração: Conab.Dipai.Sugof 104

106 A partir de maio do ano corrente, os preços FOB Golfo sobem cerca de 30% tomando-se como referência a cotação da última semana de novembro, de US$381,00. A cotação no porto UP River da Argentina, nessa semana, foi de US$350,00, o que eleva a variação dos preços argentinos em 32% Situação no Brasil Suprimento e uso O volume de trigo em grão circulante no mercado interno no ano-safra 2010/11, entre agosto de 2010 e julho de 2011, foi da ordem de 14,5 milhões de toneladas, compreendido pelo somatório entre estoque, produção e importação. Em 2011/12 foi de 13,5 milhões e no corrente ano 2012/13, deverá ser de 12,6 milhões de toneladas. Estoque de passagem em declínio caracteriza os últimos anos da relação entre a oferta e demanda. O Complexo Agroindustrial do trigo, pelo lado da demanda, compreende os elos de indústrias de primeira transformação (farinhas, misturas e farelo), de segunda transformação (massas, biscoitos, pães, derivados não alimentícios, etc.) e de terceira transformação (indústria de produção de pizza, de pratos prontos para o consumo ou conveniência, etc.), de comércios atacadistas e varejistas e de consumidores finais. Através da tabela 1, pode-se avaliar o comportamento da oferta e da demanda de trigo em grão no País. Tabela 1 - Suprimento e uso de trigo em grão Ano safra: agosto-julho (mil toneladas) ESTOQUE PRODU- IMPOR- SUPRI- EXPOR- CONSUMO INTERNO ESTOQUE SAFRA INICIAL ÇÃO TAÇÃO MENTO TAÇÃO MOAGEM SEMENTES TOTAL FINAL (01 AGO) GRÃOS GRÃOS INDUSTRIAL (1) (31 JUL) 2008/09 895, , , ,1 351, ,0 363, , ,7 2009/ , , , , , ,0 364, , ,5 2010/ , , , , , ,0 322, , ,1 2011/ , , , , , ,0 324, , ,6 2012/13 (2) 1.220, , , , , ,0 282, , ,4 Fonte: CONAB, IBGE, MDIC 04/12/2012 Obs: Não inclui Farinha de Trigo (1) Sementes: 150 kg/ha.- (2) Previsão O Complexo Agroindustrial do trigo, pelo lado da demanda, compreende os elos de indústrias de primeira transformação (farinhas, misturas e farelo), de segunda transformação (massas, biscoitos, pães, derivados não alimentícios, etc.) e de terceira transformação (indústria de produção de pizza, de pratos prontos para o consumo ou conveniência, etc.), de comércios atacadistas e varejistas e de consumidores finais. O segmento moageiro possui, aproximadamente, 213 moinhos, a maioria de pequeno porte, com uma capacidade de moagem instalada de 15,4 milhões de toneladas embora apenas 10,1 milhões de toneladas dessa capacidade seja utilizada. Alem disso, o Brasil importa 1,0 milhão de toneladas de trigo em grão sob a forma farinha de trigo, prejudicando o parque moageiro nacional. Segundo dados do PROPAN Programa de Desenvolvimento da Panificação, Confeitaria e Panificação estima-se que o Brasil possui 63,2 mil panificadoras e 750 indústrias de pães, 105

107 gerando cerca de 758,0 mil empregos diretos e faturando acima de R$56,0 bilhões por ano. De acordo com o SEBRAE (2009), as padarias artesanais são responsáveis por 79,0% da produção de produtos de panificação, as padarias industriais por 14,0% e as padarias de supermercados pelos 7,0% restantes. Em 2010, o índice de crescimento estimado foi de 13,7%, maior do que já se tinha atingido em 2009 (12,61%). O segmento de massas alimentícias é composto por aproximadamente 600 indústrias, a maioria de pequeno porte e voltadas para o mercado interno. De acordo com a Indústria Brasileira de Massas Alimentícias (ABIMA), a capacidade instalada do setor é de 1,4 milhão de toneladas, e gera mais de 20 mil empregos diretos. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de macarrão produzindo 1,19 milhão de toneladas. O segmento de biscoitos, com um número estimado de 585 empresas, registrou uma produção de 1,20 mil toneladas e faturamento de R$6,47 bilhões em O Brasil é o segundo maior produtor mundial de biscoitos Produção A estimativa de safra da Conab aponta para uma produção de trigo de 4.476,1 mil toneladas contra 5.788,6 mil de toneladas, em 2010/11. A safra atual se caracterizou pela instabilidade climática devido ao El Niño, com excessivas chuvas no período de colheita, após período de pouca umidade na época do plantio. O início da colheita no Brasil ocorre no mês de julho, na Região Sudeste e Centro-Oeste, com exceção do Mato Grosso do Sul. A partir de agosto a colheita tem início na região Sul, finalizando em novembro. A produção da Região Sul equivale a 94,8% da produção brasileira. O Estado do Paraná foi responsável pela safra de 2,1 milhões de toneladas, superior ao Estado gaúcho, que deverá produzir cerca de 1,99 milhão de toneladas, em função de ter sido menos afetado pelo clima adverso, enquanto que o Rio Grande do Sul foi muito castigado pelas chuvas em excesso. Pelos mesmos motivos, Santa Catarina perde 39,9% de sua safra ficando com 141,6 milhões de toneladas. O cultivo de trigo no Rio Grande do Sul não teve o clima como aliado como na safra anterior. A falta de chuvas na época do plantio atrasou a implantação do cultivo e na fase final ocorreram geadas, chuvas de granizo, vendavais e excesso de chuvas nas épocas de maturação e colheita, período crítico da lavoura. Como resultado, grande parcela da produção, principalmente do Rio Grande do Sul, apresentou baixo Falling Number. 106

108 2.058,6 (35,0%) 3.069,5 (52,2%) ,6 (35,9%) 2.540,7 (50,5%) ,8 (33,6%) 3.314,8 (56,4%) ,2 (47,4%) 2.501,0 (43,2%) ,4 (47,2%) 2.112,5 (44,5%) 372 Mil toneladas 4.476, , , , , Gráfico 4 - Produção brasileira de trigo entre 2008 e 2012 BRASIL RS PR Demais / / / / /13 Fonte: Conab - Posição: Dezembro/2012 Elaboração: Conab.Dipai.Sugof O novo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Trigo que passou a vigorar a partir de julho de 2012 é um marco na triticultura nacional, pois exigirá mais planejamento por parte dos produtores, pesquisadores e cooperativas em busca de cultivares que possibilitem trigo com alta Força de Glútem e elevado Falling Number, padrões exigidos pela nova classificação já em vigor. Dessa forma, espera-se minimizar as deficiências do setor de armazenagem, facilitar a comercialização, obter maiores preços e liquidez a essa atividade do período invernal, com a produção de trigo com padrão, homogeneidade e qualidade exigida pelo mercado consumidor. É preciso esclarecer que esse processo avançou celeremente, após a aprovação do atual Regulamento Técnico do Trigo, no ano de Agentes de comercialização no Rio Grande do Sul desenvolveram um exitoso trabalho junto aos produtores e suas cooperativas, divulgando os benefícios da produção com segregação de cultivares. Além disso, o apoio governamental através dos instrumentos de incentivo à comercialização da produção, foi imprescindível para alavancar os resultados alcançados Importação e Exportação As importações de trigo em grão em 2010 e 2011 foram de 6,29 e 5,74 milhões de toneladas, respectivamente. Entre janeiro e outubro de 2012 foram importados 5,65 milhões de toneladas o que permitirá encerrar o ano civil com volumes de internação entre 6,8 e 7,0 milhões de toneladas. Por outro lado, em 2011, deram entrada no país 701,4 mil toneladas de farinha de trigo que representou 1,0 milhão de toneladas de trigo em grão e, entre janeiro e outubro de 2012, 537,9 mil toneladas, podendo encerrar o ano civil em 645,0 mil toneladas, volume esse menor que o do ano civil passado (Gráfico 5). Isso se explica pelas medidas tomadas pelo governo brasileiro, com vistas a restringir o livre-arbítrio às entradas de farinha de trigo no país. Entre 1994 e 2011, o país importou 109,1 milhões de toneladas de trigo em grão totalizando gastos de US$ 19,1 bilhões que, ao câmbio atual de R$ 2,08, perfaz o valor de R$ 107

109 Toneladas US$/t (*) Toneladas ,7 bilhões. Somente nos anos de 2000 a 2011 esse volume importado foi de 73,8 milhões de toneladas, com a Argentina participando com 59,8 milhões de toneladas, 81,0% do total. O valor médio de importação em 2011 foi de US$319,18 por tonelada, recorde histórico da série Gráfico 5 - Importações de trigo em grão, de farinha de trigo e farinha equivalente em grãos Trigo Farinha F. Equivalente em grão (*) Período de Janeiro a Novembro Fonte: MDIC/Secex Elaboração: Conab.Dipai.Sugof Através do gráfico 6 pode-se ver o desempenho das importações no ano safra de agosto de 2011 a julho de 2012 e aferir os danos que as importações do vizinho Paraguai vêm causando à comercialização da safra brasileira: valor unitário 18,0% menor do que o argentino; reduzido preço de paridade; proximidade geográfica que viabiliza a movimentação da produção via rodovias; maior prazo de pagamento dos compromissos contratados como se observa em operações de importação, são fatores que viabilizaram operar com a mais baixa cotação entre os tradicionais exportadores para o país, resultando em menor interesse dos industriais pelo trigo nacional. As importações entre janeiro e outubro de 2012 (Gráfico 7), foram de 5,65 milhões de toneladas com uma média mensal de 565,3 mil toneladas. Extrapolando esse volume médio para o ano safra de agosto de 2012 a julho de 2013, o total importado poderá ficar entre 6,8 a 7,0 milhões de toneladas. Gráfico 6 - Importação de trigo: Agosto/2011 a Julho/ Qtde (t) Valor (US$ FOB) US$/t Argentina Paraguai Uruguai Estados Unidos Canadá Fonte: MDIC Elaboração: Conab.Dipai.Sugof Qtde total: t Valor: US$ Valor Unitário: US$273,25/t

110 Emirados Árabes África do Sul Espanha Irã Líbia Argélia Djibuti Tunísia Moçambique Mauritânea Egito Arábia Saudita Nigéria Sudão Marrocos Portugal Colombia Itália Toneladas e Valor (US$1.000) US$/tonelada 499,1 120,2 413,9 101,9 622,0 154,4 565,8 145,3 772,3 197,6 300,3 76,6 504,2 131,7 783,8 206,3 555,1 152,0 636,7 501,1 151,2 Mil toneladas e valor mensal US$/tonelada A Argentina é o principal provedor de trigo para o mercado brasileiro devido sua qualidade, proximidade geográfica e o fato de integrar o Mercosul, condição que lhe garante vantagem de ordem fiscal em relação a outros países fornecedores fora do Bloco. No caso do trigo, a Tarifa Externa Comum acordada é de 10%. 800,0 Gráfico 7 - Importação mensal de trigo em ,00 700,0 600,0 240,78 246,25 248,20 256,76 255,15 255,92 261,10 273,88 263,20 289,28 301,65 300,00 250,00 500,0 400,0 Importação média mensal: 559,5 mil t 200,00 300,0 200,0 Qtde Total: t Valor FOB: US$ Valor Unit. Médio: US$ 263,44 150,00 100,00 100,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Fonte: MDIC Elaboração: Conab.Dipai.Sugof 184,2 50,00 0,00 Quanto às exportações de trigo em grão, de agosto de 2011 a julho de 2012, totalizaram 1,90 milhão de toneladas com valor de US$ 466,0 milhões e valor unitário de US$ 245,13. Mais de 20 países adquiriram trigo brasileiro e os Emirados Árabes, África do Sul e Espanha receberam 29,2% do total exportado, seguido pelo Irã, Líbia, Argélia e Djibuti, com volumes acima de 100,0 mil toneladas. Gráfico 8 - Exportação de trigo - Agosto 2011 a Julho Qtde: t Valor: US$ Valor unitário: US$ 245, Fonte: MDIC Elaboração: Conab. Dipai.Sugof Qtde (t) Valor (US$ FOB) US$/t 109

111 Valor em US$ e toneladas US$/t Os volumes exportados da safra de 2011/12 foram pouco maiores à efetivamente exportada no ano safra (agosto a julho). A logística portuária não permitiu que toda a quantidade negociada com o exterior acontecesse dentro do ano safra. Dessa forma ocorreram exportações nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro elevando o volume exportado a 2,09 milhões de toneladas Gráfico 9 - Exportação de trigo entre janeiro e novembro de Qtde total: t Valor: US$ Valor unitário: US$250, Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Fonte: MDIC Elaboração: Conab.Dipai.Sugof Qtde (t) Valor (US$ FOB) US$/t Estoques Os estoques públicos de trigo totalizam 489,0 mil toneladas e foram constituídos através da intervenção governamental nas últimas safras, garantindo o preço mínimo aos produtores. Os produtos de AGF representam 92,0% do total, de opções 7,7% e o restante de CDAF. Do total em estoque 53,1% tiveram origem no Rio Grande do Sul e 46,6% no Paraná. No quadro 1, a seguir, acham-se discriminados os volumes estocados pelo governo, por instrumentos e por unidades da federação. Quadro 1 - Posição dos estoques públicos, em toneladas ITENS AGF CDAF OPÇÃO TOTAL Part. % MG 0,0 0,0 351,6 351,6 0,07 MS 49,9 0,0 9,6 59,4 0,01 PR ,5 280, , ,2 46,60 RS ,0 400,0 0, ,0 53,14 SP 865,4 0,0 0,0 865,4 0,18 TOTAL ,7 680, , ,6 100,00 Nota: Não inclui 23,59 toneladas de Estoque Estratégico em Goiás. Posição: 28/11/

112 Jan/2005 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/2006 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/2007 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/2008 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/2009 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/2010 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/2011 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan/2012 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov 17,94 19,62 R$/saca de 60 kg 28,27 25,18 29,97 28,90 26,92 33,82 33,07 33, Preços Internos Como visto no Gráfico 3, a trajetória dos preços externos teve forte movimento ascendente a partir do segundo semestre de 2010 devido a quebra de safra na Rússia e Ucrânia. Em 2012, nova quebra de safra aquece os preços externos que retornam ao patamar de 2010, tanto nos Estados Unidos como na Argentina e em outras partes do mundo. 45,00 Gráfico 10 - Preços Pagos aos Produtores do Paraná e Rio Grande do Sul 40,00 PR 41,52 35,00 32,26 30,00 25,00 26,38 31,00 29,35 25,90 24,52 25,72 22,91 27,04 23,82 20,00 15,00 19,81 18,11 24,22 RS 23,58 ' 22,94 21,84 20,49 24,63 23,77 22,12 10,00 Fonte: Conab Elaboração: Conab.Dipai.Sugof O primeiro movimento altista teve reflexos nos preços internos sem grande expressão, em conseqüência da produção recorde no Mercosul, ultrapassando 24,0 milhões de toneladas, para um consumo doméstico de 18,0 milhões de toneladas. Naquela ocasião, a safra da Argentina e do Brasil aproximou-se de 16,0 milhões e de 6,0 milhões de toneladas, respectivamente. Por outro lado, a crise de preços atual não se deu em uma conjuntura de oferta abundante no Mercosul, como na circunstância anterior, mas em uma situação de oferta curta em que a Argentina teve produção restrita a 11,0 milhões de toneladas e o Brasil a pouco mais de 4,0 milhões de toneladas, com o agravante de baixo Falling Number. Últimas informações da Argentina apontam redução da safra para 10,0 milhões de toneladas. Dessa forma, os preços internos subiram aceleradamente tanto no Paraná como no Rio Grande do Sul com reflexos no custo operacional da indústria moageira e elevação dos preços das farinhas produzidas. Na primeira semana de dezembro o preço no Paraná subiu para R$35,27 e do Rio Grande do Sul para R$30, Preços Mínimos de 2009/10 a 2012/13 As tabelas seguintes de números 2, 3 e 4 expõem os Preços Mínimos das safras de 2009/10, 2010/11, 2011/12 e 2012/

113 Tabela 2. Preços Mínimos Safra 2009/10 Regiões Tipo PH Brando Pão Melhorador/Durum R$/60 kg R$/t R$/60 kg R$/t R$/60 kg R$/t Sul 1 78,00 26,46 441,00 31,80 530,00 33,30 555,00 2 (*) 75,00 24,66 411,00 29,22 487,00 30,60 510, ,00 21,33 355,50 25,07 417,83 25,07 417,83 Centro-Oeste 1 78,00 29,76 496,00 35,64 594,00 37,32 622,00 Sudeste 2 (*) 75,00 27,60 460,00 32,70 545,00 34,26 571,00 Bahia 3 70,00 23,99 399,83 28,19 469,83 28,19 469,83 (*) Preço Mínimo Básico Nota: PH - Peso do hectolitro (mínimo) Tabela 3 - Preços Mínimos Safra 2010/11 e 2011/12 (Portaria n 478) Regiões Tipo PH Brando Pão Melhorador/Durum R$/60 kg R$/t R$/60 kg R$/t R$/60 kg R$/t Sul 1 78,00 23,81 396,83 28,62 477,00 29,97 499,50 2 (*) 75,00 22,19 369,83 26,30 438,33 27,54 459, ,00 19,20 320,00 22,56 376,00 22,56 376,00 Centro-Oeste 1 78,00 26,78 446,33 32,08 534,67 33,59 559,83 Sudeste 2 (*) 75,00 24,84 414,00 29,43 490,50 30,83 513,83 Bahia 3 70,00 21,59 359,83 25,37 422,83 25,37 422,83 (*) Preço Mínimo Básico Nota: PH - Peso do hectolitro (mínimo) A tabela 4 foi elabora de acordo com o novo Regulamento Técnico divulgado pela Instrução Normativa de número 38, exposta no item 1.7. Tabela 4 - Preços Mínimos para a safra 2012/13 Real por saca de 60 kg e em tonelada Regiões/ Outros Usos Básico Doméstico Pão Melhorador Tipo PH Estados R$/sc R$/t R$/sc R$/t R$/sc R$/t R$/sc R$/t R$/sc R$/t ,85 347,50 25,02 417,00 30,06 501,00 31,50 525,00 Sul 2 (*) 75 12,12 202,00 18,95 315,83 22,74 379,00 27,36 456,00 28,92 482, ,00 266,67 19,20 320,00 23,10 385,00 23,52 392,00 Centro Oeste, ,95 382,50 27,54 459,00 33,12 552,00 34,98 583,00 Sudeste ,12 202,00 20,65 344,17 24,78 413,00 29,76 496,00 31,56 526,00 e Bahia ,55 292,50 21,06 351,00 25,38 423,00 25,92 432,00 (*) Preço Mínimo Básico Nota: PH - peso do hectolitro 112

114 1.7. Padrão Oficial de Classificação A Instrução Normativa nº 38, de 30 de novembro de 2010, estabeleceu as características do trigo através do Regulamento Técnico que define o padrão oficial de classificação do trigo. Este Regulamento Técnico do Trigo será aplicado para atender a obrigatoriedade de classificação prevista nos incisos I, II e III, do art. 1(), da Lei nº 9.972, de 25 de maio de Os conceitos comumente usados no Regulamento Técnico de Identidade e de Qualidade do trigo são: Os requisitos de qualidade do trigo são definidos em função do Peso do Hectolitro, do Número de Queda, da Força do Glúten, da Estabilidade e dos limites máximos de tolerância de defeitos. Peso do hectolitro (PH): é a massa de 100 litros de trigo, expressa em quilogramas, determinado em balança para peso específico; Número de Queda (Falling Number): medida indireta da atividade da enzima alfa-amilase, determinada em trigo moído, por método oficialmente reconhecido, sendo seu valor expresso em segundos. Força do Glúten (W): teste que analisa o trabalho mecânico necessário para expandir a massa até a sua ruptura, sendo expressa em Joules (J), sendo determinado por método oficialmente reconhecido. Classes: o trigo será classificado em 05 (cinco) classes: Melhorador, Pão, Uso Doméstico, Básico e Outros Usos. A definição da Classe será dada através da análise de Força de Glúten e Estabilidade. Tipos: O trigo será classificado em 04 (três) tipos, expressos por números de 01 (um) a 03 (três) e Fora de Tipo, definidos em função do Número de Queda (Falling Number), do limite mínimo do Peso do Hectolitro e dos limites máximos dos percentuais de umidade, de matérias estranhas, impurezas e de defeitos. No Quadro 2 estão definidas as características da Força de Glútem e do Número de Queda (Falling Number), válidas até junho de 2012 e a partir de julho de Além da inclusão da Estabilidade como requisito da qualidade do trigo, os valores da Força do Glúten e do Número de Queda foram reavaliados de acordo com a prática de mercado. Quadro 2 - REGULAMENTO TÉCNICO DO TRIGO PADRÃO OFICIAL DE CLASSIFICAÇÃO SITUAÇÃO VIGENTE ATÉ JUNHO DE 2012 Instrução Normativa MA nº 01, de 27 de janeiro de 1999, e Instrução Normativa SARC nº 07, de 15 de agosto de Força de Glúten e Número de Queda VALOR MÍNIMO DA FORÇA VALOR MÍNIMO DO NÚMERO CLASSES DO GLÚTEN DE QUEDA (10-4 J) (segundos) Trigo Melhorador Trigo Pão Trigo Brando Trigo p/ Outros Usos Qualquer < 200 Trigo Durum

115 PROPOSTA APROVADA A PARTIR DE 01 DE JULHO DE 2012 Instrução Normativa MAPA, 38/2010 e Instrução Normativa 16/2011, MAPA. Força de Glúten, Número de Queda e Estabilidade VALOR MÍNIMO DA FORÇA VALOR MÍNIMO DO NÚMERO ESTABILIDADE CLASSES DO GLÚTEN DE QUEDA (minutos) (10-4 J) (segundos) Melhorador Pão Uso Doméstico Básico Outros Usos Qualquer Qualquer Qualquer 1.8. Intervenção Governamental O período de comercialização que mais exigiu o apoio governamental foi na safra 2009/10, quando 3,6 milhões de toneladas tiveram apoio, ou seja, em 72,3% da safra, com destaque para o Prêmio para Escoamento do Produto PEP, e AGF em menor escala, conforme Tabela 5. Os baixos preços externos e internos exigiram o apoio governamental no sentido de manter renda aos produtores e continuidade do processo produtivo no campo. Na safra 2010/11, as intervenções foram menores, mas ainda representou 30,4% do volume colhido. Em 2011/12, preços excessivamente baixos na Argentina foram responsáveis por preço de paridade no Brasil abaixo do custo de produção, exigindo nova intervenção do governo, inclusive com AGF. Através do PEP foi possível promover o escoamento do trigo para as regiões Norte e Nordeste, além do mercado externo, de elevados volumes da produção com custo mais atrativo, reduzindo o uso de AGF que demanda expressiva soma de recursos e muito espaço armazenador. A safra atual (2012/13) com preços muito elevados até o momento terá, certamente, o processo de comercialização sem interferência governamental. Tabela 5 - Apoio do governo à comercialização do trigo Mil toneladas Ítem/período 2000/ /04(*) 2004/05(**) 2005/ / / / / / /12 Vendas PEP - Ofertado , , , , , , ,0 - Vendido , ,2-425, , , , ,6 AGF Direta ,7 31,9-237,1 21,3 373,8 0,2 325,0 PROP - Ofertado , Vendido , OPÇÕES - Ofertado 1001,1 801,4 657, , Vendido 281,9 517,7 650, , Exercido 21,5 151,7 576, , Apoio Total 281,9 517, , ,5-662, , , , ,6 Produção 1.658, , , , , , , , , ,6 Participação % 17,0 8,5 23,2 28,1-16,2 38,0 72,3 30,4 42,5 Fonte: Conab e Mapa 114

116 1.9. Preços Mínimos propostos Parâmetros de cálculo Os parâmetros específicos para a elaboração dos preços mínimos são os custos de produção nas principais praças produtoras do Paraná e Rio Grande do Sul e os preços de paridade do trigo argentino e americano do norte nas regiões de produção do país Custo de Produção O estudo tomou como referência os custos de produção apurados nos municípios de Londrina e Cascavel no Estado do Paraná e Passo Fundo e Cruz Alta no Rio Grande do Sul, por serem regiões produtoras de destaque tanto em área cultivada como em produção. Os municípios selecionados atenderam a nova política de segregação de cultivares e, portanto, seus custos de produção já contabilizam essa diferenciação. Tabela 6 - Custo de Produção Estado do Paraná e Rio Grande do Sul Data: Janeiro//2013 Especificações Londrina Cascavel São Luiz PR PR Gonzaga/RS Cruz Alta Média RS Saca t Custeio 25,61 26,33 27,65 26,19 26,45 440,75 Custo Variável 32,33 31,97 31,76 31,38 31,86 531,00 Custo Operacional 36,96 36,35 35,50 34,95 35,94 599,00 Fonte: Conab O Custo Variável médio de produção em janeiro de 2013 foi de R$31,86, ou seja, R$531,00 por tonelada, maior em 5,06% ao custo variável da safra passada que foi de R$30,33 por saca de 60 quilos, ou R$505,42 por tonelada, apurado em novembro de Na ocasião da elaboração da proposta de preços mínimos da safra 2012/13, foi utilizada uma base de dados em um patamar abaixo do custo de produção. Além disso, o preço mínimo básico foi estabelecido para o trigo doméstico, Tipo 2. Ocorre que o padrão de mercado é o trigo pão, Tipo 1, para o qual o governo deve fazer toda a sua política, no sentido de buscar a melhoria da qualidade do produto nacional e reduzir a busca dos moinhos por tipos melhores no mercado internacional. 115

117 Proposta de preços Mínimos Assim, neste ano, a proposta defendida por esta Companhia, é de que a referência do preço mínimo do trigo seja para o Trigo Pão, Tipo 1, aplicando-se ágios/deságios para os melhores/piores tipos. Propõe-se ainda que o preço mínimo seja estabelecido no patamar do custo variável de produção, ou seja em R$531,00/ton, o que contabilizaria aumento de 5,99% em relação ao preço estabelecido na safra anterior. Este aumento percentual está praticamente idêntico ao aumento do custo de produção. A correção dos atuais valores dos Preços Mínimos do Tipo 1, pode ser visualizada na tabela 7 a seguir. A proposta leva em consideração que há necessidade de incentivo ao plantio do trigo de boa qualidade no Brasil e que o preço mínimo é uma ferramenta que norteia e dá segurança ao produtor. Além disso, há que se considerar que o trigo sofre forte concorrência com o cultivo de milho de inverno (segunda safra), principalmente no Estado do Paraná, em conseqüência dos preços e liquidez nunca antes observados no país. A proposta de preços mínimos contidos na Tabela 8 adota como referência a recomposição do preço mínimo, o que totaliza 5,99% sobrepostos aos preços mínimos em vigor. Os valores da coluna de Preço Mínimo Proposto da tabela 7, foram transpostos para a tabela 8 e inseridos nas linhas da região Sul e das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Estado da Bahia. 116

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