CENTRAIS ELÉTRICAS DE RONDÔNIA S/A CERON

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1 Processo: CONCORRÊNCIA N.º 004/2006 Assunto: JULGAMENTO RECURSO ADMINISTRATIVO - HABILITAÇÃO Recorrente: kva SERVIÇOS ELÉTRICOS DE ALTA E BAIXA TENSÃO LTDA A Comissão Permanente de Licitação - CPL da Centrais Elétricas de Rondônia S/A CERON, formalmente designada por meio da RES-097/2006, julga e responde o Recurso Administrativo interposto pelo Licitante kva SERVIÇOS ELÉTRICOS DE ALTA E BAIXA TENSÃO LTDA, com fulcro na Lei 8.666/93, Art. 109, 4º, e demais dispositivos aplicáveis, nos termos a seguir aduzidos: Dos Fatos Trata-se de recurso administrativo interposto onde autora, após narrar fatos devidamente registrados nos autos, alega, resumidamente que: 1) decidir em um processo, seja judicial ou administrativo, exige do julgador qualidades especiais dentre as quais podemos citar um profundo conhecimento sobra a matéria discutida, e que a decisão é fundada, sempre, no livre convencimento do julgador, entretanto, esse livre convencimento não é discricionário, muito menos arbitrário; 2) a Comissão proferiu decisão contendo texto genérico, sem fundamentar o porquê da desclassificação da Recorrente; 3) Há, nos dois casos, a clara indicação de que o recorrente não se adaptou ao OBJETO licitado ; 4) que o objeto licitado é complexo, conforme de depreende do projeto básico, e a Comissão não especificou qual ou quais itens que compõe o objeto não constam especificado no objeto social da recorrente e, não possui atestado de capacidade compatível; 5) com base nos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa é defeso impedir, restringir ou dificultar, de qualquer forma ou sobre qualquer pretexto que os litigantes, no presente caso, em processo administrativa, possam de defender; 6) não tendo fundamento expresso sua decisão, expondo de forma genérica o veredicto, a Recorrida impossibilitou a Recorrente o exercício de pleno de seu direito e a aplicação máxima dos princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que não se pode contraditar, nem se defender daquilo que se conhece; 7) há varias forma de se interpretar a norma jurídica e, de fazer a adequação fato-norma ou seja, de comparar o fato praticado com a lei, que o fato deve ser comparado com o estabelecido em edital, em face de princípio da vinculação ao instrumento convocatório; 8) existem expressões genéricas no objeto licitado que induzem ao entendimento do que se está contratando, mas não o descrevem minuciosamente; 9) com base nas expressões do objeto podemos inferir que, para prestar os serviços o licitante vencedor deverá interpretar o objeto de forma extensiva, e que interpretando assim, entende que o objeto social da Recorrente é compatível, englobando todos os serviços elencados no objeto da licitação; 10) se especificou no objeto social, que a empresa KVA realiza tarefas inerentes à rede de distribuição, está implícito, que todo e qualquer tipo de serviço necessário para que a energia elétrica chegue até o consumidor final, ou seja, ligação inicial ou religação, interrupção de fornecimento (corte), manutenção na rede de alta e baixa tensão, entre outros; 11) quem constrói uma subestação de energia elétrica não está habilitada para CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala Porto Velho - RO 1/7

2 proceder a ligação de energia em uma residência? Quem detém tecnologia para produzir energia térmica não seria capaz de proceder a uma religação doméstica de energia, ou tarefas similares? Quem constrói um prédio não constrói uma casa? 12) para elucidar definitivamente a questão solicitou ao CREA/RO, que expedisse uma declaração elencando a capacidade técnica da Recorrente; 13) o Edital solicitou 01 atestado e a Recorrente apresentou três atestados, que segundos os mesmos a Recorrente já desempenhou atividades compatíveis com as descritas no objeto licitado, destacando atendimento a clientes, ligação de consumidores, corte de energia, fiscalização contra fraude; instalação de medidores, leitura de medidores, entre outros que habilita a Recorrente para executar o futuro contrato com segurança para Administração Pública 14) a Ceron exigiu que os licitantes apresentassem o registro comercial (item ), o ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor ( item ) e inscrição do ato constitutivo no caso de sociedades civis (item ) não especificamente o que deveria conter nesse documentos; 15) portanto é indevida a desclassificação da Recorrente sob o argumento de seu objeto social não elenca atividade compatível com o objeto licitado, uma vez, que não foi exigido no edital; 16) utilizando do mesmo critério da CPL e comparando item a item da empresas habilitadas, verificou que as empresas Eplan, Rondônia Transformadores e Tellus S/A não atenderam ao instrumento convocatório e devem ser desclassificadas, e utilizando do princípio da isonomia conclui, portanto, se para a Recorrente, não é válida atividade similar para comprovar sua aptidão, para os demais também não podem ser válidas, o que culminaria com suas desclassificações Encerra seus argumentos pedindo que o recurso seja conhecido e, no mérito seja julgado procedente; que a CPL retrate-se habilitando a Recorrente ou remeta os autos à autoridade superior; que a CPL se utilize de mesmo critério de avaliação para habilitar ou inabilitar todos os licitantes; que se mantendo a desclassificação não se utilize de exigência não constante em edital; e para a CPL lembra-se que a defesa da Recorrente foi prejudicada em face da existência de termos genéricos na decisão da Recorrida. Das Contra-razões Chamadas a manifestarem-se na defesa de seus interesses, além de outras informações, foi dito pela licitante: EPLAN, Engenharia, Planejamento e Eletricidade Ltda. 1) Cumprir-no destacar, que estamos ativos a vários anos junto a CERON, participando de forma consistente e persistente de vários procedimentos licitatórios. Ganhamos uns! Perdemos outros! Enfatizamos que podemos testemunhar de forma uníssona a integridade, a responsabilidade, a eticidade da Comissão Permanente de Licitação, bem como é inquestionável a capacidade técnica, jurídica-administrativa desse Órgão. As afirmativas da Impugnada retratam uma impressão equivocada, um desconhecimento de causa, uma demonstração de desespero no fatídico momento do passamento. ; 2) o principio contraditório esta efetivamente respeitado no momento que a publicidade dos atos foi satisfeita, no momento em que as partes envolvidas foram cientificadas da decisão emanada, do fluxo processual, do acompanhamento dos atos processuais do certame. A ampla defesa está CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala Porto Velho - RO 2/7

3 claramente demonstrada pela protocolização de peça recursal, pois, não agiu a Comissão Permanente de Licitação de forma diversa. Conclui solicitando seja recebida a impugnação dando-lhe provimento para manter inabilitada a Recorrente. NO MÉRITO Registra-se que, na fase de lançamento do certame, não houve manifestação contrária ao procedimento licitatório, sendo, portanto, aceita as condições estipuladas em Edital, que conforme ensina a doutrina e jurisprudência é a Lei interna entre as partes, que a Recorrente sancionou ao formalizar sua proposta. Sobre as exigências que culminaram com a inabilitação da Recorrente o Edital preceitua: Item 5 - DAS CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO 5.1. Poderão participar desta licitação: quaisquer empresas cadastradas ou não e que tenham especificado, no objetivo social, no Estatuto ou Contrato Social, atividade compatível com o objeto licitado; no mínimo 01 (um) atestado de capacidade técnica fornecido por empresa do setor elétrico, pública ou privada, demonstrando já ter executado serviços de campo na área de comercialização de energia elétrica com características iguais ou semelhantes ao objeto deste Edital; (grifamos e negritamos) O Projeto Básico, trouxe no seu item 1.1 o objeto do certame em referência: 1. DO OBJETO 1.1 Contratação de empresa especializada para prestação de serviços técnicos de corte, religação, fiscalização e demais serviços de campo na área de comercialização de energia elétrica, com ênfase na remuneração por Produtividade, para atuação junto a Unidade de Negócios Norte UNN e localidades subordinadas, da CONTRATANTE. 1.2 A CONTRATADA deverá desenvolver ações integradas que no seu conjunto resultem na recuperação de receita, diminuição de fraudes e inadimplência, contemplando o uso racional dos recursos humanos e materiais, e melhoria da imagem da CONTRATANTE. 1.3 Ações a serem desenvolvidas pela CONTRATADA nos serviços de comercialização de energia elétrica nos grupos AT (Alta Tensão) e BT (Baixa Tensão) a seguir são: CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala Porto Velho - RO 3/7

4 1.3.1 Serviços de digitação e atualização de informações dos clientes no Sistema de Comercialização da CONTRATANTE: Atualização Cadastral; Serviços Administrativos; Visitas Técnicas; Vistorias Ligação Nova; Cadastramento; Ações de Corte em suas varias modalidades conforme Normas da CONTRATANTE; Ações de Religação conforme Normas da CONTRATANTE; Ações de Fiscalização em Unidades Consumidoras do Grupo B e Grupo A conforme Normas da CONTRATANTE; Instalação de Medidores; Retirada e a substituição de medidores de acordo com as Normas da CONTRATANTE e legislação do Setor Elétrico; Portanto, razão não assiste a Recorrente ao afirmar que a Recorrida, utilizouse de argumentos incompletos para a desclassificação da Recorrente, ou, que o edital contempla expressões genéricas, pelo contrário, conforme exposto acima, tratam de exigências editilícias claramente definidas, que foram sancionadas pela Recorrente ao formalizar sua proposta. No contrato social da Recorrente, constam as seguintes atividades do setor elétrico: prestação de serviços de: manutenção e construção de subestação, rede de distribuição eletrificação rural, manutenção e operação de unidades geradoras de energia elétrica, manutenção elétrica das instalações prediais, manutenção de redes elétricas produção de energia térmica, construção e manutenção de iluminação pública, serviços de mediação de consumo de energia elétrica. A Recorrente, em sua peça recursal, informa: Quando se especificou, no objeto social, que a empresa KVA realiza tarefas inerentes à rede de distribuição, está implícito aí, todo e qualquer tipo de serviço necessário para que a energia elétrica chegue até o consumidor final, ou seja, ligação inicial ou religação, interrupção de fornecimento (corte), manutenção na rede de alta e baixa tensão, entre outros. Conforme constatamos, a atividade preceituada do Contrato Social é prestação de serviços de: manutenção e construção de subestação, rede de distribuição eletrificação rural,... que definitivamente não são compatíveis com as atividades elencadas no item 1 do Projeto Básico. Não entendemos o porque da Recorrente, em sua peça recursal, citar apenas o texto rede de distribuição, onde o correto seria manutenção e construção, rede de distribuição eletrificação rural. CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala Porto Velho - RO 4/7

5 E mais, a Recorrente apresentou 03 atestados de capacidade técnica, conforme abaixo: O primeiro atestado emitido pela empresa Alusa: ATESTAMOS PARA OS DEVIDOS FINS QUE O CORPO TÉCNICO, HOJE DA EMPRESA KVA (...), PRESTOU SERVIÇOS DE ELETRIFICAÇÃO NO PROGRAMA LUZ PARA TODOS NAS LOCALIDADES DE VISTA ELEGRE E EXTREMA NO ESTADO DE RONDÔNIA. Ora, além da incompatibilidade do objeto, claramente o atestado fala do corpo técnico, ou seja, atesta a capacidade profissional, sendo que a exigência é clara, trata-se de capacidade operacional, como nos ensina a doutrina. (negritamos e grifamos) O Tribunal de contas da união, em seu livro intitulado Licitações & Contratos - Orientações Básicas : Página 125: Qualificação técnica O licitante interessado na execução de obras, prestação de serviços ou fornecimento de bens para a Administração deverá qualificar-se tecnicamente para participar de licitações públicas. (...) A comprovação de capacidade técnica, no caso de licitações relativas a obras e serviços, dar-se-á mediante atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, e por meio de certidões de acervo técnico (CAT). (grifo e negrito nosso) Página 129: Será solicitado atestado de capacitação técnica, tanto do profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido por entidade competente, como das empresas participantes da licitação, com fulcro no inciso I do parágrafo 1º, c/c o inciso II do art. 30 da Lei nº 8.666/1993 e Artigo nº 37, inciso XXI da Constituição Federal, sem, contudo, vincular este atestado ou declaração à execução de obra anterior. Decisão 767/1998 Plenário (grifo e negrito nosso) O segundo atestado emitido pela empresa Vitória e Engenharia e Construção: ATESTAMOS PARA OS DEVIDOS FINS QUE A EMPRESA KVA SERVIÇOS(...), EXECUTOU OS SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES DE REDE ELÉTRICA COM IMPLANTAÇÃO DE POSTES, LANÇAMENTO DE CABOS, INSTALAÇÃO DE TRANSFORMADORES DE DISTRIBUIÇÃO PARA ATENDER O PROJETO HABITAR BRASIL... Aqui perguntamos, o que implantação de postes, lançamento de cabos e instalação de transformadores, tem de semelhante com os serviços técnicos de corte, religação, fiscalização e demais serviços de campo na área de comercialização de energia elétrica? O terceiro atestado emitido pela empresa Eletrovolt: Atestamos para os devidos fins que a Empresa KVA Serviços (...) prestou serviços de consultoria a Eletrovolt Tranformadores Ltda., abordando os seguintes temas: Atendimento ao Cliente, Ligação de Consumidores, Corte de Energia dos CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala Porto Velho - RO 5/7

6 Consumidores inadimplentes, Fiscalização contra Fraude de Energia, Instalação de Medidores, Leitura em Medidores de Energia, (negritamos e grifamos). O objeto do edital da Concorrência nº004/2006 não está contratando serviços de assessoria. Mais uma vez a Recorrente não conseguiu comprovar adequadamente a sua capacidade operacional. No Edital foram estabelecidos os critérios, que não foram impugnados, portanto aceitos por todos; não teriam assim os julgadores outra alternativa, a não ser seguir os critérios estabelecidos em edital, que é a lei entre as partes conforme ensina a jurisprudência dominante: STJ decidiu: (...)1. O Edital, no procedimento licitatório, constitui lei entre as partes. 2. Se o licitante praticou ato ilícito, definido em edital, sob cominação de desclassificação, não pode reclamar por haver recebido tal pena. Não há, em tal situação, ofensa ao Art. 3º, 1º, I da Lei 8.666/ Recurso improvido. Fonte: STJ/1ª Turma. RESP nº /DF. Registro nº DJ 04 nov p TRF/1ª R. decidiu: I No procedimento licitatório, domina o princípio da vinculação ao edital, que obriga tanto a pública Administração quanto os licitantes em sua rigorosa observância. Não é lícito, assim, à Administração, salvo, disposição legal contrária, fazer exigências não constantes do edital do certame. II - Se a impetrante cumpriu as exigências editalícias, na espécie dos autos, está apta a participar da licitação. Fonte: TRF/1ª R. 6ª T. REO nº /GO. Processo nº DJ 23 out p Esquecer o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, não encontra abrigo legal, pois, a Recorrente comprovadamente descumpriu exigências editalícias, que foram amplamente publicadas e conhecidas por todos, ou seja, a inabilitação da licitante não saiu do vazio ou do nada, como quer fazer provar a Recorrente. Alegar que teve seu direito ao exercício do contraditório cerceado, também não assiste razão à Recorrente, pois a mesma, no decorrer do processo não solicitou nenhum esclarecimento, não impugnou o edital, pressupondo pleno conhecimento das exigências de habilitação e demais condições do Edital. Apresentou sua proposta sancionando as regras editalícias e, apresentou recurso administrativo que ora julgamos. Fica a pergunta diante do exposto, em que momento a Recorrente teve seu direito ao exercício do contraditório cerceado, já que teve oportunidade de praticar todos os atos possíveis e legais até esta fase do certame? Acerca das licitantes habilitadas, cabe aqui esclarecer que todas atenderam as exigências editalícias, conforme fazem constar provas, os documentos anexos aos autos. A comissão se abstém de discutir o assunto, pois o que está em julgamento trata-se de inabilitação da Recorrente. CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala Porto Velho - RO 6/7

7 Acerca da declaração expedida pelo CREA/RO, que a Recorrente diz ter anexado na sua peça recursal, cabe esclarecer que dita declaração não faz parte do rol de documentos que compõem o Recurso apresentado em 14 (quatorze) laudas. A Recorrida, ao analisar a situação narrada pela Recorrente e após a análise do mérito, atém-se ao cerne da questão em julgamento onde a Comissão sustenta que não consta especificado no objeto social, inclusive na Certidão de Registro e Quitação Pessoa Jurídica do CREA/RO, atividade compatível com o objeto licitado e ainda, os atestados de capacidade técnica apresentados não comprovam a capacidade operacional, ou seja, a Recorrente ainda não executou nenhuma das atividades objeto da contratação pretendida. DECISÃO Considerando o exposto, a legislação aplicável, e, por apresentar o documento as condições mínimas para ser admitido, a Comissão decide: Conhecer o Recurso interposto pela Licitante kva Serviços Elétricos de Alta e Baixa Tensão Ltda, para no mérito negar provimento total, mantendo a decisão exarada na ata de julgamento da HABILITAÇÃO fls. 663 e 664 dos autos, que considerou a Recorrente inabilitada para o Certame; Concordar com o teor da Impugnação apresentada pela Licitante EPLAN Engenharia, Planejamento e Eletricidade Ltda; Encaminhar os autos, com as informações pertinentes à autoridade superior na pessoa do Senhor Diretor Presidente, para que sofra o duplo grau de julgamento, com o seu De Acordo, ou querendo, formular opinião própria; Dê-se ciência da decisão à Recorrente e demais interessadas. Porto Velho RO, 23 de novembro de Moisés Nonato de Souza Presidente da CPL CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala Porto Velho - RO 7/7