ESTUDO DE IMPACTO DOS INCENTIVOS DIRECTOS CONCEDIDOS PELO ESTADO AOS ORGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL REGIONAL E LOCAL

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1 ESTUDO DE IMPACTO DOS INCENTIVOS DIRECTOS CONCEDIDOS PELO ESTADO AOS ORGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL REGIONAL E LOCAL Dezembro 2010

2 2 Agradecimentos A realização deste trabalho, para mais no relativamente escasso espaço de tempo que nos foi concedido, impôs da parte da sua equipa de concepção e redacção um redobrado esforço, não apenas na avaliação das matérias em apreço, como também nos contactos com diversas entidades e responsáveis envolvidos na definição, concretização, avaliação ou recepção dos incentivos. Cumpre-nos, desta forma, exprimir o nosso agradecimento a todos aqueles que nos auxiliaram neste estudo: as direcções da API (nomeadamente João Palmeiro, Vítor Brás e Joana Ramada Curto), APR (José Faustino e Sandra Reis), ARIC (Nuno Inácio) e AIC (Padre Salvador dos Santos) e ainda os responsáveis da ERC (Rui Mouta) e do GMCS (Salomé Ornelas, Lúcia Costa, Georgina Tam de Jesus, Agostinho Pissarreira e Lino Craveiro). Não podemos deixar ainda de referir a prontidão e competência com que as responsáveis do GMCS pela Direcção dos Serviços de Desenvolvimento dos Meios de Comunicação Social responderam a todas as nossas solicitações. Finalmente, importa manifestar a nossa gratidão pela forma eficiente e profissional como a equipa da Media XXI foi capaz de responder a todas as solicitações exigidas pela complexa elaboração deste trabalho, cabendo-lhe sem dúvida uma parte relevante do seu resultado final. Ficha Técnica Coordenadores Colaborações/Media XXI Arons de Carvalho Rita Alves Paulo Faustino Júlio Couto Maximiano Martins Sara Peres Cátia Rodrigues Cátia Vilaça Sónia Raposo Sílvia Monteiro

3 3 INDICE Introdução p. 11 PARTE 1 p. 19 MODELOS E ABORDAGENS DOS SISTEMAS DE APOIOS DO ESTADOS AOS MEDA REGIONAIS E LOCAIS Capítulo 1 Objectivos e Estratégia Metodológica Global p Estratégia geral e principais técnicas e actividades de investigação p Metodologia de investigação sobre a relação entre incentivos e o mercado p. 22 Capítulo 2 Políticas e Problemáticas dos Apoios do Estado p Revisão de literatura, reflexões e experiências internacionais p O serviço de interesse público da comunicação social regional e local p. p. 43 Capítulo 3 Políticas Públicas e Modelos de Incentivos Europeus p Abordagem transversal e objectivos dos subsídios na Europa: o caso Francês p Modelos de apoios atribuídos pelo Estado à imprensa do Norte da Europa p Outras perspectivas de apoios europeus e o caso do modelo holandês, belga e espanhol p. 58 Capítulo 4 Regime Jurídico dos Incentivos aos Media em Portugal p O regime jurídico dos incentivos à comunicação social das origens à actualidade p O incentivo à consolidação e desenvolvimento da comunicação social regional e local. p. 78 Capítulo 5 O QREN e sua Extensão os Media Regionais e Locais P Análise comparativa dos sistemas de apoio às empresas em Portugal p Os media regionais e locais no contexto da agenda da competitividade p. 98 PARTE 2 p. 102 CARACTERZAÇÃO E INDICADORES DE IMPACTOS DOS APOIOS DOS NOS MEDIA REGIONAIS E LOCAIS E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS Capítulo 6 Caracterização das Empresas; Indicadores e Impactos na Actividade p Caracterização e indicadores de desempenho das rádios locais e regionais p Enquadramento, dimensão das empresas e critérios p Níveis de Facturação, Volume de Negócios e Tipos de Sociedade p Resultados Líquidos do Exercício e Fontes de Proveitos p Recursos Humanos e Geografia das Rádios Locais p Dimensão e Níveis de Facturação das Rádios Locais p Análise Proveitos e Ganhos Localização Geográfica p Caracterização e indicadores de desempenho dos jornais regionais e locais p Níveis de Facturação, Volume de Negócios e Tipos de Sociedade p Receitas, Resultados Líquidos e Fontes de Proveitos p. 148

4 Recursos Humanos e Geografia dos Jornais Locais p. 168 Capítulo 7 Análise Quantitativa dos Impactos nos Média p Análise dos Impa ctos dos Apoios do Estado na s Rá dios Locais p Análise dos Impactos dos Apoios do Estado nos Jornais Regionais p Caracterização Geral dos Apoios atribuídos pelo Estado p Visão geral, tipologias e características dos apoios estatais p Os incentivos directos e potenciais impactos na imprensa regional e local p Evolução dos Apoios aos Media Regionais e Locais p Evolução global dos montantes dos apoios do Estado e peso por região p Evolução dos apoios às rádios locais e comparação com a imprensa p Evolução dos montantes desagregada por segmento e taxa de aprovação p Impactos dos apoios no melhoramento do produto jornalístico p. 230 Capítulo 8 Análise Empírica sobre as Representações dos Actores p Resultados das entrevistas aos responsáveis dos media regionais e locais p Resultados das entrevistas aos dirigentes das associações sectoriais p. 259 Capítulo 9 Conclusões, Recomendações e Políticas para os Media p Objectivos da Intervenção do Estado nos Media através dos Apoios p Apoios do Estado aos Media e Potenciais Efeitos nos Media Regionais e Locais p Impactos dos Apoios no Produto Jornalístico e Pluralismo da Informação p Dilemas dos Apoios do Estado e Potenciais Efeitos no Mercado da Informação p Os Apoios do Estado e o Novo Contexto do Mercado dos Media p Debate e Reflexões sobre Políticas para os Media Regionais e Locais p Centralidade dos Media Regionais e Locais e Tendências dos Apoios do Estado p Repensar o Modelo de Apoios do Estado e Linhas Orientadora p Aspectos formais do regime de incentivos directos p Aspectos formais do regime de incentivos directos p Apoios do Estado aos Media, QREN e Cluster das Indústrias Criativas p. 287 Referências Bibliográficas p. 291 ANEXOS p. 299 Anexo 1 - Classificação da Empresa Anexo 2 Níveis de Volume de Negócios Anexo 3 Definição das diferentes formas Jurídicas das empresas Anexo 4 - Entrevista gestores/proprietários de órgão de comunicação social regionais e/ou locais Anexo 5 Universo/Amostra do estudo Índice de Figuras, Gráficos e Tabelas Figura 1: Estratégia metodológica geral do estudo p. 20 Figura 2: Forças políticas, económicas, sociais, tecnológicas, ecológicas e legais. p. 21

5 5 Figura 3: O modelo OFT e impactos dos subsídios no processo competitivo p. 28 Tabela 1: Evolução cronológica das subvenções contemporâneas à imprensa p. 32 Quadro 1: Ajudas do Estado à Imprensa p. 52 Quadro 2: Tipologia e Evolução das Ajudas Estatais p. 57 Quadro 3: Montantes do Apoio ao Incentivo à Leitura dos países Europeus p. 62 Tabela 2: Classificação das Empresas p. 103 Gráfico 1: Classificação da Empresa em Função da Dimensão p. 103 Tabela 3: Níveis de Facturação das Empresas p. 105 Gráfico 2: Nível de facturação relativo ao ano comercial de 2006 p. 106 Gráfico 3: Nível de facturação relativo ao ano comercial de 2007 p. 107 Gráfico 4: Nível de facturação relativo ao ano comercial de 2008 p. 108 Gráfico 5: Nível de facturação para relativo ao ano comercial de 2009 p. 108 Tabela 4: Natureza da Sociedade p. 109 Gráfico 6: Natureza da Sociedade detentoras de Rádios Locais p. 110 Tabela 5: Somatórios dos Resultados Líquidos p. 111 Tabela 6: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) p. 112 Gráfico 7: Resultado Líquido do Exercício em 2006 p. 113 Tabela 7: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) p. 114 Gráfico 8: Resultado Líquido do Exercício em 2007 p. 115 Tabela 8: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) p. 116 Gráfico 9: Resultados Líquido do Exercício do ano de 2008 p. 117 Tabela 9: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) p. 118 Gráfico 10 Resultados Líquido do Exercício do ano de 2008 p. 119 Tabela 10: Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em valor absoluto) p. 120 Tabela 11: Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em valor absoluto) p. 121 Tabela 12: Variação das Diversidade das Fontes de Receitas p. 121 Tabela 13: Número de Trabalhadores p. 122

6 6 Gráfico 11: Número de trabalhadores por escalões no quadriénio p. 123 Tabela 14: Somatório da Evolução do Número de Trabalhadores p. 124 Tabela 15: Número de trabalhadores por rádio Corrigir esta tabela p. 125 Tabela 16: Localização geográfica das empresas em função da sua dimensão p. 126 Gráfico 12: Localização Geográfica das Rádios Locais p. 127 Gráfico 13: Localização Geográfica por classificação da dimensão empresa p. 128 Tabela 17: Análise classificação da empresa localização geográfica p. 129 Gráfico 14: Classificação da empresa em função da localização geográfica p. 130 Tabela 18: Resumo da análise níveis de facturação e localização geográfica p. 131 Gráfico 15: Representação dos níveis de facturação e localização geográfica p. 132 Tabela 19: Análise natureza da sociedade em função da localização geográfica p. 133 Gráfico 16: Natureza da sociedade em função da localização geográfica p. 134 Tabela 20: Análise vendas localização geográfica p. 135 Gráfico 17 Evolução das vendas p. 136 Tabela 21: Análise prestação de serviços localização geográfica p. 137 Gráfico 18: Evolução da prestação de serviços p. 138 Tabela 22: Análise subsídio localização geográfica p. 139 Gráfico 19: Evolução dos subsídios p. 140 Tabela 23: Análise outros localização geográfica p. 141 Gráfico 20: Evolução da rubrica outros p. 142 Tabela 24: Análise resultados líquidos localização geográfica p. 143 Gráfico 21: Resultados Líquidos p. 144 Tabela 25: Análise recursos humanos localização geográfica p. 145 Gráfico 22: Recursos humanos p. 146

7 7 Tabela 26: Classificação das Empresas p. 147 Gráfico 23: Classificação da empresa p.1 47 Tabela 27: Níveis de Facturação das Empresas p. 148 Gráfico 24: Nível de facturação para os anos 2006, 2007, 2008 e 2009 p. 149 Tabela 28: Natureza da Sociedade p. 149 Gráfico 25: Natureza da Empresa p. 150 Tabela 29: Somatório das Receitas do Exercício e dos Resultados Líquidos para o triénio p. 151 Tabela 30: Receitas do Exercício (Ano 2006) p. 151 Gráfico 26: Receitas do Exercício (Ano 2006) p. 152 Tabela 31: Receitas do Exercício (Ano 2007) p. 153 Gráfico 27: Receitas do exercício (Ano 2007) p. 154 Tabela 32: Receitas do Exercício (Ano 2008) p. 155 Gráfico 28: Receitas do Exercício (Ano 2008) p. 156 Tabela 33: Receitas do Exercício (Ano 2009) p. 157 Gráfico 29: Receitas do Exercício (Ano 2009) p. 158 Tabela 34: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) p. 159 Gráfico 30: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) p. 160 Tabela 35: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) p. 161 Gráfico 31: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) p. 162 Tabela 36: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) p. 163 Gráfico 32: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) p. 164 Tabela 37: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) p. 165 Gráfico 33: Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) p. 166 Tabela 38: Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em valor absoluto) p. 166 Tabela 39: Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em percentagem) p. 167 Tabela 40: Variação das Diversidades das Fontes de Receitas p. 167 Tabela 41: Número de Trabalhadores p. 168

8 8 Gráfico 34: Recursos Humanos p. 169 Tabela 42: Somatório da Evolução do Número de Trabalhadores p. 170 Tabela 43: Localização Geográfica p. 171 Gráfico 35: Localização Geográfica p. 172 Tabela 44: Relação entre incentivos directos e performance económica e financeira das rádios p. 175 Tabela 45: Relação entre incentivos directos e performance económica e financeira das rádios por distrito p. 178 Gráfico 36: Evolução da e performance económica e financeira das rádios por distrito p. 179 Tabela 46: Evolução dos Recursos Humanos entre 2006 e 2009 das rádios p. 180 Tabela 47: Relação entre Recursos Humanos, Incentivos e Desempenho Económico e Financeiro das rádios p. 181 Tabela 48: Incentivos atribuídos pelo Estado em função das regiões - rádios p. 183 Tabela 49: Somatório do valor absoluto dos incentivos atribuídos - rádios p. 184 Tabela 50: Percentagem dos incentivos atribuídos - rádio p. 185 Tabela 51: Relação entre incentivos directos e performance económica e financeira dos jornais p. 186 Tabela 52: Incentivos atribuídos pelos Estado em função das regiões - jornais p. 189 Tabela 53: Evolução dos Recursos Humanos entre 2006 e 2009 p. 190 Tabela 54: Relação entre incentivos directos e níveis de Recursos Humanos nos jornais p. 191 Tabela 55: Incentivo directo atribuído pelo Estado em função das regiões - jornais p. 193 Tabela 56 Somatório do valor absoluto dos incentivos atribuídos aos jornais p. 195 Tabela 57: Percentagem dos incentivos directos atribuídos aos jornais p. 195 Tabela 58: Resumo dos impactos dos apoios nos jornais regionais e rádios locais p. 196 Gráfico 37: Impactos dos apoios do Estado no desempenho económico e financeiro p. 197 Tabela 59: Resumo da variação dos Recursos Humanos dos jornais e rádios p. 197 Gráfico 38: Variação dos Recursos Humanos no media regionais e locais p. 198 Tabela 60: Publicações que beneficiaram do Incentivo à Leitura p. 201 Tabela 61: Percentagem dos Subsídios à Leitura p. 205 Tabela 62: Incentivo à Leitura da imprensa regional p. 206 Tabela 63: Taxa de Crescimento da circulação por assinaturas ente 1999 e 2009 p. 207

9 9 Gráfico 39: Taxa de Crescimento da circulação por assinaturas ente 1999 e 2009 p. 207 Tabela 64: Subsídio à Leitura atribuído por jornal p. 208 Tabela 65: Taxa de crescimento da oferta e das Vendas entre 1999 e 2009 p. 209 Tabela 66: Vendas em Bloco entre 1999 e 2009 p. 209 Gráfico 40: Vendas em Bloco entre 1999 e 2009 p. 201 Gráfico 41: Tráfego das Publicações regionais e locais p. 211 Tabela 67: Evolução dos Incentivos directos e indirectos p. 212 Gráfico 42: Evolução alargada dos Subsídios (directos - indirectos) atribuídos pelo Estado p. 213 Gráfico 43: Evolução desagregada dos Subsídios directos e indirectos p. 214 Gráfico 44: Subsídios directos atribuídos no período de 1999 e 2004 p. 215 Gráfico 45: Subsídios directos atribuídos no período de 2005 e 2007 p. 216 Gráfico 46 Subsídios directos atribuídos no período de 2007 e 2009 p. 217 Tabela 68: Subsídios directos distribuídos por Região no período de 2000 e 2004 p. 218 Gráfico 47: Subsídios directos distribuídos por Região no período de 2000 e 2004 p. 219 Tabela 69: Montantes dos Apoio atribuídos por Distrito entre 2006 e 2009 p. 220 Gráfico 48: Montantes atribuídos por Distrito no período de 2006 e 2009 p. 221 Tabela 70: Projecto subsidiados e Apoios atribuídos na imprensa regional p. 222 Tabela 71: Incentivo à Modernização Tecnológica p. 222 Tabela 72: Incentivo à Criação de Conteúdos na Internet p. 223 Tabela 73: Incentivos à Inovação e Desenvolvimento Empresarial p. 223 Tabela 74: Incentivo à Iniciativa Empresarial e Desenvolvimento Multimédia p. 224 Tabela 75: Incentivo à Consolidação e ao Desenvolvimento das empresas de Comunicação Social Regional e Local p. 224 Gráfico 49: Subsídios atribuídos ao sector das rádios locais p. 224 Gráfico 50: Subsídios atribuídos ao sector das rádios locais e à imprensa p. 225 Gráfico 51: Subsídios atribuídos ao sector das rádios locais e à imprensa p. 226 Tabela 76: Gráfico 52: Taxa de aprovação dos apoios atribuídos pelo Estado ao sector da Imprensa e das rádios entre 2001 e 2010 com base nas candidaturas aprovadas Taxa de aprovação dos apoios atribuídos pelo Estado ao sector da Imprensa e das rádios entre 2001 e 2010 com base nas candidaturas aprovadas p. 226 p. 227

10 10 Gráfico 53: Taxa de aprovação global com base nas candidaturas aprovadas p. 228 Gráfico 54: Taxa de aprovação dos apoios atribuídos pelo Estado ao sector da Imprensa e das rádios entre 2001 e 2010 com base nas candidaturas subsidiadas p. 229 Gráfico 55: Taxa de aprovação global com base nas candidaturas subsidiadas p. 229 Tabela 77: Sites de rádios financiadas p. 231 Tabela 78: Sites de jornais financiadas p. 238 Tabela 79: Versão imprensa dos jornais financiados p. 241 Quadro 4: Efeitos dos Apoios à Imprensa na perspectiva do Mercado e Concorrência p. 275

11 11 Introdução Centralidade e papel dos media regionais locais A referência à imprensa regional e local apresentada ao longo do trabalho, e numa perspectiva mais alargada, deve enquadrar-se num contexto mais amplo de empresas e produtos de media de âmbito regional e local, incluindo jornais regionais e locais, rádios locais e também novos media com conteúdos informativos de proximidade. A opção por se mencionar mais frequentemente imprensa regional e local decorre, por um lado, pelo termo imprensa muitas vezes possuir, numa perspectiva clássica, um carácter mais representativo do conteúdo jornalístico, independentemente do suporte que o difunde; e, por outro, na literatura sobre as políticas públicas para os media, o sector da imprensa tende a ter atenção redobrada por se entender que assume uma carácter mais informativo que outros suportes audiovisuais, como a rádio e televisão. Em todo caso, e para efeitos deste trabalho, grande parte das abordagens aqui vertidas assume uma aplicação simultânea ao papel da imprensa regional e das rádios locais. Em Portugal, a imprensa regional deteve até à década de 80 um estatuto menor no seio da comunicação social. O reconhecimento da importância da informação local verificou-se também a nível político, se atentarmos nas questões da regionalização, da descentralização e na importância crescente da tomada de decisões pelo poder local. Em 1986, a entrada de Portugal na União Europeia revelou a importância estratégica da imprensa regional que permitia e potenciava o contacto entre Bruxelas e o dia-a-dia dos cidadãos, apoiado no jornalismo de proximidade. Tal como defende Érik Neveu (2005: 40), a particularidade do jornalismo local resulta sobretudo de uma relação de proximidade com as fontes e os leitores. A imprensa regional é vista por diversos autores como uma forma positiva, importante e imprescindível para o debate de ideias, para a expressão das minorias e para construir um verdadeiro cidadão no lugar de um simples leitor. Estas funções de peso atribuídas à imprensa regional colocam-na num lugar de destaque no contexto do jornalismo actual. Mas para perceber o que distingue a imprensa regional e local da imprensa nacional, é preciso compreender que a primeira se foca na identidade local, pelo que a noção de territorialização lhe está fortemente associada. De acordo com Carlos Camponez (2002: 19), as características que melhor definem a imprensa regional são a sua forte territorialização, a territorialização dos seus públicos, a proximidade face aos agentes e às instituições sociais que dominam esse espaço, o conhecimento dos seus leitores e das temáticas correntes na opinião pública local. De certa forma, a imprensa regional pode ser considerada uma forma de jornalismo cívico, termo que surge por volta de 1990, ou jornalismo de interesse público, ou ainda jornalismo

12 12 de contacto com a comunidade. Segundo Carlos Castilho (1997), os jornais devem retomar o contacto com a comunidade, descobrindo o que os leitores querem e abrindo espaço para discussão dos temas de interesse público. Por seu lado, Michel Mattien, (1993), apresenta as seguintes funções da imprensa regional: 1. Servir de elo da comunidade a que se dirige; 2. Constituir-se como complemento à experiência quotidiana dos seus leitores, complementando-a através da informação disponível, quer sobre a realidade mais próxima, quer sobre os conteúdos mais distantes; 3. Reduzir a incerteza do ambiente que rodeia o leitor, tentando responder-lhe às questões banais das novidades e da actualidade; 4. Funcionar também como enciclopédia dos conhecimentos vulgarizados, a partir da qual o leitor, bem ou mal, adquire e alarga a sua cultura «mosaica», acerca dos conhecimentos mais diversificados e superficiais; 5. Servir como um importante banco de dados sobre a região de influência, uma tarefa facilitada agora pelo desenvolvimento dos sistemas informáticos e das redes; 6. Recreio e psicoterapia social. Vários são os especialistas, segundo Faustino (2004), que advogam que os media regionais e locais se devem afastar de comportamentos empresariais amadores e individualistas no sentido de melhorar a sua estrutura técnica, organizacional e comercial; classificar e definir o seu posicionamento e mercados; revelar maior ambição e espírito empresarial; aperfeiçoar o design e a apresentação estética do produto e, sobretudo, estabelecer parcerias. É igualmente fundamental que os empresários tomem consciência da existência de dois problemas: falta de gestão empresarial; e inexistência de estratégias de marketing, considerando que estes aspectos impedem a imprensa regional de crescer, captando mais audiências e mais investimentos publicitários (Faustino, 2004: 26). Mas a realidade portuguesa, todavia, está muito longe de competir com o jornalismo regional vigente na Europa. De facto, tal como constata Faustino (2002): ao contrário do que acontece em Portugal; a imprensa regional é, por exemplo, na Europa um segmento que apresenta grande qualidade editorial, saúde financeira e dinamismo comercial, fazendo regularmente parte do plano de meios das agências e anunciantes. Tanto assim que, acrescenta o autor, as empresas jornalísticas regionais também fazem parte do portefólio de negócios de grandes grupos de media estrangeiros. De acordo com Francisco Rui Cádima (2004), Portugal permanece muito

13 13 marcado pela interioridade e por um débil desenvolvimento das comunidades e indústrias no plano local e regional mas considera que os media podem ter um contributo relevante no desenvolvimento do país, tanto nas regiões do interior, como até nos grandes centros urbanos. A iliteracia, resultado do fraco investimento na formação e educação, assim como a fragilidade dos media locais e regionais são sintoma de um país cujas empresas jornalísticas regionais estão muito aquém das suas verdadeiras potencialidades. E, podemos dizer, é esta iliteracia que afecta a imprensa regional e local no nosso país. Um dos novos desafios que se coloca na alçada de interesses dos órgãos de comunicação social de âmbito regional e local e também nacional é, sem dúvida, o jornalismo on-line. O surgimento de novas tendências tem, necessariamente, efeitos nos órgãos de comunicação social, não fossem estes acérrimos seguidores da actualidade, minuto a minuto, hora a hora. É neste contexto de inovação que surgem os novos conceitos de jornalismo digital e de jornalismo do cidadão. Para as empresas, a tendência para a inovação tem sido preponderante na dinâmica do mercado e contribui para que o negócio cresça na medida em que passa a beneficiar de um âmbito cada vez mais global. O tema da proximidade cumpre na imprensa regional um duplo papel, na medida em que ao mesmo tempo que alimenta a proximidade, reduz as assimetrias com aqueles que, embora deslocados, adquirem informação local através dos meios digitais. Muito embora esta seja uma janela de oportunidades para quem acompanha o jornalismo digital, levantam-se outras questões: ausência de políticas comerciais na área da distribuição, acomodação e dependência total do Estado (através do porte pago) para fazer chegar o produto aos seus leitores e incapacidade (estrutural) para produzir e gerir o respectivo produto numa perspectiva de mercado. São, portanto, vários os desafios que, na opinião de Jorge Pedro Sousa (2003: 29), se colocam à Imprensa Regional neste início do século XXI. O autor aponta como principal desafio a promoção da qualidade dos conteúdos lembrando que este é um subsector onde a quantidade é significativa, mas a qualidade é reduzida. Outro desafio prende-se com a definição do seu papel num mundo em que o fenómeno da globalização contrasta com o agravamento da importância do local. Deste modo, a glocalidade pode ser considerada o novo espaço da imprensa regional e local através da migração desta para o ciberespaço e do aproveitamento das potencialidades do on-line (actualização, interactividade, multimédia, possibilidade de personalização para o usuário, entre outros). Todavia, a imprensa regional e local, incluindo as rádios locais, revela alguma dependência de subsídios do Estado, nomeadamente através do GMCS, das autarquias, das igrejas e de entidades particulares que tiram partido das suas potencialidades enquanto órgãos de comunicação social. A modernização dos projectos editoriais regionais e locais passa,

14 14 necessariamente, pela salvaguarda da independência destes face aos poderes políticos, religiosos, e em especial na salvaguarda da idoneidade face ao poder autárquico. Com efeito, este será o maior desafio para muitas das rádios e pequenas publicações regionais e locais para as quais é difícil abandonar a situação financeira confortável que a aliança com as autarquias locais permitiu, sobretudo, nas últimas décadas. Por outro lado, assumir a independência é também o melhor caminho para que este tipo de publicação garanta vendas, leitores e anunciantes; circunstância remete para outros dos desafios que são, precisamente, a capacidade de gerar leitores e receitas num sector onde o mercado é, por natureza, limitado, o que implica capacidade para comunicar e vender o produto a fim de incentivar os hábitos de leitura. No que diz respeito à publicidade, o desafio dos media regionais e locais é aumentar a sua capacidade para captar e ganhar anunciantes não apenas à imprensa nacional, mas também à televisão. Por definição, os media regionais e locais situam-se entre a rapidez e a disseminação das notícias informativas e a especificidade das exigências das questões locais. Neste sentido, e por se diferenciar da imprensa nacional, os órgãos de comunicação regionais e locais têm em seu poder um vasto conjunto de oportunidades para explorar ao mesmo tempo que aprendem a gerir as suas fragilidades. Com o objectivo de consolidar o futuro da imprensa regional, os jornais deveriam aproveitar as potencialidades disponibilizadas pela internet e criar sites que complementem não só a edição tipografada como estimulem também os leitores a comprar o jornal na versão impressa. Para Paulo Faustino, vários factores podem contribuir para promover o futuro da imprensa regional (Faustino, 2004: 226): A procura de novos consumidores e direccionalidade das mensagens publicitárias junto dos públicos; A necessidade de participação, interacção e pertença a projectos regionais e locais (regresso às origens); A integração da Internet (devido às vantagens sociais, económicas e profissionais que engloba); A descentralização do conhecimento; Um maior rigor e selectividade nos critérios de apoio do Estado à imprensa regional e local. O baixo nível de sofisticação do marketing nos media regionais e locais pode também explicar a razão para o seu relativo subdesenvolvimento salvo honrosas excepções -, para a sua baixa competitividade e para a sua pouca, ou inexistente, experiência em relação à orientação de mercado. Por falta de conhecimento ou por negligenciarem o marketing, acabam por não conseguir satisfazer convenientemente gostos do mercado, ficando limitadas em termos de desenvolvimento. Inovação é a palavra-chave para garantir a sobrevivência dos media,

15 15 principalmente os locais e regionais, uma vez que as empresas podem cortar nas despesas relacionadas com a impressão e a distribuição de jornais e revistas, se os disponibilizarem na Internet. De facto, ao aproveitar a era digital, a imprensa pode garantir o seu posicionamento no mercado e usar as novas tecnologias não apenas para produzir conteúdos on-line suportados na multimédia e fomentando a interacção com o público, apelando, por exemplo, para o jornalismo cívico, mas também para explorar uma imagem de marca cada vez mais apoiada na credibilidade e na qualidade da informação. Por estas razões, é nas novas tecnologias que os administradores vêem as oportunidades do sector, fundamentalmente devido ao seguinte conjunto de factores: Capacidade de resposta a um mercado específico; Possibilidade de elevação cultural e intelectual da população através da acção da comunicação social - papel social de melhoria da sociedade; O facto de ser um negócio associado à Internet; A oportunidade de diversificar e expandir o negócio para novos formatos. Por conseguinte, não obstantes as dificuldades e constrangimentos apontados os media regionais e locais, estes parecem estar a ganhar uma renovada centralidade no espaço mediático. Neste contexto, o papel dos media regionais e locais na promoção do pluralismo da informação pode ser cada vez mais importante, sobretudo se tivermos em conta a tendência da globalização da informação e a uniformização de produtos jornalísticos, cada vez mais distanciados das realidades locais. Por seu lado, o conceito de pluralismo olha para a diversidade de vozes políticas e culturais que tem a oportunidade de se expressar a um nível social. Neste processo, os media, incluindo de âmbito regional e local, são vistos como importantes facilitadores. Políticas públicas, subsídios e pluralismo da informação A criação de uma política para os media deverá, assim, ter em consideração o papel do Estado como entidade que pode ajudar a dinamizar uma paisagem de comunicação social que promova o pluralismo na sociedade. O problema é que existem muitas ideias paralelas acerca dos tipos de acções que podem apoiar o pluralismo por exemplo, devemos procurar maximizar a diversidade da propriedade dos media, a diversidade de conteúdos ou o número de opções de canais existentes? (Just, 2009). A resposta depende do facto de querermos evitar o controlo dos conteúdos para acabar nas mãos de um grupo reduzido de proprietários poderosos se considerarmos que é da maior importância para cada canal de media para que seja equilibrado e

16 16 justo na sua actuação ou se queremos, sobretudo, que o público tenha acesso a uma variedade de opções e escolhas. Assim, dependendo da interpretação, existem diferentes instrumentos políticos, nomeadamente através dos apoios do Estado, que podem potencialmente contribuir a existências de uma mercado concorrência e plural. Contudo, a realidade é obviamente complexa e o que é visto como sendo pluralismo dependente da combinação de um largo número de factores. Na acepção mais ampla, o termo subsídio significa uma doação, pequeno empréstimo, empréstimo de garantia, redução fiscal ou benefício em géneros (i.e. provisões governamentais de bens e serviços a preços abaixo do mercado, tais como o aconselhamento legal gratuito). A ajuda financeira é tradicionalmente concedida através de fundos governamentais, daí o termo público. Os subsídios financeiros públicos apontam para a afectação de custos de, pelo menos, um projecto (OFT 2006). Em termos gerais, o apoio governamental é concedido a diferentes categorias de jornais elegíveis, com o objectivo de apoiar a diversidade através da oferta de condições razoáveis de concorrência de mercado, que pode ser assegurada pela regulação pública, como por exemplo, através da publicidade, de vantagens (descontos/diminuição) nas taxas relativas a impostos de vendas, de descontos nas taxas dos impostos municipais, de descontos nas taxas de telecomunicações, ou de formas indirectas de apoio, tais como as ajudas a agências noticiosas, os empréstimos preferenciais, bolsas de estudo/investigação anuais, e transferências monetárias directas não reembolsáveis que atingem milhões (Humphreys 2006). Como referem Faustino e Murchtez (2010), quando usados com objectivos específicos, os subsídios traduzem ou representam autênticos financiamentos (injecções de capital nas empresas), cujos critérios podem variar, de acordo com o volume de circulação, a posição competitiva em mercados definidos, a frequência de publicação ou por uma determinada empresa ter uma posição financeira desvantajosa no mercado publicitário. A elegibilidade para subsídios deve basear-se em critérios de selecção, tais como a importância do jornal para a formação da opinião dos leitores. Por seu lado, se as imperfeições ou falhas - do mercado identificadas não permitirem uma saudável concorrência de mercado, os reguladores poderão intervir através da atribuição de subsídios financeiros ou através de injecções directas de dinheiro ou ainda através de vantagens monetárias indirectas. Ainda para ajudar o mercado a ter um melhor comportamento concorrencial, podem ainda ser introduzidas politicas anticoncentração como parte integrante de uma acção reguladora, enquadradas no contexto mais amplo de políticas públicas que visem tornar os mercados mais concorrenciais e para evitar posições excessivamente dominantes.

17 17 Alguns académicos têm referido que os reguladores olham para os incentivos gerais e indirectos de um modo mais favorável do que para os directos e selectivos, uma vez que estes são comummente considerados uma forma de fazer manipulação política, assim como outros tipos de manipulação (Cavallin 1998, Picard 2006). Os subsídios são gerais ou específicos, directos ou indirectos, selectivos ou decididos por alguém com poderes para tal, para responder a um situação específica (menos frequente, pela sua subjectividade ao nível dos critérios de atribuição). A ajuda geral é oferecida para apoiar um conjunto de jornais, mas não para um único uso (por exemplo,. concessões fiscais, redução nas taxas de importação de papel de jornal, redução de tarifas municipais, etc). O apoio específico inclui ajuda que pode apenas ser usada para um propósito exclusivo, tais como os incentivos recebidos para formar pessoal na utilização, por exemplo, de equipamento digital ou software informático. Os incentivos directos e indirectos indicam como a intervenção é realizada; por um lado, de uma forma geral, os apoios indirectos são concedidos ao conjunto do sector industrial, como um todo, e não a um jornal específico, tal como acontece com as reduções de taxas municipais ou, no caso português, o porte pago. A ajuda directa é dada directamente a jornais ou a projectos específicos, como a concessão de um empréstimo para adquirir novos equipamentos ou para se inovar e desenvolver um determinado projecto jornalístico. Os subsídios de selecção directa podem ser concedidos a incentivar novas entradas (de empresas) no mercado, de forma a diminuir as barreiras de acesso ao mercado, ou a reforçar a concorrência e a estrutura de mercado; em casos excepcionais, as ajudas também podem ter um efeito contrário no sentido de contribuir para se fazerem reajustamentos de conslidação do mercado, como, por exemplo, em situações, que raramente se verificam, fomentar a cooperação de empresas de modo a ajudar o mercado a reforçar-se no seu conjunto, uma vez que o excessivo número de players a operar no mercado, no limite, pode conduzir à rejeição de empresas sem o mínimo de massa crítica para desenvolver a sua actividade. A intervenção estatal nos media, particularmente na imprensa, tem, geralmente, como objectivo contribuir para equilibrar a relação entre objectivo económico e financeiro das empresas com a promoção da competitividade entre jornais de um determinado mercado. Portanto, o objectivo final do incentivo é assegurar a pluralidade dos títulos e a diversidade das perspectivas de opinião (Faustino e Murschetz, 2010). Nesse contexto, o estudo aqui apresentado pretende gerar informação que possa ajudar o Estado a desenvolver políticas públicas que possam maximizar, tanto quanto possível, os efeitos positivos dos apoios nas empresas, mercado e consumidores de informação. Para este efeito, o trabalho, constituído por 9 capítulos agregados em duas partes, aborda, de uma forma

18 18 transversal, aspectos críticos relacionados com os media regionais e locais, nomeadamente: impactos dos incentivos; utilidade dos incentivos, importância dos media regionais; modelos de apoios na Europa; pluralismo da informação; competitividade empresarial, entre outros. de um modo geral a primeira parte (denominada modelos e abordagens dos sistemas de apoios do estados aos meda regionais e locais) consagra uma ampla revisão de literatura sobre a problemáticas das políticas públicas para o sector dos media, nomeadamente através dos incentivos directos e indirectos do estado. neste sentido, as abordagens aqui apresentadas reflectem as realidades nacionais no contexto internacional, nomeadamente a identificação e tendências dos modelos europeus, continente cuja tradução é marcada por uma significativa intervenção do estado, exceptuando-se os países anglos saxónicos. por seu lado, a segunda parte (intitulada caracterização e indicadores de impactos dos apoios dos nos media regionais e locais e evidências empíricas) apresenta um conjunto diversificado mas complementar - de informação, incluindo uma intensa recolha de dados empíricos, materializada nos capítulos 6, 7 e 8. Numa perspectiva de conjunto, é convicção dos autores que a informação aqui contida, pela sua intensidade, utilidade, pioneirismo e rigor, poderá constituir uma base sólida para ajudar a aperfeiçoar os modelos de apoios aos media regionais e locais no âmbitos de uma visão mais alargada das políticas públicas para o sector da comunicação social em Portugal. PARTE 1 MODELOS E ABORDAGENS DOS SISTEMAS DE APOIOS DO ESTADOS AOS MEDA REGIONAIS E LOCAIS

19 19 Capítulo 1 Objectivos e Estratégia Metodológica Global 1.1. Estratégia geral e principais técnicas e actividades de investigação Como se descreve a seguir, para a realização deste estudo foram utilizadas diversas metodologias e técnicas de investigação de natureza qualitativa e quantitativa que permitiram a triangulação (cruzamento) de informação que no seu conjunto permitiu conferir robustez às abordagens e conclusões obtidas. Num trabalho com esta natureza, é também necessário, possuir uma visão conjunta do mercado da informação e das forças externas às empresas, que influenciam o decurso dos negócios, e por conseguinte, os impactos das políticas públicas. Neste sentido, a análise das políticas públicas do Estado para a comunicação social regional e local foi, igualmente, contextualizada no âmbito das novas dinâmicas do mercado da informação, nomeadamente o impacto decorrente disseminação das Tecnologias da Informação e Comunicação, na actividade empresarial e no comportamento do consumidor. Neste sentido, e como sugere a figura seguinte, a estratégia metodológica assenta na aplicação de várias técnicas de pesquisa quantitativas e qualitativas e numa análise integrada da actividade deste sector, nomeadamente os impactos dos incentivos em vários domínios: políticos, económicos, tecnológicos, sociais, entre outros. Figura 1: Estratégia metodológica geral do estudo Abordagem aos problemas

20 20 Acções Integradas Análises Específicas Pertinentes Tendências Sociais e Económicas Observadas no Sector Impactos das Novas Tecnologias na Organização e nas Competências Políticas Públicas, Práticas de Gestão, e Desempenho Económico e Financeiro Conteúdos e Trabalho Jornalístico apreciado pelo Consumidores e Clientes Factores críticos dos subsídios directos à comunicação social regional e local Segundo Faustino (2010), os media satisfazem necessidades de quatro grupos distintos: 1) proprietários dos media; 2) audiências; 3) publicitários; e 4) empregados dos media. De acordo com Hoskins et al. (2004) existem alguns conceitos - chave no âmbito da economia: escassez de opções, custo de oportunidades, substitutos, especialização, mercado, incentivos e crescimento. Neste contexto, como sugere a Ilustração 2, existem forças políticas, económicas, sociais, tecnológicas, legais e ambientais que podem afectar as empresas de media, o seu desempenho económico e o seu posicionamento no mercado. A metodologia deste estudo foi concebida para sistematizar as relações entre as diversas forças em acção no contexto da comunicação social regional e local em Portugal. Neste contexto, este estudo seguirá uma metodologia mista, que inclui técnicas de análise bibliográfica, trabalho de campo e entrevista para elucidar o estado actual e o futuro dos impactos dos apoios directos do Estado à comunicação social regional e local. Figura 2: Forças políticas, económicas, sociais, tecnológicas, ecológicas e legais. Ambiente global - Político - Económico - Sócio-cultural Ambiente da indústria dos media - Fornecedor Elaboração de estratégia Estrutura corporativa - Integração vertical e horizontal e controlo - Diversificação de produtos Unidades de negócio - Operações - Marketing - Integração através de vários media

21 21 Fonte: Chan-Olmsted in Albarran et al. (2005: 176) Com efeito, para além da pesquisa documental, e de se ter em conta a influência das variáveis externas decorrentes das forças PESTEL apresentadas na figura 2 nas empresas de media regionais e locais, para operacionalizar a investigação foram adoptados diversos procedimentos e técnicas de investigação, como por exemplo: a) Recolha de informação económica-financeira das empresas. Para avaliar objectivamente o impacto resultante das políticas públicas considerou-se necessário estudar a relação entre os apoios e realidade económico-financeira e também a criação de emprego - das empresas beneficiárias e detentoras de órgãos de comunicação social regional e local que são legalmente obrigadas a depositar os seus relatórios de contas no Registo Comercial. Para este efeito, foram analisadas as contas relativas ao período compreendido entre 2006 e 2009, uma vez que foi só a partir de 2006 que se iniciou essa obrigatoriedade para determinados tipos de sociedade. b) Realização de entrevistas aos dirigentes das empresas beneficiárias. Nesta fase pretende-se desenvolver e consolidar a estrutura final dos inquéritos e dos guiões de entrevista, aplicando-os posteriormente a um conjunto de especialistas e profissionais do mercado dos media regionais e locais, nomeadamente: i) 20 entrevistas a empresas de media regionais e locais (norte, sul e centro), e a ii) gestores/proprietários e profissionais das empresas de media regionais e locais.

22 22 c) Realização de entrevistas às dirigentes das associações sectoriais. De forma a complementar e contrastar as opiniões das empresas real ou potencialmente beneficiais, foram entrevistados os dirigentes máximos (presidentes) das principais associações representativas deste subsector, nomeadamente: Associação Portuguesa de Imprensa (API); Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR); Associação Portuguesa de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) e Associação Portuguesa de Radiodifusão de Inspiração Cristã (ARIC). d) Análise de conteúdo dos produtos jornalísticos das empresa. No sentido de se verificar em que medida os apoios directos atribuídos pelo Estado tiveram impacto no melhoramento do produto jornalístico foram analisados os sites das rádios locais, assim como os jornais regionais e locais, correspondente a uma amostra representativa das empresas que beneficiaram desses apoios no período compreendido entre 2006 e Para este efeito, foram definidos alguns critérios frequentemente associados á qualidade dos produtos jornalísticos, na sua versão online quer offline Metodologia de investigação sobre a relação entre incentivos e o mercado Como foi descrito no ponto anterior, este trabalho está sustentado em várias metodologias de investigação, com grande enfoque na investigação empírica. Portanto, o trabalho descreve e aborda os efeitos transversais de subsídios públicos aos media regionais e locais em Portugal, incluindo ao nível da estrutura e competitividade do mercado. Assim, e de um modo geral, o objectivo central é analisar o contexto actual de atribuição dos incentivos e os seus impactos nas empresas, no mercado e nos consumidores, numa perspectiva mais ampla. Deste modo, para além de outros objectivos e impactos virtualmente menos tangíveis, decorrentes da função social e cultural desempenhada pelos produtos jornalísticos, o trabalho aqui apresentado pretende também analisar em que medida os subsídios públicos geram ou não - um impacto consistente no comportamento das empresas, na concorrência e na eficiência do mercado da informação de âmbito regional e local. Para além das técnicas de investigação qualitativas a quantitativas utilizadas (entrevistas, estatísticas oficiais, dados da indústria, relatórios de contas, artigos de jornais e outra documentação publicada) e descritas mais detalhadamente no ponto a seguir, também se entendeu oportuno analisar os efeitos dos subsídios, à luz dos pressupostos consagrados no modelo de referência desenvolvido pela Office of Fair Trading (OFT), a autoridade para a

23 23 concorrência e consumo no Reino Unido. Uns dos objectivos do OFT é investigar em que medida os subsídios públicos causam podem causar distorções na concorrência (OFT2004a & b, OFT2006, OFT2007). Embora este modelo não se refira especificamente à indústria dos media, constitui um guia valioso e um modelo de referência para analisar os efeitos dos subsídios no comportamento consistente das empresa, no nível de concorrência, consumidores de informação e na eficiência de mercado dos media de um modo mais geral. O OFT, com base nos seus pressupostos (mais à frente descritos) relaciona explicitamente os princípios de atribuição dos subsídios - e as respectivas opções - com os impactos no comportamento e concorrência do mercado. De acordo com Picard, as razões mais salientes para o fracasso dos subsídios são (Picard 2007, Picard 2006): 1 Os subsídios não evitam o problema económico fundamental da falha de mercado na indústria da imprensa escrita. 2 O número de jornais continua a decair enquanto a ajuda do Estado paga custos variáveis, em vez de custos fixos, os últimos dos quais pesam grandemente nos negócios dos editores. 3 A intervenção pública nos mercados dos media é geralmente má pois mercados livres trabalham mais eficazmente. A intervenção leva à perda de bem-estar na sociedade. 4 Os subsídios aos jornais que têm falta de audiência são inúteis. Estes subsídios são um desperdício de dinheiro dos contribuintes, i.e., o custo para os contribuintes excede os benefícios para os consumidores e produtores. 5 O papel que a regulação financeira pode desempenhar no reforço da imprensa não é homogéneo e é, em parte, contraditório: abarca desde a preservação da actual estrutura de mercado ( regulação por abstinência ), à permissão de acesso a novas entradas ( papel facilitador ), à moderação do poder no mercado de actores dominantes ( papel restritivo ), à promoção de um grande número possível de pequenas unidades independentes ( papel qualificativo ), à protecção de valores vulneráveis e de grupos na sociedade ( papel protector ), e na promoção apenas a poucos mas fortes e eficientes operadores nacionais ( fortalecimento do papel de líder nacional ). 6 Embora os subsídios ajudem os jornais a sobreviver através de apoio financeiro, eles fazem pouco para apoiar os jornais a adaptarem-se a futuras mudanças necessárias para que se adeqúem às necessidades de mercado. O barco salva-vidas dos subsídios pode, no máximo, ser permeável. 7 Os subsídios selectivos são considerados como politicamente inaceitáveis, pois, requerem consentimento da força da oposição política, e deve fundamentar-se num

24 24 método sólido e imparcial de selecção de empresas e de canalização de dinheiro para os jornais. 8 Os subsídios não podem criar sustentabilidade a longo prazo mas, em vez disso, criam dependência à concessão anual de subsídios. De modo a identificar empiricamente alguns destes aspectos referidos por Picard no mercado da informação de âmbito regional e local, foram seleccionadas empresas proprietárias de jornais regionais e locais, e rádios locais, de acordo com dois critérios fundamentais: i) terem recebido apoios directos do Estado entre 2006 e 2009; e ii) terem a obrigatoriedade de depositar os relatórios de contas no registo comercial que receberam apoios. Neste sentido, no seu conjunto, a amostra considerada tem uma representatividade (face a um universo de empresas que receberam apoios no período considerado). Portanto, esta amostra é bastante representativa, circunstância que confere grande robustez à análise e, por conseguinte, às respectivas conclusões. A opção subjacente à aplicação dos dois critérios referidos decorre, por um lado, do facto de só existirem dados oficiais das contas da empresas a partir de 2006, ano em que foi introduzida essa obrigatoriedade e, por outro, existirem informações sobre os montantes de apoios atribuídos a cada uma destas empresas: jornais regionais e locais e rádios locais. Com base nestes duas fontes de informação foi possível cruzar dados e identificar potenciais impactos em alguns indicadores de desempenho dessas empresas (nomeadamente do ponto de vista económico e financeiro e também do emprego gerado) nessas empresas após terem recebido os apoios do Estado. Como já foi referido, esta investigação inspira-se também no modelo teórico desenvolvido pelo OFT que pretende, numa perspectiva mais holística, analisar os impactos dos subsídios publicados na competitividade de um determinado sector de actividade económica. Assim sendo, o modelo da OFT consiste nos seguintes seis passos conceptuais: a) Policy rationale (Princípios politicos) b) Subsidy design (Concepção do subsídio) c) Subsidy effects on the recipient s behaviour (Efeito do subsídio no comportamento da empresa) d) Market outcomes (Resultados do mercado) e) Subsidy effects on the competitor s behaviour (Efeitos do subsídio no comportamento do concorrente) f) Subsidy effects on market efficiency (Efeitos do subsídio na eficiência de mercado e produtiva)

25 25 Em termo gerais, estes conceitos inter-relacionam-se casualmente: as razões que levam à concepção do modelo de atribuição dos subsídios têm impacto ao nível das suas opções em termos de concepção e aplicação. Por seu lado, o plano (modelo) influencia o comportamento da empresa beneficiária e dos respectivos concorrentes, gerando um determinado efeito no mercado, que pode ser positivo ou negativo para os consumidores, de informação de âmbito regional e local no caso aqui analisado. Portanto, a análise nesta perspectiva deve ser vista de uma forma integrada de acordo com os seis pressupostos referidos, cujos fundamentos principais, são: 1. Princípios da política. Os princípios da política determinam quais os subsídios propensos a alcançar o objectivo de tornar a sociedade melhor. Os modelos de subsídios financeiros a jornais diários na Europa procura visam, fundamentalmente, equilibrar o objectivo da promoção da competitividade económica nos mercado dos media com o amplo propósito de assegurar a pluralidade de títulos e a diversidade das perspectivas (Picard 1994, Picard 1995, Picard & Grönlund 2001). Em termos gerais, os jornais são considerados como um meio central da construção da coesão social e de outros valores comuns de comunicação e integração social e cultural (Faustino e Murschetz, 2010). Tradicionalmente, um subsídio será utilizado ou para corrigir a falha de mercado (por exemplo, para providenciar um bem público ou corrigir uma externalidade) por forma a prevenir o encerramento de jornais ou para redistribuir recursos de modo a melhorar o acesso à informação e o bem-estar da sociedade em geral (OFT 2004b). 2. Plano de subsídio: o plano de subsídio ou as suas características - determinam se o subsídio irá ter um efeito material na concorrência. Em particular, a magnitude ou tamanho do subsídio, em ambos os termos, relativo e absoluto (i.e. em relação com os custos da actividade subsidiada), o alvo do subsídio (i.e. se o subsídio é dedicado a um objectivo particular), a estrutura do pagamento do subsídio (i.e. periódico ou uma única vez, selectivo ou geral) actuam como critérios de linhas de orientação para examinar os efeitos do subsídio (OFT 2007). 3. Efeitos dos subsídios no comportamento do receptor. Considerando que os subsídios afectam os custos de produção (uma vez que contribuem para ajudar a suportar total ou parcialmente alguns custos variáveis e fixos) da empresa beneficiária, então podem permitir que uma empresa entre ou permaneça no mercado, nomeadamente quando o mercado está atravessar dificuldades. Por seu lado, os subsídios também podem afectar os preços e as decisões de gestão e actividade da empresa beneficiária e dos concorrentes, e ainda de potenciais entradas; contudo, os subsídios não podem garantir a permanente existência (a longo prazo) das empresas no mercado da informação No, limite, as empresas podem serem forçados a sair, um vez que os subsídios não foram suficientes ou dificilmente seriam para garantir a sustentabilidade ao longo dos anos (OFT 2004b, p. 12). Por exemplo, um subsídio pode contribuir para melhorar a eficiência da força de trabalho da empresa, reduzindo a quantidade de trabalho necessária por

26 26 unidade produzida; isto porque os custos da empresa em cada unidade produzida são baixos e, por conseguinte, é possível reduzir o preço para atrair mais consumidores. Aliás, esta circunstância pode ser visível no mercado dos jornais, por exemplo: quanto mais eficazes forem as políticas públicas para incentivar o aumento do investimento publicitário maior será a probabilidade das empresas gerarem receitas para aumentar as suas tiragens a chegarem a mais leitores consumidores. Por seu lado, um subsídio que actue sobre os custos fixos não vai afectar directamente o preço do produto da empresa ou a sua decisão da produção, na medida em que esses custos são aplicados independentemente do preço ou dos níveis de actividade. Nestas circunstâncias, não irá ter nenhum efeito na escolha que a empresa faz. Por exemplo, considerar um subsídio para construir uma nova fábrica: uma vez a fábrica construída, o subsídio não vai alterar os custos ou a receita por vender uma unidade adicional; assim, não irá atingir directamente a opção da empresa e os níveis de actividade. Um subsídio pode, de igual modo, atingir as decisões de investimento no que respeita unidades de Investigação & Desenvolvimento (I&D) e qualidade de produto; pode ter impacto a dois níveis: minimizar os custos com I& e, nestas circunstâncias, pode ser fomentada a I&D e potenciar a emergência de determinados tipos de pesquisa ou determinados produtos. 4. Resultados do mercado. Seguindo os efeitos dos subsídios na condução de decisões dos agentes do mercado, a OFT (2004b) identificou as seguintes quatro dimensões de resultados de mercado: (1) entrada e saída de mercado, (2) atribuição de preço e produção, (3) investimento I&D, e (4) localização. 5. Efeitos do subsídio no comportamento do concorrente. Para além dos efeitos do subsídio na empresa beneficiária, também podem afectar a(s) empresa(s) concorrente(s). O OFT descreveu esta inter-relação causal do seguinte modo: Se o comportamento do receptor do subsídio é afectado, as empresas concorrentes podem de igual modo reagir reajustando o seu comportamento. A reacção das empresas concorrentes pode não ser eficiente; por exemplo, podem ser forçadas a reduzir a produção devido à queda de vendas, apesar de não serem menos eficientes comparativamente com o beneficiário do subsídio. Alternativamente, podem alterar o seu produto em vez de competirem directamente com o beneficiário do subsídio. Para o beneficiário, um subsídio pode dar um apoio financeiro que reduz a necessidade de ser eficiente tanto quanto possível (p.5); por mera hipótese, esta circunstância poder-se-á aplicar-se à imprensa regional ou seja, em alguns casos, o porte pago pode contribuir para uma atitude mais passiva da empresa e não estimular uma orientação agressiva para colocar o produto no mercado de leitores, através dos quiosques, por exemplo. 6. Efeitos dos subsídios na eficácia do mercado. A ineficiência refere-se ao uso ineficaz de recursos; os mercados são conhecidos por actuarem eficazmente quando os consumidores pagam um preço que é igual ao custo (marginal) da oferta. Um subsídio que atinge os custos de

27 27 uma empresa (e.g. através da oferta de um acesso mais barato de um estímulo - chave) e tem impacto no preço da empresa e nas decisões de produção, irá afectar a eficiência. As ineficiências produtivas irão ocorrer quando as empresas não procuram minimizar os custos de produção. Os subsídios podem proteger as empresas actuarem numa atitude de concorrência de mercado, e, por essa via, terem um impacto negativo no sentido de constituírem um desincentivo para produzir bens e serviços tão eficientes quanto possível. Uma eficiência dinâmica na aplicação, por parte das empresas, correcta dos montantes e tipos de investimento no desenvolvimento de novos produtos e processos deve constituir um dos objectivos centrais da atribuição de subsídos (OFT 2004b). Neste contexto, a OFT (2007, p. 5) sugere que, por si só, um subsídio não determina os mecanismos que asseguram a eficácia e bom funcionamento do mercado, na medida em que: 1 Os concorrentes são forçados a sair do mercado, a reduzir os seus investimentos a longo - prazo ou a reduzir o emprego, por exemplo, de modo a assegurar a sua sobrevivência a curto - prazo 2 O beneficiário do subsídio está sob pouca pressão financeira para ser competitivo 3 Um beneficiário ineficiente pode permanecer no mercado, ou fechar a actividade uma vez que o subsídio não foi suficiente para inverter a situação. 4 Vale a pena para os participantes do mercado gastarem grandes quantias de dinheiro à procura de subsídios. Os pressupostos do OFT esquematizados na seguinte figura 3, decorrem da interacção de seis variáveis e que se influenciam mutuamente.

28 28 Figura 3: O modelo OFT e impactos dos subsídios no processo competitivo Subsidy Rationale Razões de Subsídio Subsidy Design Options Opções de plano de subsídio Effects on Recipients Behaviour Efieitos no comportament o do recipiente Market Outcomes output / price entry/exit innovation Location Resultados de mercado Produção/preço Entrada/saída Inovação localização Effects of Competitors Behaviour Efeitos no comportamento do concorrente Effect on allocative, Productive and Dynamic efficiency Eficiência alocativa, produtiva e dinâmica Fonte: OFT 2006, p.6 Nota: As setas picotadas referem a um efeito indirecto, as não picotadas referem os efeitos directos De acordo com o modelo da OFT demonstrado na figura 1 (apresentada anteriormente), assumese que as razões de subsídio e de plano (características) podem ter os seguintes efeitos na eficiência de mercado e de concorrência (OFT 2004a & b): 1 Mudança no comportamento do beneficiário em detrimento do bem-estar social. Enquanto plena competitividade, através de mercados eficientes, traz preços baixos, maior é a escolha de produtos para os consumidores; os subsídios têm o potencial de possibilitar às empresas produzir a custos mais altos ou vender os seus produtos a preços superiores ao que realmente custou para a sua produção. 2 Impacto nos custos do beneficiário (ou fixos, variáveis ou totais) e, por conseguinte, afecta as suas decisões no que diz respeito à produção: quanto produzir, como produzir e o que cobrar por isso. Tal mudança é muito provável ter um efeito imediato no processo competitivo.

29 29 3 Forçar empresas eficientes para a saída do mercado, ou redução do seu investimento de longo - prazo ou redução de emprego, por exemplo, de modo a assegurar a sua sobrevivência a curto - prazo. 4 Redução de incentivos futuros nas empresas para agirem eficazmente. Se as firmas anteciparem essa baixa performance podem ser compensadas pelos subsídios, elas terão poucos incentivos para serem eficientes. O incentivo ganho dinâmico no coração do processo competitivo será suprimido. 5 Prolongar no tempo existência de uma empresa incapaz no mercado pode distorcer directamente os incentivos da empresa para inovar. Por exemplo, um subsídio para I&D que beneficie apenas uma empresa no mercado pode reduzir os incentivos dos seus concorrentes para investir em pesquisa e desenvolvimento (I&D). 6 Encorajar as empresas a usar tempo e recursos na tentativa de obter subsídios. Tais recursos, sobretudo quanto atribuídos por rotina, são provavelmente aplicados de um modo eficiente. Por conseguinte, para além das variáveis de comportamento descritas em cima, existem outras variáveis estruturais que desempenham um importante papel na determinação da eficácia de subsídios: se o beneficiário detém alguma posição de poder no mercado e, se o mercado está concentrado num pequeno número de empresas, o incentivo irá reforçar a sua posição. Portanto, este modelo apesar de ser genérico, aplica-se também, como se irá ver no decurso deste trabalho, ao subsector dos media regionais e locais. Em Portugal, os jornais regionais e locais, assim como as rádios locais, têm, na maior parte dos casos (desde que reúnam determinados requisitos básicos), acesso aos diversos tipos de incentivos directos e indirectos, no caso da imprensa regional e local. Ao longo de várias décadas têm sido canalizados consideráveis montantes e, de um modo geral, a situação económica e financeira tem sido cronicamente deficitária, como apontam vários estudos (ver capítulo sobre a caracterização económica e financeira, do estudo A Imprensa Regional e Local em Portugal, ERC, 2010); circunstância, aliás, também confirmada na análise de casos aqui apresentados. Neste contexto, muitos são os actores do sector (desde o Estado às empresas, associações e especialistas, entre outros) que defendem a necessidade de fazer uma avaliação do actual modelo e dos seus impactos nas empresas, mercado e consumidores (neste caso, sobretudo na perspectiva do acesso uma maior diversidade de vozes possível). Portanto, a realização deste estudo inscreve-se nessa corrente de opinião que, não ignorando a potencial importância dos incentivos do Estado aos media regionais, considera fundamental reavaliar o sistema vigente e analisar em que medida será possível maximizar os seus efeitos positivos nas empresas, no mercado e nos consumidores. Para este efeito, o estudo recorre, para além da

30 30 inspiração no modelo OFT anteriormente descrito, a outras técnicas de investigação e metodologias já referidas. Capítulo 2 Políticas e Problemáticas dos Apoios do Estado 2.1. REVISÃO DE LITERATURA, REFLEXÕES E EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS Neste capítulo, as reflexões sobre as concepções de apoios aos media, centram-se sobretudo no segmento da imprensa na medida em que, tradicionalmente, a justificação destes apoios surge, precisamente, para apoiar os jornais como suportes de apoio ao desenvolvimento do pluralismo da informação. Nesta perspectiva, não existe uma expressiva tradição nos Estados europeus de conceder apoios as sector das rádios. Neste contexto, o Estado português assume algum pioneirismo na medida em que existem apoios directos concedidos para o subsector das rádios locais, como é descrito no capítulo 6. Desde que as empresas de imprensa escrita se dirigiram aos seus governos para as ajudarem a travar a mortalidade dos jornais causada por crescentes problemas económicos nos anos 50, a maioria dos estados ocidentais europeus tenderam a concordar na aplicação de ajuda pública à sua imprensa (Smith 1977, Smith 1978, Hollstein 1978, Holtz-Bacha 1994, Murschetz 1997, Murschetz 1998, Picard 1984, Picard 1985, Picard 1986, Humphreys 2006). Actualmente, mudanças significativas colocaram grande pressão nos princípios e práticas destes modelos intervencionistas que põem em perigo o financiamento necessário para produzir imprensa dispendiosa de alta qualidade. A política argumenta que as pressões exercidas para a mudança são múltiplas. Por um lado, os subsídios foram sempre desacreditados pelas políticas conservadoras porque atacam o princípio de uma imprensa livre e independente e por economistas liberais por distorcerem o livre funcionamento do mercado (Humphreys 2006). Por outro lado, os modelos de subsídios à imprensa foram sujeitos a consideráveis reflexões como resultado de factores externos de mudança, de notável regulação, da inovação tecnológica, do desenvolvimento económico, e do impacto demográfico (Sánchez-Tabernero 2006). Além disso, os parâmetros de negócio pelos quais os jornais se regem mudaram muito. Contra a alternativa de fundo, a pressão dos media audiovisuais ao mercado da imprensa escrita em termos de leitores e de receitas publicitárias, os jornais são forçados a reavaliar os seus papéis, as suas especificidades, e a redefinir os seus objectivos por forma a se tornarem mais orientados para o mercado (Picard 1999, WAN 2007). Tendo em conta as economias liberais, de livre mercado como a hipótese tácita entre os modelos públicos governamentais da Europa Ocidental, os reguladores estão a navegar, hoje em dia,

31 31 entre as contradições da redução de custos em termos gerais dos programas de austeridade, as leis anti-competitivas intervencionistas, e os modelos de subsídio. Mais, a legitimidade dos subsídios é posta à prova como parte da fraqueza intrínseca dos actuais regimes de subsídios. A geral má alocação de fundos, a questionável eficácia dos fundos e os problemas de lobbies, e a captação regulamentar são repetidamente criticadas (Humphreys 2006, Stigler 1971). Com efeito, os apoios são atribuídos por motivos sociais para promover actividades políticas, estimular o desenvolvimento cultural, satisfazer as necessidades de grupos minoritários linguísticos e étnicos, e promover organizações religiosas ou outras sancionadas pelo Estado. Como sugere Picard (2007), os apoios à imprensa existem praticamente desde o seu início, mas a sua escala e âmbito de aplicação mudaram ao longo do tempo, à medida que os estados foram respondendo às preocupações nacionais acerca do desenvolvimento da imprensa. As políticas desenvolvidas durante os dois últimos séculos criaram múltiplas formas de suporte que eram tipicamente pouco coordenadas e envolviam múltiplos organismos administrativos. A maioria das subvenções à imprensa visa o apoio a jornais, mas algumas também estão dirigidas a revistas. Os primeiros esforços alargados para tratar a questão dos apoios à imprensa começaram há três décadas para responder a uma onda de extinções (falências) de jornais na Europa. Nessa altura, um número significativo de países europeus criou uma série de mecanismos de subvenções, num esforço para reduzir o desaparecimento dos jornais e a concentração crescente na imprensa. Para Picard (2007), o interesse nas subvenções à imprensa começou como resposta à crescente extinção de jornais nas décadas de 1960 e 1970 (ver tabela 1, apresentada a seguir). Alguns países levaram a cabo inquéritos parlamentares e realizaram estudos de políticas, à medida que criavam novas políticas de subvenções. Um dos estudos comparativos destes mecanismos de ajuda foi feito por Anthony Smith (1977) e desde então uma série de estudos descreveu e comparou políticas de subvenção nacionais da imprensa (Picard, 1985b; Santini, 1990; Holtz- Bacha, 1994; Murschetz, 1997). Neste contexto, insere-se Portugal, sendo que os apoios do Estado têm sobretudo expressão ao nível dos media regionais e locais, tendo sido criados em 1976 a este propósito ver o capítulo 4.

32 32 Tabela 1- Evolução cronológica das subvenções contemporâneas à imprensa Estudos governamentais de extinção e concentração de jornais Financiamento de vantagens e diminuição de incentivos Onda de extinção de jornais em países ocidentais Novas vantagens e estabelecimento de subvenções Regresso da extinção de jornais Acelera-se a extinção de jornais Fonte: Picard, 2007 Por conseguinte, apesar dos apoios terem sido inicialmente abundantes, em muitos países, tem vindo a observar-se uma substancial redução no apoio financeiro causada por flutuações económicas e programas de austeridade. Aliás, no caso português, o momento presente (influenciado pela crise económica internacional) demonstra precisamente esta tendência no sentido de reduzir significativamente a percentagem de apoios, como se pode ver objectivamente no ponto 9, Para alguns autores (Picard, 2007; Murchetez e Faustino, 2010), a capacidade dos apoios para resolverem os problemas que se propõem é discutível, porque o número de jornais existentes continuou a descer. Os estudos mostram que, frequentemente, as subvenções não resolvem os problemas económicos da imprensa; que o montante da subvenção atribuída diminui com o tempo; que a dependência das subvenções pode prejudicar a capacidade das publicações para melhorar e crescer; e que é difícil manter o apoio político às subvenções. À semelhança do que acontece com Portugal, na Europa tem vindo a observar-me uma mudança significativa na atribuição de subsídios à medida que se adoptam mudanças políticas tendentes à privatização dos serviços postais. Esta circunstância tem implicado o encerramento ou a redução dos subsídios postais, que eram, em muitos países, o maior apoio prestado ao sector; aliás, em Portugal, apesar de uma expressiva redução ao longo dos anos, esse subsídio ainda continua a representar o apoio indirecto financeiramente mais volumoso aos media regionais e locais, como se pode observar no capítulo 6, representando o porte pago (agora designado subsídio ao leitor). A Europa é cultural, política e demograficamente diversa o que permitiu a criação de contingências e sistemas de apoios do Estado aos media muito diferentes, sendo o principal denominador comum um maior foco no segmento imprensa. Os mercados são diferentes, os produtos são diferentes e os sistemas políticos são diferentes (Bagdikian, 2004; Hallin &

33 33 Mancini, 2004). Nos países de língua alemã e nos escandinavos pode-se afirmar que existem mercados de imprensa local e regional fortes e elevadas taxas de leitores. Nos países latinos, como é o caso de Portugal, o número de leitores é consideravelmente inferior e o interesse por segmentos particulares como os jornais desportivos tem ganho uma posição muito significativa. Grã-Bretanha e Irlanda apresentam valores elevados para a imprensa de circulação nacional enquanto a Europa de Leste é caracterizada por um elevado grau de propriedade estrangeira e uma reduzida taxa de leitura. Como é possível concluir pela análise económica, assim como por outros indicadores de desempenho, a situação dos media regionais e locais é globalmente frágil, circunstância que pode justificar a existência de apoios do Estado para este segmento dos media, iniciado em 1976, pelo I Governo Constitucional. Durante décadas, os subsídios aos jornais regionais e, desde 1997, às rádios locais têm sido importantes instrumentos de apoio ao pluralismo, na medida em que têm potenciado a existência de uma maior diversidade de vozes ao nível regional e local. Contudo, as audiências têm vindo a gastar cada vez mais o seu tempo a ouvir a rádio, a ver televisão e, talvez mais importante ainda, a ler, ouvir e a assistir a conteúdos multimédia on-line. Adicionalmente, os cidadãos participam interactivamente na produção de comentários junto de conteúdos informativos on-line, publicam informação e partilham link s de informação acerca de eventos importantes em blogues ou nas redes sociais. Por outras palavras, os jornais estão a ser cada vez mais desafiados por outros tipos de media, não apenas no sentido económico, mas também na sua função no processo democrático. Do ponto de vista político, isto é susceptível de gerar um impacto fundamental na formação da política de comunicação social no futuro. Para além da necessidade de uma reinvenção dos sistemas de apoios em função das transformações da sociedade e dos mercados, algumas das acusações mais comuns contra a atribuição dos subsídios decorrem da sua alegada incapacidade de alterar radicalmente a situação financeira dos beneficiários, para reestruturar as suas operações (Ots, 2006; Picard & Gronlund, 2003), para responder à tendência geral de diminuição de leitores (Picard, 2007); e que os subsídios no seu estado actual desviam a atenção de reformas políticas fundamentais (Cavallin, 2000). Alguns autores questionam também se o produto jornal é realmente a melhor unidade de análise para os decisores políticos na medida em que poderá ser preferível encontrar soluções holísticas (Nord, 2008) que analisem o pluralismo como um objectivo mais amplo do que a sobrevivência do jornal como um fim em si mesmo (Ots, 2009). À medida que os editores de jornais associam o seu produto ao on-line e desenvolvem conteúdos multimédia (que incluem tanto elementos da rádio como da televisão), torna-se - para

34 34 efeitos da racionalidade da atribuição de apoios - cada vez mais difícil distinguir um produto impresso como um elemento singular no processo de produção de conteúdos que deveriam receber apoio estatal. Assim, no âmbito dos objectivos políticos de manter as pessoas informadas e estimular o debate democrático, é cada vez mais difícil argumentar que as notícias impressas são únicas e de valor superior aos outros canais de media neste processo. A União Europeia tem sido um importante stakeholder na formulação das políticas nacionais de media. Tem havido várias tentativas para racionalizar as medidas de política nacional para os padrões europeus mas, na realidade, isto tem sido difícil de atingir. Em particular, o problema diz sobretudo respeito às contingências relacionadas com as diferenças culturais, políticas e com os objectivos dos diversos estados-membros. Isto significa que não existe uma única definição de interesse público que consiga abranger todos os estados-membros. Por isso, a União Europeia tem recorrido às dimensões económicas da regulação (Harcourt, 2005). Isto significa que, quando os governos nacionais procuram uma orientação junto da União Europeia, a indicação que frequentemente recolhem vai no sentido de, por um lado, enfatizar o direito da concorrência e procurar evitar posições dominantes ao nível da propriedade, e, por outro, minimizar ou negligenciar a justificação dos apoios em função dos interesses culturais dos media. Como o papel social da imprensa está a diminuir, o que significa que os impactos dos apoios na promoção da capacidade competitiva são também mais diminutos -, a questão central reside em saber como é que o Estado e os meios de comunicação social interagem para fomentar a existência de sociedades pluralistas e de forma a facilitar o debate democrático? Ou seja, apesar de todas as mudanças operadas na sociedade e no sector da comunicação social, esta preocupação persiste e a resposta a esta questão continua em aberto. Ainda assim, mantém-se o debate político centrado em duas perspectivas: (1) utilização de recursos que possam potenciar feitos positivos nas empresas de media, como, por exemplo, subsídios para promover determinadas empresas e conteúdos que sejam reconhecidos como de interesse público, ou (2) deixar que o mercado decida por si que tipo de media deve ser apoiado, evitando monopólios e posições dominantes através da livre concorrência. Muito embora não exista na Europa um modelo único de apoios à imprensa, pode dizer-se que os sistemas de atribuição dos incentivos estão directamente relacionados com as tradições políticas, sociais e culturais existentes em cada país. Paul Murschetz e Faustino (2010) identificaram o modelo anglo-saxónico como a excepção na Europa: ao contrário da abordagem minimalista da regulação da imprensa anglo saxónica que rejeita largamente uma abordagem intervencionista para injectar dinheiro que as empresas jornalísticas necessitam, a

35 35 maioria dos países europeus tem implementado políticas públicas para a atribuição de subsídios à imprensa como forma de garantir o acesso à informação por parte dos cidadãos. Com efeito, as diferenças que hoje se verificam entre os modelos vigentes nos vários países da Europa resultam de factores que permitem uma atitude mais ou menos proteccionista. São eles: 1. Dimensão do mercado; 2. Desenvolvimento económico; 3. Comportamento das audiências; 4. Ambiente político e social geral. Reflectir sobre os sistemas de atribuição de incentivos leva-nos a pensar no significado do termo «incentivo» em si mesmo, que pode ser sinónimo de concessão, empréstimo, garantia de empréstimo, redução de impostos ou um benefício generoso (por exemplo, para incentivar a elaboração de produtos e serviços a preços de qualidade e facilitar o seu acesso por parte do consumidor), concedidos através dos recursos do governo e que se destinam a financiar um empreendimento (OFT, 2006). No caso dos media, em particular na imprensa, o apoio concedido pelo Governo pode assumir diferentes categorias de jornais elegíveis. Os apoios podem ser, por isso, variados: podem traduzir-se em apoios para melhorar as condições de trabalho e infra-estruturas razoáveis; benefícios fiscais para as empresas ou produtos; redução de custos na expedição postal ou em comunicações; acesso gratuito ou com custo reduzido dos conteúdos produzidos pelas agências noticiosas, etc. Não obstante, os subsídios são atribuídos consoante determinados critérios, como por exemplo: dimensão da empresa/produto (medidos pela circulação ou audiência do produto), pela posição na empresa no mercados definidos (pode ser necessário estimular uma maior concorrência em determinada região), pela frequência do produto (periodicidade de uma publicação), situação económica e financeira débil (evitar que um empresa abandone o mercado por dificuldade de acesso ao mercado publicitário), entre outras tipologias que podem ser identificadas. Quanto à elegibilidade para atribuição dos subsídios, normalmente é definida por critérios de selecção tais como, por exemplo, a importância nacional do jornal, regional ou local para a formação da opinião pública. A este propósito, Picard (2006, 2007) sustenta que a capacidade dos subsídios públicos para solucionar as actuais pressões de mercado nos suportes impressos é limitada. Com efeito, a intervenção do Estado na imprensa visa geralmente estabelecer um certo equilíbrio entre o objectivo económico de promover a concorrência dos jornais no conjunto dos

36 36 meios e o propósito de promover a pluralidade de títulos, assim como a diversidade dos pontos de vista. Para analisar o sucesso ou insucesso do incentivo, é aconselhável identificar possíveis efeitos da intervenção pública, nomeadamente ao nível da eficácia dos instrumentos para promover a concorrência, melhorar a qualidade do produto jornalístico e ainda incentivar o pluralismo democrático, que constitui, aliás, o principal objectivo. Tal como aponta Mart Ots (2011), desde que os jornais foram identificados como parte importante da promoção do pluralismo, tem sido permanente a preocupação em definir políticas públicas para apoiar este segmento de imprensa de modo a incentivar a distribuição para facilitar o acesso ao produto informação. Ao nível dos apoios à imprensa, podemos identificar modelos dominantes, nomeadamente incentivos directos selectivos que podem ser concedidos a novas empresas no mercado, com vista a eliminar as barreiras na entrada no sector, restaurar a concorrência e reforçar a dinâmica do mercado. Neste aspecto, pode afirmar-se que a Suécia é um bom exemplo, já que, para preservar a multiplicidade estrutural e a diversidade editorial, adoptou, a partir de 1976/77, um sistema de apoios directos à criação de empresas, que beneficiou jornais de baixa periodicidade (1 a 3 edições por semana), assim como alguns jornais de elevada circulação e cobertura. Mas, devido ao défice na procura, esta opção foi extinta em Os apoios ao lançamento foram, no entanto, mantidos sob a forma de um empréstimo por um período máximo de dois anos, isento de juros e livre de amortização. Uma medida que permitiu o surgimento de 25 novos títulos. Os modelos de apoios do Estado aos media apresentam semelhanças e diferenças consoante o país em causa - ver capítulo seguinte sobre os modelos vigentes na Europa. Por exemplo, em dois países nórdicos examinados (Noruega e Suécia), tal como na Áustria e França, os subsídios selectivos directos do Estado são atribuídos aos diários secundários ou seja, aos jornais que estão em desvantagem face ao concorrente no acesso ao mercado da publicidade, sobretudo situados em regiões do interior. Nestes países, esta medida é encarada pelos jornais de menor dimensão (com menor tiragem ou menor influência) como uma ajuda para que melhorem o seu posicionamento no mercado, uma vez que reduz o risco de monopólios regionais e locais e protege a pluralidade de títulos e, desta forma, a diversidade de opiniões. De facto, a Suécia atribui, desde 1972, apoios directos para jornais considerados secundários. Mas foi a Noruega que adoptou os primeiros subsídios directos à imprensa em A título de exemplo, em 1998, o governo norueguês financiou 10 títulos regionais com o equivalente a 23 milhões de euros e a Suécia gastou, no mesmo ano, 53,5 milhões de euros ao apoiar 167 jornais diários. Em ambos os países, esses subsídios directos de produção são calculados com base na circulação vendida ou no volume de publicidade angariado, circunstância que permite identificar a capacidade competitiva do jornal.

37 37 No entanto, os mais críticos apontam um conjunto de falhas na atribuição dos subsídios públicos, uma vez que não têm impactos verdadeiramente estruturantes e com o aparecimento dos novos media a imprensa está a perder influência. De facto, este é um tema que pode gerar polémicas relativamente às lógicas de atribuição dos apoios aos projectos jornalísticos; sendo que os incentivos recebidos pelas empresas jornalísticas podem contribuir para uma concorrência artificial e até desleal. Em última análise, para identificar este tipo de situações (concorrência de mercado), pode ser imperiosa a realização de estudos com o fim de avaliar o desempenho do mercado e a eficiência, a produtividade, assim como a responsabilidade social das empresas de imprensa (Peterson, 1963) na boa aplicação dos apoios concedidos pelo Estado. Nesse contexto, a valorização da eficiência na distribuição e difusão do produto jornalístico, decorrente do incentivo à concorrência, pode beneficiar tanto editores como consumidores, uma vez que poderá forçar o melhoramento do produto (ou mesmo induzir à inovação de processo e design do produto) que podem tornar-se a chave da produtividade e do crescimento sectorial. Neste contexto, de um modo geral, tem ficado demonstrado que quando os subsídios falham, a concorrência tende a ser maior. Analisando de forma crítica a base racional do subsídio, pode dizer-se que se os projectos financeiros mais fortes e com um circulação mais elevada forem subsidiados, os títulos mais fortes do mercado irão mais uma vez garantir a sua vantagem face aos restantes. Assim sendo, pode concluir-se que, num mercado muito desigual, os subsídios podem ter um impacto sério na concorrência, o que não se verifica quando os subsídios são distribuídos uniformemente entre todas as empresas do mercado. Neste sentido, pode-se afirmar que as empresas economicamente mais fortes e com uma posição igualmente dominante no mercado, quando subsidiadas, irão beneficiar ainda mais do que as empresas economicamente mais frágeis, a quem, sobretudo, se destinam estes apoios ver a este propósito a análise apresentada nos capítulos 6.1 e 6.2 relativamente às empresas subsidiadas e respectivas localizações geográficas. Por seu lado, se a inovação tecnológica pode contribuir para dinamizar o mercado, e constituir-se como um factor crítico do seu sucesso, os incentivos podem também ser usados em benefício da renovação e da criatividade tecnológicas. Se, por um lado, os países continuam a apoiar financeiramente os jornais por os considerarem um instrumento cultural merecedor de protecção, por outro, alguns críticos colocam em causa não apenas a necessidade de atribuir subsídios (porque os resultados nunca correspondem ao esperado e não são claramente mensuráveis), como também a existência de eventuais conotações políticas que podem favorecer a atribuição de incentivos a determinados projectos/empresas. De facto, não é possível verificar quais os tipos de subsídio mais eficazes para o cumprimento dos objectivos estratégicos a que a imprensa, incluindo de âmbito regional

38 38 e local, se propõe, nomeadamente a promoção da pluralidade de informação ou o acesso à informação regional e local. Portanto, são inúmeras as críticas que apontam o dedo à atribuição de subsídios, não só porque, por vezes, os critérios não são claros, como também por deles não se observarem benefícios claros; e também por, em determinadas circunstâncias, se manterem vivos órgãos de comunicação social economicamente débeis e, finalmente, por terem pouco peso no combate às desigualdades estruturais do mercado. Todavia, os subsídios constituem uma ferramenta importante na política de promoção do desenvolvimento de negócios, na medida em que apontam e visam corrigir as falhas sociais do mercado, muito embora tenham também o poder de distorcer a realidade e, por isso, a concorrência. Consequentemente, é importante reconhecer os custos económicos destas eventuais distorções de mercado, não só ao nível da concorrência, mas também, e sobretudo, no processo de avaliação dos subsídios para, sempre que possível, minimizar os custos a eles associados. Neste sentido, seria aconselhável criar uma matriz para avaliar frequentemente o impacto do subsídio na concorrência e na distribuição dos bens sociais. O papel do Estado no apoio à imprensa é, por isso, um tema que urge debater à luz destas ideias. Tanto assim que apoiar a difusão da imprensa pode fomentar a participação dos cidadãos na esfera pública, mas pode também ser uma forma de condicionar o exercício das liberdades individuais. As correntes defensoras desta tese podem enquadrar-se em duas perspectivas distintas: uma mais liberal e outra com uma vertente mais proteccionista. Para a concepção liberal, a lei em vigor para a empresa jornalística (assim como qualquer outra) é a da oferta e da procura, sem implicar a protecção do Estado. Quanto à gestão empresarial, sendo bem ou mal sucedida, será a única responsável pela permanência ou fim desta empresa no mercado livre que é o da informação. Por sua vez, a concepção proteccionista confere ao Estado obrigações fundamentais na tutela da empresa e, em certos casos, pode condicionar as liberdades de expressão e a própria autonomia da empresa. Este modelo admite que algumas empresas jornalísticas possam ser permanentemente deficitárias, ainda que com um apoio financeiro continuado do Estado. Por outro lado, as normas aplicadas na União Europeia tendem a uniformizar os critérios sobre esta matéria, podendo mesmo estar na origem de tensões entre estas normas e as adoptadas pelos restantes Estados-membros. As ajudas do Estado aos media, e em particular às empresas jornalísticas regionais e locais, podem ser estabelecidas de acordo com critérios políticos. Como já foi sugerido, procura-se promover o pluralismo informativo, incentivando a criação de uma opinião pública solidamente informada e que possa ter contacto com diversas correntes de pensamento, ao mesmo tempo que se divulgam diversas opiniões sobre um mesmo assunto que reúna o interesse da comunidade em geral e, fundamentalmente, dar oportunidade de escolher, entre os vários produtos

39 39 jornalísticos, aquele que mais se coaduna com os valores e necessidades de informação de cada um. Para os defensores da intervenção do Estado no apoio às empresas jornalísticas, existem dois fortes argumentos que sustentam uma posição favorável: por um lado, assegurar a liberdade de expressão e manter a pluralidade das empresas; por outro, ajudar os meios cujo futuro, por razões de mercado, seja incerto, mas cuja actividade informativa traz importantes contributos para o pluralismo da informação. Por conseguinte, o Estado pode ajudar as empresas que desenvolvem a actividade jornalística de muitas maneiras, mas estas ajudas dependem de circunstâncias políticas e económicas, e bem assim da dimensão da própria empresa e também, obviamente, dos recursos do próprio país em causa. Podem ser apoios directos ou indirectos. As ajudas directas pressupõem a entrada do dinheiro do Estado directamente na empresa, de forma gratuita, podendo ser apresentadas para quatro fins: 1. Investimentos ou financiamento da empresa; 2. Produto jornalístico; 3. Comercialização; 4. Outras ajudas. No que toca às ajudas relacionadas com investimento e financiamento da empresa, as principais formas de ajuda concretizam-se com: 1. Entrega de dinheiro a fundo perdido para investimentos em imobilizados ou para facilitar a introdução de novas tecnologias; 2. Subsídios para a criação e promoção de novos produtos jornalísticos: jornais, revistas, etc. 3. Subsídios para promover e realizar actividades conjuntas com outras empresas jornalísticas que permitam reduzirem custos: co-produções, co-distribuições, etc. Já quanto ao produto jornalístico em si, as ajudas podem ter vários destinos: 1. Adquirir matérias-primas: papel de imprensa, por exemplo;

40 40 2. Contratar entidades do Estado para prestação de serviços informativos de determinadas empresas; 3. Subsídios para difusão no estrangeiro, etc. No caso dos incentivos à actividade comercial, as principais ajudas directas podem contribuir para: 1. Compensar falhas mercado ao nível da concorrência de outros meios de comunicação social - geralmente, o objectivo assumido é o de apoiar a imprensa pela dificuldade de concorrer com a televisão, por exemplo. 2. Favorecer os sistemas de distribuição e os métodos de difusão de produtos informativos e, desta forma, facilitar o acesso à informação e promover o pluralismo. 3. Realização de estudos de carácter inter-empresarial sobre aspectos comerciais: estudos de mercado e (ou) análises de audiência que possam contribuir para o desenvolvimento estratégico e do produto jornalístico; 4. Promoção dos produtos informativos (por exemplo, campanhas de publicidade) para angariar novos leitores/audiências, incluindo junto das comunidades de emigrantes. Existem ainda outros exemplos de ajudas directas para as empresas jornalísticas desenvolveram a sua actividade, nomeadamente: 1. Criação de emprego para pessoas que trabalham ou vão trabalhar nas empresas de media; 2. Promoção da língua materna, sobretudo no estrangeiro (por exemplo, a França tem dedicado grande importância a este tipo de apoio); 3. Incentivar a inserção de publicidade em produtos jornalísticos, por parte do Estado, de modo a proporcionar mais receitas às empresas 4. Apoios para favorecer o aparecimento criação - de projectos inovadores e melhorar as práticas de gestão dos media, e até pressionar os outros a inovar. Por seu lado, no âmbito das ajudas indirectas atribuídas pelo Estado à comunicação social, podemos destacar: 1. Reduções ou outros regimes de benefícios fiscais;

41 41 2. Concessão de crédito em regimes bonificados; 3. Redução de impostos de carácter profissional; 4. Oferta de serviços a preços reduzidos; 5. Tarifas postais preferenciais para a expedição do produto; 6. Reduções nos tarifários das telecomunicações; 7. Limitar a publicidade nos media pertencentes ao Estado. Por conseguinte, ou de uma forma mais sintetizada, pode dizer-se que o modelo liberal assume a lei da oferta e da procura como factor essencial para a existência das empresas jornalísticas. Os efeitos desta protecção do Estado podem fazer-se notar quando estas empresas sobrevivem de forma quase artificial, sem explorar os seus próprios recursos, o que significa a inexistência de competências para adoptarem boas práticas de gestão empresarial. Do mesmo modo, não nos podemos alhear da possibilidade de que esta atitude proteccionista signifique um primeiro passo para a estatização dos meios impressos ou, pelo menos, o seu controle, independentemente de ser exercida de modo directo ou indirecto. A configuração da perspectiva liberal é melhor aceite em países com uma economia próspera que permita o seu funcionamento no mercado, mas não é válida, por exemplo, nos países em que a imprensa esteja permanentemente sujeita a crises económicas, como é, aliás, o caso de Portugal. São vários os sintomas que podem denunciar uma crise, nomeadamente os seguintes: 1. Aumento acelerado e imparável dos custos de edição; 2. Baixo crescimento da difusão e do nível de educação (dos cidadãos); 3. A concorrência crescente de outros meios de comunicação; 4. Deficiente gestão empresarial e falta de orientação para o mercado; 5. O progressivo desfasamento entre as receitas por vendas e os custos. Há, portanto, uma corrente de pensamento defensora da opinião de que a imprensa não deve solicitar incentivos ou apoios e que não compreende que possa existir um quadro legal que permita o Estado a ajudar as empresas no seu desenvolvimento. Esta lógica de pensamento considera que alguns apoios, como os subsídios ao papel consumido, as ajudas directas e o financiamento de fundos públicos para a imprensa condicionam a liberdade das empresas na

42 42 procura de uma solução para os problemas com que se deparam no dia-a-dia. A estes argumentos, junta-se a ideia de que a ajuda do Estado significa um prémio ao imobilismo, a um certo conservadorismo jornalístico e, ainda, à deficiente gestão empresarial da imprensa. Com efeito, a principal razão das ajudas do Estado está relacionada com questões e decisões de ordem política. Pretende-se garantir a permanência dos jornais no mercado de forma a assegurar a presença de diversas correntes de opinião que contribuam para a participação na esfera pública, enriquecendo esta experiência. Neste sentido, o principal beneficiário é o leitor, muito embora o beneficiário directo deste apoio seja, necessariamente, a empresa jornalística. Mas, na verdade, é o consumidor que passa a ter a possibilidade de adquirir o jornal impresso por um preço inferior ao seu custo real ou, ainda, obtê-lo com um conteúdo melhorado. Ou ainda, poder escolher o seu jornal de entre uma oferta mais vasta. De facto, a ajuda do Estado não pode ser encarada como uma forma de ocultar, por exemplo, a deficiente gestão empresarial, mas sim um meio de garantir o direito à informação e a liberdade de expressão de todos os cidadãos, tal como preconizam as teorias fundadoras dos órgãos de comunicação social. Nesta perspectiva, a ajuda deve corresponder às seguintes exigências: por um lado (i) assegurar a liberdade de expressão mantendo a pluralidade dos media e, por outro, (ii) promover os meios materiais e a aplicação de técnicas e métodos modernos na empresa jornalística em todos os seus domínios (redacção, administração, produção, distribuição e gestão), para assim promover o seu futuro e adaptação ou concorrência com os meios de comunicação audiovisual. Chegado o momento de estabelecer critérios na distribuição da verba disponível para apoiar a imprensa, surgem dificuldades por parte do Estado em definir as respectivas aplicações. Em síntese, existem duas correntes, o que permite compreender melhor os possíveis sistemas e modelos de ajuda estatal à comunicação social: i) O primeiro olhar vai para os conteúdos, para a produção de textos jornalísticos (artigos de opinião, informação, cultura e recreação) e para os espaços de publicidade. ii) O segundo centra-se no incentivo à difusão, um factor que está ligado ao consumo de papel na imprensa e visa beneficiar os jornais com menor difusão. É ainda importante referir que os casos em que se verifica maior difusão não correspondem, necessariamente, a uma maior rentabilidade financeira, já que outros factores podem influenciar estas situações. De qualquer modo, é ponto assente que a ajuda directa favorece sempre o mais forte, e que a indirecta, pelo contrário, ajuda o jornal mais débil, ainda que neste caso haja o

43 43 risco de contribuir para a existência de empresas jornalísticas totalmente subsídio dependentes, criando um mercado artificial e insustentável a longo prazo. Como atrás se mencionou, as ajudas classificam-se em dois grandes grupos: directas e indirectas. As primeiras são aquelas que se traduzem numa melhoria quase imediata da economia da empresa jornalística e pressupõem a injecção de dinheiro na empresa. A ajuda directa pode ser entendida como aquela que é directamente recebida pela empresa beneficiária; por seu lado, a ajuda considerada indirecta observa-se quando a importância recebida não entra directamente da tesouraria da empresa. Paralelamente, deve-se ter em conta que o beneficiário último da ajuda do Estado é sempre o leitor, facto que permite sugerir outras formas de ajuda tais como: Fomento de associações de leitores para promover a leitura; Fomento de conselhos de imprensa, regulação ou auto - regulação; Fomento da publicidade dos direitos dos leitores; Fomento da transparência da propriedade das empresas jornalísticas; Fomento da identificação ideológica, através de estatutos editoriais. Com efeito, no capítulo seguinte, atentaremos nos exemplos de alguns países europeus que de alguma forma são paradigmáticos no tipo de apoio que concretizaram com vista a manter viva a imprensa regional e local. Ao responder a estes pedidos de ajuda, os estados libertam o campo da escrita jornalística, permitindo-lhe potencialmente produzir conteúdos cada vez melhores. Resta saber, no entanto, se estes órgãos de comunicação social, uma vez subsidiados, imprimem as suas notícias com a imprescindível independência O serviço de interesse público da comunicação social regional e local Nas sociedades democráticas, a comunicação social desempenha uma actividade de carácter económico, integrada num mercado de livre iniciativa. Compete, pois, às empresas de comunicação social, em primeira instância, garantir o seu próprio financiamento, mobilizando recursos para a sua actividade. No entanto, se as empresas não tiverem condições económicas para a exercerem, tal situação afectará a sua liberdade e pluralismo. Nos regimes democráticos, particularmente na Europa, constitui desta forma entendimento generalizado que não basta assegurar a liberdade de criação de empresas jornalísticas e de comunicação social, bem como os direitos dos jornalistas para que a comunicação social seja mais diversificada e plural. Os poderes públicos deverão igualmente garantir as condições de

44 44 exercício dessa liberdade, minimizando as dificuldades e os riscos económicos e financeiros da sua actividade. O Estado não pode, pois, alhear-se das condições concretas em que a comunicação social exerce essa liberdade, nomeadamente os seus sectores mais frágeis. Da mesma forma, o Estado deverá preocupar-se com a rentabilidade dessas empresas, visto que tal constitui uma condição necessária, embora não suficiente, para que exista uma efectiva liberdade da comunicação social. A existência de incentivos do Estado à comunicação social ou, pelo menos, a alguns dos seus sectores de menor dimensão como a de âmbito regional e local, decorre do entendimento de que ela presta um serviço de interesse público. Representa igualmente o reconhecimento da relevante contribuição da comunicação social para a vitalidade do regime democrático, para o que importa que aquela seja livre, influente e plural. Deste modo, de uma atitude inicial favorável a uma total abstenção dos poderes públicos face à comunicação social evoluiu-se mais tarde para um intervencionismo limitado, de carácter financeiro, destinado, entre outros objectivos, a assegurar um maior pluralismo e, juntamente com a legislação antimonopolista, a limitar a concentração, a nível nacional ou local, que as leis do mercado tenderiam a impor. Esse intervencionismo decorre igualmente do reconhecimento de uma «excepção cultural» a recusa em deixar assimilar a comunicação social a uma qualquer mercadoria, dado o relevante papel que desempenha na formação e na informação dos cidadãos. Mais do que simples auxílios a empresas, os incentivos estatais constituem ajudas aos consumidores da comunicação social, ao promoverem uma maior diversidade e pluralismo. Constituem igualmente uma resposta à fragilidade de alguns órgãos de comunicação, nomeadamente os de âmbito regional ou local ou os dirigidos a públicos minoritários, cujo universo de destinatários é mais restrito e as receitas de publicidade mais escassas. Esta prioridade concedida à comunicação social regional e local, particularmente à imprensa e à rádiodifusão, cujo mercado é geograficamente limitado e, nas regiões menos desenvolvidas, economicamente menos apelativo, constitui uma acrescida razão que legitima este tipo de incentivos face aos críticos deste tipo de apoios, que contestam qualquer tipo de ajuda concedida a empresas que as regras do mercado não viabilizam. Sujeita a uma forte concorrência dos media electrónicos, em especial da televisão, mas igualmente dos novos serviços não lineares ou dos próprios meios de entretenimento através da Internet, que retiram tempo para o consumo dos jornais, onerada pelo progressivo acréscimo dos

45 45 custos de produção e distribuição, a imprensa aparece como destinatária da maior parte dos incentivos, que visam, assim, assegurar a sua influência num contexto de evolução tecnológica. Deste modo, a liberdade de imprensa já não é constitui apenas uma liberdade perante o Estado, mas também através do Estado. No entanto, esse intervencionismo deverá ser limitado, e cuidadosamente regulamentado, de modo a evitar a subordinação dos apoios a critérios subjectivos, que colocariam em causa não apenas a neutralidade do Estado, mas também a independência dos órgãos de comunicação social face aos poderes públicos. O subsídio à difusão, o apoio ao reequipamento, as reduções nas tarifas de telecomunicações, transportes ou correios e os benefícios fiscais encontram-se entre as formas de apoio mais utilizados pelos diferentes Estados para apoiar a imprensa, as quais variam de país para país, quanto ao volume, prioridades, meios de comunicação abrangidos e critérios de aplicação. As novas tecnologias dos media, a Internet - um meio global, gratuito, imediato, interactivo e apetecível para as novas gerações, e o imparável crescimento do número de novos serviços decorrentes da entrada da televisão na era digital acentuaram, nos últimos anos, em muitos países desenvolvidos, particularmente na Europa, a estagnação ou mesmo a queda das vendas de muitos jornais, tornando-os mais dependentes das receitas da publicidade, ela própria igualmente sujeita a plataformas mais aliciantes, como a televisão, que progressivamente tem assumido a liderança no volume de receitas publicitárias. Para essa nova situação contribuíram igualmente os novos serviços de programas televisivos temáticos de notícias e a imprensa gratuita. É verdade que a Internet representa igualmente uma oportunidade para a imprensa e para a rádio regionais e locais, permitindo-lhes duplicar conteúdos, desenvolver outros específicos on line e integrar conteúdos inovadores, multimedia e interactivos. No entanto, estas novas possibilidades não afastam o espectro da crise, sobretudo da imprensa. O progressivo afastamento das gerações mais jovens, que ocupam uma maior parte dos seus tempos livres na Internet do que a consumir os media clássicos, sobretudo a imprensa, constitui apenas uma parcela dos novos desafios que se lhe colocam. À crescente oferta dos media e à progressiva fragmentação das audiências novos serviços de programas televisivos, a imprensa gratuita, os serviços não lineares, os sítios na Internet, entre outros, não corresponde um aumento proporcional do consumo dos media. Este novo contexto recolocou a questão dos incentivos na agenda dos debates sobre as prioridades das políticas de comunicação social, particularmente nos países cujo índices de

46 46 leitura de jornais é menor, como acontece nos países do sul do continente europeu, nomeadamente em Portugal. Não se trata de atrasar uma inevitável crise, mas de apoiar um dos indicadores mais relevantes da vitalidade dos regimes democráticos. A sua plena justificação não invalida as preocupações a ter com a forma como esses incentivos são aplicados, já que eles não podem constituir um entrave à reestruturação das empresas ou uma forma de sustentar as suas ineficiências ou reduzir a sua competitividade. Pelo contrário, impõe-se que constituam, designadamente, uma forma de alargar os seus mercados de consumidores e de os equipar de acordo com as novas tecnologias. Os regimes de apoio, mais frequentes nos países escandinavos, Áustria e França, variam de país para país, dependendo de vários factores relacionados com as características do mercado e da indústria do sector. Por exemplo, em países do sul da Europa, a venda dos jornais faz-se quase exclusivamente em quiosques de venda ao público, enquanto que em países escandinavos predomina a venda por assinatura. Em alguns destes países do norte da Europa, uma das formas de apoio visa garantir a existência de, pelo menos, um segundo jornal nas regiões ameaçadas pela concentração e consequente fim da pluralidade na imprensa. Capítulo 3 Políticas Públicas e Modelos de Incentivos Europeus 3.1. Abordagem transversal e objectivos dos subsídios na Europa: o caso Francês Os apoios aos meios de comunicação social são atribuídos segundo diferentes modelos, de acordo com a tradição de cada país. Traduzem-se em vários moldes: empréstimos, facilidades de crédito, apoios à distribuição, ajudas para o desenvolvimento tecnológico, etc. Em relação aos subsídios propriamente ditos, dividem-se em directos ou indirectos, gerais ou específicos, selectivos ou mandatados. Os apoios gerais são atribuídos a um grupo seleccionado de órgãos de comunicação, embora a sua finalidade não seja definida à partida. Os específicos são direccionados para um tipo de necessidade. A ajuda indirecta é prestada ao sector como um todo, enquanto a directa se aplica a jornais específicos. A aplicação das ajudas selectivas é decidida por um corpo administrativo, enquanto que as mandatadas obedecem a um quadro legal que define a quem devem ser aplicadas e em que circunstâncias (Murschetz e Faustino, 2008). Apesar de haver países europeus onde o apoio à imprensa se assume como uma parcela importante entre os apoios estatais, pode haver oscilações conforme o partido que esteja no poder, uma vez que, em geral, os governos da esquerda do espectro político são mais favoráveis

47 47 a este tipo de incentivos do que os de direita. Não obstante, mesmo nos Estados Unidos, país com uma ideologia fortemente liberal no que à economia diz respeito, já foram concedidos apoios económicos à imprensa, o que representou um gasto significativo para um dos governos federais do século XIX. (Humphreys, 2008). Neste texto, serão abordados os modelos europeus mais significativos em termos de subvenções estatais. Será também desenvolvida a situação de Portugal nesta matéria. A pioneira França A concessão de apoios à imprensa pelo Estado francês remonta ao pós-guerra, tendo sido decidida por uma coligação que incluía socialistas e comunistas, empenhados em acabar com o domínio da imprensa entre-guerras [período entre a I e a II Guerras Mundiais] e pré-guerra dos capitalistas financeiros (Kuhn, 1995 (40), cit. por Humphreys). A coligação pretendia também estimular o pluralismo e promover o acesso a fontes diversificadas de informação. Por outro lado, a tradição intervencionista francesa sempre favoreceu a concessão destes apoios, num país onde a circulação de jornais tinha níveis baixos, comparativamente aos do norte da Europa. No entanto, nem sempre foi assim. França já teve um grande número de jornais nacionais e regionais e uma circulação que ascendia a 14 milhões de cópias. Depois, quer a circulação quer o número de jornais vieram a decair, e, em 1999, a circulação total de jornais nacionais era apenas de três milhões de cópias. De 1946 a 1990, o número de jornais parisienses diminuiu de 28 para 11, enquanto os regionais passaram de 175 para 62. Para fazer face ao declínio da imprensa, os governantes franceses introduziram um sistema de apoios em duas frentes, regulado pela Comission Paritaire de Publications et Agences de Presse (CPPAP), formada em 1950, que tinha a cargo as ajudas indirectas, e pelos Fonds d aide aux quotidiens a faible capacité publicitaire, instituídos em 1973 e cuja função era administrar os apoios directos. Para receber apoios indirectos, os jornais tinham de apresentar a sua candidatura ao CPPAP e preencher um conjunto de requisitos, nomeadamente desempenhar um papel importante na disseminação de ideias e contribuir para a instrução, informação e lazer dos leitores, obedecer à lei de imprensa, sair pelo menos uma vez a cada quatro meses, ser distribuído sem custos

48 48 adicionais aos do preço fixado, ter no mínimo um terço de conteúdo editorial e não se enquadrar na classificação de brochura, catálogo ou outro semelhante. As publicações que preenchessem os requisitos acima enumerados beneficiavam de isenções fiscais, taxas reduzidas de IVA, reduções especiais nas tarifas de transporte e benefícios ao nível das tarifas postais. Auferem benefícios ao nível do transporte postal os jornais com periodicidade máxima bimensal e de carácter político ou generalista. Também beneficiam deste regime as publicações de antigos combatentes e vítimas de guerra, as profissionais editadas por organizações sindicais e também os títulos orientados para a educação, causas humanitárias, entre outras. Tradicionalmente, todas as questões relacionadas com as tarifas a aplicar ao transporte postal da imprensa têm vindo a ser negociadas através de acordos tripartidos entre o Estado, os correios (através da empresa La Poste) e o sector da imprensa. O acordo de 22 de Julho de 2004 estabeleceu novas directrizes, a serem aplicadas no quadriénio Em 2008, o quadro de apoios ao transporte postal distribuía-se da seguinte forma: - 83 milhões de euros para a imprensa de informação política e generalista, como forma de incentivo ao pluralismo; - 149, 6 milhões de euros de apoios à distribuição em áreas de pouca densidade populacional, para garantir a igualdade de acesso dos cidadãos à informação; - Aplicação de tarifário postal preferencial à imprensa, o que significa que o transporte da Imprensa é um serviço público que o Estado delega nos correios. Findo o período do acordo tripartido, a de Controlo do Fundo de Ajuda à Modernização da imprensa diária elaborou o respectivo balanço. Para o tarifário postal preferencial, estava prevista uma revalorização progressiva, que tivesse em conta as circunstâncias económicas e concorrenciais da La Poste. Concretamente, esta revalorização traduzia-se numa transferência anual de 290 milhões de euros à La Poste. Apesar da importância das ajudas indirectas, através da distribuição, o Estado francês reserva apoios directos para publicações generalistas de interesse político com pouca receita publicitária. No entanto, cabe referir que os apoios indirectos mais significativos (transporte postal e ferroviário e incentivo à leitura) são considerados pelo governo francês como apoios directos. A juntar a estes, há ainda a taxa de IVA de 2,1 por cento aplicada a todas as publicações impressas desde 1989, deduções fiscais e outros benefícios.

49 49 A Comissão de Controlo do Fundo de Ajuda à Modernização da imprensa diária elaborou um relatório com o objectivo de avaliar o impacto económico, industrial e social dos projectos onde interveio, entre 1999 e Nem todos os projectos foram avaliados. O relatório incide sobre 57 dossiers, relativos a 23 publicações: 17 de imprensa diária regional, quatro de imprensa diária nacional, uma de imprensa diária por departamento e uma agência de imprensa. Este conjunto de títulos absorve um montante de 26,3 milhões de euros, dos quais 25,3 milhões representam subsídios e os restantes 0,97 correspondem a adiantamentos reembolsáveis. Os 57 dossiers totalizam 24 por cento do número de ajudas que as publicações - alvo do estudo receberam no período sobre o qual o relatório incide. Os apoios são concedidos tendo por objectivo a melhoria da produtividade das empresas, a melhoria e diversificação das redacções e o desenvolvimento de meios modernos de difusão. O aumento da difusão e da publicidade poderá, depois, resultar num aumento do valor de negócios. A redução dos custos de produção é outro dos resultados pretendidos. Alguns dos investimentos analisados traduziram-se em impactos positivos nas vendas. Não obstante, a imprensa paga continua a perder leitores face à concorrência dos gratuitos e da Internet, conseguindo destacar-se apenas quando edita suplementos. O relatório também avaliou o impacto das medidas sobre o emprego, mas neste aspecto não há uma conclusão unânime: em alguns títulos o número de efectivos aumentou, noutros diminuiu. No entanto, o nível de qualificação dos profissionais tem vindo a aumentar. Apesar destes dados, as conclusões não podem ser apresentadas de forma taxativa. Os subsídios possibilitaram a aquisição de máquinas e material de impressão, determinante para a redução dos custos de produção, mas torna-se muito complicado avaliar o impacto de tais investimentos no nível da produtividade e da difusão. Em suma, e num país onde os apoios directos representam uma fatia pequena do total de ajudas concedidas, os incentivos dividem-se entre apoios à difusão, à competitividade e manutenção do pluralismo, à modernização multimédia e apoios indirectos, dividindo-se estes em ajudas nos já falados planos fiscal e postal e também no plano social, incentivo que se traduz por uma redução do imposto para a segurança social e que beneficia correspondentes da imprensa local e vendedores de jornais. O Livro Verde publicado a 8 de Janeiro de 2009, sobre os Estados Gerais da Imprensa Escrita, permitiu tirar várias conclusões acerca dos problemas com que o sector se depara. As vendas e

50 50 as receitas publicitárias diminuíram, os investimentos não foram suficientes, os leitores têm vindo a envelhecer, os gratuitos representam uma concorrência difícil de bater e a Internet veio complicar ainda mais a economia do papel. A agravar tudo isto, a Europa entrou numa grave crise financeira, à qual a França não escapou. Em vez de se reinventar, a imprensa francesa continua a refugiar-se nas ajudas do Estado. Acresce ainda o facto de os jornais diários franceses serem mais caros do que os do resto da Europa e registarem perdas consecutivas. Do primeiro ciclo de debates nasceram várias propostas para o futuro das profissões em Jornalismo, como a garantia de acções de formação a quem não tivesse formação reconhecida, a aplicar nos primeiros três anos de exercício, a limitação do número de cursos de formação inicial reconhecidos pela profissão, a transformação do Observatório das Profissões num centro de pesquisa sobre a imprensa, a criação de organismos mais alargados, entre outras. Um segundo ciclo de debates foi dedicado à regeneração do processo industrial da imprensa, propondo reformas nos sectores da impressão, venda avulsa, assinaturas/distribuição ao domicílio/difusão digital e publicidade. Dos Estados Gerais saiu também a proposta de remodelar todo o sistema de apoios estatais. Em vez de dispersar os apoios por áreas muito específicas (distribuição, vendedores, diários com poucos recursos, apoios à modernização e serviço online), a ideia é concentrar todas as ajudas num fundo único de modernização da imprensa dividido por quatro áreas de necessidade: manutenção do pluralismo, distribuição, reestruturação, ou seja, modernização industrial e incentivo à inovação, criação e desenvolvimento. Embora o cenário ideal fosse a abolição dos apoios, os Estados Gerais reconhecem que tal não é viável, recomendando, por isso, uma reavaliação das práticas. Apesar destas recomendações, um relatório sobre a gestão das ajudas públicas à imprensa de Setembro de 2010, elaborado por Aldo Cardoso, conclui que o montante destinado pelo Estado à intervenção na imprensa foi aumentado, alcançando os mil milhões de euros em 2009, cabendo, desse montante, 60 por cento a apoios directos e 40 por cento aos indirectos. Entre 2008 e 2009, duplicaram as ajudas directas aos editores. Precisamente no início de 2009, durante o discurso de encerramento dos Estados Gerais, o Presidente Nicholas Sarkozy manifestou o desejo da utilização das ajudas no equilíbrio das contas das empresas e para a sua orientação para uma lógica de investimento, em vez de uma lógica de funcionamento (actualmente, 78 por cento das ajudas aos editores estão direccionadas para o funcionamento, e os restantes 22 por cento para o investimento).

51 51 Partindo deste pressuposto, os ministros que tutelam a Cultura e o Orçamento elaboraram uma carta de missão, a 23 de Junho de 2009, com uma reflexão no sentido de repensar a gestão dos apoios estatais concedidos à Imprensa no sentido de uma crescente eficácia. O relatório de Aldo Cardoso reconhece que apesar da ajuda que as subvenções prestam à manutenção do pluralismo, também criam mecanismos de dependência, ao não encorajarem a autonomia das empresas. Estas, por seu lado, também nunca mostraram interesse em rever essa relação de dependência. A primeira parte do relatório mostra o cenário de crise que afecta o sector: com 50 mil assalariados em todo o país, o sector tem enfrentado uma evolução negativa da difusão, défice em quase todos os títulos de imprensa diária nacional em 2009, quebra nas receitas publicitárias, custos elevados, falta de estabilidade nas vendas, dado que a grande maioria é feita em banca, e não por assinatura e concorrência da Internet difícil de acompanhar. É preciso ter em conta que, de acordo com o Instituto Montaigne, a França é o país europeu que mais beneficia com ajudas estatais. Trata-se também de um sistema muito fragmentado, ou seja, dividido por uma multiplicidade de dispositivos directos e indirectos - 20 identificados pela missão com um grande número de beneficiários. A missão divide os seus objectivos por quatro eixos fundamentais, sendo o primeiro um melhor acompanhamento do Estado à transição que a imprensa de informação terá de fazer para um cenário de reformas no apoio estatal.para combater a dispersão, a missão aconselha a uma abordagem contratual global por parte dos editores aos concursos públicos, transformando esta estratégia global numa condição de acesso, na mesma lógica do fundo único saído dos Estados Gerais. Além disso, a missão entende que as prioridades devem ser revistas, orientando-se as ajudas para outros objectivos como a inovação, a renovação da oferta, a promoção de novos modelos profissionais e o controlo de custos. As ajudas aos editores seriam reagrupadas num fundo estratégico plurianual, alimentado pelas actuais ajudas ao editor. Apesar de o montante envolvido ser alto (900 milhões de euros em cinco anos), o Estado pouparia perto de 500 milhões de euros. Em nome do sucesso das medidas, a missão recomenda uma intervenção faseada, começando pela imprensa diária nacional em 2011, prosseguindo no ano seguinte com a imprensa diária regional e diária por departamentos, a imprensa regional não diária e a informação de carácter político e generalista.

52 52 Um segundo eixo de actuação é dedicado aos leitores, através da proposta de intensificação de acções a seu favor. O terceiro eixo compreende o reforço dos mecanismos de regulação dos mercados de distribuição e difusão. Por fim, o quarto eixo contempla as medidas que a missão aconselha tendo em vista a reformulação das estruturas de direcção das ajudas à imprensa, que passariam por unificar o conjunto das estruturas de governo, com o objectivo de promover uma intervenção mais coerente, o incentivo de uma gestão operacional em administração central e o rápido estabelecimento de uma função de avaliação e controlo. O quadro que se segue mostra, em detalhe, as ajudas concedidas pelo Estado à imprensa francesa nos últimos três anos (valores em milhões de euros). Quadro 1 Ajudas do Estado à Imprensa AJUDAS DO ESTADO À IMPRENSA Modernização da imprensa diária de informação política e generalista e ajuda aos leitores ,2 Serviços de imprensa online 0, ,5 Modernização social da imprensa diária de info. política e generalista 26,7 24,7 22,7 Distribuição e promoção no estrangeiro Diários nacionais Info.P.G. com poucos recursos publicitários Ajuda aos semanais regionais 1,4 1,3 1,4 Diários regionais Info.P.G. com poucos recursos publicitários 1,4 1,3 1,4 Ajuda à distribuição da imprensa 8, Exoneração de encargos patronais dos transportadores Modernização da distribuição da Imprensa diária nac Redução da taxa SNCF de transporte de Imprensa 5,8 5,5 5,8 TOTAL AJUDAS AOS EDITORES ,8 180

53 53 Ajuda à modernização da difusão Ajuda extraordinária aos vendedores de imprensa Ajuda postal ,7 270 Assinaturas do Estado ao AFP Ajuda à reestruturação dos Presstalis Plano impressão TOTAL OUTROS DISPOSITIVOS ,7 435 TOTAL AJUDAS INDIRECTAS ,5 615,5 Exoneração TP (tarifas postais?) TVA muito reduzido Outros TOTAL AJUDAS DIRECTAS TOTAL INTERVENÇÃO DO ESTADO , Fonte: Cardoso, 2010 Em Janeiro do ano passado, Sarkozy anunciou um pacote de incentivos à imprensa. Um dos objectivos era incentivar a leitura entre os jovens, oferecendo assinaturas anuais de títulos a jovens entre os 18 e os 24 anos. De acordo com a última newsletter do OberCom, o ministro da Cultura e Comunicação francês já veio fazer o balanço da medida, tendo anunciado uma subida de 6 por cento nos índices de leitura da faixa etária abrangida pela medida. Ainda na senda do combate à crise mundial, o chefe de Estado francês anunciou ainda um aumento em nove vezes no apoio à distribuição de jornais, bem como a duplicação das despesas do Estado com publicidade na imprensa Modelos de apoios atribuídos pelo Estado à imprensa do Norte da Europa A norte, os sistemas de apoio à imprensa não assumem contornos tão complexos como em França, se bem que a tradição intervencionista do Estado se reflicta em ajudas significativas à imprensa. O modelo nórdico, como é conhecido pelo seu carácter bastante intervencionista, desenvolveu-se quando os jornais começaram a experimentar um período de declínio nas décadas de 60 e 70.

54 54 As ajudas à imprensa nos países nórdicos tiveram por base o papel preponderante da imprensa destes países na sociedade. Os movimentos democráticos nasceram precisamente de jornais anti-monárquicos, e na transição para a democracia, vários jornais eram detidos por partidos políticos (Picard, s/d). Esta tradição deu origem a uma multiplicidade de jornais, cujo número era, na Escandinávia, superior ao normal. Esta situação manteve-se mesmo com o surgimento da televisão, visto que o número de estações era reduzido. De notar que os canais televisivos nos países escandinavos eram, maioritariamente, detidos pelo Estado. Na origem da criação do modelo nórdico está sobretudo a crença de que os jornais desempenham um papel na sociedade que não encontra paralelo nos outros meios de comunicação e os elevados índices de leitura de jornais nos países escandinavos parecem confirmar esta teoria. Existe também uma percepção generalizada de que há factores económicos como a publicidade a influenciar a saúde financeira dos jornais, ou seja, esta não é apenas determinada pela procura dos leitores. Há também um princípio enraizado nestes países com elevados níveis de protecção social de que o Estado deve intervir quando determinado sector do mercado não alcança as metas sociais desejadas. Na linha deste princípio, existe também uma ideia segundo a qual o Estado deve estar pronto para prestar apoio na redução de custos dos jornais. Na Finlândia e Noruega, foram criadas ajudas destinadas à imprensa dos partidos políticos. Na Finlândia, os apoios parlamentares são distribuídos directamente aos partidos políticos, em função da sua representação no parlamento, para que estes os dividam pelas publicações da sua linha ideológica. No entanto, tanto num caso como no outro, foram também direccionadas ajudas para os jornais que ficavam mais para trás no mercado da concorrência. A Finlândia tem uma densidade populacional baixa, pelo que este tipo de ajuda tem como objectivo reduzir os custos de distribuição das publicações secundárias. No entanto, se se der o caso de uma publicação acumular os dois tipos de subsídios, estes não podem cobrir mais de 70 por cento dos custos declarados pela respectiva empresa. Em 2008, a Finlândia previa aumentar o montante de subsídios para 18,5 milhões de euros (mais 4,5 milhões do que no ano anterior), destinando-se 18 milhões à imprensa dos partidos, com forte tradição neste país. Não obstante, o número de jornais beneficiários tem vindo a diminuir. Em 2006, rondava os 10 por cento. No entanto, estudos demonstram que a dependência dos jornais finlandeses em relação aos subsídios tem vindo a aumentar. Além disso, em 2006, 28 por cento dos jornais beneficiários estavam em situação de debilidade financeira.

55 55 A Noruega tem um dos mais antigos sistemas de atribuição de subsídios, inaugurado em 1969, tendo sido logo seguida pela Suécia. Em ambos os países, a quantia era calculado tendo por base a circulação paga e os respectivos volumes de publicidade. A Noruega pretende, com os subsídios às publicações que não lideram o mercado, reduzir a possibilidade da formação de monopólios. Um dos critérios para a atribuição de subsídios é, aliás, que os beneficiários não tenham uma posição monopolista cuja circulação exceda os 60 mil exemplares. Terão de ser títulos com dificuldades económicas ou baixa circulação que, no entanto, não pode ficar abaixo dos dois mil exemplares. Na sequência destas regras, os jornais noruegueses ficam impedidos de receber apoios, caso tenham alcançado, no ano financeiro e sem subsídios, resultados operacionais superiores a 219 mil euros. Também ficam excluídos os jornais que tenham pago dividendos aos accionistas como forma de evitar o pagamento de subsídios aos respectivos detentores, os que são detidos por entidades públicas e os que auferirem um volume anual de publicidade superior a 50 por cento do total de receitas. Por fim, ficam de fora os títulos cuja venda por assinatura não alcance 50 por cento do total e aqueles que distribuam mais cópias gratuitas do que o permitido. Em 1999, a Noruega era tida como o país com maiores índices de leitura de jornais do mundo 93 por cento da população adulta lia pelo menos um jornal por dia. Naturalmente, o número de jornais (212 para 4,4 milhões de habitantes) era consonante com estes dados. Por outro lado, os noruegueses atribuem tradicionalmente grande importância aos seus jornais locais, o que ajuda a explicar a grande variedade de títulos existente no país. Mesmo com esta solidez, nem a Noruega escapou à crise que abalou a imprensa nas décadas de 50 e 60. Os custos de produção aumentaram, a concentração começou a fazer-se sentir e alguns títulos não sobreviveram. Para fazer face a este cenário, o governo introduziu, em 1969, subsídios selectivos à produção. Em 1972, foram introduzidos subsídios de carácter geral, sem ter em conta necessidades específicas de cada empresa. Com a concessão de apoios a alargar-se cada vez mais, em 1980, 80 por cento dos jornais noruegueses recebiam subsídios. Em 1995, foram acrescentados ao pacote de ajudas subsídios para apoiar novos títulos. A juntar a isto há ainda os benefícios fiscais, nomeadamente a isenção de IVA. Em 1999, vaticinava-se que a suspensão dos subsídios arrastaria consigo 20 a 40 títulos, mas ainda assim a imprensa continuaria sólida.

56 56 À semelhança da Finlândia, também a Noruega direcciona apoios às publicações escritas em idiomas minoritários, mas em 2006 decidiu cortar o apoio às actividades dos partidos políticos. Não obstante, no mesmo ano foram introduzidas novas subvenções para ajudar a imprensa a fazer face à subida das tarifas postais. Em 2005, o total de ajudas concedido aos jornais noruegueses cifrou-se em 40 milhões de euros. Ao contrário dos seus congéneres escandinavos, a Dinamarca começou por ser contida na concessão de ajudas à imprensa. Em 1970, concedeu uma pequena contribuição aos jornais com menor projecção, mas em 1984 alargou as ajudas para a modernização de jornais, novos lançamentos e reestruturações. Apesar de a soma dos apoios à imprensa na Dinamarca totalizar apenas 1,88 milhões de euros em 2005 um valor baixo, se comparado com o dos restantes países escandinavos, há que contar também as ajudas indirectas, como a isenção de IVA para jornais e revistas generalistas. A acrescentar a isto, em 2005, foi aprovado um programa que concedeu 3,76 milhões de euros de apoio a publicações sem fins lucrativos e o parlamento dinamarquês aprovou a concessão de 43,29 milhões de euros de ajudas à distribuição de jornais diários. Na Suécia, o número de jornais pagos tem vindo a diminuir desde meados dos anos 80, pese embora as ajudas estatais. Neste país, em 1976/77, foram atribuídos apoios ao lançamento de novos jornais de periodicidade não diária (entre uma e três edições semanais), que se traduziam na concessão de um empréstimo até dois anos sem juros nem amortizações. Em resultado deste apoio, nasceram 25 novos títulos. No entanto, este tipo de ajuda só esteve em vigor até É importante referir que na Suécia, onde os sociais-democratas foram quem mais vezes ocupou a cadeira do poder nos últimos 80 anos 1, o jornal conservador, Svenska Dagbladet, tem levado uma grande fatia dos apoios estatais, considerados de importância vital para que o diário possa manter a competição com o rival liberal, Dagens Nyheter. Em 2005, o total de ajudas concedidas a diários suecos ascendia a cerca de 49 milhões de euros. Verificou-se uma ligeira subida no ano seguinte, para em 2008 (dados mais recentes) regressar a valores idênticos. São apoios fixados por lei que têm em conta a circulação semanal, embora exista um tecto máximo. Apesar destes números, os subsídios representam apenas três por cento do volume de facturação da imprensa sueca. 1 Actualmente, o país é governado por uma coligação de centro-direita.

57 57 Não obstante o apoio findo em 1987, desde 1972 que a Suécia concede ajudas directas a jornais ditos secundários, ou seja, que não sejam líderes de mercado, mediante determinados critérios: os títulos têm de ter uma circulação mínima de dois mil exemplares, ser vendidos essencialmente através de assinatura, fixarem um preço de revenda que não prejudique a concorrência, não estarem orientados exclusivamente para interesses desportivos, religiosos ou outros, terem um máximo de 49 por cento de publicidade e não terem um alcance superior a 40 por cento das casas na zona de presença mais forte. O sistema sueco tem tido sucesso por várias razões: primeiro, por assentar na transparência. Apesar de existir uma comissão para a aplicação de subsídios, essa comissão tem pouca margem de manobra, pelo facto de o sistema se orientar por regras fixas. Depois, porque são tidos em conta os interesses publicitários e também porque o próprio volume de publicidade é calculado tendo por base os três anos anteriores, em vez do último ano. Isto evita que os jornais encontrem formas de contornar os valores para terem direito a mais subsídios. Quadro 2 Tipologia e Evolução das Ajudas Estatais Ano Ajudas operacionais (M ) Ajudas ao desenvolvimento (M ) Ajudas à distribuição (M ) Total (M ) % ,75 0,43 8,12 49,3-2, ,95-8,09 50,04 1, ,94-7,13 49,07-1, ,24-7,15 49,38 0,6 Fonte: Enström & Gustafsson, 2009, cit. por Ots Na Áustria, o Estado introduziu um subsídio em 1975 para ajudar a imprensa a fazer face a um aumento de impostos. Dez anos mais tarde, é aplicado outro subsídio à imprensa, desta feita direccionado para os diários secundários, como garante da diversidade. O assunto gerou discussão política, dando origem a uma resolução, posta em prática em Janeiro de 2004, à luz da qual foi revisto o subsídio para a manutenção da variedade. Ficaram estabelecidos dois critérios para classificar os diários secundários no mercado: o número de leitores e a quantidade de publicidade. A resolução de 2004 transferiu também a responsabilidade pela atribuição de

58 58 apoios para uma Autoridade de Comunicações, a KommAustria. Além dos apoios referidos, o IVA aplicado à venda de jornais é de apenas 10 por cento, quando o habitual é 20 por cento. No entanto, na Áustria, a política de subsídios não tem surtido bons resultados pelo facto de haver uma cláusula muito restritiva no que à publicidade diz respeito: os títulos cujo volume médio de publicidade por edição seja superior a 22 por cento ficam sem direito a subsídio. Isto significa um incentivo às falcatruas contabilísticas e à manutenção de jornais fracos e com poucas condições numa situação que apenas se pode classificar como de sobrevivência, sem perspectiva de crescimento Outras perspectivas de apoios europeus e o caso do modelo holandês, belga e espanhol Em 1967, a Holanda arranjou uma forma de compensar os jornais pelas perdas motivadas pela chegada dos media electrónicos, nomeadamente a televisão. Em 1989, os subsídios à imprensa passaram a assumir um carácter institucional, obedecendo os jornais a um processo de candidaturas. As publicações com menos recursos económicos podem candidatar-se a empréstimos com juros reduzidos ou a receber garantias para empréstimos. As ajudas concedidas aos media holandeses são administradas pela Agência Holandesa de Fundos para a Imprensa. Desde 1971, são concedidos créditos e subsídios destinados à reorganização e junção de projectos na área da imprensa e à compensação temporária de títulos diários. No entanto, desde 2002 são atribuídos apoios para a investigação, internet e ajudas a grupos linguísticos minoritários, o que denota uma preocupação em actualizar prioridades. A tendência tem sido privilegiar projectos específicos e inovadores. A Bélgica também optou pela via das ajudas indirectas às grandes empresas, através de apoios reflectidos nas tarifas postais e de telecomunicações. Para as empresas mais vulneráveis, o Estado belga direccionou apoios selectivos. A partir de 1987, parte das receitas publicitárias de rádio e televisão foram redireccionadas para a imprensa para, à semelhança do que acontecera na Holanda, fazer face aos media electrónicos. A partir de 1988, a concessão de subvenções, até aí da responsabilidade do governo federal, passou para a alçada dos governos das comunidades linguísticas belgas. O governo flamengo deixou de conceder ajudas directas, optando por apoiar a formação de jornalistas para o uso de novos produtos e tecnologia. O protocolo pelo qual se rege a aplicação de subvenções na comunidade, assinado em 2003, estabelece um total de 1,4 milhões de euros, divididos por dois objectivos: 900 mil euros para a melhoria da qualidade da escrita na imprensa e 500 mil euros para a promoção da leitura de jornais.

59 59 Já a comunidade francófona manteve as ajudas directas, distribuindo os apoios por lançamento de novos jornais, apoio na formação jornalística e para as novas tecnologias, apoio aos jornais economicamente mais vulneráveis e incentivos à distribuição de jornais em instituições educativas. De 2004 a 2007, estes apoios foram concedidos através do orçamento da comunidade e das ajudas das estações televisivas. A partir de 2008, o financiamento passou a advir exclusivamente do orçamento da comunidade. As subvenções directas atribuídas à imprensa da comunidade francófona, que em 2006 se cifraram em euros, têm como objectivo promover a criação de novas publicações, o incentivo à leitura de jornais e ao desenvolvimento de programas de educação de leitores, o emprego de jornalistas a tempo inteiro e a adaptação das empresas às novas tecnologias. O governo reserva também uma quantia para títulos com receitas de publicidade baixas. Nos países europeus com economia liberal e forte sector de imprensa, generalizaram-se os argumentos contrários à aplicação de subsídios. Em 1977, foi divulgado no Reino Unido um relatório da Real Comissão McGregor sobre os sistemas de subvenção aplicados na Europa. O documento concluía não haver indícios de melhoria no pluralismo ou na diversidade causados pela concessão de subsídios. Acrescentava-se ainda que estes apoios podiam colocar em causa a independência da imprensa, ao colocá-la sob a alçada do Estado. Ainda segundo o relatório, as subvenções distorciam o mercado e podiam prejudicar as publicações existentes. Apesar disto, o relatório mostrava-se favorável às ajudas indirectas, aplicadas, aliás, no Reino Unido, onde as vendas de jornais não estão sujeitas a IVA e as publicações beneficiam de tarifas postais especiais. Apesar de a economia alemã não se enquadrar tão facilmente na ideologia liberal, as políticas em relação à imprensa são semelhantes às praticadas no Reino Unido. A intervenção estatal na economia fica reservada para períodos de grande crise industrial. Também a Alemanha optou por fornecer ajudas indirectas, nomeadamente através da distribuição e apoio a actividades de educação política. Embora a Alemanha se recuse tradicionalmente a aplicar subvenções directas, já debateu este assunto durante os anos setenta, numa altura de crise de produção, recessão na publicidade e conflitos no sector das artes gráficas. Não obstante os modelos de atribuição de ajudas financeiras aqui explorados, será pertinente referir o debate que se tem gerado em países com tradições distintas no que aos subsídios diz

60 60 respeito, como é o caso do Reino Unido, Polónia, Suécia ou Noruega. A ideia que une estes países baseia-se no pressuposto de que a convergência tecnológica tornou impossível o apoio às empresas tradicionais de media. Em vez de apoiar empresas, a ideia subjacente a este debate preconiza o apoio a um determinado estilo de conteúdo. Por seu lado, o governo espanhol teve uma tradição de ajuda à imprensa até à entrada de Espanha na União Europeia, em Até essa data, o Estado concedia apoios nas áreas da difusão, do consumo da imprensa nacional e do desenvolvimento tecnológico. Uma norma europeia obrigou à supressão do apoio à imprensa nacional, mas o Estado acabou por cortar todas as ajudas directas, mantendo-se apenas a publicidade institucional, justificando a decisão com base nas melhorias alcançadas pelo sector. As ajudas indirectas acabaram também por ser cortadas, mantendo-se apenas as relativas às tarifas postais. A partir daqui, o dossier dos apoios à imprensa passou a estar a cargo dos governos das regiões autónomas. Nas Astúrias, o objectivo da concessão de ajudas relaciona-se com o fomento da existência de espaços em asturiano ou galego-asturiano nos media. Os critérios de atribuição têm em conta factores como a difusão, a periodicidade, a projecção social, as páginas em asturiano, o pessoal das respectivas redacções e o nível de normalização da língua usada (Gil, 2008). Em 2007 foi atribuído um montante de euros a 21 projectos de 13 empresas. Nas Ilhas Baleares, as ajudas à imprensa destinam-se essencialmente ao incentivo da imprensa em catalão. No entanto, este não foi o caso em 2007, ano analisado pelo referido estudo de José Blasco Gil. Neste ano, o governo da região concedeu ajudas através de duas convocatórias: uma em Março, totalizando 900 mil euros, e a seguinte em Maio, pouco antes das eleições para o parlamento, ao abrigo da qual foram concedidos quatro milhões de euros. Há também a acrescentar um apoio concedido neste ano pelo Fundo de Garantia Agrária e Pesqueira. Para 2008, a Direcção Geral de Política Linguística das Baleares anunciou um pacote de medidas destinado à normalização do catalão na imprensa. Também na Catalunha, o incentivo do uso do catalão é o principal mote para a atribuição de subsídios. De notar que este é um modelo antigo, criado em 1983, o que significa que chegou a ser aplicado em simultâneo com as ajudas do governo central. Em 2007, foi atribuído um total de euros de apoios aos meios de comunicação catalães.em 2008 estava prevista a entrada em vigor de um novo tipo de ajuda, desta vez indirecta, para incentivar a leitura da imprensa pelos jovens. A medida, inserida no Plano de Fomento da Leitura , previa

61 61 oferecer aos jovens com mais de 18 anos a subscrição de um diário por um período de três meses. A par da Catalunha, também o País Basco tem um antigo sistema de atribuição de ajudas, iniciado em Em 2007, foram atribuídos euros de apoios, distribuídos por vários órgãos. Nesta região, podem ser abrangidos os diários e revistas escritos integralmente no idioma local e suplementos em basco de publicações escritas em castelhano. Também a Comunidade Valenciana valoriza o idioma valenciano. Em 2007 foram atribuídos ,93 de apoios a empresas ou associações editoras e ,07 a emissoras de rádio. Para 2008, a Academia Valenciana da Língua, sobre quem recai a responsabilidade da atribuição de subsídios, prevê um orçamento de 50 mil euros destinados a ajudas à comunicação social. A Galiza, através da Secretaria Geral de Comunicação, atribui dois tipos de subsídios baseados na promoção do idioma galego: um deles destina-se às publicações redigidas integralmente em galego; o outro é direccionado para empresas jornalísticas e de radiodifusão que, mesmo escritas em castelhano, reservem espaço para o idioma galego. Em 2007, o valor destes apoios cifrou-se em 640 mil euros. As publicações em papel ou electrónicas e as emissoras de rádio que dêem protagonismo à cultura e identidade galegas, bem como à língua, também podem ser contempladas com ajudas. Em 2007, a Xunta de Galicia atribuiu um montante de euros a este tipo de empresas. O modelo aplicado em Navarra é semelhante, tendo em 2007 sido direccionados euros de apoios para a promoção do idioma basco na imprensa, rádio e televisão. Uma Comissão Técnica de Valoração é encarregue de avaliar as candidaturas das empresas aos apoios, tendo em conta parâmetros como a capacidade de auto-financiamento de cada projecto, a repercussão do mesmo para o desenvolvimento do idioma basco e o uso das variantes contidas no idioma. Nas Canárias, o modelo de ajuda tem em conta sobretudo os custos da insularidade. Sendo assim, a Direcção Geral de Transporte tem a pasta da atribuição de apoios neste território. No primeiro semestre de 2007, foram atribuídos 200 mil euros de ajudas ao transporte de jornais entre as ilhas. Os montantes atribuídos podem custear até 40 por cento das despesas com o transporte. A comunidade andaluza foi das últimas a instituir um modelo de ajudas. Só em 2007 foi aprovada a norma reguladora da concessão de ajudas, apesar de o parlamento andaluz ter aprovado uma moção nesse sentido já em Ao abrigo desta norma, foram atribuídos 500

62 Andaluzia Astúrias Baleares Catalunha País Basco Comunidade Valenciana Galiza Navarra Canárias Áustria Finlândia França Noruega Espanha 62 mil euros de ajudas em 2007, cujo objectivo era cobrir até 70 por cento dos gastos com contratação de pessoal, impressão e apoio a outros projectos destinados a incentivar a leitura de jornais ou o aumento da difusão. Trata-se de um modelo que se baseia em ajudas selectivas, e cujo objectivo principal é o incentivo à leitura. Os montantes atribuídos não podem ultrapassar os 100 mil euros por beneficiário. Quadro 3 Montantes do Apoio ao Incentivo à Leitura dos países Europeus País 12, ,67 37,58 4 0,5 0,26 4,9 20,72 4,3 0,24 0,64 0,298 0,2 * Montantes de 2007 (valores em milhões de euros) Fonte: Segundo Alonso, I. & Gil, J. (2008) Por conseguinte, as políticas de apoio à imprensa variam conforme a cor política do governo em causa, a conjuntura económica e os desafios que se apresentam à imprensa. Se a Holanda e a Bélgica optaram por compensar os seus jornais pelas perdas originadas pela concorrência da televisão, que posição irão tomar perante a concorrência digital, que permite ao utilizador ter acesso à informação que quiser sem custos adicionais? 2 Ao valor apresentado acrescem ajudas a editores, associações e projectos de investigação. 3 Independentemente destes apoios, o Ministério da Educação concede 800 mil euros de ajudas anuais à imprensa cultural. 4 Há ainda um valor adicional atribuído a publicações redigidas em idiomas minoritários.

63 63 A concorrência online é hoje reconhecida como um grande teste à imprensa para se reinventar, e tem sido uma das grandes causas da perda de leitores, principalmente entre o público jovem e com fácil acesso à Internet. Um relatório de Setembro do presente ano, dirigido ao ministro da Cultura e Comunicação francês e ao seu congénere das Finanças, aconselha o governo a rever a sua postura e clarificar objectivos, a intensificar o incentivo à leitura, a reforçar a regulação nos sectores da distribuição e difusão e a rever o funcionamento das estruturas responsáveis pelo modo como as ajudas são direccionadas. Por outro lado, um dos argumentos de quem se posiciona contra as subvenções é o facto de elas não terem contribuído para diminuir a tendência de decréscimo do número de jornais no pósguerra. Os subsídios também não evitaram a concentração no sector dos media. Na Holanda, 60 por cento da tiragem é dominada por duas empresas, na Noruega 50 por cento e na Finlândia 40 por cento. O caso norueguês torna-se particularmente relevante se tivermos em conta que o Estado direcciona uma parte dos apoios à imprensa para a redução da possibilidade de formação de monopólios. Além disso, há estudos de académicos que analisam a economia dos media que demonstram que o mercado dos media tende para uma situação de crise e que os subsídios não exercem uma acção correctora dessa fragilidade nem estimulam a competitividade. Há estudos recentes que sustentam, inclusive, que os subsídios contribuem para a distorção do mercado. Na Noruega, pese embora a sua tradição intervencionista, há quem se posicione desfavoravelmente em relação à aplicação de subsídios, nomeadamente depois do fecho, em 1982, de 18 títulos secundários que beneficiavam de apoio estatal. Mesmo as ajudas indirectas, aplicadas por países que tradicionalmente se opõem aos subsídios, são apontadas como prejudiciais. É o caso das ajudas à distribuição postal e regulação dos preços. A falta de regulação de condutas anti-competitivas e à regulação dos preços foram também identificadas como nocivas para o mercado. De facto, mesmo nos países escandinavos, onde os apoios à imprensa assumem uma dimensão apenas superada pela França, há uma tendência para repensar a utilidade das ajudas e rever critérios de aplicação. Além disso, analistas como Picard (1997) têm demonstrado que as empresas não têm usado os subsídios a favor do seu desenvolvimento, tecnológico ou outro. Além do fraco aproveitamento dos recursos disponibilizados, há também o argumento de que as

64 64 democracias já estão suficientemente consolidadas para precisarem deste tipo de empurrão ao pluralismo e à liberdade de expressão. De acordo com o Office of Fair Trading, os subsídios podem induzir alterações de mercado prejudiciais para o consumidor, inflacionando os preços. Isto porque, segundo este organismo, a atribuição de subsídios diminui a necessidade de competitividade, e, consequentemente, de reduzir preços o mais possível. Um outro efeito na competitividade prende-se com o modo como os subsídios afectam os custos de produção e as decisões sobre o que produzir, quanto e em que quantidade, decisões essas que vão ser tomadas pelas empresas de forma distinta, consoante sejam ou não beneficiárias de apoios estatais e de acordo com o volume que auferem. Um outro aspecto importante focado por este departamento é o possível incentivo que os subsídios podem dar à redução da eficiência das empresas, porque se houver uma previsão de compensação de desempenhos aquém do esperado com subsídios, as empresas não se vão sentir pressionadas a melhorar. Há ainda a salientar o risco de algumas empresas gastarem o seu tempo e os seus recursos em tentativas para obter mais subsídios, em vez de procurarem reinventar-se e desenvolver-se de forma autónoma. No entanto, e se for tomada em consideração a função de serviço público que a imprensa deve cumprir, talvez seja demasiado arriscado colocar um carimbo meramente comercial nas empresas jornalísticas. Veja-se o caso espanhol, onde em quase todas as regiões autónomas existe a preocupação de direccionar subsídios ao fomento da língua e cultura locais. No entanto, há também quem defenda, como Edwin Baker, que os subsídios aplicados com prudência são a melhor solução para favorecer a igualdade. Uma das razões apontadas pelos países liberais para não conceder ajudas directas prende-se com o risco de intervenção excessiva do Estado e consequente perda de independência da imprensa. No entanto, será bom lembrar o exemplo sueco de concessão de apoios à imprensa com ideologia de sinal contrário. Não obstante, também será conveniente referir os casos da Noruega e Finlândia, que destinam uma parte dos subsídios à imprensa partidária. Em termos genéricos, os apoios à imprensa têm vindo a diminuir desde os anos oitenta, como resultado de uma viragem no sentido do liberalismo económico. A par disso, os jornais continuam em processo de declínio. Na senda da teoria da distorção do mercado causada pelos subsídios, há quem defenda que estes têm funcionado como uma barreira para que os jornais se tornem competitivos, nomeadamente em relação às tecnologias.

65 65 Será interessante verificar, nos próximos anos, como esta tendência evolui, tendo em conta o momento de crise económica e financeira que a Europa atravessa, a necessidade dos governos de conter gastos e as directrizes da União Europeia e das economias mais poderosas no sentido dessa mesma contenção. Além das dúvidas em torno da utilidade dos subsídios, coloca-se a questão da sobrevivência dos media tradicionais face ao multimédia, e ao conceito inovador de agregar todas as plataformas (vídeo, áudio e texto) numa só, além do já mencionado carácter multifacetado que permite ao utilizador escolher a informação que lhe interessa, em vez de se contentar com aquela que lhe é dada. No entanto, a informação disponibilizada através da Internet não oferece ao leitor garantias de credibilidade, e esse pode ser o caminho para a sobrevivência da imprensa tradicional. Humphreys (2008) crê que a imprensa tradicional se deve orientar para a especialização e para o jornalismo de investigação, embora reconheça que as empresas nem sempre dispõem dos recursos necessários para estas empreitadas. Por isso, este autor mostra-se favorável a modelos de aplicação de fundos destinados à investigação, como acontece na Holanda. Neste caso, tratase de um fundo que não só fomenta o jornalismo de investigação como também a investigação sobre como se faz jornalismo. Capítulo 4 Regime Jurídico dos Incentivos aos Media em Portugal 4.1. O regime jurídico dos incentivos à comunicação social das origens à actualidade 5 1. As primeiras medidas de apoio à comunicação social: do período da I Guerra Mundial a 1974 O primeiro diploma legal abrangendo um conjunto alargado e sistematizado de incentivos estatais à comunicação social surgiu em 1987, através da Portaria n.º 414-A/87, de 18 de Maio. No entanto, formas de apoio do Estado a este sector de actividade tinham surgido desde o início do século XX, embora apenas viessem a assumir maior relevo já depois de 25 de Abril de As primeiras medidas de apoio à comunicação social terão surgido em plena I Guerra Mundial: o aumento do custo do papel de impressão, motivado por aquele conflito, imporia a aprovação de uma lei (Decreto n.º 3773, de 19 de Janeiro de 1918), na qual se estabelecia que as publicações periódicas eram dispensadas de franquia postal. No mesmo diploma, que se previa 5 Não se incluem nesta resenha dos incentivos à comunicação social regional e local os regimes das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Na primeira, está actualmente em vigor o Promedia II II Programa Regional da Apoio à Comunicação Social privada para o quadriénio , previsto no Decreto Legislativo Regional nº 10/2009/A, de 22 de Maio, e no Decreto Regulamentar Regional nº 9/2009/A, de 16 de Julho. Na segunda, vigora o Sistema de Apoios aos órgãos de comunicação social da Região Autónoma da Madeira, previsto na Portaria nº 233/94, de 21 de Outubro.

66 66 viesse a vigorar até seis meses depois do final da guerra, estabeleciam-se limites mínimos para os preços de venda e de assinatura dos jornais portugueses, bem como limites máximos de páginas (em geral, quatro páginas para os matutinos e duas para os jornais da tarde e da noite ). A dispensa de franquia postal seria tornada extensiva às publicações expedidas de e para as colónias portuguesas através do Decreto n.º 3954, de 16 de Março de Apesar de, como atrás se referia, se estipular que este incentivo vigorasse apenas até seis meses depois do final da guerra, o diploma seria apenas revogado em 29 de Setembro de 1926 (Decreto-Lei nº ), já depois do golpe militar e da instauração da Ditadura, ou seja cerca de oito anos depois do previsto. Neste texto legal, estabelecia-se apenas uma redução de franquia até vinte centavos, proporcional ao número de jornais. Aquelas medidas de apoio eram igualmente justificadas pela insuficiência das providências tomadas em lei anterior, de Abril de 1916 (lei n.º 511), em que se autorizara a importação excepcional da quantidade de papel necessária para as empresas jornalísticas e admitira a fixação administrativa do preço do papel nacional em função do custo do papel importado. O final da I Guerra Mundial não libertaria a imprensa dessa grave crise, o que imporia novas medidas. Justificando-as com a elevação dos preços de papel, material tipográfico e outro, além da elevação dos vencimentos ao pessoal, o Decreto n.º 6703, de 24 de Janeiro de 1920, imporia novos limites mínimos para os preços de venda e de assinatura dos jornais. Em 1924, invocando experiências estrangeiras, o Governo, através do Decreto n.º 10421, de 31 de Dezembro, concederia um desconto de 75% nos preços dos bilhetes de comboio aos profissionais da imprensa, munidos da Carteira de Identidade, que fora justamente criada poucos dias antes. A partir de 1933, os jornalistas passam a ter direito a um desconto de 50% na expedição de telegramas noticiosos (Decreto-Lei n.º 24006, de 13 de Junho de 1934, e, com alcance semelhante, Decretos-Lei n.ºs 26474, de 30 de Março de 1936, 31119, de 30 de Janeiro de 1941, 43956, de 7 de Outubro de 1961 e 46833, de 11 de Janeiro de 1966). 2. Os incentivos à imprensa e às rádios locais depois de O porte pago ou incentivo à leitura. As medidas de apoio à imprensa e aos seus profissionais seriam instituídas de forma mais ampla depois da instauração, em 1974, do regime democrático.

67 67 A primeira, sem dúvida aquela que teria mais custos para o erário público, seria o pagamento pelo Estado das taxas de expedição postal das publicações periódicas. Este incentivo, designado por porte pago apenas a partir de uma resolução do Conselho de Ministros de Julho de 1979, foi criado através de um despacho conjunto de 20 de Setembro de 1976, publicado na I Série do Diário da República de 14 de Outubro de Com o argumento de que as taxas de regime postal tinham registado um aumento alguns meses antes, determinavam os membros do Governo signatários os ministros das Finanças e dos Transportes e Comunicações e o Secretário de Estado da Comunicação Social que seria estabelecido um regime provisório desde 1 de Outubro até ao final do ano (1976), de acordo com o qual o Estado pagaria as taxas de expedição postal das publicações periódicas que o requeressem e ainda as despesas realizadas para liquidação dessas tarifas, desde 1 de Junho de 1975 até 30 de Setembro de No entanto, no mesmo despacho recordava-se a inadiável necessidade de reduzir de forma sensível o deficit corrente do sector público pelo que se considerava previsível a inviabilidade de manutenção, já no próximo ano, de um nível de subsidiação do grau do que ora se verifica e argumentava-se que o recente agravamento do preço dos jornais não justifica a manutenção de tão pesados encargos para o Orçamento Geral do Estado. Do âmbito deste incentivo eram excluídas as publicações de carácter pornográfico, as que tivessem conteúdo publicitário em mais do que dois terços do espaço total, os jornais ou revistas de partidos políticos, associações de classe ou agremiações desportivas, as publicações periódicas de conteúdo exclusivamente religioso, sem distinção de crenças e as de circulação gratuita ou, não o sendo, exclusivamente distribuídas a um grupo limitado de pessoas. Aliás, este elenco de publicações excluídas manter-se-ia, salvo alterações pontuais, em toda a posterior regulamentação deste incentivo. Apesar do seu anunciado carácter transitório, este incentivo à expedição postal, o mais dispendioso dos apoios à comunicação social, manter-se-ia em vigor até hoje, embora, como adiante se enunciará, o seu regime tenha sofrido frequentes (23 diplomas legais entre 1976 e 1990!) e importantes modificações em diversos momentos. Em 1979, a comparticipação do Estado nas despesas do porte pago da imprensa regional relativamente aos assinantes residentes do estrangeiro é fixada em 60%, percentagem que em Maio de 1980 é elevada para 100%. Em 1994 (Portaria n.º 169-A/94, de 24 de Março), acaba o porte pago para as publicações de âmbito nacional, mantendo-se apenas para as regionais. A partir de 1997, depois de muitos anos em que o Estado assumira a totalidade dos custos de expedição postal, a legislação (nomeadamente os decretos-lei nºs 37-A/97, de 31 de Janeiro, 136/99, de 22 de Abril, 56/2001, de 19 de Fevereiro, 6/2005, de 6 de Janeiro e 98/2007, de 2 de Abril e a Lei n.º 21/97, de 27 de Junho) estabelece a

68 68 comparticipação parcial como regra geral, variando a respectiva percentagem consoante a periodicidade, a natureza da publicação e o número de jornalistas profissionais ao seu serviço. Denominado desde o Decreto-Lei nº 98/2007, de 2 de Abril, como incentivo à leitura, uma vez que os portes de correio não são já integralmente pagos, esta forma de apoio indirecto traduz-se na comparticipação pelo Estado dos custos da expedição postal de publicações periódicas suportados pelos assinantes residentes no território nacional ou em território estrangeiro, mediante o seu pagamento aos operadores postais, em regime de avença. De acordo com o preâmbulo daquele diploma, o incentivo privilegia inequivocamente o apoio aos leitores e não às empresas e tem em conta os limites impostos pelas regras legais da União Europeia. Actualmente, a comparticipação do Estado é, excepcionalmente, de 95% para as publicações dirigidas aos deficientes, e de 40% (foi de 60 e 50 por cento respectivamente em 2007 e 2008) para as restantes publicações abrangidas: publicações periódicas de informação geral de âmbito regional ou especialmente destinadas às comunidades portuguesas no estrangeiro, que preencham cumulativamente um conjunto de requisitos relativos ao número de profissionais, ao número de jornalistas com carteira profissional e à tiragem em função da sua periodicidade. Desta forma, no caso em que a periodicidade seja igual ou inferior à trissemanal, a entidade proprietária deverá ter, pelo menos, cinco profissionais com contrato de trabalho ao seu serviço, dos quais três jornalistas com carteira profissional, e uma tiragem média mínima por edição de 5000 exemplares nos seis meses anteriores à data de apresentação do requerimento de candidatura; no caso em que a periodicidade seja superior à trissemanal e igual ou inferior à semanal, a entidade deverá ter pelo menos três profissionais, dos quais dois jornalistas e uma tiragem de 3000 exemplares; quando a periodicidade for superior à semanal e igual ou inferior à quinzenal, são exigidos dois profissionais, dos quais um jornalista e uma tiragem mínima de 1500 exemplares; para uma periodicidade superior à quinzenal e igual ou inferior à mensal, a lei impõe pelo menos a existência de um profissional, mesmo que não seja jornalista, e uma tiragem de 1500 exemplares; finalmente, no caso das publicações com uma periodicidade igual ou inferior à mensal, que não ocupem com conteúdo publicitário uma superfície superior a 10% do espaço disponível, a lei impõe apenas uma tiragem mínima de 1500 exemplares (art. 4.º do DL n.º 98/2007, de 2 de Abril); e, desde que não ocupem com conteúdo publicitário uma superfície superior a 20% do espaço disponível, incluindo suplementos e encartes, as publicações reconhecidas como tendo manifesto interesse em matéria científica e tecnológica, ou em matéria literária ou artística, ou que estimulem o relacionamento e o intercâmbio com os povos dos países e territórios de língua portuguesa; ou ainda que tenham por objecto principal a promoção da igualdade de género (Artigo 5.º da Lei n.º 98/2007). De acordo com a legislação em vigor, constituem condições de acesso a este incentivo, estar classificado pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social como publicação de

69 69 informação geral de âmbito regional ou especialmente dirigida às comunidades portuguesas no estrangeiro ou de informação especializada; estar registado naquela entidade reguladora há pelo menos um ano; ter um período mínimo de edições ininterruptas, conforme a periodicidade, no período imediatamente anterior à candidatura (diária - um ano de edições e superior à diária - cinco ou dois anos de edições, conforme se trate, respectivamente, de publicações de informação geral de âmbito regional ou de informação especializada; periodicidade não superior à mensal ou anual, tratando-se, respectivamente, de publicações de informação geral ou de informação especializada). Ainda nos termos da legislação em vigor sobre o incentivo à leitura (artigo 6º do Decreto-Lei nº 98/2007), as entidades titulares de publicações periódicas de informação geral de âmbito regional que tenham uma periodicidade igual ou inferior à mensal podem alojar gratuitamente as suas edições electrónicas em linha num portal da imprensa regional disponível na Internet, garantindo-se a sua autonomia e independência editorial na gestão dos conteúdos, incluindo a possibilidade de sujeitar a pagamento o acesso dos leitores a edições electrónicas. O incentivo do porte pago representou, entre 1991 e 2004, uma percentagem superior a 90 por cento das verbas totais relativas aos incentivos estatais à comunicação social, nomeadamente a de âmbito regional. O fim da comparticipação a 100 por cento e a progressiva dimunuição da respectiva percentagem teria como consequências, não só uma acentuada diminuição dos custos deste incentivo, como o início de uma clara redução do número de publicações periódicas regionais que a ele se candidatam e dele beneficiam. Em 2009, o número de beneficiários deste incentivo, que fora de 717 em 2000, reduziu-se para 229 publicações, ao mesmo tempo que os montantes anuais envolvidos neste incentivo, que em 1993 tinham chegado a atingir o equivalente a 22,3 milhões de euros, diminuiriam para pouco mais de 4 milhões de euros. O incentivo à leitura beneficia hoje sobretudo a imprensa regional, tendo sido em geral justificado não só pela fragilidade de grande parte das empresas do sector, atendendo ao reduzido número de leitores e à escassez do mercado publicitário, como à dispersão dos seus assinantes, muitos dos quais só poderão ter acesso àquelas publicações mediante o pagamento de uma assinatura e da correspondente recepção via postal. No entanto, ao contrário do que se passava no período em que o Estado subsidiava integralmente o custo da expedição postal, existe hoje um número significativo de empresas jornalísticas proprietárias de publicações (estimado em cerca de quatro centenas) que não se candidata a este incentivo, optando por organizar, sem ajuda estatal, esquemas próprios de distribuição.

70 O subsídio para consumo de papel ou subsídio de papel ou subsídio de difusão A atribuição aos jornais e revistas de um subsídio não reembolsável relativamente ao custo do papel utilizado, respeitados que fossem critérios relacionados designadamente com as tiragens e sobras, constituiu, a seguir ao porte pago, o segundo incentivo de apoio à imprensa e também, como adiante se verificará, um dos mais dispendiosos. Criado através de uma resolução do Conselho de Ministros, que visava sobretudo a imprensa estatizada, participada e intervencionada, que então (Outubro de 1977) predominava no panorama da imprensa de âmbito nacional, este incentivo, que teria várias designações ao longo da sua vigência, viria a ser regulamentado pelo Despacho Normativo n.º 303/78, de 24 de Novembro. Nele se estabelecia que a verba a atribuir dependia dos exemplares efectivamente vendidos, incluindo os distribuídos por assinatura. Relativamente a 1978, a verba seria calculada através da divisão da verba inscrita no Orçamento Geral do Estado desse ano 125 mil contos (cerca de 600 mil euros) pelo número total de exemplares vendidos naquele ano. Podiam candidatar-se ao incentivo, as publicações periódicas de informação geral de periodicidade mínima semanal, excepto, entre outras, as gratuitas, pornográficas, editadas por partidos políticos, associações de classe ou agremiações desportivas, as confessionais ou de inspiração religiosa e as editadas pela Administração Central ou Local. O regime jurídico deste incentivo sofreria diversas alterações. Em Junho de 1979 (Despacho Normativo n.º 130-A/79, de 8 de Junho, que estabelecia o regime aplicável para esse ano), dispunha-se que apenas teriam a ele direito as publicações de âmbito regional de periodicidade diária com um mínimo de 1000 exemplares e de expansão nacional, que se publicassem pelo menos uma vez por semana e tivessem superior a exemplares. Em Agosto do mesmo ano, o incentivo (em 1979, de 145 mil contos cerca de 725 mil euros) era alargado aos mensários, no caso das publicações de âmbito nacional. Em 1980 (Despacho Normativo n.º 112/80, de 5 de Abril), estabelece-se que a partir do segundo semestre desse ano, as publicações periódicas apenas poderão beneficiar do incentivo se fizerem menção em lugar certo e caracteres bem visíveis da tiragem média correspondente ao mês anterior. Esta medida traduziria já alguma preocupação pelo custo do subsídio, que obrigaria, em Julho de 1980 (Despacho Normativo n.º 204/80) a atribuir 200 mil contos (1 milhão de euros) para este incentivo, dos quais 60 mil contos visavam reforçar a verba do ano anterior. Entre 1978 e 1981, o subsídio ao papel custaria 715 mil contos (3,575 milhões de euros), o que imporia novas alterações, determinadas pelo Despacho Normativo n.º 165/82, de 11 de Agosto: estabelece-se um limite máximo de 100 mil exemplares; mas, por outro lado, os limites

71 71 mínimos baixam, tendo direito ao subsídio as publicações que excedam 500 exemplares (750 a partir de 1987), no caso das regionais e 5000 nas nacionais. Em 1984, a verba destinada ao incentivo seria de 305 mil contos (1,525 milhões de euros), dos quais apenas 55 mil contos (275 mil euros) se destinavam à imprensa regional. A partir do ano seguinte, por força do Decreto-Lei n.º 84/85, de 28 de Março, que estabelece normas relativas à organização e exploração do totobola e do totoloto, e da Portaria n.º 836, de 7 de Novembro de 1985, que determina os destinatários das verbas obtidas através desses jogos, 2,5% da soma do produto líquido da sua exploração passariam a ser distribuídos pelas empresas jornalísticas, dos quais 65% se destinavam ao subsídio ao papel (62,5% a partir de Maio de 1986, de acordo com a Portaria n.º 232/86). As preocupações com a fixação dos montantes e com o rigor na determinação das verbas a atribuir a cada publicação levariam à criação de uma comissão de fiscalização, cujo regulamento seria aprovado pelo despacho n.º 52/85, de 6 de Julho. Em 1987, o primeiro diploma que regulamenta de forma sistematizada o conjunto de incentivos à comunicação social (a Portaria n.º 414-A/87, de 18 de Maio), estabeleceria um regime diferenciado no cálculo das verbas relativas a este subsídio. Para a imprensa de âmbito nacional, haveria uma componente fixa, a distribuir em partes iguais por todos os beneficiários, e uma componente variável, proporcional ao número de exemplares vendidos. Para a imprensa regional, vigoraria apenas esta última. Os diplomas posteriores que regulamentaram os incentivos à comunicação social (nomeadamente as Portarias nºs 36/88, de 18 de Janeiro, 310/88, de 17 de Maio, 357/89, de 19 de Maio e 411/92, de 18 de Maio) mantiveram o quadro jurídico essencial deste incentivo, que todavia não constaria do regime de incentivos aprovado em 1994, através da Portaria n.º 169- A/94, de 24 de Março. Nesta Portaria, eram omitidas as razões que determinavam o final daquele incentivo, mas parece evidente que tal se terá ficado a dever ao seu elevado custo e à dificuldade em escrutinar com rigor o número de exemplares vendidos por cada publicação, bem como à intenção de privilegiar a imprensa regional, que dela beneficiava bem menos do que a imprensa de cobertura nacional Os descontos nas telecomunicações

72 72 Criado em 1985 (Portaria n.º 234, de 24 de Abril), o apoio relativo às despesas de telecomunicações para as empresas de comunicação social tinha confessadamente dois objectivos fundamentais: um incentivo que correspondesse ao importante papel desempenhado pela comunicação social e uma forma de combater os débitos de muitas empresas do sector aos CTT e aos TLP, o que também, face aos cumpridores, gerava uma situação de desigualdade entre órgãos de comunicação social. Desta forma, o diploma previa uma dedução de 30% na facturação das telecomunicações para quem não tivesse débitos em atraso para com aquelas empresas ou com elas tivesse estabelecido planos de amortização das suas dívidas. O assumido o insucesso desta medida, no que toca à recuperação dos montantes em dívida, e algum aproveitamento julgado como abusivo obrigariam a uma nova regulamentação (Portaria 161/86, de 26 de Abril) tendente a limitar o apoio às empresas que pagassem pontualmente as facturas ou solvessem as obrigações relativas a dívidas e, por outro lado, a cingir o alcance do incentivo à facturação relativa aos meios de telecomunicações directamente indispensáveis à prossecução do objecto dos órgãos de informação. Este incentivo figuraria nos diplomas estruturantes relativos aos apoios à comunicação social. As portarias nºs 414-A/87 e 310/88 previam a celebração de um protocolo entre a Direcção Geral da Comunicação Social e as operadoras de telecomunicações tendente a garantir a continuidade desse apoio, o que seria concretizado. A Portaria n.º 357/89, de 19 de Maio, limitaria o incentivo às publicações que tivessem uma periodicidade mensal para as de âmbito nacional e trimestral para as regionais. A Portaria n.º 411/92, de 18 de Maio manteria, no essencial, o regime anterior. O incentivo deixaria de figurar no quadro geral dos incentivos à comunicação social a partir da já referida Portaria n.º 169-A/94, de 24 de Março. 2.4 Os incentivos aos jornalistas A partir de meados dos anos 80, as preocupações do poder político relativamente à política de incentivos à comunicação social passam a incluir os apoios directos ou indirectos a jornalistas: primeiro, através de descontos nos títulos de transportes; depois, extensíveis à utilização de telefones, que teriam, no entanto, uma duração limitada; mais tarde no incentivo a acções de formação, que, embora visando os jornalistas, poderiam ser requeridos fundamentalmente pelas empresas de comunicação social.

73 73 O desconto na aquisição dos títulos de transportes foi introduzido em Um despacho conjunto da Presidência do Conselho de Ministros e do Ministério do Equipamento Social, publicado na II Série do Diário da República de 11 de Julho, concede aos jornalistas com mais de cinco anos de actividade profissional 50% de desconto na aquisição dos títulos de transporte, despesa que seria suportada pela Direcção Geral da Comunicação Social. A Portaria n.º 214/86, de 14 de Maio, concretizaria esses descontos de 50%, que abrangeriam os principais passes intermodais de Lisboa e do Porto, os passes mensais das redes de transportes urbanos explorados pela Rodoviária Nacional (RN), as assinaturas mensais e os bilhetes simples e de ida e volta emitidos pela CP e pela RN, ambos em percursos não abrangidos pelos passes acima referidos. Este incentivo seria aperfeiçoado no ano seguinte, nos termos da já referida Portaria n.º 414- A/87, primeiro diploma que congrega de uma forma sistematizada um conjunto de apoios estatais ao sector da comunicação social. Assim, determina-se que os encargos com a aquisição dos títulos de transportes se limitam à prossecução da sua actividade, alarga-se o elenco de beneficiários aos directores e chefes de redacção dos jornais regionais e prevê-se que possa ser estendido o número de empresas de transportes com desconto para os jornalistas, desde que aquelas adiram ao sistema e celebrem um protocolo para esse efeito com a Direcção Geral da Comunicação Social. O novo regime de incentivos, aprovado em 1988 (Portaria n.º 310/88) manteria este apoio, alargando-o apenas às empresas de transporte fluvial. Este desconto cessaria em 1994, uma vez que o novo regime de incentivos previsto na Portaria n.º 169-A/94 já nada previa sobre esta matéria, excepto relativamente à participação de jornalistas da imprensa regional em cursos, congressos ou seminários. Escasso alcance teria o apoio estatal que consistia no pagamento da assinatura do telefone pelos jornalistas. Este incentivo, limitado aos jornalistas com mais de cinco anos de exercício da profissão, foi também criado em 1985 (despacho conjunto publicado na II Série do Diário da República de 19 de Julho), mas já não constaria, dois anos passados, na Portaria de 1987 que regulamentou os novos apoios à comunicação social. O incentivo a acções ou iniciativas de formação profissional de jornalistas constaria inicialmente na Portaria n.º 232/86, de 22 de Maio, que alterou a distribuição das verbas de exploração do Totobola e do Totoloto destinadas ao apoio a empresas jornalísticas. Desta forma, 5% dessas verbas teriam esse fim, determinando-se em consequência uma redução de 2,5% nos

74 74 montantes dirigidos ao subsídio de papel (a partir de então com 62,5%) e ao investimento em equipamentos gráficos ou de gestão (32,5%). Uma Portaria de Setembro do mesmo ano (com o nº 561/86), com esse fim específico relacionado com a formação profissional, concretizaria esse objectivo. Tendo como limite as verbas atribuídas com essa finalidade, a Direcção Geral da Comunicação Social podia apoiar acções e projectos de formação profissional de jornalistas realizados por empresas jornalísticas, associações de imprensa, sindicatos do sector ou outras entidades que não prosseguissem fins lucrativos. Entre o tipo de iniciativas que poderiam ser apoiadas, estavam propostas de acções relativas a infra estruturas, equipamentos e suportes necessários à preparação, funcionamento e gestão de acções de formação e aperfeiçoamento profissional de jornalistas, a organização de cursos de formação, seminários e congressos ou outro tipo de iniciativas afins com objectivos formativos e a participação individual em acções formação ou estágios a conceder à imprensa regional. Os mesmos objectivos figurariam na Portaria 414-A/87, que se refere todavia ao Cenjor, que fora criado em Novembro de 1986 (Portaria n.º 667/86, de 7 de Novembro), como organismo dotado de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e financeira e património próprio. O Cenjor passaria a assumir um papel decisivo nas acções de formação profissional dos jornalistas. Embora o diploma legal que substituiu a Portaria de 1997 a Portaria n.º 411/92 de 18 de Maio não tivesse centrado as iniciativas nesse domínio naquele centro incluído na estrutura do Instituto do Emprego e Formação Profissional - IEFP, mantendo, no essencial, a regulamentação anterior, o mesmo não aconteceria nos diplomas posteriores. Estes textos legais (as Portarias nºs 169-A/94 e 156/2002 e os decretos-leis nºs 37-A/97, 136/99, 56/2001 e 7/2005), ainda que reservando um papel determinante ao Cenjor (ou ao IEFP onde se integra) no diploma de 1994, atribuem-se as acções de formação a este centro ou, em casos excepcionais, a outra entidade, embora sujeitas a um seu parecer prévio -, admitem que os órgãos de comunicação social possam requerer incentivos neste domínio. Em Janeiro de 2005, um protocolo celebrado entre o Governo e o Cenjor estabeleceria um Plano de Formação de Profissionais da Comunicação Social Regional e Local. Em 2005, uma Portaria (nº 158/2005) cria um Programa de Emprego para a Comunicação Social Regional e Local com os assumidos objectivos de apoiar as empresas de comunicação regional e local (jornais e rádios) na contratação de profissionais qualificados, fomentar o emprego e melhorar as qualificações e a empregabilidade dos profissionais deste subsector e fomentar a mobilidade dos profissionais da comunicação social para zonas deprimidas.

75 75 Constituindo uma parceria entre o Instituto da Comunicação Social e o IEFP, este Programa de Emprego incluía um programa de estágios profissionais de 12 meses para jovens desempregados com qualificações de nível intermédio ou superior em áreas relacionadas com a comunicação social, incentivos à contratação de estagiários e desempregados, mediante subsídios não reembolsáveis de, respectivamente, 24 e 18 vezes a retribuição mensal garantida e ainda um incentivo à mobilidade. Este apoio sob a forma de subsídio abrangia os desempregados que obtivessem um contrato de trabalho sem termo ou a termo não inferior a um ano em áreas relacionadas com a comunicação social, em município diferente do da sua residência, tendo nessas condições direitos a subsídios de deslocação, fixação e residência de valores fixados por aquele diploma, que estabelecia uma extensa lista de concelhos abrangidos. Esta Portaria tinha um prazo de vigência de 24 meses, extensíveis por mais 12, mas não seria, em Janeiro de 2007, objecto de prorrogação O IVA reduzido para a imprensa A aplicação de uma taxa reduzida de IVA (imposto sobre o valor acrescentado) aos jornais viria a constituir, desde a criação daquele imposto em 1983/1984, uma forma de incentivo indirecto à imprensa. Substituindo o antigo imposto de transacções por força da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), o IVA incidiria sobre as despesas ou consumos e tributaria o valor acrescentado das transacções efectuadas pelos contribuintes. Numa primeira fase, por força do diploma que regulamentou o novo imposto (DL 394-B/84, de 2 de Julho), ficaram isentos de IVA os jornais diários e as publicações com periodicidade mensal ou superior. As restantes publicações de natureza cultural, educativa, recreativa ou desportiva excepcionavam-se expressamente as publicações de carácter pornográfico estariam sujeitas a uma taxa reduzida, então de 8%, metade da normal. Actualmente, estão sujeitos a uma taxa reduzida (de 6%) os jornais, as revistas e outras publicações periódicas de natureza cultural, educativa, recreativa ou desportiva, excepcionandose expressamente as publicações de carácter pornográfico ou obsceno. A mesma taxa é aplicável à contribuição para o audiovisual para financiamento do serviço público de radiodifusão e de televisão.

76 O apoio à agência Lusa A indemnização compensatória anual atribuída pelo Estado à Lusa, com base no contrato de prestação de serviço noticioso e informativo de interesse público celebrado entre o Estado e a agência em 31 de Julho de 2007, deve ser igualmente considerada como uma forma de apoio estatal à comunicação social, não só porque permite que o preço dos serviços cobrados aos seus clientes a generalidade dos órgãos de comunicação social de âmbito nacional, mas igualmente muitos de âmbito regional e local seja muito inferior ao seu custo efectivo, como sobretudo porque a Lusa se obriga a criar serviços noticiosos específicos, adequados a esses órgãos de comunicação social de âmbito regional e local. Assim, a partir do seu serviço global, a agência está obrigada, nos termos da Cláusula Quarta, nº 1 b), a distribuir serviços noticiosos especificamente destinados aos jornais portugueses de âmbito regional e local, com uma dimensão média diária entre 100 e 150 notícias de texto e entre 5 e 10 fotografias, e às rádios portuguesas de âmbito local, com uma dimensão diária média entre 80 e 100 notícias de texto e entre 5 e 10 registos áudio A publicidade do Estado e os actos de publicação obrigatória A publicidade do (ou de) Estado ou publicidade oficial, por vezes também denominada publicidade institucional, que pode todavia envolver na qualidade de anunciantes entidades privadas, deverá ser igualmente considerada uma forma de incentivo estatal. De facto, visava-se, designadamente, conforme se estabelece no preâmbulo do diploma que regulamentou a sua distribuição pelos órgãos de comunicação social o Decreto-Lei nº 231/2004, de 13 de Dezembro, a criação de maiores oportunidades no acesso à publicidade do Estado, sem dependência excessiva de critérios quantitativos no que respeita ao valor económico das campanhas, atendendo a que deve prevalecer a função social dos órgãos de comunicação social regional e local, bem como a sua capacidade de penetração em zonas geográficas e em públicos aos quais a comunicação social nacional tem maior dificuldade em chegar. Por outro lado, a distribuição desta publicidade da iniciativa do Governo, da administração pública e dos institutos públicos constituiria não apenas uma fonte de receitas para aqueles órgãos de comunicação como o reconhecimento da sua capacidade como veículo privilegiado para difusão da mensagem institucional.

77 77 De acordo com a legislação acima referida, em cada trimestre, do conjunto das acções informativas e publicitárias de valor unitário igual ou superior a , é afectada a rádios locais e imprensa regional, em suporte de papel ou em suporte electrónico, uma percentagem não inferior a 25% do custo global previsto para compra de espaço em radiodifusão e na imprensa, no período em causa. Dessa verba, revertem parcelas de 12% tanto para as rádios locais como para a imprensa regional em suporte de papel e 1% para a imprensa regional em suporte electrónico. A colocação da publicidade do Estado em órgãos de comunicação social regional e local fora já objecto de uma norma legal em O Decreto-Lei nº 330/90, de 23 de Outubro, que aprovou o Código da Publicidade, previa no seu artigo 27º que uma percentagem dessa publicidade oficial deveria ser colocada em rádios locais e na imprensa regional. A Portaria nº 1/91 assumiria essa colocação como forma de auxílio estatal. Uma percentagem não inferior a 10% do valor bruto dos investimentos realizados com a distribuição da publicidade do Estado deveria ser colocada em rádios locais ou em jornais de imprensa regional, desde que tal colocação não se revelasse incompatível com os objectivos ou condicionalismos técnicos e operacionais subjacentes à respectiva campanha publicitária. A colocação dessas campanhas deveria realizar-se em partes iguais, nas rádios e nos jornais, salvaguardados critérios de operacionalidade, eficácia e equidade. A garantia de que as campanhas de publicidade do Estado seriam comunicadas ao departamento competente da Administração Pública então o Gabinete de Apoio à Imprensa (Instituto da Comunicação Social, depois de Janeiro de 1997) e o reforço das percentagens do investimento publicitário a distribuir pelos jornais e pelas rádios locais (15% do custo, no caso das campanhas de mais de 20 mil contos, cerca de 100 mil euros) imporiam, ainda em 1996, duas novas portarias, respectivamente, a nº 84/96 e a nº 209/96. A consagração da publicidade do Estado como forma de incentivo à comunicação social regional, assumidas com clareza naqueles diplomas, seria substituída pelo entendimento de que a comunicação social regional constituía um meio mais eficaz para a difusão daquelas mensagens. Tal era o propósito essencial do Decreto-Lei nº 231/2004, de 13 de Dezembro, que, revogando a legislação anterior, introduziria um novo suporte publicitário, a imprensa regional em suporte electrónico. A partir daí, em cada trimestre, do conjunto das acções informativas e publicitárias de valor unitário igual ou superior a 15 mil euros, seria afectada a rádios locais e imprensa regional, em suporte de papel ou em suporte electrónico, uma percentagem não inferior a 25% do custo global previsto para compra de espaço em radiodifusão ou em imprensa - 12% tanto para as rádios como para jornais em papel e 1% para a imprensa em suporte electrónico. No entanto, o mesmo diploma estabelecia que na elaboração do plano de acções afectado a rádios locais e imprensa regional, bem como na selecção dos suportes, seriam

78 78 seguidos critérios que teriam, nomeadamente, em conta as tiragens e a periodicidade das publicações, a proximidade geográfica do suporte em relação aos destinatários visados pela mensagem, a adequação concreta dos suportes publicitários aos objectivos da acção informativa ou publicitária. Em 2010, com vista a dotar de maior eficácia as regras sobre a distribuição da publicidade do Estado, tanto em matéria de transparência desta actividade, como de acompanhamento do cumprimento das obrigações legais neste domínio, foi atribuído ao GMCS, através do Decreto- Lei 97/2010, de 4 de Agosto, competência para criar e manter uma base de dados relativa aos mais relevantes contratos de publicidade institucional do Estado e de outras entidades públicas da administração central. Ainda que em rigor não possam ser considerados como publicidade, os actos de publicação obrigatória editais, anúncios, avisos, deliberações de órgãos autárquicos, concursos públicos, entre outros, cuja publicitação decorre da legislação, não podendo ser associados à publicidade do Estado, representam, no entanto, para os jornais regionais onde são publicados uma fonte de receita formalmente equiparável à venda de publicidade O incentivo à consolidação e desenvolvimento da comunicação social regional e local. 1. Os primeiros diplomas Os incentivos estatais vocacionados para o desenvolvimento das empresas nas suas múltiplas vertentes, desde a qualificação dos recursos humanos ao aperfeiçoamento e modernização dos equipamentos tecnológicos, tiveram a sua primeira expressão mais consistente num diploma publicado em 1985 a Portaria nº 836, de 7 de Novembro, que determinava que fosse a imprensa de expansão regional e nacional a destinatária da verba correspondente a 2,5% da soma do produto líquido das explorações do totobola e do totoloto, tal como o estipulara o Decreto-Lei nº 84/85, de 28 de Março. A referida portaria previa então que 35% da verba assim conseguida se destinasse a subsidiar investimentos em equipamentos gráficos de apoio à imprensa regional, atribuível a projectos concretos elegíveis para apoio do FEDER, ouvidas as associações representativas. Meio ano depois, esta Portaria viria a sofrer alterações. Em primeiro lugar, a intenção de destinar parte da verba recebida nos jogos explorados pela Santa Casa da Misericórdia a acções de formação obrigaria a reduzir a percentagem destinada aos equipamentos de 35 para 32,5 por cento. Em segundo lugar, a nova Portaria (nº 232/86, de 22 de Maio) enunciava mais detalhadamente os objectivos da medida: o investimento subsidiado destinava-se a equipamento gráfico ou de gestão, visando a modernização e a introdução de novas tecnologias de informação. Em terceiro lugar, estabeleciam-se critérios, antes inexistentes, para os projectos de

79 79 investimento, privilegiando-se as candidaturas de empresas que assegurassem maior viabilidade económica e financeira do projecto e da entidade beneficiária, menor coeficiente entre o montante do capital a investir e o número de publicações beneficiadas, a percentagem mais elevada de outras fontes de financiamento, uma maior incorporação de materiais e tecnologia nacionais e a inexistência de qualquer outro financiamento do Estado. 2. O regime do incentivo à modernização tecnológica na Portaria nº 414-A/87 e diplomas subsequentes. Objecto de pequenos aperfeiçoamentos (pelas portarias nºs 364/86, de 12 de Julho, e 779/86, de 31 de Dezembro), este apoio vocacionado para os equipamentos das publicações periódicas viria a ser previsto na Portaria nº 414-A/87, de 18 de Maio, que, como atrás se referiu, viria a constituir o primeiro regime global e integrado de incentivos à comunicação social portuguesa. Classificado como subsídio à reconversão tecnológica, o incentivo aí previsto com esse fim destinava-se às empresas jornalísticas que editassem jornais de expansão nacional ou regional publicados pelo menos, respectivamente, uma vez por semana ou por mês. Para a imprensa regional, o subsídio destinava-se à comparticipação directa nos custos de aquisição de equipamentos gráficos. No caso da imprensa de âmbito nacional, o subsídio traduzia-se na compensação, total ou parcial, dos juros de empréstimos bancários ou do imposto sobre o valor acrescentado decorrentes de projectos de introdução de modernas técnicas ou de novos meios tecnológicos, ou ainda, a título excepcional, na comparticipação directa nos custos de investimento em projectos de informatização das redacções de jornais ou de produção e de distribuição conjunta. A concessão do subsídio à reconversão tecnológica ficava condicionada à celebração de um contrato entre o Estado e a empresa promotora do projecto, no qual seriam fixados os montantes do subsídio a conceder e os respectivos prazos, obrigações e penalizações, no caso de incumprimento pelo beneficiário. A selecção e classificação dos projectos de investimento seriam realizadas de acordo com os critérios já estabelecidos na Portaria nº 232/86 de 22 de Maio, atrás citada. No entanto, relativamente à imprensa regional, a classificação das candidaturas atenderia preferencialmente ao número de publicações beneficiadas, de forma a fomentar o associativismo na instalação de parques gráficos, tendo ainda prioridade, em caso de valorização positiva, os projectos apresentados por entidades não contempladas em ano imediatamente anterior. As candidaturas seriam classificadas por uma comissão técnica paritária, formada pelo Director- Geral da Comunicação Social, que presidiria e que teria voto de qualidade em caso de empate

80 80 nas votações, pelo dirigente deste organismo responsável pela instrução dos processos e por dois representantes, respectivamente, das Associações da Imprensa Diária e não Diária. A aprovação de um Estatuto da Imprensa Regional (Decreto-Lei nº 106/88, de 31 de Março, que concretizava a Lei nº 1/88 de 4 de Janeiro, de acordo com a qual a Assembleia da República concedia autorização ao Governo para o aprovar), documento que pela primeira vez reunia um conjunto de normas relativas a este sector, não alteraria o quadro legal dos incentivos. De facto, o diploma limitar-se-ia, neste domínio, a uma enumeração dos já então existentes: apoios directos, não reembolsáveis, revestindo a forma de subsídios de difusão, de reconversão tecnológica ou de apoios à cooperação e para a formação profissional dos jornalistas e outros trabalhadores da imprensa; e apoios indirectos, que seriam concretizados através da comparticipação dos custos de expedição, da bonificação das tarifas dos serviços de telecomunicações e da comparticipação das despesas de transporte dos jornalistas. No entanto, o quadro legal dos incentivos à imprensa voltaria a ser modificado, apenas cerca de um ano passado sobre a sua pioneira definição global do seu quadro regulamentar realizado pela referida Portaria nº 414-A/87. No entanto, o novo quadro legal, no tocante ao subsídio à reconversão tecnológica, não sofreria mais do que três pequenas modificações, introduzidas pela Portaria nº 310/88, de 17 de Maio. Em primeiro lugar, limitando as comparticipações do Estado a 75% dos custos dos investimentos ou das aquisições objecto do incentivo. Em segundo lugar, exigindo aos candidatos ao subsídio a apresentação de projectos fundamentados num estudo económico. Em terceiro lugar, estipulando que o subsídio à reconversão tecnológica seria pago em duas prestações, a primeira no seguimento da celebração do contrato e a segunda aquando da comprovação da aquisição da totalidade do equipamento. No ano seguinte, em 1989, a Portaria nº 357/89, de 19 de Maio, viria a introduzir uma nova alteração do quadro legal dos incentivos, embora de estrito alcance. No domínio do incentivo à reconversão tecnológica, a concessão do subsídio ficava condicionada à celebração de um contrato entre o Estado e a entidade promotora do projecto, no qual seriam fixados prazos, obrigações e penalizações no caso de incumprimento pelo beneficiário, só podendo ser pago depois de apresentados os recibos comprovativos da aplicação integral dos subsídios eventualmente recebidos em anos anteriores. 3. O subsídio de reconversão tecnológica na legislação de 1992 O quadro legal relativo aos incentivos aprovado em 1987/89 vigoraria durante mais de quatro anos.

81 81 Em 1992, a Portaria nº 411/92, de 18 de Maio, aprovaria o novo Sistema de Apoios Financeiros do Estado aos Órgãos de Comunicação Social, onde se consideraria o objectivo da modernização e reconversão tecnológica das empresas como o objectivo mais relevante no quadro dos apoios à imprensa. Relativamente a este subsídio de reconversão tecnológica, o diploma de 1992, entre outros aspectos e condições relativas à sua atribuição, definiria o seu âmbito, potenciais concorrentes, critérios de selecção e graduação das candidaturas e percentagem máxima de comparticipação. O âmbito do incentivo consistia na comparticipação directa, total ou parcial, nos custos de aquisição de equipamentos gráficos, informatização das redacções ou de equipamentos de telecomunicações. Podiam candidatar-se as publicações periódicas que divulgassem actualidade noticiosa de natureza social, política ou económica, caso fossem de expansão nacional e tivessem uma periodicidade não superior à semanal ou divulgassem informação de índole regional ou local, caso fossem de expansão regional e tivessem uma periodicidade não superior à mensal. O subsídio deveria ser solicitado em requerimento dirigido ao membro do Governo responsável pelo sector da comunicação social durante o mês de Abril de cada ano, devendo ser acompanhado pelo formulário-guia a fornecer pelo Gabinete de Apoio à Imprensa (anterior Direcção-Geral da Comunicação Social) e pelos documentos nele referidos, só podendo contemplar equipamentos adquiridos em data posterior ao pedido. Na selecção e graduação das candidaturas ao subsídio, para além da consideração da adequação do equipamento a subsidiar às necessidades estimáveis das empresas candidatas, era conferida prioridade às publicações não contempladas em anos anteriores, seguindo-se as de maior periodicidade no último semestre à data da apresentação da candidatura, aquelas que garantissem que um maior número de publicações seria simultaneamente beneficiado pelo equipamento a subsidiar e a publicação com maior antiguidade de edição regular. A comparticipação máxima a atribuir por candidatura, anualmente fixada pelo membro do Governo que tutelasse o sector, não poderia ultrapassar os 75% do custo do equipamento. Eram impostas aos beneficiários do incentivo algumas obrigações, designadamente a de apresentarem comprovativos documentais da aplicação feita nas condições estabelecidas das verbas que lhe tinham sido atribuídas e a interdição de locar ou vender os equipamentos financiados pelo subsídio no prazo de cinco anos a contar da sua atribuição, excepto mediante autorização do membro do Governo que tutelasse o sector. Em 1994, menos de dois anos depois da Portaria nº 411/92, o Governo aprovaria um novo regime de incentivos, cujas principais inovações seriam, por um lado, a sua aplicação às

82 82 empresas de radiodifusão, nomeadamente local, embora limitando-as aos incentivos à formação e reciclagem profissional e aos incentivos específicos, e, por outro, a exclusão da imprensa de âmbito nacional, restringindo-se o campo da sua aplicação à imprensa de âmbito regional. A nova Portaria (169-A/94) modificaria apenas dois aspectos do regime do incentivo, agora denominado como incentivo à reconversão e modernização tecnológica: o incentivo traduzia-se na comparticipação directa, parcial nos custos de aquisição de equipamentos gráficos nas áreas da impressão, acabamento e expedição, de informatização das redacções e de telecomunicações; era exigida aos candidatos ao incentivo uma tiragem mínima, a definir anualmente pelo Governo, e que perfizessem no mínimo cinco anos de edição no primeiro dia do prazo de candidatura. 4. O incentivo à modernização tecnológica na legislação de 1997 Este novo quadro jurídico do sistema de incentivos, embora baseado no diploma de 1992, estaria em vigor durante menos de três anos, já que em 31 de Janeiro de 1997, através de um Decreto-Lei (37-A/97), e não de Portaria, o Governo aprovaria um novo Sistema de Incentivos à Comunicação Social. A principal modificação, além da consagração de uma comparticipação parcial no porte pago, seria o pleno alargamento do regime de apoios às rádios locais, embora no estrito domínio deste incentivo à modernização, apenas aos operadores com programação generalista e temática informativa. O agora denominado incentivo à modernização tecnológica consistiria na comparticipação directa, a fundo perdido, não superior a 50% dos custos das aplicações relevantes do projecto aprovado e o reembolso parcial dos juros, referentes aos primeiros doze meses dos empréstimos bancários correspondentes ao capital não comparticipado. As aplicações relevantes para efeitos deste incentivo seriam a aquisição de equipamentos informáticos, de telecomunicações, de reportagem, gráficos e de radiodifusão sonora e a aquisição de programas informáticos. Em cada projecto, o valor total das aplicações relevantes, líquido de IVA, não poderia ser superior a 20 mil contos (cerca de 100 mil euros). Os critérios de selecção e graduação das candidaturas sofreriam igualmente algumas modificações. Relativamente à imprensa regional ou destinada às comunidades portuguesas ou aos países africanos de língua oficial portuguesa, as prioridades eram concedidas às entidades não contempladas nos três anos anteriores, às publicações de menor periodicidade no último ano, àquelas que tivessem maior percentagem (maior número, depois das alterações introduzidas

83 83 pelo Decreto-Lei nº 136/99, de 22 de Abril) de trabalhadores afectos à área da informação e aos projectos que abrangessem um maior número de publicações simultaneamente beneficiadas pelo equipamento. Relativamente às rádios locais, também era conferida prioridade às entidades não contempladas nos três anos anteriores, seguindo-se a localização em concelhos com menor produto interno bruto per capita e uma maior percentagem de trabalhadores afectos à área da informação. O diploma governamental de 1997 incluiria outro aspecto inovador: era prevista uma articulação com o Regime de Incentivos às Microempresas (RIME). As empresas de comunicação social deveriam candidatar-se a este regime, caso se situassem em localizações consideradas prioritárias nos termos da sua aplicação. Por outro lado, às entidades beneficiárias do RIME que reunissem as condições gerais de acesso previstas naquele diploma poderia ser concedido o reembolso parcial dos juros, referentes aos primeiros doze meses, dos empréstimos bancários correspondentes às despesas elegíveis não comparticipadas nos termos daquele regime de incentivos. Sujeito a pequenas alterações, nomeadamente no regime do porte pago, mas sem relevância no domínio do incentivo à modernização tecnológica, pela Lei nº 21/97, de 27 de Junho e pelos decretos-lei nºs 136/99, de 22 de Abril e 105/2000, de 9 de Junho, o diploma de 1997 seria apenas revogado em 2001, com a entrada em vigor de um novo quadro legal neste domínio. 5. O regime de incentivos de 2001 A Lei nº 56/2001 introduziria diversas alterações no sistema de incentivos, nomeadamente nos incentivos directos. Além do incentivo à modernização tecnológica, já anteriormente existente, o diploma previa dois outros incentivos, que todavia eram já parcialmente abrangidos pela legislação de 1997 o incentivo à criação de conteúdos na Internet e o incentivo à inovação e desenvolvimento empresarial. O incentivo à modernização tecnológica manteria, no essencial, o quadro existente as suas componentes, uma comparticipação a fundo perdido de 50% e o reembolso parcial dos juros dos empréstimos bancários referentes ao capital não comparticipado; o elenco de entidades que se poderiam candidatar, incluindo agora também as rádios locais de conteúdo temático cultural (e não apenas as generalistas e temáticas informativas); e as aplicações relevantes para efeitos do incentivo, aquisição de equipamentos, de programas informáticos e acções de formação. Por sua vez, o incentivo à criação de conteúdos na Internet traduzia-se na comparticipação, a fundo perdido, de 75% do custo das aplicações relevantes do projecto aprovado. Este apoio visava contribuir para o acesso dos órgãos de comunicação social regional e local aos novos

84 84 serviços e às novas tecnologias da informação e comunicação, tendo em vista fomentar a criação na Internet de conteúdos em língua portuguesa na área de comunicação social e promover a utilização dos novos serviços de informação e comunicação enquanto áreas de negócio da comunicação social de âmbito regional e local. Para além dos órgãos de comunicação social abrangidos pelos outros incentivos previstos na lei, podiam beneficiar deste apoio estatal as entidades proprietárias ou editoras de publicações exclusivamente electrónicas, desde que tivessem pelo menos um jornalista com contrato individual de trabalho ao seu serviço, fossem maioritariamente preenchidas com conteúdos de índole regional ou dirigidas às comunidades portuguesas no estrangeiro ou ainda que estimulassem o relacionamento e o intercâmbio com os povos dos países e territórios de expressão portuguesa. Por sua vez, o incentivo à inovação e desenvolvimento empresarial destinava-se a comparticipar no financiamento de projectos empresariais de investimento que reforçassem a qualidade, o profissionalismo e a competitividade dos órgãos de comunicação social abrangidos, de âmbito regional e local. Este incentivo traduzia-se numa comparticipação a fundo perdido equivalente a 50% do financiamento necessário à execução do projecto aprovado, mas a esta percentagem poderiam ainda acrescer outras (até um máximo de 78%): 10%, se o projecto fosse manifestamente inovador face ao mercado e a área geográfica em que se inserisse; 5 ou 10%, caso o projecto comportasse a criação líquida de um ou mais postos de trabalho por um período mínimo de três anos; 2 ou 3%, caso estes novos postos de trabalho fossem, respectivamente, preenchidos por jovens à procura de primeiro emprego, desempregados de longa duração, beneficiários do rendimento mínimo garantido (hoje rendimento social de inserção) ou pessoas portadoras de deficiência; e 5%, caso a entidade candidata apresentasse resultados positivos em dois dos três exercícios anteriores ao da candidatura. Eram consideradas relevantes, para efeitos deste incentivo, as aplicações na construção de edifícios e outras instalações directamente ligados ao exercício da actividade, em obras de adaptação e remodelação de instalações, motivadas pelo desenvolvimento da actividade ou destinadas à melhoria das condições de segurança, higiene e saúde, na construção de equipamentos sociais que a empresa fosse obrigada a possuir por determinação legal, na aquisição de equipamentos informáticos, no investimento em imobilizado corpóreo e incorpóreo inerente a iniciativas de carácter inovador no contexto do mercado e da região em que se insere o projecto, designadamente nas áreas da introdução das tecnologias de informação e comunicação, distribuição de publicações periódicas e campanhas de marketing e publicidade, nos custos relativos a estudos, diagnósticos e auditorias de fundamentação do projecto,

85 85 designadamente referentes à sua viabilidade económico-financeira e ao seu impacte no mercado e na região em que se inserisse, os custos com a assistência técnica relacionada com o projecto, bem como outros projectos que reforçassem a qualidade, o profissionalismo e a competitividade dos órgãos de comunicação social abrangidos. A comparticipação estatal estava todavia sujeita a restrições: os valores, líquidos de IVA, das aplicações relativas à construção de edifícios ou equipamentos e obras ou relativamente a equipamentos e programas informáticos não podiam exceder 50% do total do projecto; relativamente às iniciativas acima referidas de carácter inovador no contexto do mercado ou da região, o limite subia para 75%; os custos somados das aplicações relativas a estudos e com assistência técnica não poderiam exceder 5%; finalmente, o montante global das aplicações estava sujeito a um limite de 30 mil contos (cerca de 150 mil euros). A complexidade da aplicação deste incentivo imporia a criação de uma comissão de acompanhamento composta por dois elementos do Instituto da Comunicação Social e dois elementos designados, respectivamente, pelas associações da imprensa e da radiodifusão, que teria como principais missões a ordenação das candidaturas e o acompanhamento da execução dos projectos de investimento, bem como a sua verificação final. O diploma de 2001 estipulava também regras sobre o pagamento do incentivo. Ele processar-seia em função do faseamento proposto no projecto e da respectiva execução, mas a entidade beneficiária podia solicitar o pagamento antecipado de um montante não superior a 70% do valor do incentivo, mediante a apresentação de uma garantia bancária. Por sua vez, o pagamento dos últimos 20% dependia de um parecer favorável da comissão de acompanhamento. A documentação necessária à instrução dos processos de candidatura e os critérios e a ordem de prioridades a considerar na sua selecção e graduação seriam fixados pela Portaria nº 201/2001, de 14 de Março. A graduação das candidaturas era elaborada de acordo com uma complexa fórmula matemática que valorizava critérios relacionados o número de trabalhadores efectivos afectos à área da informação, as entidades sem fins lucrativos, o conjunto de incentivos recebidos nos últimos cinco anos, a maior periodicidade das publicações periódicas ou o maior número de horas de programação própria dos operadores radiofónicos, a circunstância de as publicações periódicas ou os operadores estarem localizadas em municípios onde não existissem empresas congéneres e o índice de desenvolvimento social. 6. O regime de incentivos em vigor Cerca de quatro anos depois da sua publicação, o diploma de 2001 seria revogado pelo Decreto- Lei nº 7/2005, de 6 de Janeiro, ainda em vigor.

86 86 Este diploma introduzia importantes alterações ao regime anterior. Em primeiro lugar, não incluindo a regulamentação do porte pago. No preâmbulo do Decreto- Lei nº 6/2005, diploma autónomo publicado no mesmo dia que estabelecia o regime do porte pago, essa separação era justificada pela necessidade de operar uma distinção entre o incremento à leitura e o apoio às empresas. Aliás, essa autonomização continuaria com o novo regime jurídico do incentivo estabelecido pelo Decreto-Lei nº 98/2007, de 2 de Abril, que substituiria a designação tradicional porte pago por incentivo à leitura. Em segundo lugar, fixando uma data limite para a aplicação de parte substancial do quadro jurídico nele integrado. De acordo com o artigo 30º do diploma, os dois mais importantes incentivos financeiros directos o incentivo à iniciativa empresarial e desenvolvimento multimédia e o incentivo à qualificação e ao desenvolvimento dos recursos humanos teriam um regime jurídico diferenciado até 31 de Março de 2007, sendo então, findos os períodos de candidatura desse ano, substituídos por um único incentivo à consolidação e ao desenvolvimento das empresas de comunicação social regional e local. Na realidade, como os restantes incentivos previstos neste diploma de 2005 (apoio à edição de obras sobre comunicação social e os incentivos específicos) não visavam prioritariamente o apoio às empresas jornalísticas e operadores radiofónicos, pode-se concluir ter constituído então uma relevante opção governativa a criação de um incentivo único que concentrasse algumas das anteriores formas de apoio. No entanto, a partir daquela data, reduzir-se-ia o leque de incentivos, deixando-se de aplicar os apoios previstos nos artigos 6º, 7º e 9º. Esta medida teria como consequência que a partir de 2008 recorde-se que os prazos para apresentação de candidaturas a incentivos terminam anualmente no final de Março -, cessariam, aparentemente, os incentivos às parcerias estratégicas, à requalificação das infra-estruturas e à qualificação do trabalho. Em relação a esta última, manter-se-ia, todavia, o incentivo previsto às acções de formação, desde que associadas à aquisição de equipamentos e programas informáticos que visassem o alojamento de páginas na Internet. Para os operadores de rádio, essa alteração limitaria o âmbito dos incentivos aplicáveis aos apoios ao desenvolvimento tecnológico e multimédia, uma vez que, notoriamente, os regimes previstos nos restantes artigos (10º e 11º, respectivamente sobre difusão do produto jornalístico e expansão cultural e jornalística nas comunidades portuguesas) eram praticamente apenas relativos às empresas jornalísticas. Em terceiro lugar, alargando os domínios de aplicação do regime de incentivos, sobretudo em três domínios: no desenvolvimento de sinergias e parcerias estratégicas entre empresas

87 87 jornalísticas e de radiodifusão, na difusão do produto jornalístico e na promoção dos projectos das empresas junto das comunidades portuguesas no estrangeiro. No primeiro desses domínios, que todavia teria o referido limite temporal de 31 de Março de 2007, eram elegíveis, designadamente, projectos de partilha de custos com a aquisição ou a remodelação de imóveis afectos à actividade das empresas, com a aquisição de equipamentos, com a produção de conteúdos jornalísticos e com a promoção e distribuição do produto jornalístico e ainda com a inovação e desenvolvimento de novos produtos jornalísticos multimédia. Na difusão do produto jornalístico, visando-se promover uma atitude empresarial orientada para o mercado por parte das empresas jornalísticas, no sentido de reforçar as suas práticas de gestão empresarial e iniciativas de promoção, designadamente actividades de comunicação e marketing, eram consideradas elegíveis iniciativas como acções de sensibilização para a leitura, desenvolvimento de campanhas de captação de novos assinantes e de políticas de distribuição para venda em banca e de adesão a sistemas de controlo de tiragens por entidade independente reconhecida pelo mercado. Relativamente à promoção de projectos relacionados com as comunidades portuguesas no estrangeiro, consideravam-se elegíveis as estratégias comerciais de promoção de assinaturas, os projectos editoriais em suporte de papel, radiofónico ou on line, cujos conteúdos incidissem maioritariamente em temáticas relacionadas com a emigração, os projectos editoriais, em suporte de papel, radiofónico ou on line, cujos conteúdos permitissem aos emigrantes o aprofundamento da sua ligação cultural, afectiva e política a Portugal e o intercâmbio de profissionais e estagiários entre empresas de comunicação social sediadas em Portugal e empresas de comunicação social proprietários de órgãos de língua portuguesa sediadas no estrangeiro. Em quarto lugar, o diploma estabelecia, ainda no caso do incentivo à iniciativa empresarial e desenvolvimento multimédia, um conjunto de exigências antes inexistentes: uma tiragem mínima de 5000 exemplares, conteúdos jornalísticos, de acordo com o respectivo estatuto editorial, vocacionados para outros municípios além daquele onde estava sedeado e uma distribuição superior a 40% fora do município da sua sede. No entanto, para as publicações cuja sede se situasse numa região classificada como zona de modulação regional de prioridade máxima ou de prioridade intermédia, nos termos do Programa de Incentivos à Modernização da Economia, seriam imprescindíveis apenas dois daqueles três requisitos. Em quinto lugar, eram previstas, ainda no caso do incentivo à iniciativa empresarial e desenvolvimento multimédia, majorações que beneficiavam as candidaturas de projectos que comportassem a criação de postos de trabalho, sobretudo se estes fossem preenchidos por

88 88 desempregados de longa duração, beneficiários do rendimento social de inserção ou pessoas com deficiência, apresentassem resultados positivos em dois dos três exercícios anteriores e ainda, no caso da imprensa, se o projecto fosse de âmbito regional ou se destinasse a ser aplicado a uma publicação diária. Em sexto lugar, introduzindo como condição geral de acesso ao sistema de incentivos a obrigatoriedade de as pessoas singulares e colectivas proprietárias de órgãos de comunicação social terem a edição das publicações periódicas ou a radiodifusão como actividade principal, ou como uma das actividades principais, como se entenderia a partir de Assim se reflectia o princípio da especialidade consagrado no nº 4 do artigo 38º da Constituição. Finalmente, de acordo com o artigo 31º, a atribuição de incentivos passou a estar enquadrada no regime dos auxílios de minimis, o que então se traduzia no facto de a mesma entidade candidata não poder, durante um período de três anos consecutivos a contar da atribuição do primeiro incentivo, beneficiar dos auxílios do Estado previstos naquele diploma em valor superior a 100 mil euros, incluindo majorações (mais tarde, de acordo com o previsto no Regulamento (CE) nº 1998/2006, de 15 de Dezembro, 200 mil euros), embora na sequência da Comunicação da Comissão Europeia Quadro comunitário temporário relativo às medidas de auxílio estatal destinadas a apoiar o acesso ao financiamento durante a actual crise financeira e económica (2009/C 16/01, de 22 de Janeiro todos os apoios concedidos entre 1 de Janeiro de 2009 e 31 de Dezembro de 2010 tenham um limite de 500 mil euros, durante um período de três exercícios financeiros. A simplificação e redução dos encargos administrativos nos procedimentos de candidatura ao sistema de incentivos constituiriam o objectivo fundamental das alterações ao diploma de 2005, realizadas através do Decreto-Lei nº 35/2009, de 9 de Fevereiro. Decorrente do Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa (SIMPLEX), este diploma de 2009 imporia uma alteração relevante para a generalidade dos candidatos ao Incentivo à iniciativa empresarial e ao desenvolvimento multimédia ao prever a substituição da apresentação de um estudo de viabilidade económica pela mera prestação de informações nos formulários de candidatura, relativas a indicadores económicos e financeiros. Antes desta alteração, os estudos de viabilidade necessários para projectos de valor superior a 15 mil euros, seriam elaborados por pessoas especificamente habilitadas para o efeito, nos termos que regulam a respectiva profissão. Além disso, previa-se igualmente a substituição da apresentação de documento comprovativo do respeito das normas legais ou convencionais aplicáveis às relações de trabalho, emitido pela Autoridade para as Condições de Trabalho, por declaração do candidato ao incentivo assumindo o cumprimento dessas normas legais ou convencionais. Para o mesmo efeito, visando facilitar a

89 89 demonstração da classificação das publicações de âmbito regional, previa-se a substituição da prova de edição de conteúdos jornalísticos ( ) vocacionados para outros municípios, além daquele onde (a candidata) está sediada e da distribuição superior a 40% fora do município onde está sediada, por declaração do candidato, sujeita a fiscalização, de que são cumpridas todas as obrigações e requisitos legais. Este diploma de 2009 incluía ainda a simplificação dos pagamentos dos incentivos concedidos, reduzindo a duas as alternativas possíveis: pagamento de 50% do montante do incentivo no início da execução do projecto, contra a apresentação de garantia financeira de montante equivalente ao valor entregue, sendo o remanescente pago no final, ou pagamento da totalidade do incentivo no final da execução do projecto, deixando de se exigir por outro lado, como até então se verificava, a garantia pela totalidade do incentivo. A análise e a avaliação das candidaturas ao Incentivo à Consolidação e Desenvolvimento Empresarial seriam objecto de despachos anuais do Director do Gabinete dos Meios de Comunicação Social. No mais recente, o despacho nº 1993/2010, eram estabelecidos os indicadores económicos e financeiros (capital próprio ou alheio, resultados líquidos, autonomia financeira, rendibilidade do capital próprio, rendibilidade líquida das vendas e solvabilidade) e os respectivos parâmetros de avaliação (designadamente, um capital próprio, incluindo suprimentos igual ou superior, no ano da candidatura, a 25% do montante do incentivo solicitado, resultados líquidos positivos em pelo menos dois dos últimos três anos e capital próprio positivo nos três últimos anos). Os critérios de graduação das candidaturas incluiriam regras que valorizavam uma maior periodicidade das publicações, o maior número de horas de programação própria das rádios locais, um número de assinantes de publicações periódicas no estrangeiro não inferior a mil, um estatuto editorial que evidenciasse esse contributo, a existência de emissões on line na Internet, bem como um estatuto editorial que igualmente evidenciasse esse contributo, a criação de postos de trabalho, a natureza inovadora dos projectos e a localização da sede do órgão de comunicação em regiões com limites mínimo, médio ou máximo de financiamento nos termos das orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade regional emanadas pela Comissão Europeia (Decisão N 727/06-Portugal, de 7 de Fevereiro de 2007).

90 90 Capítulo 5 O QREN e sua Extensão os Media Regionais e Locais 5.1. ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS DE APOIO ÀS EMPRESAS EM PORTUGAL Um longo caminho foi percorrido desde que com a Adesão à UE, em 1986, as políticas públicas de apoio ao desenvolvimento empresarial ganharam patamares mais elevados de coerência, de eficiência e de eficácia. Vale a pena revisitar esta evolução para compreender o rational da situação actual e as perspectivas de evolução dos apoios às Micro e PME. Á luz dessa evolução é possível equacionar as especificidades da Comunicação Social Regional e Local. Inicialmente os apoios foram muito dispersos (por múltiplos programas operacionais sectoriais e regionais) e generalistas (não focalizados em objectivos). Pouco a pouco o número de intervenções operacionais foram sendo reduzidas e as acções foram se tornando mais selectivas. O 3º Quadro Comunitário de Apoio (2000/2006) marcou uma etapa importante nesta evolução. As orientações seguidas iam no sentido de: Um esforço de concentração de meios e agrupamento de instrumentos de política (por exemplo, o Programa Operacional de Economia, o principal PO do QCAIII, fundiu num só Programa mais de uma dezena de programas do anterior QCA e em uma dúzia de medidas largas dezenas de instrumentos de apoio ao desenvolvimento empresarial) na procura de simplificação, eficiência na gestão e eficácia nos resultados. Uma preocupação com a disseminação por todo o tecido empresarial e por todas as regiões do país de situações de excelência competitiva, de boas práticas e de sustentabilidade, alargando desta forma as fronteiras do desenvolvimento. Uma procura de objectivos reforçar a produtividade e a competitividade das empresas, bem como a sua participação no mercado global, e promover novos potenciais de desenvolvimento adequados à natureza dos processos concorrenciais modernos, a saber: o Os desafios da globalização; o As mutações tecnológicas e organizacionais; o Os imperativos, também a uma escala global, de natureza ambiental; o As determinantes decorrentes da dinâmica das procuras e dos mercados e dos comportamentos dos consumidores e outros agentes económico-sociais. Uma actuação múltipla visando tanto os apoios directos à empresa e aos seus investimentos de modernização como à envolvente da empresa (condições de financiamento via capital de risco e garantia mútua, entre outras; infraestruturas físicas;

91 91 apoio ao associativismo; entidades do sistema científico, tecnológico e formativo) ou ainda apoiando parcerias com entidades associativas ou da sociedade civil capazes de alargar as áreas de influência das políticas públicas, atingir novos extractos dimensionais e geográficos, disseminar boas práticas e antecipar questões estratégicas do desenvolvimento empresarial. Uma aposta nas modernas tecnologias de informação e comunicação. É útil compreender esta evolução histórica (muito sucinta) para perceber os mecanismos actuais de apoio e puder antecipar os novos formatos de apoios que o exercício de programação pós trarão. O Quadro de referência Estratégico Nacional O QREN (2007/2013) é o herdeiro desta linha e evolução. Das suas prioridades estratégicas aplicam-se directamente ao sector da Comunicação Social Regional e Local a quase totalidade: o a qualificação; o o crescimento; o a coesão social; o a valorização do território. De igual modo, as suas agendas prioritárias intersectam o sector: o a competitividade; o o potencial humano; o a valorização do território. Claro que a Comunicação Social Regional e Local não está no centro das preocupações da competitividade, do potencial humano ou da valorização do território. Mas ela é parte destas preocupações adicionando-lhe ainda elementos de informação e cultura, entre outros (como veremos mais à frente) muito importantes. A Agenda da Competitividade É a principal agenda operacional para as Micro e PME portuguesas. A Agenda Operacional Temática para o Reforço dos Factores de Competitividade da Economia envolve vários tipos de intervenção, dos quais se destaca os mais relevantes para efeitos do presente Estudo:

92 92 Incentivos à modernização e internacionalização das empresas Estímulos à Inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico Apoios à promoção da sociedade da informação e do conhecimento Ao nível instrumental vale a pena centrarmo-nos nos três principais eixos: Sistemas de incentivos ao investimento das empresas Apoio a acções colectivas Mecanismos de engenharia financeira i) Sistemas de Incentivos Os sistemas de incentivos estão sujeitos a uma lógica de selectividade muito restrita o que constitui uma barreira à entrada das empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local. De referir três principais sistemas de incentivos: Um Sistema de Incentivos à I&DT que assenta a sua decisão em critérios de selecção como: a qualidade do projecto; o contributo para a competitividade da empresa; o contributo para apolítica nacional e regional de I&DT; o grau de inovação do projecto e o seu efeito mobilizador. Seria um caminho de futuro para as empresas do sector mas é difícil imaginar uma participação plena (muito embora se possam admitir situações interessantes na Comunicação Social Regional e Local em áreas piloto ou acções demonstração de natureza pontual, sob apadrinhamento ou respondendo a encomendas). Um Sistema de Incentivos à Inovação que visa nomeadamente a produção de novos bens, serviços e processos que suportem a progressão na cadeia de valor e a introdução de melhorias tecnológicas; o reforço da orientação das empresas para os mercados internacionais; o investimento estruturante em novas áreas de crescimento; o empreendedorismo qualificado. O acesso do sector a este Sistema depende da qualidade de projectos de modernização tecnológica ou de empreendedorismo. A sua elevada selectividade constrange. O facto de ser objecto de concursos temáticos (descontínuos) gera possibilidades mesmo que restritas. Um Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME. É o mais próximo da realidade do sector da Comunicação Social Regional e Local. Visa promover a competitividade das PME através de uma intervenção no domínio dos factores dinâmicos e imateriais de competitividade (aumento da produtividade / flexibilidade / capacidade de resposta aos desafios do mercado global).

93 93 Tem a característica adicional de ser aberto no que se refere à CAE/Classificação das Actividades Económicas o que gera condições de acesso naturais. Dentro dos Sistemas de Incentivos, são Modalidades de Projectos: Projecto Individual: Projecto apresentado por uma PME Projecto conjunto: Projecto apresentado por uma ou mais entidades públicas ou associações empresariais ou entidades do SCT Projecto de cooperação: Projecto apresentado por uma PME ou consórcio liderado por PME Projecto simplificado de inovação: Projecto apresentado por uma PME para aquisição de serviços de consultoria e de apoio à inovação a entidades do SCT. Envolvem múltiplas áreas de projecto, a saber: o Criação, Moda & Design o Desenvolvimento e Engenharia de Produtos, Serviços e Processos o Propriedade Industrial o Organização e Gestão e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) o Qualidade Ambiente o Internacionalização o Inovação o Diversificação e Eficiência Energética o Economia Digital o Comercialização e Marketing o Responsabilidade Social e Segurança e Saúde no Trabalho o Igualdade de Oportunidades São critérios gerais de selecção (excepto para os Projectos Simplificados): Coerência e pertinência do projecto Grau de Integração dos investimentos Carácter inovador Contributo do projecto para a qualificação e valorização dos recursos humanos Grau de abordagem aos mercados internacionais Sustentabilidade do projecto

94 94 ii) Apoio a acções colectivas São de natureza aberta em termos de CAE e reúnem algum potencial para as empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local. Visam a cooperação e o funcionamento em rede. Não são directamente dirigidas às empresas (nem podem ser apropriadas por empresas) mas indirectamente estas são beneficiadas pelo sucesso das acções ou mesmo directamente quando são terreno da aplicação dos resultados do projecto. São seus objectivos gerais: potenciar os resultados dos Sistemas de Incentivos às empresas, com a criação ou melhoria das condições envolventes, com particular relevo para as associadas aos factores imateriais da competitividade de natureza colectiva, que se materializem na disponibilização de bens públicos, visando a obtenção de ganhos sociais e na geração de externalidades indutoras de efeitos de arrastamento na economia. São seus beneficiários: as associações empresariais; as entidades do sistema de C&T; o sector empresarial local; entidades públicas. São as seguintes as principais tipologias de projectos: o Actividades de promoção, divulgação e imagem internacionais o Informação, observação e vigilância prospectiva e estratégica o Criação e dinamização de redes de suporte às empresas e empreendedores o Sensibilização para os factores críticos da competitividade e para o espírito empresarial o Estudos de novos mercados, tecnologias e oportunidades de inovação o Actividades de animação, coordenação e gestão da parceria (Estratégias de Eficiência Colectiva que incluem os Pólos e Clusters do COMPETE 6 e certos programas regionais como os Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos e as Acções de Regeneração e Desenvolvimento Urbanos). São áreas de intervenção: o Difusão da inovação e tecnologia o Cooperação empresarial o Empreendedorismo qualificado e de base tecnológica o Desenvolvimento sustentável (ambiente, energia, qualidade, segurança) 6 Poderá ser interessante uma abordagem ao Pólo de Competitividade das TICE / Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica (Engº Paulo Nordeste). São em regra projectos baseados em grandes operadores de telecomunicações mas não é de excluir algum interesse estratégico para as empresas da Comunicação Social Regional e Local.

95 95 o Promoção externa da imagem do país e internacionalização, tendo como alvo novos mercados ou mercados emergentes o Valorização dos recursos humanos o Mecanismos complementares de financiamento e estímulo do acesso de PME ao financiamento iii) Mecanismos de engenharia financeira São também de natureza aberta em termos de CAE. Tem, porém, uma natureza muito institucional posicionando-se a montante do sistema no apoio. As empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local poderão ser suas beneficiárias indirectas. Inclui o Sistema de Apoio ao Financiamento e Partilha de Risco de Inovação e visa colocar à disposição das PME novas e inovadoras formas de financiamento. Instrumentos de Reforço do Capital Próprio Fundos de capital de risco, fundos especiais de investimento e outros instrumentos de financiamento a intermediários de capital de risco Financiamento a investidores para actividades na fase pré-semente ou semente Fundos de sindicação de capital de risco (FSCR); Fundos de participação em outros fundos de capital de risco ( Fundos de Fundos ) Instrumentos de Reforço de Capitais Alheios Fundo de Contra-garantia Mútuo Constituição ou o reforço do capital social de sociedades de garantia mútua Fundo de Garantia para Titularização de Créditos Constituição ou reforço do capital de veículos de investimento imobiliário Constituição ou reforço de linhas de crédito especiais; Mecanismos de garantias de financiamento; Outros instrumentos convertíveis de capital e dívida. Este Sistema de Apoio ao Financiamento e Partilha de Risco de Inovação inclui as Linhas de Crédito PME Investe (I e II), o Fundo de Investimento para o Cinema e o Audiovisual e o Portugal Venture Capital Initiative.

96 96 A Agenda Temática do Potencial Humano É uma 2ª área operacional relevante para as Micro e PME portuguesas. Tem a característica importante para as empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local de ser menos exigente do que os sistemas de incentivos quanto a indicadores de natureza económico-financeira da empresa e do projecto (apenas exigindo ausência de dívidas ao Fisco e Segurança Social). É, nas três agendas operacionais, uma agenda central e transversal ao conjunto do QREN: é, simultaneamente, um instrumento de coesão social e territorial e factor de competitividade. As principais áreas de intervenção são: Adaptabilidade e aprendizagem ao longo da vida Apoio ao empreendedorismo e à transição para a vida activa, exºs: o Apoios ao emprego o Estágios profissionais Cidadania, inclusão e desenvolvimento social, exºs: o Contratos locais de desenvolvimento social o Formação para a inclusão o Inclusão de imigrantes Formação avançada Gestão e aperfeiçoamento profissional Promoção da igualdade do género, exºs: o Formação para públicos estratégicos o Planos para a igualdade o Projectos de intervenção no combate à violência do género Qualificação inicial Os programas de qualificação de recursos humanos próprios e de inserção de estagiários (e captação de talentos) poderão ser particularmente relevantes para as empresas da Comunicação Social Regional e Local que se afirmarem com vontade de empresarialização e de modernização num contexto de mercado concorrencial. As empresas de Comunicação Social Regional e Local podem igualmente desempenhar um papel na promoção e informação das políticas públicas prosseguidas com esta Agenda do Potencial Humano nas suas linhas-força que cruzam com as comunidades regionais e locais: aprendizagem e aperfeiçoamento, cidadania, inclusão e desenvolvimento social, igualdade e violência do género.

97 97 A preocupação, afirmada pelos decisores das políticas públicas, com a necessidade de territorialização do Programa Operacional do Potencial Humano vai de encontro às potencialidades do sector da Comunicação Social Regional e Local dada a sua capilaridade. A Agenda da Valorização do Território Envolve quatro vectores de intervenção: Reforço da conectividade internacional, das acessibilidades e da mobilidade Protecção e valorização do ambiente Política de cidades Redes, infraestruturas e equipamentos para a coesão territorial e social. É uma Agenda que é ainda reforçada pelo Fundo de Coesão, com verbas próprias. É de todas as agendas a menos operativa para as Micro e PME em geral e para as empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local, em particular. É uma agenda muito infraestrutural, institucional e pública. O ponto de contacto com o sector poderá ser a intersecção com a oferta cultural e turística de base local e regional que esta Agenda promove no plano infraestrutural. Dada a extrema capilaridade do sector da Comunicação Social Regional e Local este poderá ajudar a organizar aquela oferta cultural e turística. Outros mecanismos de apoio ao desenvolvimento empresarial Existem outros mecanismos de apoio ao desenvolvimento das empresas autónomos do QREN (mas com alguns pontos de contacto). São múltiplos e de natureza muito variada. Deve aqui relevar-se: O Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas; O Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas. São dois fundos já hoje muito esgotados financeiramente e que têm especificidades que só pontualmente poderiam interessar às empresas da Comunicação Social Regional e Local. A actividade corrente dos operadores de Capital de Risco e de Capital Semente poderá igualmente ter interesse pontual em substituição do financiamento bancário comercial para as empresas do sector. As Linhas de crédito PME (só as duas primeiras integraram o QREN) podem cumprir o mesmo papel de facilitação do financiamento das empresas do sector.

98 98 Fundo de Inovação (resultante das Renováveis): falar ao Victor Martins sobre aplicação regional Para certos tipos de projectos e certos tipos de despesas existe a figura de minimis que permite manter os apoios fora das obrigações decorrentes da disciplina das Ajudas de Estado. Tipicamente, trata-se de apoios e projectos que não têm incidência sobre processos concorrenciais de mercado OS MEDIA REGIONAIS E LOCAIS NO CONTEXTO DA AGENDA DA COMPETITIVIDADE Toda a análise acima realizada aponta para a necessidade de o sector encontrar um lugar nas políticas públicas que seja um compromisso positivo entre as suas especificidades entre as quais o papel de proximidade, o da valorização territorial, o da coesão e o de expressão/dinamização cultural e o seu funcionamento económico-financeiro como indústria e negócio similar a tantos outros sectores mercantis. Ou seja, afirmar o sector da Comunicação Social Regional e Local pelos seus argumentos e contributos estratégicos para o desenvolvimento económico e social e não pelas suas fragilidades estruturais ou conjunturais. Os argumentos das indústrias culturais Num estudo recente feito para o Ministério da Cultura, por Augusto Mateus 7, são traçadas as linhas estratégicas do Sector Cultural e Criativo em Portugal. As empresas de Comunicação Social Regional e Local têm características que cruzam com muitas dos elementos-força apresentados para este sector cultural e criativo e em particular para as indústrias culturais (inclui além dos jornais, edição, rádio e televisão, a música, o cinema e vídeo, o software educativo e de lazer), a saber: são organizações do Tecido Económico Cultural e Criativo com intervenção predominante na fase de distribuição dos bens/serviços, entre a criação/produção e o retalho/consumo; são entidades singulares ligadas ao território; são factores de identidade mas também de universalidade (porque propagam valores das comunidades locais e, ao mesmo tempo, internalizam valores universais); 7 Augusto Mateus & Associados, Março de 2010

99 99 tanto diferenciam como massificam no contexto da globalização (são entidades de um mundo glocal); têm uma relação forte com o património e a cultura; são elementos de difusão em rede com forte capilaridade territorial; articulam indústrias culturais e consumidores, profissionais e actividades criativas, sector cultural e turístico e cidadãos. Estas são características do sector Cultural e Criativo. São também as características chave do sector da Comunicação Social Regional e Local como elemento das indústrias culturais. Por elas o sector da Comunicação Social Regional e Local não pode ser ignorado pelas políticas públicas de apoio ao desenvolvimento empresarial. Estes Argumentos respondem à necessidade de REPUTAÇÃO, NOTORIEDADE E PRESTÍGIO capazes de dar ao sector um papel na competitividade económica dos territórios. Os argumentos da inteligência territorial As empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local são por definição territoriais, ou seja estão referenciadas a determinados contextos territorialmente localizados. Poder-se-ia pensar que em tempos de globalização tal não constituiria facto significativo porque o que tende a relevar-se são os factores de universalidade e de padronização. As modernas teorias da inteligência territorial, porém, favorecem o que é diferenciado e específico, o que é especializado, raro e recurso localizado ou seja tudo aquilo que os territórios organizam nos seus espaços. Mais, tendem a ver o território não como espaço passivo suporte de recursos mas antes como actor, criador do seu próprio desenvolvimento, centro de um tecido institucional e organizacional, pólo de interacção e cooperação. E tendem a atribuir um papel determinante à confiança e ao capital social. É neste contexto que o sector da Comunicação Social Regional e Local deverá encontrar o seu posicionamento estratégico. Passará assim a ser um parceiro maior do desenvolvimento. Encontrará um lugar nas políticas públicas mais sustentáveis (e não nos apoios passivos e de curto prazo). Porque esses serão os argumentos que encontrarão expressão no(s) próximo(s) quadro(s) comunitário()s) de apoio e no mainstream do discurso europeu. Estes Argumentos respondem à necessidade de POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO capazes de dar ao sector um papel na INTELIGÊNCIA dos territórios.

100 100 Os argumentos da eficiência económica e das Micro e PME Os argumentos da inteligência territorial vão de encontro a preocupações de eficiência e de eficácia. As empresas Comunicação Social Regional e Local devem estruturar de forma optimizada as suas competências internas: a organização e gestão, a qualidade dos recursos (humanos, físicos, logísticos ), as capacidades tecnológicas e de inovação, a sua visão estratégica. Devem, simultaneamente, apostar no seu envolvimento externo com o seu quadro institucional próximo em processos sinergéticos. Interno e externo são apenas duas faces do desenvolvimento do negócio. Daí o conceito inerente à inteligência territorial de eficiência colectiva que o QREN e certamente os próximos quadros de apoio tanto privilegiam. O QREN desenvolve o conceito operacional de Estratégias de Eficiência Colectiva como um factor decisivo de disseminação da agenda da competitividade. Tais estratégias orientam-se para a promoção de economias de proximidade e de aglomeração aos níveis, nacional, sectorial, regional, local ou urbano. Ou seja, as empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local podem desempenhar um papel potencial neste conceito central ao QREN. E deverão fazê-lo em nome da eficiência e não em nome de estratégias defensivas de auxílio. O sector, como outras indústrias culturais, pode estimular a competitividade da oferta cultural porque forma novos públicos e qualifica a procura cultural do mercado. Adicionalmente, uma das características do sector da Comunicação Social Regional e Local é a sua atomicidade (claro predomínio de micro e muito pequenas empresas até 10 trabalhadores). Coloca-se assim ao sector desafios próprios daqueles que caracterizam estes segmentos de empresas: Geradores de crescimento Criadores de empregos Ninhos de empreendedorismo e terreno privilegiado de criação de empresas Factor-chave de estabilidade e de coesão económica e social Factor de desenvolvimento local Factor de integração e dinamização no mercado de trabalho Factor facilitador de transferência (interinstitucional e intergeracional) de saberes e tecnologias Factor dinamizador de actividades e iniciativas inovadoras no quadro da nova economia digital.

101 101 Além deste papel potencial das Micro e PME, considera-se que um desenvolvimento tendencialmente dualista numa óptica espacial e dimensional pode constituir um obstáculo ao desenvolvimento das economias, numa lógica de competitividade sustentada. Estes argumentos reposicionam o sector da Comunicação Social Regional e Local no centro da discussão sobre dinâmica do desenvolvimento, eficiência e coesão. Os argumentos da coesão Os argumentos anteriores vão também de encontro a preocupações de coesão social e territorial. As empresas do sector da Comunicação Social Regional e Local estão, muitas vezes, inseridas em territórios carenciados de iniciativa empresarial, com baixa dotação de infraestruturas tecnológicas e com débeis bases produtoras de conhecimento para utilizar uma definição genérica de territórios com atraso de desenvolvimento. Os meios de Comunicação Social Regional e Local ajudam a qualificar e a capacitar as populações pela criação de hábitos de fruição e pela difusão de valores. Aumentam a capacidade de valorização económica e de desenvolvimento local. São, ainda, factores de formação de consensos comunitários activos na base de valores próprios do território. São, assim, elementos que podem fortalecer a coesão social e territorial.

102 102 PARTE 2 CARACTERZAÇÃO E INDICADORES DE IMPACTOS DOS APOIOS DOS NOS MEDIA REGIONAIS E LOCAIS E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS Capítulo 6 Caracterização das Empresas; Indicadores e Impactos na Actividade 6.1. Caracterização e indicadores de desempenho das rádios locais regionais Enquadramento, dimensão das empresas e critérios Numa perspectiva empírica e objectiva, é fundamental caracterizar e conhecer alguns indicadores de desempenho relativos ao universo das rádios locais que receberam apoio do Estado, entre 2006 e 2009, através do Gabinete de Meios de Comunicação Social. Como base nesta informação, que de seguida se apresenta, é possível analisar em que medida se verificam ou não impactos resultantes da aplicação dos apoios do Estado na performance geral das empresas. Em todo caso, importa sublinhar que as conclusões aqui vertidas contemplam apenas uma análise mais quantitativa dos impactos (as análises na vertente qualitativa estão contempladas 7). Sendo assim, as análises e respectivas conclusões devem ser vistas apenas num contexto quantitativo. Nesta perspectiva, pode dizer-se que estas abordagens representam apenas indicadores de tendências, uma vez que existem outras variáveis externas que condicionam a actividade dos media regionais e locais. Assim, a informação que a seguir se apresenta permite conhecer com grande profundidade e realismo a situação das rádios locais em Portugal. De uma forma geral, como a própria informação evidencia, trata-se de um subsector constituído fundamentalmente por micro empresas e com níveis de facturação predominantemente inferiores a euros, circunstância que denota, por um lado, a pequena dimensão das empresas e, por outro, a fragilidade das estruturas empresariais que dão suporte à actividade radiofónica local. Nesta perspectiva, e de modo a definir com rigor os critérios que permitem caracterizar a dimensão das empresas, nomeadamente PME (micro, pequena ou média empresa), recorreu-se ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de Novembro, cujo conteúdo remete para os critérios incluídos no seguinte quadro em Anexo.

103 103 Com efeito, de acordo com os dados analisados de 23 empresas, foram retirados os seguintes resultados, segundo a classificação das empresas: Tabela 2 - Classificação das Empresas Classificação das Empresas Categoria Nº de Empresas Micro Empresa 20 Pequena Empresa 3 Média Empresa 0 Total de Empresas 23 Fonte: Elaboração Própria a partir dos relatórios de contas das empresas Através da análise do gráfico seguinte, pode-se visualizar melhor a existência de uma elevada percentagem (87%) de Micro Empresas, ou seja, empresas cujo volume de negócios não excede os 2 Milhões de Euros e o número de trabalhadores é inferior a 10 trabalhadores assalariados. Verifica-se igualmente uma percentagem baixa (13%) de Pequenas Empresas, cujo volume de negócios é inferior ou igual a 10 Milhões de Euros e o número de trabalhadores assalariados é inferior a 50. Gráfico 1 Classificação da Empresa em Função da Dimensão Classificação da Empresa 13% 0% 87% Micro Empresa Pequena Empresa Média Empresa

104 104 Fonte: Elaboração própria a partir dos relatórios de contas das empresas Por conseguinte, com base nesta amostra de 23 de empresas detentoras de rádio local, verificase que não existe qualquer exemplo de Média Empresa - ou seja aquela que apresente um volume de negócios inferior ou igual a 50 Milhões de Euros e um número de trabalhadores assalariados inferiores a Níveis de Facturação, Volume de Negócios e Tipos de Sociedade Entende-se por Volume de Negócios a quantia líquida das vendas e prestações de serviços respeitantes às actividades normais das entidades, consequentemente após as reduções em vendas, não incluindo, nem o imposto sobre o valor acrescentado, nem outros impostos directamente relacionados com as vendas e prestações de serviços. Na prática, corresponde ao somatório das contas 71 e 72 do Sistema de Normalização Contabilística, ou seja, à conta 71: Vendas e 72: Prestação de Serviços. Para efectuar uma análise dos resultados mais precisa, elaboraram-se dez níveis de facturação para melhor agrupar as empresas. Assim, os níveis de facturação podem ir do nível 1 ao nível 10, ver em anexo o que representa cada um deles. Os resultados da amostra de acordo com os níveis de facturação estão apresentados na tabela 3 e nas ilustrações 2, 3,4 e 5, para os anos 2006, 2007, 2008 e 2009.

105 105 Tabela 3 Níveis de Facturação das Empresas Níveis de Facturação Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Nível Nível Nível Nível 4 Nível 5 Nível 6 Nível 7 Nível 8 Nível 9 Nível 10 N.A. 1 2 Total de Empresas N.A. Empresas que não possuem relatórios Fonte: Elaboração própria

106 106 Com base dos valores apresentados na tabela 3, pode-se observar nos gráficos seguintes os diferentes níveis de facturação: por exemplo, em 2006 o nível 2 foi claramente predominante, seguindo-se o nível 1 e o nível 3, embora, neste caso, com valores menos significativos. Gráfico 2 Nível de facturação relativo ao ano comercial de 2006 Nível de Facturação (Ano 2006) 13% 39% 48% Nível 1 Nível 2 Nível 3 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas

107 107 À semelhança do que ocorreu em 2006, em 2007 o nível 2 foi predominante, tendo inclusivamente aumentando a sua posição, representando 61% do universo das empresas analisadas. Por seu lado, o nível 3 representou 22%, valor inferior ao ano precedente. Gráfico 3 Nível de facturação relativo ao ano comercial de % 4% 13% 61% Nível 1 Nível 2 Nível 3 N.A Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Para 2008, a tendência de predomínio do nível 2 manteve-se, embora com uma ligeira diminuição de quase 10% relativamente ao ano transacto. Por outro lado, o nível 1 reforçou a sua representatividade do universo das empresas analisadas, ascendendo a 31%.

108 108 Gráfico 4 Nível de facturação relativo ao ano comercial de % 31% 52% Nível 1 Nível 2 Nível 3 Fonte: elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas No que se refere ao último ano de estudo (2009), não se observou, de um modo geral, nenhuma alteração significativa da tendência dos anos anteriores: o nível 2 continuou predominante (48%), seguindo-se o nível 1 (26%). É também de assinalar o facto do nível 3 apresentar a mesma representatividade (17%) alcançada em Gráfico 5 Nível de facturação para relativo ao ano comercial de 2009 Nível de Facturação (Ano 2009) 17% 9% 26% Nível 1 Nível 2 Nível 3 48% N.A Fonte: elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas

109 109 Por conseguinte, segundo os dados da tabela 3 e respectivos gráficos (2, 3,4 e 5), pode verificarse que nos diferentes anos analisados (2006, 2007,2008 e 2009), a maioria das empresas apresenta um nível 2 de facturação ou seja: o volume de negócios das empresas está compreendido entre e Nesta amostra de 23 empresas de rádios locais, o nível de facturação das mesmas concentra-se nos três primeiros níveis de facturação, circunstância que denuncia tratarem-se de empresas com volume de negócio baixos. Com base nas definições de sociedades apresentadas no anexo, na tabela 1, estão apresentados dados relativos às 23 empresas detentoras de rádio local analisadas, no que diz respeito à natureza da sociedade. Tabela 4 Natureza da Sociedade Natureza da Sociedade Número de Empresas Sociedade por Quotas 18 Sociedade Unipessoal por Quotas 4 Sociedade Anónima 1 Sociedade em Nome Colectivo Sociedade em Comandita Cooperativas Empresário em Nome Individual Associação Sem Fins Lucrativos Fundação Fábrica da Igreja Total de Empresas 23 Fonte: Elaboração Própria Com base nos dados apresentados na tabela anterior, o gráfico seguinte evidencia o expressivo domínio das sociedades por quotas, representando cerca de 78% da amostra das empresas consideradas. O segundo tipo de sociedade mais frequente são as sociedades unipessoais. Por seu lado, as socieadades anónimas têm pouca expressão no universo das empresas de radiodifusão de âmbito local.

110 110 Gráfico 6 Natureza da Sociedade detentoras de Rádios Locais Natureza da Sociedade 4% 18% Sociedade por Quotas 78% Sociedade Unipessoal por Quotas Sociedade Anónima Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios de contas das empresas Em síntese, segundo o estudo desta amostra de empresas de rádios locais, no que respeita à natureza da sociedade, verifica-se que 78% das empresas são sociedades por quotas, ou seja, são constituídas por sócios cujo capital está dividido em quotas; 18% das empresas são sociedade unipessoal por quotas: estas sociedades caracterizam-se por serem constituídas por um único sócio, pessoa singular ou colectiva, que é o titular da totalidade do capital social; 4% de empresas cuja natureza jurídica que possuem é a de uma sociedade anónima, isto é, o capital social é dividido em acções e cada sócio, em número mínimo de 5, limita a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu. Convém ainda referir que neste estudo, somente existem empresas cuja natureza jurídica é sociedade por quotas, unipessoal por quotas e sociedade anónima na medida em que são apenas estas empresas que têm a obrigação de fazer o depósito das contas no Registo Comercial, ficando a outras formas jurídicas fora dessa obrigação e, por conseguinte, não existe informação oficial sobre as contas das empresas com outros regimentos jurídicos

111 Resultados Líquidos do Exercício e Fontes de Proveitos A tabela 5 apresenta um resumo das receitas globais para os quatro anos em estudo e a respectiva variação das receitas de ano para ano, considerando o quadriénio compreendido entre 2006 e Neste sentido, a tabela 5 apresenta um resumo dos somatórios dos resultados líquidos para os anos em estudo. Tabela 5 Somatórios dos Resultados Líquidos Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Resultado Líquido , , , ,78 Fonte: Elaboração Própria Daqui podemos verificar que o resultado líquido sofre um decréscimo de ano para ano. No que concerne ao ano 2007, apurou-se um resultado líquido negativo, o que permite concluir que, na média apurada no conjunto da amostra das empresas, se registaram prejuízos. Por outro lado, mediante a análise da evolução das receitas do exercício e do resultado líquido, dos quatro anos em observação, conclui-se (tabela 6) que 9% das empresas apresentam uma receita do exercício entre a

112 112 Tabela 6 - Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) Número de Categoria Empresas Sem Informação Exercício Negativo 6 Menos de 5000 euros 9 Entre 5001 e euros 2 Entre e euros 1 Entre e euros 4 Entre e euros 1 Entre e euros Entre e euros Entre e euros Entre e euros Mais de euros Total de Empresas 23 Fonte: Elaboração própria e com base nos relatórios de contas No gráfico 7, pode visualizar-se os vários níveis de resultados líquidos do exercício obtidos pelas empresas em 2006, situando-se os resultados líquidos mais frequentes (39%) abaixo dos euros. Em todo caso, é de sublinhar que um número significativo de empresas (26%) apresentou resultados negativos.

113 113 Gráfico 7: Resultado Líquido do Exercício em 2006 Exercício Negativo 4% Menos de 5000 euros 4% 9% 18% 39% 26% Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e Entre e Entre e Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios de contas Ainda com base na análise do estudo dos resultados líquidos do exercício para o ano 2006, apresentados pela tabela 6 e pelo gráfico 7, importa referir que a categoria Entre a euros, representa cerca de 18% do universo das empresas, ao mesmo tempo que ao nível das restantes categorias se verifica uma distribuição reduzida. Relativamente aos Resultados Líquidos referentes ao ano de 2007, apresentados na tabela 7, pode observar-se que um número significativo de empresas (9) apresentou resultados negativos, o que significa um agravamento face a 2006 (ano em que 6 rádios apresentarem prejuízos, menos 3 que em 2007).

114 114 Tabela 7 Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) Número de Categoria Empresas Sem Informação 1 Exercício Negativo 9 Menos de 5000 euros 2 Entre 5001 e euros 4 Entre e euros 3 Entre e euros 3 Entre e euros 0 Entre e euros 1 Entre e euros 0 Entre e euros 0 Entre e euros 0 Mais de euros 0 Total de Empresas 23 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas Com base nos dados apresentados na tabela 7, pode-se observar no gráfico 8, de uma forma mais sistematizada, os resultados líquidos agrupados por escalões, destacando-se o facto de 41% das empresas apresentarem um desempenho negativo. Por seu lado, cerca de 59% das empresas tiveram resultados positivos, sendo o escalão situado entre 5001 e euros, o mais frequente (18%) no âmbito dos resultados positivos.

115 115 Gráfico 8 Resultado Líquido do Exercício em 2007 Exercício Negativo 14% 14% 4% 41% Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e % 9% Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas Por conseguinte, apesar da maioria das empresas detentoras de rádios locais, apresentarem resultados positivos, é igualmente significativo o número de empresas com desempenho negativo. Por outro lado, nenhuma empresa alcançou resultados positivos superiores a euros, circunstância que, em certa medida, traduz a fragilidade estrutural deste subsector. Relativamente ao ano de 2008, observou-se uma melhoria significativa dos resultados positivos, na medida em que se verificou uma redução expressiva das rádios que apresentaram desempenhos negativos: 41% em 2007 e apenas 22% em 2008.

116 116 Tabela 8 Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) Categoria Número de Empresas Sem Informação 0 Exercício Negativo 5 Menos de 5000 euros 7 Entre 5001 e euros 4 Entre e euros 0 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 23 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas Como se pode observar no gráfico 9, 5 rádios locais (equivalente a 22%) apresentaram resultados negativos. Igualmente houve 5 empresas (22%) cujos resultados positivos oscilaram entre e euros. Por seu lado, a categoria que abrangeram mais empresas foi a de menos de 5000 euros - 30%.

117 117 Gráfico 9 Resultados Líquido do Exercício do ano de % 9% 0% 0% 22% Exercício Negativo Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e % 17% 30% Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas Com efeito, ainda de acordo com a informação apresentada na tabela 8 e gráfico 9, pode-se concluir uma vez mais a existência de uma grande fragilidade do tecido empresarial deste subsector, em que mais de 50% das rádios se situam entre resultados negativos e resultados positivos inferiores a 5000 euros. Através da análise da tabela 9 e ilustração10, pode verificar-se o comportamento dos resultados líquidos das diferentes empresas relativamente a 2009, concluindo-se que apenas quatro empresas apresentaram uma performance negativa, o que significa uma pequena redução (menos um empresa) face a 2008.

118 118 Tabela 9 Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) Categoria Número de Empresas Sem Informação 4 Exercício Negativo 4 Menos de 5000 euros 2 Entre 5001 e euros 2 Entre e euros 5 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 23 Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios de contas das empresas Ainda de acordo com esta análise, pode concluir-se que as empresas apresentaram resultados líquidos um pouco variáveis mas concentrados (44%) entre os e euros.

119 119 Gráfico 10 Resultados Líquido do Exercício do ano de % 22% 17% Sem Informação Exercício Negativo 17% Menos de 5000 euros 22% 9% 9% Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e Entre e Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios de contas das empresas Por conseguinte, considerando o comportamento das 23 rádios locais que constituem esta amostra, pode-se concluir que, ao longo do quadriénio , as empresas melhoram relativamente os seus resultados de um modo geral, o que é visível na redução dos desempenhos negativos: 6 em 2006 e 4 em Diversidade das Fontes de Receitas Considerando a Publicidade como o valor total da Prestação de Serviços das respectivas empresas, as Vendas como o somatório da rubrica vendas da demonstração de resultados, a rubrica Subsídios e a rubrica Outros Proveitos da demonstração de resultados, obtemos as seguintes informações relativa às 23 empresas:

120 120 Tabela 10 Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em valor absoluto) Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total em Vendas 67666, , , ,75 Total em Subsídios 27782, , , ,57 Total em Prestações de Serviços , , , ,38 Total em Outros 8234, , , ,37 Fonte: Elaboração Própria Tabela 11 Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em percentagem) Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 % Vendas 1,89 0,89 0,86 0,73 % Subsídios 0,77 1,27 0,58 1,17 % Prestações de Serviços 97,11 97,75 98,54 98,09 % Outros 0,23 0,09 0,03 0,01 Fonte: Elaboração Própria Segundo as tabelas 10 e 11, verifica-se que a rubrica Vendas e a rubrica Outros no período em estudo apresentam uma diminuição; a rubrica prestações de serviços apresenta um aumento nos três primeiros anos do estudo, mas do ano 2008 para 2009 verifica-se uma ligeira diminuição; a rubrica subsídios, do ano 2006 para o ano 2007 e 2008 para 2009, apresenta um aumento, mas do ano 2007 para o ano 2008 regista uma diminuição.

121 121 Tabela 12 Variação das Diversidade das Fontes de Receitas Vendas Prestação de Serviços Subsídios Variação ano 2007-ano , , ,88 Variação ano 2008-ano , , ,32 Variação ano 2009-ano , , ,65 Variação ano 2009-ano , , ,21 Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios de contas das empresas Tal como já foi analisado nas tabelas 10 e 11, a tabela 12 vem a confirmar uma variação negativa das vendas em qualquer dos períodos considerados no estudo, observando-se o mesmo comportamento negativo na variação da prestação de serviços nos anos e Também se observou uma variação subsídios do ano Contudo, observou-se uma variação positiva da prestação de serviços no ano , assim como dos subsídios relativos aos anos e Por seu lado, o balanço das Vendas para o período em estudo (Ano 2009 Ano 2006), é negativo. Pelo contrário, as receitas provenientes das prestações de serviços e subsídios, apresentam um balanço positivo para os quatro anos de análise. Pode-se assim concluir que as empresas vivem com algumas dificuldades estruturais, uma vez que umas das suas maiores fontes de receitas (prestações de serviços, rubrica onde são contabilizadas as receitas resultantes da venda de publicidade) apresentam uma tendência decrescente. No que respeita aos subsídios, conclui-se que as entidades privadas e/ou públicas que subsidiam as empresas em estudo, aumentaram em geral as suas contribuições para as rádios locais, facto este que se reflecte possivelmente na melhoria da situação económica e financeira da empresa. Em todo caso, é de sublinhar que alguns subsídios atribuído pelo Estado podem ser contabilizados noutras rubricas, facto que explicam as receitas de subsídios aqui referidas sejam pouco expressivas e por isso não sejam representativas da realidade cujo peso nas receitas é substancialmente superior Recursos Humanos e Geografia das Rádios Locais De modo a melhor e mais objectivamente se avaliarem as estruturas empresariais de suporte às rádios locais, através da variável recurso humanos, a tabela seguinte apresenta-nos o resumo do

122 122 número de trabalhadores para os quatro anos em estudo, considerando uma amostra de 23 empresas, agrupando as diversas categorias. Tabela 13 Número de Trabalhadores NÚMERO DE TRABALHADORES Categoria Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Não têm quadro de funcionários De 1 a 3 funcionários De 4 a 6 funcionários De 7 a 9 funcionários De 10 a 15 funcionários De 16 a 30 funcionários De 31 a 50 funcionários De 51 a 100 funcionários De 101 a 250 funcionários Mais de 250 funcionários Total de Empresas Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios de contas das empresas Pelos dados recolhidos e representados no gráfico 11, observamos que as empresas, na sua maioria, possuem poucos funcionários ao serviço, circunstância que reflecte a sua vulnerabilidade. Como se pode verificar na tabela 13, é na categoria de 1 a 3 funcionários e na categoria de 4 a 6 funcionários que se enquadram a maioria das empresas, para qualquer um dos anos em estudo. Aliás, como já sugerido no início deste capítulo, e apesar desta amostra representar 70% do Universo, correspondem às que têm obrigação de registar as contas, sendo que o perfil aqui identificado apresenta bastantes semelhanças com o diagnóstico que foi feito no estudo A Imprensa Local e Regional em Portugal, promovido pela Entidade Reguladora da Comunicação Social.

123 123 Gráfico 11 Número de trabalhadores por escalões no quadriénio NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2006 NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2007 NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2008 NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2009 Mais de 250 funcionários De 101 a 250 funcionários De 51 a 100 funcionários De 31 a 50 funcionários de 16 a 30 funcionários De 10 a 15 funcionários De 7 a 9 funcionários De 4 a 6 funcionários De 1 a 3 funcionários Não têm quadro de funcionários Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios de contas das empresas Convém ainda realçar que, de acordo com os dados desta amostra, algumas empresas não possuem qualquer quadro de funcionários; esta circunstância deve-se ao facto de serem empresas muito personalizadas nos seus fundadores e ainda por se tratar uma actividade cuja tecnologia tem permitido substituir facilmente algumas actividades desenvolvidas pelo homem. Este facto identificação de poucos trabalhadores - também revela que, neste caso concreto de empresas radiofónicas de âmbito local, se trata de projectos sem uma estrutura empresarial que lhes permita orientar-se para o mercado, o que revela uma atitude de passividade face a potenciais objectivos mais ambiciosos de desenvolvimento do negócio. Nesse contexto, poderá dizer-se que o número de empresas que corporizam essa atitude empresarial tem vindo a crescer significativamente no quadriénio em causa: em 2006 havia apenas uma empresa sem pessoas no quadro e em 2009 já se encontram sete empresas nessas circunstâncias. É claro que podem encontrar potenciais factores explicativos destas tipologias de empresas, como por exemplo: i) Personalização dos projectos das empresas num único actor, particularmente fundador ou dono que poderá ter outras actividades e fontes de rendimento;

124 124 ii) iii) Dificuldade em manter os custos de estrutura decorrente do aumento da concorrência nos negócio dos media em geral e em particular ao nível regional e local; Automatização dos processos decorrentes da evolução e sofisticação dos equipamentos tecnológicos que permite eliminar a participação humana ao nível da programação musical. Tabela 14 Somatório da Evolução do Número de Trabalhadores Variação Variação Variação Variação Categoria (Ano 2007 (Ano 2008 (Ano 2009 (Ano Ano 2006) - Ano 2007) - Ano 2008) -Ano 2006) Não têm quadro de funcionários De 1 a 3 funcionários De 4 a 6 funcionários De 7 a 9 funcionários De 10 a 15 funcionários de 16 a 30 funcionários De 31 a 50 funcionários De 51 a 100 funcionários De 101 a 250 funcionários Mais de 250 funcionários Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Através da análise das informações apresentadas na tabela 14, observa-se que raramente aumenta o número de funcionários, e, quando isso acontece, o aumento é pouco significativo. Das variações apresentadas na tabela 14, verifica-se uma repetida diminuição no período em estudo do número de trabalhadores, fenómeno possivelmente, provocado pela crise financeira que o sector e o país (em geral) atravessam, entre outros factores referidos anteriormente.

125 125 Tal como já foi analisado nas tabelas anteriores, a tabela 15 só nos vem a confirmar que se verificou um ligeiro aumento do número de trabalhadores do ano 2006 para o ano 2007; do ano 2007 para o ano 2008 o número de trabalhadores manteve-se, mas verificamos um decréscimo acentuado do ano 2008 para o ano Tabela 15 Número de trabalhadores por rádio Rádio NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Rádio Clube de Aveiro Rádio Planície N.A Rádio Antena do Minho Digital FM Rádio Clube de Monsanto Rádio Guadiana Rádio Altitude N.A M80 Leiria Rádio Voz de Alenquer Rádio Horizonte Tejo N.A Rádio Elvas Rádio Clube de Matosinhos Jornal FM 4 N.A 3 N.A Rádio Trofa Rádio Voz de Santo Tirso Rádio Gaia FM Rádio Alto Minho Rádio Clube de Vila Real Rádio Atlântida Rádio Calheta Rádio Popular da Madeira Rádio Clube Madeira Santana FM Total Fonte: Elaboração própria Relativamente à localização geográfica, a tabela 16 - e seguintes ilustrações - apresentam informações sobre a distribuição geográfica das diferentes empresas detentoras de rádios locais, da amostra em estudo.

126 126 Tabela 16 Localização geográfica das empresas em função da sua dimensão Total Micro Pequena Média Açores 1 1 Aveiro 1 1 Beja 1 1 Braga Bragança 0 Castelo Branco 1 1 Coimbra 0 Évora 0 Faro 1 1 Guarda 1 1 Leiria 1 1 Lisboa 2 2 Madeira 4 4 Portalegre 1 1 Porto 5 5 Santarém 0 Setúbal 0 Viana do Castelo 1 1 Vila Real 1 1 Viseu 0 N.A Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Considerando a amostra seleccionada (de 23 empresas de radiodifusão locais que receberam apoios do Estado), no gráfico seguinte pode observar-se de uma forma mais evidente a localização da sede das empresas, considerando como variável de análise o Distrito - ou região do caso da Madeira e Açores. Sendo assim, as empresas radiodifusão que receberam mais apoios situam-se nos distritos do Porto, seguindo-se a região Autónoma da Madeira.

127 127 Gráfico 12 Localização Geográfica das Rádios Locais Vila Real Setúbal Porto Madeira Leiria Faro Coimbra Bragança Beja Açores Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas No gráfico 12, pode observar-se como se distribuem as empresas de acordo com a sua natureza, pelos diferentes distritos. É de notar que o distrito que enquadra mais micro empresas é o distrito do Porto; os distritos dos Açores, Braga e Guarda são os únicos que nesta amostra agrupam pequenas empresas; e, por fim, nesta amostra não existe nenhuma empresa classificada como média empresa. Em todo caso, o perfil de empresas identificado nesta amostra converge com a caracterização do sector das rádios locais, com base numa amostra mais alargada, apresentado no Estudo da Imprensa Local e Regional em Portugal promovido pela ERC.

128 Nº de Empresas 128 Gráfico 13 Localização Geográfica por classificação da dimensão empresa 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Média Empresa Pequena Empresa Micro Empresa Localização Geográfica Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Por conseguinte, através desta análise, foi possível reunir alguma informação sobre o número de recursos humanos afectos às empresas, assim como a respectiva localização geográfica das empresas de radiodifusão que solicitam apoios do Estado. Do ponto de vista dos recursos humanos, a informação apresentada permite concluir que, ao longo dos quatros anos em análise, o número de recursos humanos tem vindo a diminuir ligeiramente, o que significa que os apoios atribuídos pelo Estado não tiveram um impacto expressivo ao nível da criação de emprego neste subsector. Em todo caso, e num contexto generalizado de dificuldades estruturais, potencialmente agravadas com a crise financeira global, e particularmente nacional, pode admitir-se que os apoios possam ter contribuído para segurar alguns postos de trabalho. Por seu lado, os dados apresentados sobre a localização geográfica das empresas sugerem um predomínio de empresas situado no litoral que beneficiaram de apoios do Estado. Esta situação, estará também associada a um maior número de candidaturas apresentadas por empresas sediadas nestas regiões. Este facto está relacionado com a circunstância de existirem mais empresas de radiodifusão localizadas nos distritos do litoral. E também se poderá concluir que as empresas situadas no litoral e na Região Autónoma da Madeira apresentam um maior número de recursos humanos ao serviço destas empresas.

129 Dimensão e Níveis de Facturação das Rádios Locais Como se pode ver na tabela 17, relativa à análise das diferentes variáveis de estudo, tendo por base comum a localização geográfica, verifica-se um grande predomínio das empresas de micro dimensão. Tabela 17 Análise classificação da empresa localização geográfica Distrito Micro Empresa Pequena Empresa Média Empresa Açores Aveiro Beja Braga 1 1 Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Com efeito, as 23 rádios locais são na sua grande parte Microempresas. Regra geral, encontramse distribuídas pelos diferentes distritos. O distrito do Porto e a Região Autónoma da Madeira são as que apresentam um número mais elevado de rádios com esta classificação. O distrito da

130 Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu Nº de Empresas 130 Guarda e a Região Autónoma dos Açores são compostos por rádios classificados de pequena empresa. Já o distrito de Braga apresenta microempresas e pequenas empresas. Gráfico 14: Classificação da empresa em função da localização geográfica 4,5 5 3,5 4 2,5 3 1,5 2 0,5 1 0 Localização Geográfica Micro Empresa Pequena Empresa Média Empresa Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas A tabela a seguir apresentada permite observar de uma forma objectiva os diferentes níveis de facturação das empresas, onde predominam os níveis 1 e 2 ou seja: empresas que facturam entre e , respectivamente.

131 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 1 Nível 2 Nível Tabela 18 Resumo da análise níveis de facturação e localização geográfica Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Açores Aveiro Beja Braga Castelo Branco Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Viana do Castelo Vila Real Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Com efeito, no gráfico é possível observar de uma forma mais expressiva os níveis de facturação, sendo que o nível 3 (entre constitui o nível máximo de facturação, representado apenas por cinco empresas.

132 132 Gráfico 15: Representação dos níveis de facturação e localização geográfica Ano 2006 Nível 1 Ano 2006 Nível 2 Ano 2006 Ano 2007 Nível 1 Ano 2007 Nível 2 Ano 2007 Nível 3 Ano 2008 Nível 1 Ano 2008 Nível 2 Ano 2008 Nível 3 Ano 2009 Nível 1 Ano 2009 Nível 2 Ano 2009 Nível 3 Ano 2009 Nível 3 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Segundo esta análise, podemos ainda verificar que as circunscrições geográficas em que as empresas possuem um nível de facturação superior (nível 3) são a Região Autónoma dos Açores, o distrito de Braga, Faro e Porto. O distrito de Castelo Branco é onde as empresas apresentam um nível de facturação mais baixo (nível 1). No que se refere à tabela (19) seguinte, relativa às tipologias e natureza jurídica das sociedades tendo em conta a sua localização geográfica, verifica-se um grande predomínio das empresas de rádios locais registadas como Sociedade por Quotas.

133 133 Tabela 19 - Análise natureza da sociedade em função da localização geográfica Natureza da empresa por distrito Distrito Sociedade Anónima Sociedade por Quotas Sociedade por Quotas Unipessoal Açores 1 1 Aveiro 1 1 Beja 1 1 Braga 2 2 Bragança 0 Castelo Branco 1 1 Coimbra 0 Évora 0 Faro 1 1 Guarda 1 1 Leiria 1 1 Lisboa Madeira Portalegre 1 1 Porto Santarém 0 Setúbal 0 Total Viana do 1 1 Castelo Vila Real 1 1 Viseu 0 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Ainda relativamente aos dados apresentados na tabela 19, o distrito do Porto é o que possui mais rádios locais cuja natureza jurídica é a de uma sociedade por quotas. O distrito de Castelo Branco abarca uma rádio local cuja natureza jurídica é a de uma sociedade unipessoal por quotas. Os distritos de Aveiro, Beja, e Braga só possuem rádios cuja natureza jurídica é sociedade anónima.

134 Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu 134 Gráfico 16: Natureza da sociedade em função da localização geográfica 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Sociedade Anónima Sociedade por Quotas Sociedade por Quotas Unipessoal Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas O gráfico 16, vem-nos a confirmar a natureza das empresas mais predominante nos diferentes distritos. Somente nos distritos de Lisboa e do Porto e na Região Autónoma da Madeira, existem empresas com naturezas jurídicas diferentes, Sociedade por Quotas Unipessoal e Sociedade por Quotas Análise Proveitos e Ganhos Localização Geográfica São poucas as rádios locais que apresentam valor de vendas nos anos em análise. Das 23 rádios, somente três expõem no relatório de contas o valor nas vendas. Como podemos visualizar na tabela 20, as rádios que apresentam vendas situam-se nos distritos de Beja, Faro e Lisboa.

135 135 Tabela 20 Análise vendas localização geográfica Evolução do montante de vendas por distrito Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total Açores Aveiro Beja 31641,19 6,75 377, ,61 Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro , ,75 Guarda Leiria Lisboa , , ,3 Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu Fonte: Elaboração Própria Tal como o gráfico 17 nos mostra, os únicos distritos que apresentam vendas são o distrito de Beja no ano 2006, o distrito de Lisboa nos anos 2006, 2007 e 2008 e o distrito de Faro no ano 2009.

136 Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu 136 Gráfico 17 Evolução das vendas Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas O distrito de Beja apresenta um montante elevado de vendas no ano 2006 mas nos anos de estudo seguintes verifica-se um decréscimo muito acentuado, chegando a zero no ano Já o distrito de Lisboa apresenta um montante de vendas aproximado nos três primeiros anos do estudo. Em 2009, o valor das vendas é nulo, enquanto que no distrito de Faro a empresa somente apresenta valores no ano Neste ponto, analisamos a evolução das prestações de serviços nos diferentes distritos a que as empresas pertencem. A tabela 21 é composta pelo valor total absoluto da rubrica prestação de serviços dos diferentes distritos para os diferentes anos.

137 137 Tabela 21 Análise prestação de serviços localização geográfica Evolução do montante de prestações de serviços por distrito Distrito Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total Açores , , , , ,01 Aveiro , , ,7 Beja 60085, , ,93 0, ,73 Braga , , , , ,22 Bragança Castelo Branco 69491, , , , ,23 Coimbra Évora Faro , , , , ,22 Guarda , , , , ,2 Leiria , , , , ,08 Lisboa , , , , ,03 Madeira , , , , ,46 Portalegre 89861, , , , ,93 Porto , , , , ,97 Santarém Setúbal Viana do Castelo , , , , ,2 Vila Real , , , ,23 Viseu Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Relativamente aos dados expostos na tabela 21, verificamos que existem seis distritos que não apresentam valores. Na nossa amostra não estão incluídas rádios nestes distritos, facto que explica os mesmos virem sem valores. São eles os distritos de Bragança, Coimbra, Évora, Santarém, Setúbal e Viseu.

138 Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu 138 Gráfico 18 Evolução da prestação de serviços Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas O resultado da análise que relaciona a evolução das prestações de serviços e a localização geográfica, permite concluir que é o distrito do Porto onde se verifica uma evolução crescente e mais acentuada das prestações de serviços das rádios locais nos três primeiros anos do estudo. No entanto, no ano de 2009 o valor das prestações de serviços sofre uma quebra. No distrito de Castelo Branco, na Região Centro, será aquele em que as rádios locais apresentam reduzidos montantes de prestação de serviços nos três primeiros anos do estudo e um aumento significativo no ano de O distrito de Faro apresenta uma queda muito acentuada do montante de prestação de serviços do ano 2007 para Perante os dados recolhidos dos relatórios de contas, relativo ao montante de subsídios dos diferentes rádios, concluímos que não são muitas as rádios que usufruem de subsídios.

139 139 Tabela 22 Análise subsídio localização geográfica Evolução do montante de subsídio por distrito Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total Açores Aveiro Beja Braga 17828, , ,75 Bragança 0 0 Castelo Branco ,23 0 Coimbra 0 0 Évora 0 0 Faro , ,4 Guarda ,82 0 Leiria , , ,82 Lisboa , ,65 Madeira Portalegre , ,3 7682,28 Porto ,4 0 Santarém 0 0 Setúbal 0 0 Viana do Castelo 956, ,16 Vila Real 0 0 Viseu 0 0 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Da tabela 22, conclui-se que o valor absoluto de subsídios das diferentes rádios por distritos não é muito elevado, o que significa que não é propriamente através do montante de subsídios que as rádios estão a aumentar os seus lucros.

140 140 Gráfico 19 Evolução dos subsídios Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas No gráfico 19, observamos que a rubrica subsídios se evidencia mais no distrito de Beja no ano de 2007, seguido do distrito de Braga no ano de Se bem que, no geral, o montante da rubrica subsídios é reduzido ou mesmo nulo nos diferentes distritos do país. Para finalizar a análise dos proveitos, importa verificar qual o comportamento da rubrica Outros, nos diferentes distritos no período em estudo. Desta forma, a tabela23 apresenta a evolução dos valores absolutos da rubrica Outros nos distritos.

141 141 Tabela 23 Análise outros localização geográfica Evolução do montante da rubrica outros por distrito Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total Açores Aveiro Beja Braga 4117, ,88 976, ,59 Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre ,29 0 Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo 4117, ,88 48,91 56, ,04 Vila Real Viseu Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas É de notar que a rúbrica Outros não é muito clara sobre o tipo de proveitos que possam ser englobados nesta rúbrica. Talvez por este facto, não apresenta valores muito elevados.

142 Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu 142 Gráfico 20 Evolução da rubrica outros Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas No gráfico 20, observa-se que somente três distritos apresentam valores nesta rubrica. São eles o distrito de Braga, que apresenta uma evolução negativa no período de estudo; o distrito de Portalegre, que só apresenta valores (muito baixos) para o ano 2009; e o distrito de Viana do Castelo, onde também se verifica um decréscimo do montante da rubrica outros, chegando a ser muito reduzido no ano de Os resultados líquidos indicam-nos se a empresa apresenta lucro ou prejuízo no decorrer do ano. Sendo assim, neste estudo é importante analisarmos a variação dos resultados líquidos nos diferentes distritos, para o período em estudo.

143 143 Tabela 24 Análise resultados líquidos localização geográfica Evolução do montante do resultado líquido por distrito Distrito Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total Açores 38435, , , , ,7 Aveiro , , , , ,6 Beja 3556,5 9409, , ,19 Braga 658, , , , Bragança Castelo Branco 13183, ,88 342, , ,04 Coimbra Évora Faro , , , ,6 Guarda 1539, , , , ,4 Leiria 2880, , , Lisboa 3841, , , , ,77 Madeira , , , , ,4 Portalegre , , , ,88-467,23 Porto 12811, , , , ,59 Santarém Setúbal Viana do Castelo 433, , , ,8 4949,22 Vila Real -5205, , , , ,6 Viseu Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Da tabela 24, conclui-se que existem alguns distritos em que os conjuntos dos resultados líquidos das rádios apresentam valores negativos, ou seja, no seu conjunto, as rádios apresentam prejuízos financeiros.

144 144 Gráfico 21 Resultados Líquidos Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas O gráfico 21, referente à distribuição de resultados líquidos pelos diferentes distritos, permite concluir que são bastantes os distritos em que as rádios locais apresentam um resultado líquido negativo. Nesta situação pode-se indicar por exemplo o distrito de Leiria, onde no ano 2008 se registou um resultado líquido negativo (no conjunto das rádios em estudo deste distrito) de cerca de euros. Pelo contrário, é na Região Autónoma da Madeira onde se verificam resultados líquidos positivos e mais elevados no mesmo período. Importa igualmente averiguar a evolução dos recursos humanos por distrito. A tabela 25 mostra-nos a evolução de recursos humanos em valor absoluto pelos diferentes distritos.

145 145 Tabela 25 Análise recursos humanos localização geográfica Evolução dos recursos humanos por distrito Distrito Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu Total Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Pela análise dos dados expressos na tabela 25, pode-se concluir que são seis os distritos que não agrupam rádios locais: Bragança, Coimbra, Évora, Santarém, Setúbal e Viseu. Verifica-se ainda que, no conjunto, o número de recursos humanos aumenta do ano 2006 para o ano 2007, mas, em contrapartida, diminui do ano 2008 para o ano 2009.

146 Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu 146 Gráfico 22 Recursos humanos Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Na amostra das 23 rádios locais, os resultados acima ilustrados indicam-nos que é nos distritos de Braga e Porto que as rádios locais possuem mais funcionários assalariados. Por sua vez, o distrito de Castelo Branco é aquele que, no conjunto dos quatro anos em estudo, menos recursos humanos apresenta CARACTERIZAÇÃO E INDICADORES DE DESEMPENHO DOS JORNAIS REGIONAIS E LOCAIS Níveis de Facturação, Volume de Negócios e Tipos de Sociedade De acordo com os dados analisados de 26 empresas (jornais) foram retirados os seguintes resultados segundo a classificação das empresas:

147 147 Tabela 26 Classificação das Empresas Classificação das Empresas Categoria Número de Empresas Micro Empresa 21 Pequena Empresa 5 Média Empresa 0 Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Desta análise, podemos verificar que existe uma percentagem elevada (81%) de Micro Empresas, ou seja, empresas dos média cujo volume de negócios não excede os 2 Milhões de Euros e o número de trabalhadores é inferior a 10 trabalhadores assalariados. Verifica-se ainda uma percentagem de 19% de Pequenas Empresas, cujo volume de negócios é inferior ou igual a 10 Milhões de Euros e o número de trabalhadores assalariados é inferior a 50. Gráfico 23 Classificação da empresa 19% 0% 81% Micro Empresa Pequena Empresa Média Empresa Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas O Gráfico 23, confirma-nos a inexistência de empresas classificadas como Média Empresa, ou seja, empresas que apresentam um volume de negócios inferior ou igual a 50 Milhões de Euros e um número de trabalhadores assalariados inferiores a 250.

148 Receitas, Resultados Líquidos e Fontes de Proveitos Cálculo do Volume de Negócios Entende-se por Volume de Negócios a quantia líquida das vendas e prestações de serviços respeitantes às actividades normais das entidades, após as reduções em vendas, não incluindo o imposto sobre o valor acrescentado nem outros impostos directamente relacionados com as vendas e prestações de serviços. Na prática, corresponde ao somatório das contas 71 e 72 do Sistema de Normalização Contabilística, ou seja, à conta 71: Vendas e 72: Prestação de Serviços. Para efectuar uma análise dos resultados mais precisa, elaboraram-se dez níveis de facturação para melhor agrupar as empresas que se poderá ver em anexo. Os resultados da amostra de acordo com os níveis de facturação estão apresentados na Tabela 27 e no Gráfico 24 para os anos 2006, 2007, 2008 e Tabela 27 Níveis de Facturação das Empresas Nível de Facturação Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Nível Nível Nível Nível Nível Nível Nível Nível Nível Nível N.A Total N.A- Empresas que não possui informação Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Com base dos valores apresentados na tabela 3, verificamos que, em termos absolutos, nos anos em estudo o nível de facturação 2 é o nível predominante. Assim, o volume de negócios das empresas está compreendido entre e

149 149 Gráfico 14 Nível de facturação para os anos 2006, 2007, 2008 e Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6 Nível 7 Nível 8 Nível 9 Nível 10 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Segundo o Gráfico 24, verificamos que, no período em estudo, o nível de facturação do conjunto das 26 empresas analisadas concentra-se nos três primeiros níveis de facturação. Com base nas definições anteriormente transcritas, na tabela 28 estão apresentados dados relativos a 26 empresas detentoras de jornais regionais, agrupados segundo a natureza da sociedade. Tabela 28 Natureza da Sociedade Natureza da Sociedade Número de Empresas Sociedade por Quotas 22 Sociedade Unipessoal por Quotas 2 Sociedade Anónima 2 Total 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Com base na informação da Tabela 28, verifica-se que, na sua maioria, as empresas classificamse como sociedades por quotas. Desta amostra de 23 empresas, existem somente duas empresas

150 150 representativas da natureza sociedade por quotas e outras duas empresas cuja natureza jurídica é a sociedade anónima. Gráfico 25 Natureza da Empresa 8% 8% Sociedade por Quotas 84% Sociedade Unipessoal por Quotas Sociedade Anónima Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas O Gráfico 25 confirma-nos os dados recolhidos pela Tabela 28, onde podemos confirmar que 84% das empresas são sociedades por quotas, 8% das empresas são sociedade unipessoal por quotas, 8% de empresas cuja relação jurídica que possuem é sociedade anónima, Receitas Globais Importa igualmente analisar as receitas globais para os quatro anos em estudo e a variação das receitas de ano para ano. A tabela 29 é um resumo dos somatórios das receitas do exercício e do resultado líquido para os anos em estudo. Daqui podemos verificar que as receitas do exercício diminuem significativamente do ano 2006 para o ano No entanto, nos restantes anos verifica-se uma variação positiva das receitas; o resultado líquido apresenta um aumento do ano 2006 para 2007, mas nos anos seguintes verifica-se uma diminuição. No que concerne ao ano 2009, o resultado líquido é negativo, o que nos indica que as empresas abrangidas por esta amostra em média apresentam prejuízos.

151 151 Seguidamente serão apresentadas tabelas e ilustrações que apresentam a evolução das receitas do exercício e do resultado líquido, dos quatro anos em observação. Na categoria Sem Informação, enquadram-se as empresas que não apresentam relatório de contas para o ano em estudo. Já a categoria Sem Receitas compreende as empresas que, apesar de terem relatórios de contas, não apresentavam Receitas do Exercício. Tabela 29 Somatórios das Receitas do Exercício e dos Resultados Líquidos para o triénio Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Receitas do Exercício , , , ,01 Resultado Líquido , , , ,49 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Seguidamente serão apresentadas tabelas e ilustrações onde apresentam a evolução das receitas do exercício e resultado líquido, dos quatro anos em observação. Como podemos verificar na tabela 30, são 5 as empresas que se ajustam à categoria sem receitas, no ano Tabela 30 - Receitas do Exercício (Ano 2006) Receitas do Exercício (Ano 2006) Categoria Número de Empresas Sem Informação 0 Sem Receitas 5 Receitas Negativas 0 Menos de 5000 euros 3 Entre 5001 e euros 1 Entre e euros 2 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26

152 152 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Pelo gráfico 26, verificamos que 27% das empresas enquadram-se na categoria Entre e e à categoria Entre e , a restante percentagem encontra-se distribuída pelas restantes categorias. Gráfico 26 Receitas do Exercício (Ano 2006) 0% 0% 4% 0% 0% Sem Receitas 8% 19% 19% 11% 0% Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros Entre e euros 27% 8% 4% Entre e Entre e Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas No ano 2007, verificamos que o número de empresas que não apresentam receitas se mantém em relação ao ano transacto, tal como nos comprova a tabela 31.

153 153 Tabela 31 Receitas do Exercício (Ano 2007) Receitas do Exercício (Ano 2007) Categoria Número de Empresas Sem Informação 0 Sem Receitas 5 Receitas Negativas 0 Menos de 5000 euros 3 Entre 5001 e euros 2 Entre e euros 4 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Pela análise do gráfico 27, verificamos que os escalões que abarcam mais empresas são aqueles que prevêem receitas entre e (23%), entre e euros (15%) e de igual percentagem na categoria entre e euros.

154 154 Gráfico 27 Receitas do exercício (Ano 2007) 4% 4% 0% 23% 15% 0% 0% 0% 19% 0% 12% 8% 15% Sem Receitas Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e Entre e Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas As empresas que não apresentam receitas no ano 2008 diminuem comparativamente ao ano 2007.

155 155 Tabela 32 Receitas do Exercício (Ano 2008) Receitas do Exercício (Ano 2008) Categoria Número de Empresas Sem Informação 1 Sem Receitas 3 Receitas Negativas 0 Menos de 5000 euros 4 Entre 5001 e euros 1 Entre e euros 4 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Analisando as receitas do exercício no ano 2008, como nos mostra o gráfico seguinte, verificamos que 23% das empresas enquadram-se na categoria Entre e , 15% de empresas encontram-se compreendidas na categoria Menos de 5000 euros e na categoria Entre e euros, a restante percentagem encontra-se distribuída pelas restantes categorias.

156 156 Gráfico 28 Receitas do exercício (Ano 2008) 23% 0% 0% 0% 4% 4% 11% 0% 15% Sem Informação Sem Receitas Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros 12% Entre e euros 12% 15% 4% Entre e Entre e Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Tal como no ano 2008, no presente ano de estudo (Ano 2009), o número de empresas que não apresentam receitas também diminuiu.

157 157 Tabela 33 Receitas do Exercício (Ano 2009) Receitas do Exercício (Ano 2009) Categoria Número de Empresas Sem Informação 0 Sem Receitas 4 Receitas Negativas 0 Menos de 5000 euros 2 Entre 5001 e euros 2 Entre e euros 3 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Na gráfico 29, verificamos que as categorias Entre e (15%) e Entre e euros são os escalões que mais empresas enquadram. A restante percentagem encontrase distribuída pelas restantes categorias

158 158 Gráfico 29 Receitas do exercício (Ano 2009) 15% Receitas do Exercício (Ano 2009) 19% 4% 0% 19% 0% 0% 0% 15% 12% 0% 8% 8% Sem Receitas Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas No estudo dos resultados líquidos, verificamos que as categorias que mais empresas compreendem são Menos de 5000 euros e Entre e euros.

159 159 Tabela 34 - Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) Categoria Número de Empresas Sem Informação 0 Exercício Negativo 3 Menos de 5000 euros 8 Entre 5001 e euros 4 Entre e euros 2 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Na gráfico 30, podemos verificar que existem 11% de empresas que apresentam resultados liquídos negativos, ou seja, são empresas que apresentam prejuízos. Os resultados liquídos mais frequentes (31%) são de empresas com resultados abaixo dos 5000 euros, e 27% das empresas enquadram-se na categoria Entre e euros.

160 160 Gráfico 30 Resultado líquido do exercício (Ano 2006) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2006) 0% 0% 0% 0% 4% 4% 0% 11% Exercício Negativo 27% 31% Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros Entre e euros 8% 15% Entre e Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Relativamente aos Resultados Liquídos referentes ao ano 2007, apresentados na tabela 35, podemos verificar que aumentou o número de empresas que apresentam resultados liquídos negativos, em comparação ao ano 2006.

161 161 Tabela 35 Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) Categoria Número de Empresas Sem Informação 0 Exercício Negativo 5 Menos de 5000 euros 9 Entre 5001 e euros 4 Entre e euros 1 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Pela análise da gráfico 31, as categorias que abarcam mais empresas continuam a ser as mesmas que no ano 2006, ou seja, a categoria Menos de 5000 euros (35%) e Entre e euros (23%).

162 162 Gráfico 31 Resultado Líquido do Exercício (Ano 2007) 0% 0% 0% 4% 0% 0% 0% 23% 19% Exercício Negativo Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros 4% 15% 35% Entre e euros Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas No ano 2008, continua a verificar-se um aumento do número de empresas que apresentam resultados liquídos negativos, ou seja, na amostra em estudo as empresas tendem a apresentar prejuízos no decorrer do tempo.

163 163 Tabela 36 Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) Categoria Número de Empresas Sem Informação 1 Exercício Negativo 7 Menos de 5000 euros 1 Entre 5001 e euros 9 Entre e euros 3 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Neste ano de análise, os escalões que compreendem mais empresas são empresas cujo volume de negócios se encontra compreendido entre 5001 e euros (34%) e entre e euros (11%).

164 164 Gráfico 32 Resultado líquido do exercício (Ano 2008) 11% Resultado Líquido do Exercício (Ano 2008) 0% 8% 0% 4% 8% 0% 0% 4% 34% 27% 4% Sem Informação Exercício Negativo Menos de 5000 euros Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e Entre e Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas A tabela 37 apresenta um aumento significativo do número de empresas cujos resultados liquídos são negativos, o que significa que, na amostra em estudo, as empresas tendem a apresentar prejuízos no decorrer do tempo.

165 165 Tabela 37 - Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) Categoria Número de Empresas Sem Informação 0 Exercício Negativo 13 Menos de 5000 euros 7 Entre 5001 e euros 2 Entre e euros 2 Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Entre e Mais de Total de Empresas 26 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Como podemos verificar a ilustração 33, mostra-nos que para além das empresas que apresentam resultados líquidos negativos (50%), o escalão que seguidamente enquadra mais empresas é o relativo a menos de 5000 euros.

166 166 Gráfico 33 Resultado Liquido do Exercício (2009) 0% 7% 8% Resultado Líquido do Exercício (Ano 2009) 0% 0% 0% 0% 0% 8% 0% Exercício Negativo Menos de 5000 euros 27% 50% Entre 5001 e euros Entre e euros Entre e Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Em síntese, as receitas do exercício dos anos 2006, 2007 e 2008 são suficientes para que as empresas no geral apresentem lucros, ou seja, um resultado líquido positivo. No ano 2009, as empresas não mostram receitas do exercício suficientes para que a média das empresas apresente resultados líquidos positivos. Diversidade das Fontes de Receitas Analisando as Prestação de Serviços, as Vendas (Mercadorias + Produtos), a rubrica Subsídios e a rubrica Outros Proveitos da demonstração de resultados, obtemos as seguintes informações: Tabela 38 Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em valor absoluto) Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Total em Vendas , , , ,01 Total em Subsídios , , , ,1 Total em Prestações de Serviços , , , ,7 Total em Outros , , , ,78 Total , , , ,63 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas

167 167 Tabela 39- Somatório da Diversidade das Fontes de Receitas (em percentagem) Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 % Vendas 3,57 3,17 3,48 3,93 % Subsídios 1,93 2,51 1,02 1,05 % Prestações de Serviços 93,08 92,67 93,81 92,97 %Outros 1,42 1,66 1,69 2,05 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Segundo as tabelas 38 e 39, verificamos que as vendas diminuem do ano 2006 para 2007, mas aumentam nos anos seguintes; o montante dos subsídios apresenta uma diminuição do ano 2007 para o ano 2008, mas no restante período verifica-se um aumento significativo; as prestações de serviços apresentam uma redução do ano 2006 para o ano 2007 e do ano 2008 para o ano 2009, mas nos restantes períodos de estudo apresentam um aumento; por fim, o montante da rubrica Outros aumenta de ano para ano, no período de referência. Tabela 40- Variação das Diversidades das Fontes de Receitas Vendas Prestação de Serviços Subsídios Variação ano 2007-ano , , ,55 Variação ano 2008-ano , , Variação ano 2009-ano , , ,64 Variação ano 2009-ano , , ,2 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Da tabela 40 podemos concluir que no conjunto dos quatro anos em estudo, as vendas possuem uma variação positiva; pelo contrário, as prestações de serviços e a rubrica subsídios apresentam uma variação negativa do ano 2006 para o ano Pode-se assim sublinhar que as empresas apresentam receitas (as vendas) positivas, sendo este um factor favorável no desempenho económico-financeiro da empresa. No que respeita aos subsídios, conclui-se que as entidades privadas e/ou públicas que subsidiam as empresas, em geral diminuíram as suas contribuições à imprensa regional, facto este que se reflecte possivelmente na saúde financeira da empresa.

168 Recursos Humanos e Geografia dos Jornais Regionais e Locais Recursos Humanos Numa época em que a crise económica do sector tende a interferir negativamente na quantidade de recursos humanos que uma empresa pode deter, importa analisar o número de trabalhadores das empresas para os quatro anos em estudo, agrupados nas diversas categorias. Tabela 41 - Número de Trabalhadores NÚMERO DE TRABALHADORES Categoria Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Não têm quadro de funcionários De 1 a 3 funcionários De 4 a 6 funcionários De 7 a 9 funcionários De 10 a 15 funcionários de 16 a 30 funcionários De 31 a 50 funcionários De 51 a 100 funcionários De 101 a 250 funcionários Mais de 250 funcionários Total de Empresas Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas A grande maioria das empresas enquadram-se até à categoria de 16 a 30 trabalhadores, salvo uma empresa que apresenta um número de trabalhadores superior a 250. Esta empresa é a detentora do Jornal A Voz da Póvoa, que se justifica pelo facto da empresa apresentar um relatório do conjunto das actividades que pratica.

169 Nº Trabalhadores 169 Gráfico 34 Recursos Humanos Recursos Humanos NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2007 NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2008 NÚMERO DE TRABALHADORES Ano 2009 Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios de contas das empresas Pelos dados recolhidos, pode concluir-se que as empresas, na sua maioria. possuem poucos funcionários. Como podemos observar na tabela 41, é na categoria de 4 a 6 funcionários e na categoria de 7 a 9 funcionários que se enquadram a maioria das empresas, para qualquer um dos anos em estudo. Esta situação deve-se ao facto da amostra em estudo ser na sua maioria constituída por micro empresas, daí ser compreensível o reduzido número de trabalhadores. A tabela seguinte mostra-nos a variação dos recursos humanos, ocorrida nos período em estudo, onde se verifica que, normalmente, o número de funcionários não só diminui, como são raros os casos em que aumenta.

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