JORNAL DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. MARÇO/ABRIL 2013 Ano 54 nº Cezinha Galhardo
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- Pedro Andrade Alencar
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1 JORNAL DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA MARÇO/ABRIL 2013 Ano 54 nº 1383 Cezinha Galhardo
2 O Certiicado Certiicado de de Atualização Atualização Proissional Proissional (CAP), com com validade validade de de cinco cinco anos, anos, é é documento documento padronizado e emitido pela pela Associação Médica Médica Brasileira e Sociedades de de Especialidade, que que atesta atesta os novos conhecimentos do do médico, habilitando-o ao ao exercício de sua especialidade. Os médicos que obtiveram Título de de Especialista ou Certiicado de de Área de de Atuação a a partir de janeiro de 2006 devem renovar o o CAP a a cada cinco anos. Para sua obtenção é é necessário acumular 100 pontos ao longo do período de de cinco anos (com pontuação máxima de de pontos/ano) por por meio de participação em diferentes atividades de de atualização credenciadas pela Comissão Nacional de Acreditação CNA. Seu cadastramento deve ser ser feito, feito, obrigatoriamente, no no site pelo pelo link cadastre-se, na na área de de médicos participantes, caso contrário, a pontuação não não será será creditada. Comissão Nacional de Acreditação - CNA
3 JORNAL DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA MARÇO/ABRIL 2013 Ano 54 nº 1383 Conteúdo Cezinha Galhardo 2 Editorial 3 Palavra do Presidente 4 Entrevista com Nezilour Lobato Rodrigues 10 Comissão de Saúde Suplementar 12 Casa + Segura 14 Defesa Proissional 21 Comissão de Assuntos Políticos 22 Gota a Gota 28 Agenda 29 Especialidades / Notas 5 Entrevista com Flavio Faloppa 16 Saúde Pública 24 Demograia Médica 30 Centenário da AMC 6 Conselho Cientíico 18 Diretoria Plena 26 Planejar a Aposentadoria 31 Federadas / Notas 8 Campanha Salve Saúde 20 Saúde Interiorização da Medicina / Câmaras/Comissões 32 Livros / Títulos
4 EDITORIAL O dinamismo das nossas entidades médicas É com satisfação que o Jamb chega novamente até você com informações que reletem o dinamismo da AMB e demais entidades médicas que, trabalhando de forma integrada, fortalecem a luta pela melhoria da qualidade do ensino, do sistema de saúde público e suplementar. As entrevistas com a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e com o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia traduzem a preocupação com importantes especialidades médicas tanto em relação à qualidade da formação, como quantidade e distribuição dos especialistas, educação continuada e projetos de gestão à frente das respectivas entidades. O Conselho Cientíico da AMB promoveu reunião retomando debates sobre mudanças na Residência Médica, valorização do Título de Especialista, Certiicado de Área de Atuação e o ProDiretrizes. Também foram abordadas as intervenções do Ministério da Saúde nos rumos dos programas de Residência, a exemplo do Provab. Matéria sobre a divulgação do SalveSaúde, campanha que visa promover a saúde e o bem-estar da população por mudanças de hábito e estilo de vida, que recebeu a contribuição do Corinthians, bicampeão mundial de futebol. A Comissão Nacional de Saúde Suplementar (COMSU) discutiu o cronograma de ações do movimento médico com deinição do Dia Nacional de Alerta aos Planos de Saúde para 25 de abril. A AMB, em fevereiro, com a presença do Governador do Estado de São Paulo, lançou a carreta Casa+Segura, projeto que objetiva reduzir o número de acidentes domésticos, que atingem especialmente a população de crianças e idosos, considerada a terceira causa de morte na população geral segundo dados do Ministério da Saúde. A reunião do Conselho de Defesa Proissional da AMB contou com a presença da gerente-geral de Regulação Assistencial da ANS para iniciar a revisão do rol de cobertura mínima com participação signiicativa das Sociedades de Especialidade. Recente pesquisa apresenta as conclusões da Demograia Médica no Brasil 2: cenários e indicadores de distribuição, estudo realizado pelos Conselhos Federal (CFM) e Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), que apontam 2 MARÇO/ABRIL 2013 que os médicos são mais numerosos, mal distribuídos e concentram-se em certas regiões demográicas e em algumas especialidades. Em solenidade comemorativa ao centenário da Associação Médica Cearense, o presidente da AMB, Florentino Cardoso Filho, criticou a forma como o governo federal trata a saúde pública nacional e as medidas recentemente adotadas que desconsideram os dados apresentados pela pesquisa CFM/Cremesp sobre número de médicos, de especialistas e sua distribuição no território nacional e contrariam posições adotadas pelas entidades médicas nacionais. Este tema também foi debatido na reunião da Diretoria Plena, assim como o andamento da coleta de assinatura para o Projeto de Iniciativa Popular, que arrecadou 30 mil assinaturas só com o trabalho da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneicentes de São Paulo. O artigo Planejar a Aposentadoria também é uma valiosa contribuição à categoria médica. Temos ainda informações diversas sobre as Sociedades de Especialidade e as Federadas da AMB, reairmando a vitalidade e o dinamismo das nossas entidades médicas. Para relexão: O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Leonardo Bof Jane Maria Cordeiro Lemos Diretora de Comunicações Associação Médica Mundial DIRETORIA PRESIDENTE Florentino de Araújo Cardoso Filho PRIMEIRO VICE-PRESIDENTE Jorge Carlos Machado Curi SEGUNDO VICE-PRESIDENTE Newton Monteiro de Barros VICE-PRESIDENTES Lairson Vilar Rabelo; Antonio Fernando Carneiro; Carlos David A. Bichara; Sidneuma Ventura; Álvaro R. Barros Costa; Petrônio A. Gomes; José Luiz Wefort; Celso Ferreira Ramos Filho; José Fernando Macedo; Murillo R. Capella. SECRETÁRIO-GERAL Aldemir Humberto Soares 1º SECRETÁRIO Antonio Jorge Salomão 1º TESOUREIRO José Luiz Bonamigo Filho 2º TESOUREIRO Murilo Rezende de Melo DIRETORES ACADÊMICO Marcos Pereira de Ávila ATENDIMENTO AO ASSOCIADO Guilherme B. Brandão Pitta CIENTÍFICO Edmund Chada Baracat COMUNICAÇÕES Jane Maria Cordeiro Lemos CULTURAL Hélio Barroso dos Reis DAP Robson Freitas de Moura DEFESA PROFISSIONAL Emílio César Zilli ECONOMIA MÉDICA Roberto Queiroz Gurgel MARKETING José Carlos V. Collares Filho PROTEÇÃO AO PACIENTE Rogério Toledo Júnior RELAÇÕES INTERNACIONAIS Miguel Roberto Jorge SAÚDE PÚBLICA Modesto A. de Oliveira Jacobino ASSUNTOS PARLAMENTARES José Luiz Dantas Mestrinho DIRETORA RESPONSÁVEL Jane Maria Cordeiro lemos EDITOR RESPONSÁVEL Aldemir Humberto Soares; CONSELHO EDITORIAL Antonio Jorge Salomão; José Luiz Bonamigo Filho; Edmund Chada Baracat; Florentino de Araújo Cardoso Filho. EDITOR EXECUTIVO César Teixeira (Mtb ) COLABORAÇÃO Natália Cesana, Helena Fernandes DIAGRAMAÇÃO, EDITORAÇÃO E ARTE Sollo Comunicação DEPARTAMENTO COMERCIAL Fone (11) /6801 TIRAGEM exemplares PERIODICIDADE Bimestral IMPRESSÃO Duograf FILIADO À ANATEC REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Rua São Carlos do Pinhal, São Paulo SP Tel. (11) Fax (11) jamb@amb.org.br ASSINATURA Anual R$ 60,00; avulso R$ 10,00 Fone (11) , ramal 130 Os anúncios e opiniões publicados no JAMB são de inteira responsabilidade de seus anunciantes e autores. A AMB não se responsabiliza pelo conteúdo dos mesmos.
5 PALAVRA DO PRESIDENTE saúde desrespeitada a associação médica Brasileira tem sido altiva e dinâmica na coerente defesa da nossa dignidade proissional e na importância da boa formação médica. no plano internacional temos participado de reuniões da confemel (confederação médica da américa Latina e caribe), do Fiem (Fórum Íbero-americano de entidades médicas) e da Wma (associação médica mundial), nas quais contribuímos na discussão dos problemas comuns entre os países, dos cenários que se apresentam e das perspectivas para que desenhemos melhor o futuro. avançamos com a revisão da declaração de Helsinque, que fará 50 anos em 2014, devendo ser votada na assembleia Geral da Wma, que se realizará no ceará de 16 a 19 de outubro vindouro. em nível nacional, preocupa-nos cada vez mais a posição do governo federal e de alguns governos estaduais e municipais com a míope percepção de que o caos instalado na saúde pública brasileira ocorre devido aos médicos, especialmente referindo-se à falta de médicos no Brasil. continua o silêncio, sem respostas às nossas simples indagações: quantos médicos faltam no Brasil? em que especialidades e áreas de atuação? para trabalhar onde? sob que condições e com qual remuneração? Fica evidente que estão preocupados com quantidade e não com qualidade. Precisamos de respostas urgentes e de planejamento para, pelo menos, os próximos 10 e 20 anos. Persistem com a deliberada ampliação de vagas em escolas de medicina existentes e abertura de novas, sem que se estabeleçam claros e adequados critérios. Falam em recrutar médicos formados fora do Brasil sem que sejam avaliadas suas competências, habilidades e atitudes. Preocupados com a qualidade da formação médica no Brasil, defendemos a avaliação dos egressos das faculdades de medicina e avaliação das escolas médicas, preferencialmente externa, para ser mais independente. as superlotações das emergências, aliadas às persistentes longas ilas de espera de pacientes para consultas, exames e cirurgias, os vários exemplos de má gestão e de corrupção na saúde pública brasileira traduzem a crítica situação que vivemos, sofrendo ainda mais os menos favorecidos. a saúde suplementar atravessa problemas continuados, principalmente no que diz respeito à relação entre médicos e operadoras de saúde, teimando em interferir na autonomia médica e praticando baixa remuneração pelo nosso trabalho. a amb enileira-se às suas sociedades de especialidade e Áreas de atuação na importância da boa formação médica, tanto na graduação quanto na pós-graduação, assim como reitera que precisamos de boas condições para trabalhar, possibilidades de crescimento proissional, educação médica continuada e remuneração digna. não nos dobraremos a pressões ou ameaças, pois o que queremos sempre é o melhor para nossos pacientes, posto que é o que mais nos importa. não nos curvaremos a nada e sempre estaremos defendendo o melhor para a saúde da população brasileira. Vamos adiante, pois o tempo urge. a saúde é nosso bem maior e o povo brasileiro merece respeito. Florentino Cardoso Presidente da Associação Médica Brasileira MARÇO/ABRIL
6 ENTREVISTA nezilour Lobato Rodrigues Envolvida no atendimento ao idoso há mais de 20 anos, a médica geriatra paraense Nezilour Lobato Rodrigues assumiu em julho de 2012 a presidência da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), cargo que ocupará até Mestre, preceptora da residência médica em geriatria do Hospital Universitário João de Barros Barreto, da Universidade Federal do Pará, e médica do Ministério da Saúde, Nezilour recebeu em 2011 a Medalha Mérito Legislativo Newton Miranda, da Assembleia Legislativa do Pará, por seus serviços prestados à sociedade. Foto: Tramita no Congresso o PLS284/11, que trata dos cuidados ao idoso. A SBGG é favorável ao projeto? Nezilour Lobato Rodrigues a sbgg não só é favorável, como também é uma das instituições que luta pela regulamentação da proissão. Reconhecemos que o trabalho do cuidador da pessoa idosa é de fundamental importância para o tratamento e reabilitação do paciente, mas deve ser executado de maneira correta para evitar complicações na saúde. com o projeto de lei sancionado, haverá novos postos de trabalho formal e essas pessoas receberão treinamento qualiicado garantindo, de forma segura, o bem-estar físico, psíquico e social do idoso. O número de geriatras no país é adequado? Em caso negativo, onde há mais carência? Nezilour Lobato Rodrigues a Organização mundial de saúde (Oms) considera ideal que exista um geriatra para cada 900 idosos, mas no Brasil, segundo um levantamento da própria sbgg, a realidade é outra: temos apenas um geriatra para cada 20 mil idosos, ou seja, a oferta é grande, mas os médicos só conseguem preencher 5% do número ideal. a previsão, de acordo com o ibge, é que em 2050 o país possua cerca de 63 milhões de idosos, aumentando a necessidade de maior número de proissionais atuando nessa área. Sobre residência médica: o número de vagas é suiciente? Todas são preenchidas? Nezilour Lobato Rodrigues em todo o Brasil existem apenas 21 programas credenciados na cnrm/mec, que juntos oferecem 60 vagas e infelizmente nem todas são preenchidas. isso demonstra ainda a falta de interesse pela especialidade. Outra questão é o fato de a disciplina de Geriatria não ser obrigatória na grade curricular dos cursos de graduação em medicina, o que faz com que os alunos não tenham um maior contato com a especialidade. E a atual qualiicação dos programas é satisfatória? Nezilour Lobato Rodrigues de acordo com a comissão nacional de Residência médica (cnrm) - instituição vinculada ao mec - a Geriatria é considerada hoje padrão ouro da especialização médica. Quem ingressa em uma residência em Geriatria deve ter, no mínimo, dois anos de residência em clínica médica, o que faz com que a avaliação seja de alto nível. Há integração entre os demais proissionais de saúde no atendimento ao idoso? Nezilour Lobato Rodrigues Os médicos de diferentes especialidades ainda não possuem o hábito de encaminhar o paciente idoso para o acompanhamento do geriatra, o que torna difícil a integração das condutas médicas a serem tomadas. e quando se trata de saúde pública, as unidades e hospitais carecem de proissionais das diversas áreas (enfermeiros, isioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, etc), com qualiicação voltada para a área do envelhecimento, para trabalhar na reabilitação desses pacientes. é preciso também o envolvimento de proissionais que trabalhem com a temática do envelhecimento: arquitetos especializados em projetar ou readaptar uma casa de acordo com as deiciências de saúde do idoso; advogados que tratem das causas envolvendo a pessoa idosa; além de outros proissionais qualiicados neste ramo. O CFM publicou resolução proibindo o uso de medicamentos antienvelhecimento. Qual a posição da SBGG? Nezilour Lobato Rodrigues a sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia acredita que esta resolução irá proteger a população de danos à saúde com o uso excessivo de hormônios, que podem trazer sérias consequências que vão desde o aumento da toxicidade no organismo até casos de câncer. ao longo dos anos presenciamos abusos e pacientes acreditando numa falsa segurança de que estariam imunes ao envelhecimento. Por isso, apoiamos a resolução do cfm. A SBGG oferece algum tipo de educação médica aos seus associados? Nezilour Lobato Rodrigues a sbgg oferece aos seus associados o Programa de educação continuada pela internet, através do site www. sbgg.org.br. O Pec disponibiliza aulas de atualização e ajuda os usuários na pontuação para a revalidação do título de especialista junto à comissão nacional de acreditação da amb. em dois anos, mais de 200 associados foram aprovados na avaliação. além disso, anualmente ofertamos congressos cientíicos para os proissionais da Geriatria e da Gerontologia (não somente os associados). também fazemos cursos pelo Brasil nos locais onde é mais necessária a atuação de nossos proissionais. Uma novidade é que ainda neste semestre estaremos lançando o nosso novo site, com duas homepages: uma destinada à formação e à atualização proissional dos nossos associados; e outra com informações cientíicas com caráter educativo para o público leigo. 4 MARÇO/ABRIL MARÇO/ABRIL 2013
7 ENTREVISTA Flávio Faloppa Presidente eleito da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia ( SBOT) em 2013, Flávio Faloppa graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina (1979), fez mestrado (1985) em Ortopedia e Cirurgia Plástica Reparadora e doutorado (1988) em Ortopedia e Cirurgia Plástica Reparadora da EPM/UNIFESP. Professor titular do Departamento de Ortopedia da Unifesp desde 1995, também presidiu a Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão e atualmente é o presidente do Conselho Gestor do HU-HSP da UNIFESP/SPDM. Ele concedeu a seguinte entrevista ao Jamb. Foto: Divulgação SBOT Quais são as suas prioridades à frente da SBOT? Flávio Faloppa a educação continuada e a defesa proissional têm sido as principais preocupações das últimas diretorias da sbot. temos trabalhado cada vez mais na área de defesa proissional, na valorização do médico ortopedista buscando, assim, manter o alto nível da especialidade. Qual o número de especialistas no Brasil, ele é suiciente para a nossa população? Flávio Faloppa Hoje temos pouco mais de 10 mil proissionais especialistas da sbot. é um bom número de ortopedistas, entretanto, a distribuição é inadequada, o que é um problema devido às precárias condições de trabalho nas localidades distantes das principais capitais. Para o proissional exercer a especialidade, necessita de uma estrutura adequada, como materiais cirúrgicos, intensiicador de imagem, entre outras necessidades. com o crescimento da Ortopedia surgiram subáreas dentro da própria especialidade que exigem, no mínimo, dois proissionais no auxílio a determinadas cirurgias, pois não é possível realizar algumas intervenções ortopédicas sozinho. e isso diiculta muito a instalação de indivíduos em cidades mais longínquas e com estrutura assistencial precária. Por isso há uma enorme concentração de ortopedistas na região sudeste, depois no sul e nas regiões nordeste e norte. no centro-oeste a distribuição está mais ou menos equilibrada. É adequada a formação do ortopedista hoje? Flávio Faloppa O conhecimento cresceu muito na nossa área, como em toda a medicina. assim, os três anos de Ortopedia não são suicientes para a formação proissional, por isso existem os chamados R4 e R5, que são prolongamentos de ensino após o término da residência, geralmente nas áreas de subespecialidade. Portanto, os três anos oiciais de residência médica são insuicientes. E o número de vagas na residência é suiciente? Flávio Faloppa nesta questão também existe uma distribuição que segue mais ou menos a lógica da concentração de especialistas no país, ou seja, é muito grande na região sudeste - primeiro são Paulo, seguido de minas Gerais e Rio de Janeiro. Por outro lado, alguns estados têm números reduzidos de vagas. no amazonas, por exemplo, há apenas uma residência. nesses estados deveria ocorrer um trabalho maior de incentivo e estruturação para que pudéssemos criar residências adequadas auxiliando na ixação desses indivíduos nessas regiões. A SBOT oferece algum tipo de educação médica continuada? Flávio Faloppa sim, e essa é uma das marcas da nossa especialidade. temos cursos tanto presenciais como on-line. temos programas on-line ao vivo para o todo Brasil, disponíveis uma vez por semana, durante o ano todo, abrangendo os temas principais da especialidade. as atividades presenciais também são em número adequado. Fora o congresso Brasileiro de Ortopedia, que é anual, são oferecidos eventos nas áreas de subespecialidades da Ortopedia. temos riquíssimo material didático - no ano passado foram publicados dois livros e, para este, estamos programando outros três, dentro de um trabalho que visa o suporte ao ortopedista e ao residente. Qual o principal problema enfrentado pela Ortopedia hoje no país? Flávio Faloppa dentro da especialidade temos vários problemas como a remuneração do ortopedista, ilas de pacientes aguardando cirurgia, inanciamento, leitos para o paciente ortopédico. O trauma ortopédico é uma verdadeira epidemia em nosso país, com aumento cada vez maior do número de pacientes que precisam do atendimento do ortopedista por causa de acidentes de trânsito, com destaque aos acidentes de moto. além destes pacientes, tem ocorrido uma demanda reprimida muito grande em relação aos pacientes que não fazem parte dessa urgência. Por isto, muitos pacientes acabam evoluindo para sequelas, às vezes deinitivas, por não conseguir o tratamento adequado. esse é o maior problema que estamos discutindo com os órgãos competentes, ministério da saúde e secretarias municipais e estaduais de saúde. Outro problema está relacionado aos pacientes que necessitam de prótese. isso é grave porque a população está envelhecendo, o número de degenerações e lesões articulares vem aumentando gradativamente, tendo a necessidade de cirurgias com próteses principalmente de quadril, joelho e ombro. isso vem aumentando num ritmo relativamente rápido, levando à formação de longas ilas para realizar tais cirurgias. nestes casos, além da diiculdade de leitos há o alto custo dos materiais. e o médico ortopedista é quem está na linha de frente, é o indivíduo que tem o contato com o paciente, mas não tem o poder de resolver essa questão e esse é outro grande problema. MARÇO/ABRIL MARÇO/ABRIL
8 SAúDE PúbLIcA científico cientíico debate mudanças na residência médica e atualização de diretrizes clínicas Fotos: César Teixeira Curi, Salomão, Baracat e Carrete, durante a reunião do Conselho Cientíico a reunião de março do conselho científico, ocorrida no dia 21, foi centrada basicamente em discussões sobre três pontos: residência médica; a retomada dos trabalhos da comissão de Valorização do título de especialista e certificado de Área de atuação; e o Prodiretrizes. edmund Baracat, diretor científico da amb, e antônio Jorge salomão, 1º secretário, coordenaram a reunião. José Bonamigo e José carlos nicolau, representantes da amb na comissão nacional de Residência médica (cnrm), falaram sobre as intervenções do ministério da saúde nos rumos dos programas de residência. Vivemos um momento de crise na comissão devido aos fortes esforços que o ministério da saúde tem feito para injetar mais médicos no país, falou Bonamigo. ele mencionou os exemplos do Provab e o aumento nas vagas de residência de acesso direto. com o novo funcionamento da cnrm, o governo tem tomado as decisões isoladamente. O último embate foi em relação ao Provab, quando ficou claro que não tem mais nada a ser feito, opinou nicolau. ambos apresentaram ainda diogo sampaio, ex-presidente da associação nacional dos médicos Residentes e atual presidente da sociedade matogrossense de anestesiologia, que substituirá nicolau na representação da amb e passará a acompanhar as reuniões da cnrm. ao final, Baracat pediu uma salva de palmas a José carlos nicolau pelos quase dez anos de participação ativa na comissão. Outro item da pauta coube a Wanderley Bernardo, coordenador do Programa diretrizes, que falou sobre o Prodiretrizes, trabalho que envolve a conversão de algumas diretrizes já elaboradas em aulas de educação médica à distância. 6 MARÇO/ABRIL 2013
9 atualmente existem três volumes, com 151 autores das sociedades de especialidade envolvidos e 67 diretrizes convertidas. Bernardo aproveitou para lembrar sobre a importância de que cada especialidade atualize as diretrizes produzidas, pois só assim elas poderão integrar o Prodiretrizes. muitas diretrizes não entraram nesse programa porque estão com mais de cinco anos de existência e não é mais possível sustentar o que é recomendado nelas. elas serão, inclusive, após autorização das sociedades, retiradas do site do Programa, explicou Bernardo. como sugestão, o diretor científico da amb pediu que, anualmente, todas as especialidades fiquem atentas às diretrizes já elaboradas e as atualizem conforme a necessidade. sobre este tema, está sendo agendada pela secretaria científica da amb uma reunião para tratar da metodologia de atualização. Outro assunto debatido foi a revitalização da comissão de Valorização do título de especialista/ certificado de Área de atuação. Por indicação da diretoria executiva da amb, o grupo agora será coordenado por Henrique carrete Jr., presidente do colégio Brasileiro de Radiologia e diagnóstico por imagem. esta é a bandeira número 1 da amb e precisamos divulgar mais o médico especialista, no sentido de valorizar o profissional que consegue obter o título ou certificado de área de atuação. Vamos retomar os trabalhos com esse objetivo, afirmou carrete. a comissão trabalhou durante os anos de 2009 e 2010 discutindo ações que valorizassem o médico especialista titulado pela amb/sociedades de especialidade e retoma os trabalhos agora, convidando os antigos componentes e integrando também as ações desenvolvidas pela comissão de normatização das Provas de título de especialista e certificados de Área de atuação. edmund Baracat informou ainda que será enviada carta de apoio ao ex-senador tião Viana, autor do PLs 217/04, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para instituir o exame nacional de Proficiência em medicina como requisito para o exercício legal da medicina no país. Às sociedades de especialidade foi solicitado que analisassem internamente, com suas respectivas diretorias, o teor da proposta e o conselho científico aprovou o envio da moção. ao final, antônio Jorge salomão, 1º secretário da amb, avisou sobre a realização do lançamento em são Paulo (sp) do programa salve saúde. a cerimônia ocorrerá no dia 30 de abril, às 12h, no Hotel Renaissance (alameda santos, 2233). Diogo Sampaio (esq.) e Bonamigo: informes sobre residência médica Henrique Carrete: valorização do título de especialista Wanderley Bernardo: ProDiretrizes MARÇO/ABRIL
10 SALVE SAúDE corinthians endossa campanha da amb e divulga salve saúde Foto: Daniel Augusto Jr Campanha visa promover a saúde e o bem-estar da população por meio de mudança de hábitos Bicampeão mundial de futebol, o corinthians marcou um gol de placa ao entrar em campo no domingo, dia 18 de fevereiro, no clássico contra o Palmeiras, no Pacaembu. Os jogadores carregavam a faixa do projeto salve saúde, da associação médica Brasileira, que visa promover avanços expressivos ao bem-estar e à saúde da população, por intermédio de mudanças de hábitos simples, como praticar atividades físicas, descansar adequadamente, ter alimentação saudável, entre outras. desde o lançamento do portal salve saúde, em dezembro de 2012, acabou aquela antiga história de pacientes consultarem o dr. Google, levando ao consultório do médico informações confusas, muitas vezes equivocadas. O site rapidamente virou referência em fonte segura de pesquisa e informações para a população de todo o país, com o aval de quem mais entende do assunto - os profissionais de medicina. O endereço é alimentado e supervisionado pelas principais entidades médicas de todo o país. idealizado pela amb, o portal já conta com cerca de 100 sociedades médicas e áreas de atuação, com o objetivo de incentivar a mudança de comportamento/hábitos entre a população. a meta é melhorar a qualidade de vida e a saúde dos cidadãos 8 MARÇO/ABRIL 2013
11 de todas as idades. com uma aparência leve e de fácil navegação, o site traz informações e orientações que podem ajudar a evitar as principais doenças crônicas incidentes no país, tais como obesidade, hipertensão arterial e diabetes. O salve saúde é uma importante ferramenta de estímulo a mudanças simples, como alimentar-se de forma saudável; não fumar, etc. O intuito é mostrar que o futuro segue viável e promissor. mas, para tanto, devemos fazer nossa parte, plantando todos os dias, novas sementes para dias melhores, explica Florentino cardoso, presidente da associação médica Brasileira. O apoio do corinthians ao projeto muito nos orgulha; tenho certeza de que não apenas os corintianos, mas todos os brasileiros vão jogar no nosso time, completa. Prevenção e promoção da saúde com abordagens objetivas e de simples navegação, o site traz informações e orientações, ajudando a evitar as doenças consideradas crônicas, e de grande incidência como diabetes, obesidade e hipertensão. também no endereço eletrônico é possível baixar gratuitamente uma completa cartilha de saúde, que inclui itens de prevenção e cuidados com a saúde das crianças, do homem, da mulher e também dos idosos. O portal é mais uma iniciativa do movimento Salve Saúde. O Futuro Promete. Chegue Bem Lá, que objetiva envolver e contar com o apoio de toda a cadeia de saúde no Brasil, de forma a realmente fazer diferença na qualidade de vida da população e, consequentemente, na melhoria das unidades de saúde do país. PARTiCiPE você TAMBÉM existem três maneiras de participar do portal salve saúde. Pacientes encontrarão espaço para contar suas histórias de superação, coragem e amor, que poderão auxiliar outras pessoas em situações semelhantes. aos médicos e profissionais de saúde que, além de indicar o site a seus pacientes, orientando-os sobre a cartilha disponível para download, também poderão participar enviando materiais e sugerindo a entidades de classe que também sejam aliadas deste movimento. as empresas e instituições que desejam patrocinar o site também poderão entrar em contato, ajudando a ampliar este movimento para que fique cada vez mais abrangente, chegando a toda população do país. informações e sugestões podem ser encaminhadas ao salve@salvesaude.com.br MARÇO/ABRIL
12 comsu movimento médico nacional deine calendário de ações Fotos: César Teixeira a primeira reunião do ano da comissão nacional de saúde suplementar (comsu), realizada no dia 1º de março, na sede da associação Paulista de medicina, em são Paulo (foto), deiniu o cronograma de ações do movimento médico que, neste ano, a exemplo do passado, inicia-se no dia 25 de abril, com a realização do dia nacional de alerta aos Planos de saúde. a data marca o início da mobilização médica. neste dia acontecerão coletivas à imprensa, assembleias, manifestações de rua, entre outros, todas com único foco: apresentar à população a insatisfação dos médicos em relação às operadoras de saúde. Participaram desta reunião ampliada coordenada pela associação médica Brasileira, conselho Federal de medicina e Federação nacional dos médicos lideranças médicas representando associações médicas, sindicatos, sociedades de especialidade de todos os estados, que além do cronograma também debateram ações estratégicas do movimento em é de suma importância a definição e o cumprimento do calendário de ações. Fizemos isso nos anos anteriores e conseguimos importantes resultados em termos de remuneração para a classe médica, lembrou o presidente da apm, Florisval meinão, ao abrir o encontro. Já o representante do cfm, conselheiro aloísio tibiriçá, apresentou os principais pontos do movimento para avaliação das lideranças médicas presentes: reajustes de consulta e procedimentos; contratualização; Hierarquização da cbhpm; projetos de lei em tramitação envolvendo os pontos de ação. 1 0 MARÇO/ ABRIL 2013
13 estamos apenas apresentando os pontos reivindicatórios. Ficará a critério das comissões estaduais de Honorários a deinição do tipo de ação a ser realizada para se alcançar os objetivos, airmou tibiriçá. além do primeiro vice-presidente, Jorge carlos machado curi, a amb esteve representada na reunião pelo seu diretor de defesa Proissional, emílio césar Zilli, responsável pela cbhpm, um dos itens da pauta de reivindicação. Precisamos sim rehierarquizar a cbhpm em função de distorções surgidas ao longo de sua criação. mas esse é um trabalho que cabe a nós médicos, como forma de valorizar esse instrumento tão importante em defesa da dignidade médica, falou Zilli. segundo o cronograma definido na reunião, o movimento deverá ter início no mês de abril, com a organização de assembleias estaduais para definição da pauta de reivindicações. no mesmo mês, foi definido o dia 25 para o início da mobilização com a realização do dia nacional de alerta. Ficará a critério das comissões estaduais de Honorários a definição do tipo de ação a ser desenvolida neste dia: coletivas à imprensa, assembleias, manifestações de rua, entre outros. Já os meses de maio, junho e julho estão reservados para as negociações com empresas. em agosto deverão ser realizadas as assembleias estaduais para avaliação das negociações e, em setembro, nova reunião ampliada da comsu para decisões. Zilli: defesa absoluta da CBHPM Lideranças aprovaram cronograma de ações CRONOGRAMA Abril Realização de assembleias estaduais para definição da pauta de reivindicações; dia 25 dia nacional de alerta. Maio / Junho / Julho meses reservados a negociações com operadoras de saúde. Agosto assembleias estaduais para avaliação dos resultados das negociações. Setembro nova reunião ampliada da comsu para tomada de decisões. MARÇO/ABRIL
14 campanha Fotos: César Teixeira amb lança carreta casa+segura O governador Geraldo Alckmin e o presidente Florentino Cardoso abriram oicialmente o evento Caminhão com duas carretas apresentou simulação dos cômodos de uma casa considerada segura em 14 de fevereiro, a associação médica Brasileira lançou a carreta casa+segura no Parque do ibirapuera, em são Paulo. O projeto tem como objetivo reduzir o número de acidentes domésticos. de 14 a 28 de fevereiro, a população pôde interagir com ambientes que simulavam os perigos encontrados em uma residência. Geraldo alckmin, governador do estado de são Paulo, e Florentino cardoso, presidente da amb, cortaram a ita de lançamento da carreta casa+segura. esse tipo de ocorrência vitima especialmente os extremos da idade: crianças e idosos. Os números disponíveis são subestimados porque a maioria não é notiicada, alertou Florentino cardoso, presidente da amb. Prevenir é o melhor investimento, pois cuidados básicos podem evitar danos permanentes. a maior parte dos acidentes com crianças e idosos ocorre dentro de casa. são queimaduras, fraturas, cortes e quedas que podem ser evitados se cuidados forem tomados, disse Geraldo alckmin, governador do estado de são Paulo, durante a cerimônia de inauguração do projeto. Vamos tentar colocar a carreta no Vale do anhangabaú, em lugares de grande circulação para as pessoas poderem entrar na casa móvel e conferir as dicas de prevenção, completou o governador. Foram unidas duas carretas totalizando 38 m 2 de área dividida em sete cômodos (lavanderia, cozinha, quarto de casal, quarto de criança, sala, banheiro e garagem). cerca de 90% dos acidentes domésticos poderiam ser evitados com medidas simples, que melhorariam consideravelmente a qualidade de vida do cidadão, relatou Rogério toledo, coordenador da comissão de Prevenção a acidentes domésticos. com entrada gratuita, o projeto, que é um dos focos de ação da comissão de Prevenção a acidentes domésticos da amb, icou exposto diariamente na arena de eventos (Portão 10 do Parque do ibirapuera), das 8h às 18h. Os visitantes da carreta foram acompanhados por instrutores e ao inal do percurso receberam uma cartilha com informações sobre segurança e prevenção. nosso objetivo foi oferecer boas dicas para que o cidadão garanta seu bem-estar. tudo isso também tem um enorme impacto no custo da saúde, daí outro ponto de relevância dessa ação da amb, inalizou cardoso. após o ibirapuera, em são Paulo, a carreta foi deslocada para a cidade de campinas, onde icou exposta no shopping Parque dom Pedro, de 9 a 15 de abril. O Projeto casa+segura foi apoiado pela secretaria de saúde do estado de são Paulo, secretaria do Verde e do meio ambiente da Prefeitura de são Paulo e patrocinado pela Qualicorp, Ford, Hospital sírio Libanês e nebacetin/ neba-sept e continuará online. Visite e divulgue o site: MARÇO/ ABRIL 2013
15 Protótipo contemplou todos os cômodos de uma casa Dicas de prevenção foram assinaladas em todas as áreas da casa ACidENTES domésticos: TERCEiRA MAiOR CAuSA de MORTE O estudo ViVa, do ministério da saúde, concluiu que a partir de 2006, quando foram registrados óbitos em decorrência de acidentes, esta categoria passou a representar a terceira maior causa de morte na população geral e a primeira na população de 1 a 39 anos. AS PRiNCiPAiS ORiENTAçõES da CARTiLHA Proteger janelas com grade trocar vidros quebrados ou rachados escolher tapetes antiderrapantes ou deixá-los ixados no chão, sem bordas reviradas Proteger tomadas elétricas não deixar ios elétricos com revestimento descascado ou rachado nunca ligar dois ou mais aparelhos numa mesma tomada. evitar sempre o uso de extensões e benjamins Proteger com portões os acessos à escada e à cozinha as escadas devem ter corrimão, piso antiderrapante e serem iluminadas instalar chave elétrica geral em local de difícil acesso, mas onde possa ser manejada com facilidade. Guardar os sacos plásticos em locais inacessíveis às crianças nunca manter móveis (mesa, cadeira, sofá, banco) embaixo da janela Guardar todos os produtos tóxicos (medicamentos, produtos de limpeza, tintas, detergentes) nos recipientes originais, em armários trancados evitar objetos com partes pequenas (menores de 2 cm de diâmetro), brinquedos, balões, sacos plásticos, que podem constituir risco de sufocação não manter armas de fogo em casa. caso seja extremamente necessário, guardá-las em local de difícil acesso e trancado a chave caso seja possível, ter um extintor de incêndio pronto para uso e em local acessível deixar anotado os números dos telefones do samu (192) e do centro de informações toxicológicas ( ) em lugares de fácil acesso para casos de emergência MARÇO/ABRIL
16 DEfESA PROfISSIONAL Fotos: César Teixeira ans inicia revisão do rol de procedimentos em parceria com as sociedades de especialidade na tarde do dia 21 de fevereiro, o conselho de defesa Profissional da amb recebeu martha Oliveira, gerente-geral de Regulação assistencial da ans, e Karla coelho, gerente de assistência à saúde também da ans, para que, junto aos representantes das sociedades de especialidade, fosse dado início à revisão do rol de cobertura mínima estabelecido pela agência. emílio césar Zilli, diretor de defesa Profissional da amb, e as representantes da ans frisaram que a participação das sociedades neste processo é fundamental. Peço que vocês leiam todo o material e reformulem o que acharem necessário. O trabalho de parceria entre a amb, sociedades de especialidade e ans só terá seu clímax se todos atuarem em conjunto e tiverem noção do papel de cada um, falou Zilli. Para isso, as sugestões de inserção ou exclusão de procedimentos devem ser enviadas ao departamento da cbhpm da amb (cbhpm@amb.org.br), listadas no formato da planilha disponível no site da amb para que sejam compiladas e enviadas ao grupo técnico da ans responsável pela revisão do rol. as reuniões técnicas na ans para discutir este assunto acontecerão mensalmente, de acordo com martha Oliveira. ela explicou ainda que seria interessante que, futuramente, após o envio das listas consolidadas à ans, as sociedades encaminhem também as referências científicas e os estudos econômicos que 1 4 MARÇO/ ABRIL 2013
17 sustentem os pedidos de inclusão dos procedimentos no Rol da ans. Florentino cardoso, presidente da amb, também esteve presente à reunião do conselho para tratar da nova proposta de rehieraquização da cbhpm sugerida pela diretoria da ans. ele foi categórico ao afirmar que a amb não abre mão de discutir o conteúdo e a forma da cbhpm com todas as sociedades de especialidade. é um momento complicado para nós, por isso todos vocês, representantes de sociedades de especialidade, devem sempre contribuir com conhecimento técnico para que possamos construir o melhor instrumento para nós, médicos. Reitero, não deixem de participar em momento nenhum de todo o processo que está sendo iniciado agora, explicou cardoso. Outro assunto em pauta foi a proposta de contratos entre médicos e operadoras de planos de saúde elaborada pela comissão nacional de saúde suplementar (comsu). apresentado por márcio Bichara, representante da Fenam na comsu, o modelo de contrato deixa bem claro, entre outras necessidades, que haja uma data-base para reajuste dos honorários, de acordo com negociação coletiva. este é um modelo básico para qualquer contrato, mas sabemos que as operadoras de planos de saúde não o aplicam. Por isso a comsu está trabalhando dentro da ans e do congresso nacional para reverter isso, declarou Bichara. ao final, Fábio sândoli de Brito, responsável pelas ações da comissão nacional de Honorários médicos da amb, explicou novamente sobre a nova formatação deste grupo e da câmara técnica da cbhpm, e Roberto Gurgel, diretor de economia médica da amb, lembrou a todos o funcionamento da câmara técnica de avaliação de tecnologias em saúde e ressaltou o rigor técnico e científico do grupo para analisar as solicitações que forem enviadas. temos ainda o conselho de economia médica que se reúne regularmente para debater qualquer assunto trazido pelos representantes das sociedades de especialidade, no sentido de criar políticas públicas sobre algum tema, falou Gurgel. ambos expuseram também a parceria das diretorias de defesa Proissional e de economia médica em relação à necessidade de que todo procedimento encaminhado às câmaras técnicas da cbhpm e de avaliação de tecnologias venha acompanhado de um estudo econômico que avalie o impacto da incorporação no país. Pretendemos contratar uma assessoria voltada só para isso, mas é importante ressaltar que a cbhpm não pode ser considerada apenas um instrumento de preço, e sim da dignidade médica. é o último bastião que temos em nossas mãos, falou sândoli. Emílio Zilli, diretor de Defesa Proissional da AMB Marcio Bichara, representante da COMSU Martha Oliveira, gerente da ANS Fabio Sândoli, coordenador da Comissão de Honorários Médicos MARÇO/ABRIL
18 SAúDE PúbLIcA Presidente da amb critica descaso com a saúde na contramão do que comprova recente pesquisa realizada pelo conselho Federal de medicina (mais detalhes nas págs. 24 e 25), o ministério da saúde insiste na falácia de que faltam médicos no país. Para isso apresentou, no dia 27 de fevereiro, em Brasília, um programa visando aumentar o número de profissionais no Brasil. Para atingir seu objetivo de equacionar 2,7 médicos/1000 habitantes, número aleatório, baseado em estatísticas do Reino Unido, o governo pretende utilizar várias estratégias. a primeira passa pela abertura de 51 novas escolas de medicina, algumas delas em áreas carentes, pretendendo com isso que os médicos ixem residência no local de formação. a meta é atingir 6 mil novas vagas/ano, que somadas às quase 16 mil já existentes completariam 22 mil. Outro mecanismo para incrementar o número de médicos está voltado aos proissionais formados no exterior, facilitando para isso o processo de revalidação dos diplomas, especialmente os cubanos e bolivianos. além disso, há ainda a previsão da abertura do mercado nacional para atuação de médicos portugueses e espanhóis cerca de postos -, que teriam uma licença especial por dois anos para realizarem suas funções em nosso país. Fortaleza em discurso, em Fortaleza, durante as comemorações do centenário da associação médica cearense, o presidente da amb, Florentino cardoso fez críticas ao descaso com que o governo brasileiro vem tratando atualmente a saúde pública nacional. antes de querer importar médicos, o governo precisa ter políticas de estado para melhor distribuir os médicos existentes no País. O Brasil dispõe de um contingente de proissionais capaz de proporcionar uma melhor assistência à saúde, não necessitando, portanto, do suporte de médicos de cuba, Bolívia, Portugal ou espanha conforme proposta governamental, disse. na avaliação do presidente da amb, há má distribuição de médicos no Brasil, o problema é que eles estão concentrados nas grandes cidades e nas capitais, porque não existem condições de trabalho na maioria dos municípios brasileiros. Os governos, em suas diversas instâncias, precisam informar a quantidade de médicos que o Brasil necessita, em que áreas do conhecimento eles precisariam atuar, onde, sob quais condições de trabalho e com que salários, completou. Foto: Divulgação AMC Cardoso durante o evento em Fortaleza Florentino cardoso airmou ainda que as escolas de medicina também preocupam a amb, porque muitos proissionais que estão saindo dessas instituições não têm condição de atender a população de maneira digna. segundo ele, antes de autorizar a abertura de novas faculdades, é preciso corrigir as já existentes, porque os médicos não estão sendo formados de maneira adequada. nossa luta é para formar médicos com qualidade, enquanto o governo quer de qualquer maneira e em número excessivo, airmou, acrescentando, que a maioria das escolas abertas recentemente não possui hospital-escola. Já temos 198 escolas de medicina. somos o segundo país com o maior número de escolas de medicina no mundo, só perdemos pra Índia, mas nós temos cerca de 200 milhões de habitantes e a Índia mais de 1,3 bilhão, observou. Artigo em recente artigo, O sistema público de saúde, publicado em 8 de março, na seção Espaço Aberto, do jornal O estado de s. Paulo, o presidente da amb voltou a criticar o sistema público de saúde. Para ele o governo tenta imputar à falta de médicos a deterioração do sistema. O governo precisa ser claro com a população e dizer, por exemplo, quanto o sus paga por uma consulta de um pediatra, de um ginecologista (menos de R$ 3). O povo precisa saber, ainda, quanto o sus paga por uma cirurgia de adenoide-amígdala (R$ 183,41), para retirar o apêndice (R$ 161,03) - esses valores incluem cirurgião, assistente e anestesiologista -, para uma curetagem uterina (R$ 67,03), para uma ultrassonografia abdominal (R$ 24,20), para um raio X do tórax (R$ 14,32), destaca em sua análise. 1 6 MARÇO/ ABRIL 2013
19 Fotos: José Bonamigo Evento em Brasília apresentou Programa Mais Médicos para o Brasil distribuição Outra fonte de preocupação do presidente da amb é com relação à distribuição de profissionais no país. Para ele, o governo precisa dizer em quantas cidades não se consegue fazer um hemograma ou uma ultrassonografia de qualidade, e ainda dizer quantos médicos o Brasil precisa. temos quase 400 mil médicos no Brasil, que se concentram nas capitais e nas grandes cidades. isso não é responsabilidade dos médicos nem da comunidade. é consequência da inoperância do governo, que não cria condições adequadas de trabalho. não adianta as prefeituras aqui e acolá acenarem com salários atraentes, porém sem adequadas condições de trabalho e sem vínculo formal de trabalho. Querem um médico missionário que se mude para uma localidade onde não terá estrutura adequada para atender a população, sem equipamentos para auxiliá-lo quando necessário, sem uma equipe multiproissional e, muitas vezes, solitário, comenta sobre o assunto. além de combater a ampliação de vagas nas escolas médicas existentes, e abertura das fronteiras para que proissionais formados no exterior venham trabalhar no País, cardoso defendeu a comprovação da qualidade dos médicos formados no exterior. Queremos apenas que atestem estar aptos a atender a população, por meio de um exame nos moldes do exame nacional de Revalidação de diplomas médicos expedidos por instituições de educação superior (Revalida). Precisamos comprovar seus conhecimentos, habilidades e atitudes, para que não ponham em risco nossos cidadãos, principalmente os mais carentes, defendeu Florentino. Política de Saúde em outro trecho do artigo, defendeu verdadeiras políticas de estado para o setor nacional de saúde. O governo precisa criar políticas de estado, e não políticas eleitoreiras de governo para melhor distribuir os médicos no Brasil. Pergunto: qual o diagnóstico de nossas autoridades sobre a distribuição geográica de proissionais? em que áreas do conhecimento precisaríamos de médicos? de quantos pediatras, anestesiologistas, geriatras, intensivistas, médicos de família e comunidade necessitamos hoje e de quantos precisaremos daqui a 5, 10, 20 anos? a preocupação tem sido somente com quantidade. nós defendemos qualidade, escreveu cardoso. Outro assunto importante - a questão do inanciamento da saúde - também foi abordada no artigo pelo presidente da amb. é notório o subinanciamento da saúde pública brasileira (hoje, cerca de R$ 2 por habitante/dia). O Brasil investe menos em saúde (porcentual do PiB) do que a média dos países africanos e do que outros países da américa do sul, exempliicou. Por im, questionou como se conseguem facilmente tantos recursos para estádios de futebol em detrimento à falta de recursos para inanciar adequadamente a saúde da população. sabe-se que ao longo dos últimos anos a esfera federal vem se desonerando em relação aos investimentos na saúde, quando comparados aos recursos de estados e municípios. Quem mais arrecada tributos no Brasil (uma das maiores cargas tributárias do mundo) é o governo federal e hoje ele contribui menos do que estados e municípios juntos, declarou. Meta é abrir seis mil novas vagas em medicina MARÇO/ABRIL
20 DIRETORIA Plena reunida em são Paulo Fotos: César Teixeira a diretoria Plena da amb esteve reunida no dia 15 de março, em são Paulo (sp), para debater os seguintes temas: andamento da coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular, informes sobre políticas federais que atingirão os médicos de todo o país, situação do Provab, organização da assembleia geral da associação médica mundial (Wma) no Brasil, utilização da marca da amb, entre outros assuntos. Florentino cardoso, presidente da entidade, abriu o encontro explicando as medidas do ministério da saúde para ampliar o número de médicos no país. a primeira delas é que novas escolas sejam abertas e as vagas das faculdades existentes sejam ampliadas. a outra é o recrutamento de médicos formados no exterior. O que falta é saber quantos médicos o Brasil precisa. com estes novos profissionais, teremos um número adequado para a saúde brasileira? e daqui a cinco, dez anos? isso mexerá com as vagas de residência?, questionou cardoso. cardoso falou ainda sobre o andamento da coleta de assinaturas para o projeto de iniciativa popular que prevê o investimento de 10% da receita bruta corrente da União na saúde pública. a estimativa é que ainda no 1º semestre de 2013 a proposta seja apresentada no congresso nacional. O estado de minas Gerais tem sido o carro-chefe na arrecadação de assinaturas. Outros estados como sergipe e Paraná também têm se empenhado bastante para que atinjamos o mais rápido possível os 1,5 milhão de nomes e assim consigamos enfrentar o subfinanciamento que é um dos piores, dentre tantos outros problemas da saúde brasileira, falou. a seguir, José Bonamigo, 1º tesoureiro da amb, deu informes sobre a situação do Provab (Programa de Valorização dos Profissionais na atenção Básica). Para 2013, mais de oito mil candidatos se inscreveram e 4,3 mil estariam aptos para participar do programa. Outra preocupação apontada pelo diretor é em relação às vagas da residência. O Provab permite que o aluno tranque sua vaga na residência enquanto cumpre o estágio. isso provocará o caos, pois algumas especialidades não terão mais concurso já que todas as vagas podem estar bloqueadas, explicou. 1 8 MARÇO/ ABRIL 2013
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