CRISE NO EQUADOR: GOLPE DE ESTADO OU REIVINDICAÇÃO CORPORATIVA? 1
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- Simone Maranhão de Caminha
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1 CRISE NO EQUADOR: GOLPE DE ESTADO OU REIVINDICAÇÃO CORPORATIVA? 1 Priscila Henriques Lima Laboratório de Estudos do Tempo Presente IFCS/UFRJ Graduanda em História pela Universidade Católica de Petrópolis Resumo: este artigo tem como objetivo analisar a recente crise estabelecida no Equador, com a declaração do presidente Rafael Correa de que seu governo foi vítima de um golpe de estado e que gerou como conseqüência a instauração do Estado de Exceção no país. Para isso foram acompanhados diariamente os periódicos eletrônicos equatorianos El Universo, El Comercio, El Telégrafo, Correo Diario e El Tiempo, bem como outras mídias da América do Sul, como o portal Folha Online do Brasil, o portal do governo equatoriano Revolucion Ciudadana e El Ciudadano. Palavras-chave: Golpe de Estado, Estado de Exceção, Crise Equador Resumen: Este artículo tiene como objetivo analizar la reciente crisis de Ecuador estableció con la declaración del presidente Rafael Correa que su gobierno fue víctima de un golpe de estado y que se generen como consecuencia del establecimiento del Estado de Excepción en país. Para que se monitorea diariamente las revistas electrónicas ecuatoriano El Universo, El Comercio, El Telégrafo, Correo y Diario El Tiempo y otros medios de comunicación en América del Sur, como Brasil, Folha el portal de Internet, el portal del gobierno de Ecuador y El Revolución Ciudadana Ciudadano. Palabras clave: Golpe de Estado, Estado de Excepción, la crisis Ecuador "Aqui não houve nenhuma tentativa de golpe de Estado. É uma farsa, tudo é um show midiático de Rafael Correa" assim declarou o ex presidente equatoriano Lucio Gutiérrez diante da acusação do então presidente Rafael Correa como responsável pelo suposto "golpe" ocorrido no país dia 30 de setembro fomentado por parte do contingente militar e pelos policiais, devido a uma proposta que se encontra em votação no Congresso onde se objetiva a redução de gastos com a segurança pública por meio do corte de bonificações e promoções e corresponde o plano governamental de austeridade e enxugamento do setor público. 1 Este artigo é parte integrante da pesquisa de Iniciação Tecnológica-Industrial sob o projeto Caminhos da Integração Sul-Americana (FINEP/CNPq), em outubro de 2010, no Laboratório TEMPO / UFRJ.
2 As manifestações se iniciaram com a ocupação do Aeroporto Mariscal Sucre de Quito pelos protestantes, suspendendo todas as operações de aviação civil e o controle dos principais quartéis da polícia. Os ecos das manifestações puderam ser sentidos em Cuenca e Guayaquil, onde rebelados e tropas governamentais se confrontaram. Rafael Correa se dirigiu ao Mariscal Sucre buscando diálogo com os policiais rebelados, mas foi atacado com bombas de gás lacrimogênio e levado logo em seguida para o Hospital Metropolitano. O presidente equatoriano diante da crise denuncia o movimento como golpe de estado e instaura estado de exceção no país, com a suspensão temporária dos direitos e garantias constitucionais visando facilitar as tomadas de decisões para a proteção do Estado frente á ameaça da ordem constitucional democrática. Todavia, parte da base aliada e a oposição alega que toda a manifestação surgiu como resultado da prepotência do governo ao propor modificações sobre a legislação do funcionalismo público. Nas palavras do professor Luis Villacis Maldonado, dirigente do partido de oposição MPD Movimento Popular Democrático não houve golpe. O que há é uma revolta de setores populares contra os desmandos e a atitude ditatorial por parte desse governo ao mudar benefícios trabalhistas. O que está acontecendo é um protesto exigindo que o governo tome um rumo e que o presidente reconheça que foi derrotado politicamente. A dificuldade na aprovação de leis levou Rafael Correa a recorrer a dissolução do Congresso que está prevista na legislação de 2008, onde o presidente governaria por meio de decretos, entretanto para sua aplicação seria necessária a aprovação do tribunal constitucional. Por outro lado, tanto a oposição quanto parte do governo manifestaram a intenção de convocação de eleições antecipadas, sendo Lucio Gutiérrez o encorajador dessa proposta. Ex-presidente equatoriano, Gutiérrez governou de 2003 a 2005 quando foi retirado do poder devido a manifestações populares, assumindo Rafael Correa o seu posto. Gutiérrez negou qualquer tipo de participação nas manifestações ou de intenção num suposto golpe de estado e diz que o único responsável pela crise é o próprio chefe de Estado equatoriano, devido o seu governo abusivo, corrupto e prepotente, e que Correa tende a culpar terceiros pelos seus próprios erros. Ainda afirmou que o atual 1
3 governo fomenta o ódio e a violência entre os equatorianos por meio de violações dos direitos dos cidadãos e com a proibição da fiscalização sobre as denúncias de envolvimento do governo com as FARCS (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Sobre a antecipação das eleições presidenciais, Gutiérrez disse que essa seria a oportunidade de acabar com a tirania de Correa e o plano de um socialismo para o século XXI que não se sustenta, além de evitar possíveis derramamentos de sangue como resultado dos levantes populares contra o governo. Apoio das nações e organizações mundiais Na iminência da crise, varias organizações e países demonstraram apoio do governo constitucional de Rafael Correa, repudiando qualquer intenção de institucionalidade democrática. A OEA Organização dos Estados Americanos, prontamente se reuniu para uma sessão extraordinária objetivando respaldar o governo constitucional do Equador, afirmando que não podem, de forma alguma, ser considerados como simples atos de protesto público. A mesma postura teve a UNAUL União das Nações Sul-americanas, ratificando a declaração de golpe de estado sofrido pelo governo equatoriano e expressando sua indignação contra a manifestação. Foi elaborada uma declaração que condena energicamente a tentativa de golpe de Estado e posterior sequestro de Rafael Correa (...) ressaltando a necessidade de que os responsáveis do levante golpista sejam julgados e condenados. O documento prossegue afirmando que de maneira nenhuma será tolerada tentativas de golpe ao poder civil eleito de forma legítima e que caso ocorram novos levantes as fronteiras serão fechadas e todo o comércio, tráfego aéreo, fornecimento de energia e serviços serão suspensos com os países da UNASUL. Na elaboração do documento esteve presente os presidentes Evo Morales da Bolívia, José Mujica do Uruguai, Cristina Fernández da Argentina junto do secretário-geral da UNASUlL Néstor Kirchner, o presidente Alan García do Peru, Juan Manuel Santos da Colômbia e Sebastián Piñera do Chile. 2
4 A ONU Organização das Nações Unidas, por meio da declaração de seu secretário-geral ban Ki-moon, expressou seu respaldo ao governo eleito democraticamente do Equador, e se mostrou preocupado com a segurança pessoal do presidente Correa. A União Européia declarou que é necessário respeitar a ordem constituicional das autoridades democráticas do Equador e que tudo deve ser feito visando evitar ações violentas que coloquem em risco a sociedade equatoriana. O governo espanhol desde o início qualificou a crise no Equador como intenção de um golpe de Estado, condenando qualquer tipo de levante contra o governo democrático e reafirmando seu apoio ao governo legítimo de Correa e as suas instituições democráticas. Os Estados Unidos se manifestaram por meio da declaração de Hillary Clinton, onde afirmou ser deplorável qualquer tipo de violência contra a ordem. Porém, para o presidente boliviano Evo Morales, o golpe de estado foi fomentado pelo governo americano em conjunto com a direita equatoriana com a intenção de atacar diretamente as nações sul-americanas através dos seus núcleos ALBA e UNASUL. Prontamente o governo equatoriano disse acreditar que o governo dos EUA nada teve a ver com as manifestações policiais ocorridas, entretanto para o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño apesar de acreditar fielmente que as principais autoridades americanas, junto ao presidente Barack Obama, não tem qualquer envolvimento com o caso, não pode afirmar a mesma coisa sobre grupos de poder que há nos Estados Unidos e que não são controlados pelo governo, e não posso dizer o mesmo de outro tipo de pessoas. O governo de Honduras, mesmo não tendo sua legitimidade reconhecida pelo Equador devido ter sido estabelecido por meio de golpe de estado em 2009 no governo de Manuel Zelaya, declarou que o direito do povo equatoriano representado na figura do presidente Rafael Correa, deve ser respeitado. Afirmativa de Golpe de Estado gera dúvidas 3
5 Apesar do apoio das nações, ainda paira a dúvida se houve de fato uma tentativa de golpe de Estado, onde para muitos o que se observa foi uma manifestação de cunho sindicalista e não movimentos políticos. Para o presidente da Associação Equatoriana de Rádio, Otto Sonnenholzner Sper, a declaração do presidente afirmando que a oposição quer dar um golpe de Estado não é correta. Na minha visão isso não é um golpe de Estado, pelo menos, não articulado pela oposição política. É uma reclamação da polícia, que pela importância de sua função, colocou todo o país em perigo. As questões sobre a validade da manifestação dos policiais como golpe de Estado estão sendo levantadas por parte da imprensa equatoriana, quando não houve a tentativa de queda do presidente Rafael Correa e como conseqüência a substituição de seu governo por outro. Alegam que em nenhum momento, mesmo quando Correa afirmava que havia sido seqüestrado, este deixou de governar. Afirmam que o que ocorreu foi a figura caricata de Correa, frente a reclamações trabalhistas dos policiais e que tudo isso tem como intuito encobrir a ação do governo de dissolver o congresso, dando plenos poderes ao presidente equatoriano de aprovar modificações legislativas sem o risco de ser vetado. Um dos pontos que reafirmam o caráter sindicalista da manifestação foi o aumento salarial para quatro patentes de policiais e militares anunciado pelo governo equatoriano 4 dias após a revolta policial. Como informaram os ministros da Defesa, Javier Ponce, e do Interior, Gustavo Jalkh, essa medida já havia sido estudada em agosto, negando que a ação esteja vinculada as manifestações. Apesar de já se encontrar mais calmo o cenário equatoriano, o presidente Rafael Correa afirmou no último dia 08/10 que irá manter o estado de exceção na capital Quito, visando que as Forças Armadas continuem protegendo instituições importantes como a Assembléia Nacional. Assim, a função de proteger o Parlamento que caberia até então a Polícia Legislativa continuará suspensa por tempo indeterminado. 4
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