Introdução. Imagens de vestir. Paulo Brasil

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1 Imagens de Vestir 35 Imagens de vestir Paulo Brasil Brasil, Paulo (2012), Imagens de Vestir. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, LXIX, LXX: 35 a 56. Introdução Desde o povoamento que o povo Açoriano deu primazia à Escultura em relação à Pintura. A tridimensão daquela reforça a comunicação visual e mostrou-se um auxílio de excelência para a instrução pedagógica que as imagens deviam ter com o conceito de visualização e a superioridade do sentido ótico para a experiencia humana, elementos estimulados pela teologia pós-tridentina. Nos Açores, as imagens de vestir foram uma categoria que agradou a certas Ordens e Irmandades, difundindo-se, de seguida, para as comunidades religiosas paroquiais, das quais os conjuntos das imagens da Virgem e de Cristo, sob as invocações de Nossa Senhoras das Dores e do Senhor do Passos, são disso exemplo, para além de algumas Virgens vestidas. As suas características de dimensão aproximada ao tamanho natural, o seu sistema construtivo, a aplicação de articulações nos membros para maior gestualidade e, consequente enriquecimento cénico, fizeram destas imagens obras processionais por excelência, sendo ainda possível encontrar nos Açores estas manifestações religiosas, principalmente na época da Quaresma e em especial na Semana Santa, onde as mesmas são exibidas. O uso das imagens de vestir tem por objetivo último a busca do realismo, quer através da representação da matéria pela aplicação de vidro para os olhos e lágrimas, gotas de resina vermelha para o sangue, quer através da utilização da própria matéria, como cabelos naturais para as cabeleiras, tecidos e rendas para o

2 36 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira vestuário, e adornos vários, desde brincos, colares, pulseiras e malas, executados em metais preciosos. A maioria dos adereços eram oferecidos por devotos em agradecimento de graças concedidas, ficando as senhoras mais piedosas ou de estatuto social mais elevado encarregues da decoração e da preparação das imagens. Aos homens apenas era permitido carregar os andores, ficando atentos às suas boas condições de utilização. Quanto às crianças cabia-lhes o papel da representação de anjinhos e da doação dos cabelos, quer para a Virgem, quer para o Cristo, em sinal de agradecimento por uma difteria curada ou de outra maleita a que sobreviveram. Origens A oferenda e a aplicação de vestuário em escultura é uma tradição muito antiga que remonta à Grécia pré-clássica com a aplicação de vestes nas Xoanon 1 e mais precisamente numa subcategoria designada de acrolith 2. Este costume foi encontrado e descrito por Pausânias 3 (séc. II), na sua obra Descrição da Grécia. Ainda na Grécia Antiga, era costume a realização de um cortejo para o transporte de um manto até ao Pártenon, para ser oferecido à deusa Atena. Em Espanha, a Virgem dos Reis, deve ser o exemplo mais antigo de uma imagem de vestir. Trata-se de uma obra do séc. XIII 4 e encontra-se na Capela Real da Catedral de Sevilha e terá sido para aqui levada numa procissão organizada pelo Rei Fernando III, em 1248, para comemorar a sua vitória sobre os Muçulmanos. Em Itália, a tradição de vestir esculturas já aparece no séc. XV, tendo sido encontrada no Batistério de Florença e nos presépios de Nápoles. No séc. XVI e XVII é de uso corrente na Península Ibérica e já aparece no Brasil, motivo este que nos leva a supor que nos Açores também fosse uma tradição utilizada desde a centúria de seiscentos 5. No Norte da Europa também se recorreu ao uso de vestir imagens em épocas recuadas. No entanto, esta tradição terá sido reforçada nos inícios do séc. XVII, possivelmente, devido à influência Espanhola dos Arquiduques Alberto e Isabel. 1 Objetos de culto ou ídolos pagãos. 2 Primitivas esculturas figurativas com uma estrutura interna de madeira recoberta de tecidos e os membros articulados em mármore. 3 Geógrafo e viajante Grego. 4 Segundo a tradição foi encomendada pela Rainha Joana para ser oferecida a seu marido, o rei Fernando III. 5 No Museu de Angra existem duas cabeças de Cristo, pertencentes a imagens de vestir, com características que se enquadram na escultura primitiva açoriana.

3 Imagens de Vestir 37 Características gerais das imagens de vestir Suporte 6 A estrutura de madeira é de execução simples ou complexa, de melhor qualidade para a cabeça, tronco e membros, sendo a madeira de menor qualidade utilizada para as estruturas ou armações. A cabeça pode pertencer ao bloco do tronco e estas zonas podem aparecer amovíveis através de sistemas de encaixe. O tronco das figuras femininas pode ainda sugerir a presença dos seios. Os braços e antebraços apresentam articulações nos ombros e cotovelos e, mais raramente, nos pulsos. Estas articulações apresentam-se em forma esférica, em cunha ou em formato de bolacha, e são reforçadas por cavilhas de madeira ou elementos metálicos. Policromia 7 Apresentam uma diversidade na representação da policromia: o rosto e as mãos são zonas mais elaboradas por serem destinados a ficarem visíveis; nas zonas ocultas pelas vestes a policromia é mais simplificada, com apenas uma cor, ou então aparecem na própria madeira. Os olhos podem ser de vidro, ou entalhados, e depois policromados. A imitação das lágrimas e gotas de sangue pode ser conseguida através de pintura, aplicação de resina ou vidro. Os cabelos podem ser entalhados na madeira e depois policromados ou com o recurso a uma cabeleira com cabelos naturais. No caso de existir uma cabeleira existe quase sempre uma zona reservada para o efeito, na parte superior da cabeça, monocromada de preto ou castanho. Quando as figuras masculinas se apresentam com barbas, estas são entalhadas e policromadas. Vestuário Estas obras foram executadas para possuírem sempre peças de vestuário em tecido, que podem ir desde vestes de baixo (saiotes e calções) até armações para vestidos, mantos e vestidos com aplicações de brocados ou vestidos bordados a fios de ouro ou de prata, rendas, pedras preciosas, barras e galões. 6 O suporte é o elemento destinado para a execução de uma obra ou bem cultural móvel ou integrado. 7 Termo que se aplica de modo genérico à decoração com várias cores, é especificamente utilizado para a escultura e objetos com volume em qualquer tipo de material.

4 38 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira Acessórios Compostos por coroas, resplendores, diademas, joias e os respetivos atributos. Classificação Entende-se por classificação a colocação de um bem cultural junto dos seus pares, isto é, junto de outros bens culturais que com ele tenham alguma, ou algumas afinidades. Sendo assim, convém relembrar a classificação comummente aceite para a escultura religiosa, com a inclusão das imagens de vestir 8 e das imagens de vulto parcial. Esta última categoria de imagens, é o resultado de uma observação efetuada nos últimos anos, mas carece de uma amostragem representativa que só um levantamento sistemático poderá vir a confirmar, contudo fica aqui a proposta para uma possível classificação da escultura religiosa com a introdução das imagens de vulto parcial. 1ª Imagens de pleno vulto 9 são obras entalhadas de forma mais ou menos elaborada, douradas e/ou policromadas para serem vistas pelos quatro lados. Esta categoria pode ser subdividida em duas subcategorias: imagens de pleno vulto sem aplicação de vestuário e imagens de pleno vulto com aplicação de vestuário. Desta última subcategoria podemos dar como exemplo as invocações de Cristo, referentes ao Hecce Homo, com a aplicação de mantos e perizonium. 2ª Imagens de vulto parcial são obras entalhadas de forma mais elaborada pela frente, tanto ao nível escultórico como na decoração da policromia. Estas imagens podem-se apresentar ocas 10, fechadas ou abertas no verso. A esta categoria pertencem ainda as imagens de vulto parcial de encostar e as imagens de vulto parcial de suspender. À subcategoria de imagens de vulto parcial de suspender pertencem as imagens com as características gerais de vulto parcial, mas apresentam-se sem base e com sistema de suspensão à parede. 3ª Imagens articuladas Apresentam as características das imagens de pleno vulto, com a exceção de possuírem articulações nos membros. Estas articulações são policromadas possibilitando a sua integração estética na figura. Este tipo de imagens também pode ser complementado com tecidos. A esta categoria pertencem as imagens todas articuladas e as imagens semi articuladas: nas primeiras as articulações encontram-se nos membros superiores e inferiores, permitindo que a mesma 8 Esta classificação tem por base o trabalho desenvolvido pela Doutora Maria Regina Emery Quites, docente da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. 9 A esta categoria pertencem a maioria das imagens que se encontram a cumprir a sua função de culto ou integradas em espólio museológico. 10 Tronco em que a madeira correspondente à zona do cerne foi removida por razões de conservação preventiva.

5 Imagens de Vestir 39 obra possa ser utilizada em representações diferentes, como, por exemplo, Cristo à Coluna, Crucifixão, Senhor Morto. Nas imagens semi articuladas, as articulações aparecem nos membros superiores, permitindo que a mesma imagem de Cristo seja apenas utilizada na representação da Crucifixão e Senhor Morto 11. 4ª Imagens de vestir Possuem as características já acima descritas, e podem ser subdivididas em quatro subcategorias: imagens readaptadas ou transformadas; imagens de corpo inteiro; imagens de roca; imagens de corpo inteiro/roca. As imagens readaptadas ou transformadas são peças de pleno vulto, ou de vulto parcial, que foram reentalhadas para a aplicação de membros articulados e de vestuário. As imagens de corpo inteiro apresentam uma anatomia mais ou menos elaborada quanto à sua construção e, as figuras representadas podem apresentar-se sentadas, de pé ou de joelhos, e possuem sempre cabeça, tronco e membros. As zonas cobertas pelo vestuário podem ficar apenas na madeira ou com policromia. As figuras femininas são representadas com túnicas simplificadas e as figuras masculinas com calções curtos ou compridos, sendo explícita a intenção da aplicação de vestuário. As imagens de roca são estruturalmente mais simples e apresentam sempre uma armação em madeira até à base a substituir a anatomia sob o vestuário. 12 Esta armação é composta por travessas de madeira que podem partir do peito, da cintura ou do quadril da figura e são fixas a uma base que pode apresentar-se com formatos variados. O interior desta armação pode ser reforçado com travessas verticais e transversais para conferir estabilidade ao conjunto. 13 Estas armações podem aparecer revestidas de duas formas: 1 com aplicação de tecidos simples fixos às ripas apenas para a sua ocultação, 2 com aplicação de panos de tela revestidos de pintura de tons monocromáticos. Na base destas armações podem ainda ser aplicados partes dos membros inferiores, como as pontas dos pés (com ou sem sapatos) e das pernas a partir das rótulas, ou mesmo das zonas crurais. As imagens de corpo inteiro/roca, são uma representação mista das duas subcategorias, pois possuem partes anatómicas entalhadas e armação de travessas em certas zonas para a substituição da anatomia. A armação pode partir da cintura ou do quadril e ir até à zona das rótulas ou dos tornozelos. 11 Nos Açores as imagens desta categoria não são comuns. Existe no Museu de Angra uma imagem semi articulada de Cristo, pertencente ao espólio da igreja de Nossa Senhora da Guia. Esta obra apresenta articulações nos membros superiores (na zona dos ombros) e os pés são amovíveis. Para a sua execução foram utilizados diversos materiais de suporte, tais como, madeira, couro, argila, musgo e papel, seguindo-se a aplicação da policromia. Estes materiais foram identificados de forma macroscópica através de uma observação da obra à vista desarmada. 12 Em tudo o resto apresentam as características das imagens de vestir. Como para as imagens de corpo inteiro, as figuras podem ser representadas de joelhos, sentadas ou de pé. 13 Esta armação pode ser composta por partes ou módulos.

6 40 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira Ainda em relação à classificação foi considerada e incluída a categoria de vulto parcial com as imagens de encostar e de suspender. Estes bens apresentam características específicas quanto à sua construção e acabamento que justificam um espaço próprio na classificação da escultura religiosa. Esq. 1 Classificação da escultura religiosa quanto às diferentes tipologias.

7 Imagens de Vestir 41 Imagens de vestir pertencentes à Igreja de Nossa Senhora da Guia do Convento de São Francisco de Angra. Este conjunto é composto por onze imagens de vestir. Seis representam figuras que foram canonizadas e com ligações à Ordem Terceira de São Francisco, que são a Rainha Santa Isabel, Santa Rosa de Viterbo, Santa Margarida de Cortona, Santo Elisiário, Santa Delfina e Santo Ivo. As restantes cinco imagens representam São Francisco de Assis e um Cristo, um Senhor dos Passos, uma Senhora das Dores e outra imagem da Virgem (?). Neste conjunto foram identificadas sete imagens de roca, uma imagem de corpo inteiro, duas imagens de corpo inteiro/roca e uma imagem de encostar que foi transformada em imagem de vestir. Imagens de roca As imagens de roca representam a Rainha Santa Isabel, Santa Rosa de Viterbo, Santa Margarida de Cortona, Santo Elisiário, Santa Delfina, Santo Ivo e Nossa Senhora das Dores. Fig. 1 a 7 Vistas gerais (frente) das imagens da Rainha Santa Isabel, Santa Rosa de Viterbo, Santa Margarida de Cortona, Santo Elisiário, Santa Delfina, Santo Ivo e de Nossa Senhora das Dores.

8 42 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira Estas imagens de roca apresentam uma estrutura de madeira de execução relativamente simples. Apenas na imagem de Santa Rosa a armação é composta por duas partes, ou seja, uma armação bipartida. As armações são executadas em ripas de madeira de número variável. Esta oscilação de número de ripas poderá estar relacionada com a dimensão da figura, com o diâmetro da base (se é para ser visível ou não), com a iconografia, com a existência de partes de membros aplicados na armação, com o tipo de cobertura que a mesma irá ter, bem como com o vestuário a aplicar. Relativamente à armação da imagem da Senhora das Dores, a sua cobertura com tela pintada, que é fixa a cada uma das ripas para dar o efeito de dobras, pressupõe uma maior quantidade de elementos. Fig. 8, 9 e 10 Vista gerais das estruturas das imagens de Santa Delfina, Santo Elisiário e de Nossa Senhora das Dores. Estas travessas ou ripas de madeira são fixas, na parte superior, a elementos de madeira de formato circular ou ao próprio tronco da figura e, na parte inferior, às bases. Para a sua fixação são utilizados encaixes simples e cavilhas de ferro para o seu reforço. As bases apresentam maioritariamente dois formatos, os circulares e os octogonais. Fig. 11 Pormenor da fixação das ripas ao ele mento circular da armação da imagem de Santa Delfina.

9 14 Imagens de Vestir 43 Todas as cabeças pertencem ao tronco, com exceção para a imagem da Rainha Santa, Todas as cabeças pertencem ao tronco, com exceção para a imagem da Rainha em que este elemento é amovível e de encaixe simples. Os troncos das figuras também Santa, em que este elemento é amovível e de encaixe simples. Os troncos das figuras também são amovíveis são amovíveis 14 com diferentes 14 com diferentes sistemas de sistemas encaixe, de sendo encaixe, alguns sendo deles alguns mais complexos. deles mais complexos. A madeira utilizada A madeira em utilizada algumas em zonas algumas parece zonas tratar-se parece de uma tratar-se espécie de resinosa, uma espécie a julgar resinosa, pelas suas a julgar propriedades pelas suas físicas propriedades e alguns dos físicas seus e aspetos alguns estruturais. dos seus aspetos estruturais. Fig. 12 e 13- Pormenores dos sistemas de encaixe utilizados para a união dos troncos com as estruturas nas imagens de Santo Ivo e de Santa Rosa de Viterbo. Fig. 12 e 13 Pormenores dos sistemas de encaixe utilizados para a união dos troncos com as estruturas nas imagens de Santo Ivo e de Santa Rosa de Viterbo. Os braços e antebraços das imagens têm articulações nos ombros e cotovelos. Apenas na imagem da Rainha Santa foram observadas articulações nos pulsos. Estas últimas apresentam uma forma circular do tipo bolacha e são reforçadas por cavilhas de Os braços e antebraços das imagens têm articulações nos ombros e cotovelos. Apenas madeira. na Pelo imagem observado, da Rainha tanto as Santa articulações foram como observadas as cavilhas articulações são constituídas nos pulsos. por Estas uma madeira últimas de apresentam cor mais escura, uma forma aparentando circular pertencerem do tipo bolacha a outra espécie e são de reforçadas madeira, por ou da cavilhas mesma, de mas madeira. da zona de Pelo cerne. observado, 15 tanto as articulações como as cavilhas Fig. 14 Pormenores das imagens de Santo Ivo e de Santa Margarida de Cortona, onde se pode observar que a madeira da articulação e das cavilhas é de uma cor mais escura Fig. 14-em Pormenores relação à restante das imagens madeira do de suporte. Santo Ivo e de Santa Margarida de Cortona, onde se pode observar que a madeira da articulação e das cavilhas é de uma cor mais escura 14 em relação à restante madeira do suporte. A execução das obras em diferentes blocos facilitava o processo de aplicação de vestuário.

10 A madeira destes elementos aparenta maior dureza, tornando-os mais resistentes às pressões físicas a que os mesmos, inevitavelmente, estão sujeitos. Isto denota que o 44 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira escultor tinha prática na execução de imagens de vestir, pois conhecia as zonas mais frágeis destas obras, e por isso, mais sujeitas a danos. O mesmo acontece para as armações, são constituídas que aparentam por uma ser madeira uma de madeira cor mais de escura, boa qualidade aparentando devido pertencerem ao seu bom a outra espécie de madeira, ou da mesma, mas da zona de cerne 15. estado de conservação. A madeira destes elementos aparenta maior dureza, tornando-os mais resistentes às pressões físicas a que os mesmos, inevitavelmente, estão sujeitos. Isto denota que o escultor Convém ressalvar outro aspeto técnico que denota preocupação e conhecimento por tinha prática na execução de imagens de vestir, pois conhecia as zonas mais frágeis destas parte obras, do escultor. e por isso, Este mais fato sujeitas manifesta-se a danos. O mesmo nas articulações acontece para dos as armações, ombros da que imagem aparentam de Santa ser Rosa, de uma onde madeira foram de aplicadas boa qualidade tiras de devido couro ao para seu facilitar bom estado o deslizamento conservação. nas zonas do encaixe. Convém ressalvar outro aspeto técnico, que denota preocupação e conhecimento por parte do escultor, que se manifesta nas articulações dos ombros da imagem de Também Santa é Rosa, de salientar onde foram a quase aplicadas inexistência tiras de cavilhas couro para metálicas facilitar no o reforço deslizamento das uniões nas dos blocos zonas do que encaixe. constituem os troncos. Estes elementos são fixos através de união viva e reforçados, Também possivelmente, é de salientar com grude. a quase inexistência de cavilhas metálicas no reforço das uniões dos blocos que constituem os troncos. Estes elementos são fixos através de união viva e reforçados, possivelmente, com grude. Fig. 15 e 16 Vista parcial e pormenor das articulações do braço direito da imagem de Santa Rosa de Viterbo. Fig. 15 e 16- Vista parcial e pormenor das articulações do braço direito de Santa Rosa As cabeças das figuras são executadas de Viterbo. por blocos para permitir a inclusão dos olhos de vidro que são fixos, nas respetivas cavidades, através de cera de abelhas. Partes dos rostos como as orelhas, os lábios, os dentes e a indicação da presença da língua são entalhadas com pormenor. As cabeças A das carnação figuras do são rosto executadas e mãos por são blocos as zonas para mais permitir elaboradas a inclusão por dos serem olhos mais de vidro visíveis. que são Nas fixos, zonas nas ocultas respetivas pelas cavidades, vestes a policromia através de é cera mais de simplificada, abelhas. com apenas uma cor de tom cinza ou azul claro. Estes estratos são aplicados, possivelmente, com Partes técnica dos rostos oleosa como sobre uma as orelhas, preparação os lábios, 16 branca, os composta dentes e a por indicação gesso e cola da presença animal. da língua são entalhadas com pormenor. 15 As zonas de cerne apresentam um tom mais escuro devido à presença de fenóis, taninos e quinonas resultantes do processo de duraminização. A carnação do rosto e das mãos são as zonas mais elaboradas por serem mais visíveis. 16 A natureza deste estrato de preparação tem variado ao longo dos tempos e de lugar para lugar. Nas zonas ocultas pelas vestes a policromia é mais simplificada, com apenas uma cor de

11 tom tom cinza ou ou azul azul claro. Estes estratos são são aplicados, possivelmente, com técnica oleosa sobre uma preparação branca, composta por por gessoe e cola cola animal. As As tom carnações cinza ou das ou das azul figuras claro. Estes parecem estratos ser ser são de são de aplicados, natureza possivelmente, oleosa e e semipolida com técnica (?). (?) oleosa Certos pormenores sobre uma das preparação das carnações branca, foram composta executados por por a gesso a ponta e e de cola de animal. pincel, Imagens como de por Vestir por exemplo, 45os os lábios, As As carnações sobrancelhas das das e figuras e a a imitação parecem das das ser lágrimas ser de de natureza imagem oleosa da da e Virgem. e semipolida (?). (?) Certos pormenores As carnações das das carnações das figuras foram parecem executados ser de a natureza a ponta de de oleosa pincel, e como semipolida por por exemplo, (?) 17. Certos pormenores sobrancelhas das carnações e e a a imitação foram das das lágrimas executados na na imagem a ponta de da da pincel, Virgem. como por exemplo, os os lábios, os lábios, sobrancelhas e a imitação das lágrimas na imagem da Virgem. Fig.17 e e Vista Fig. geral 17 e do 18 do Vista rosto geral e e pormenor do rosto e pormenor das das lágrimas das lágrimas executadas a a pincel sobre a a a pincel sobre a carnação. Fig.17 e e Vista geral do do rosto e e pormenor carnação. das das lágrimas executadas a a pincel sobre a a Neste conjunto Neste conjunto de de imagens carnação. de imagens de de roca de apenas roca as apenas as figuras figuras masculinas masculinas apresentam apresentam cabelos entalhados Neste cabelos conjunto e entalhados e policromados. de de imagens e policromados. As de As de roca figuras apenas As figuras femininas, figuras femininas, por por masculinas sua sua por vez, vez, sua apresentam vez, apresentam cabelos a a zona reservada a zona reservada para as cabeleiras de cabelos naturais. entalhados para e as e as policromados. cabeleiras de de As cabelos Asfiguras naturais. femininas, por por sua sua vez, apresentam a a zona reservada para as as cabeleiras de de cabelos naturais. Fig. 19 e 20 Vistas gerais dos rostos masculinos onde se pode observar Fig. Fig e e Vistas Fig e e Vistas o trabalho gerais gerais de dos entalhe, dos rostos dos rostos quer masculinos masculinos cabelos e barbas onde onde se se Santo se pode se pode Elisiário, observar observar quer o o trabalho de de otrabalho de de entalhe, quer nos nos cabelos de e e Santo barbas Ivo. de Neste de Santo último, Elisiário, a presença das quer barbas nos nos é cabelos também de de Santo Ivo. Ivo. entalhe, quer sugerida nos cabelos mas no próprio e barbas estrato de de Santo de carnação. Elisiário, quer nos cabelos de de Santo Ivo. Neste Neste último, último, a a a presença a presença das das das das barbas barbas é é é também também sugerida sugerida mas mas mas no no no no próprio próprio estrato estrato de de de de 17 Esta técnica de carnação pressupõe uma preparação carnação. carnação. diferente e mais fina tendo por base o alvaiade A A A natureza A natureza deste deste estrato estrato de de de de preparação tem tem tem variado ao ao ao longo dos dos dos tempos e de e de lugar para para lugar Esta Esta Esta técnica técnica de de de carnação de carnação pressupõe uma uma uma preparação diferente e e mais e mais fina fina tendo por por base base o o alvaiade.

12 do Museu. No entanto, as imagens de Santa Margarida de Cortona e da Rainha Sa Isabel ainda apresentam algum vestuário interior. Estas obras possuem vestuário e e e acessórios, encontrando-se estes elementos na na rese na Na do do imagem do Museu. No de No No Santa entanto, Margarida as as as imagens podemos Santa observar Margarida a armação de de de Cortona coberta e e da por e da da Rainha um teci Sa 46 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira pintado Isabel de ainda tom amarelo. apresentam Este algum pano, vestuário possivelmente interior. de linho, apresenta uma tecelag grossa conferindo ao tecido um maior peso e dureza, características que permit Estas Na Na obras Na imagem possuem de de de vestuário Santa Margarida e acessórios, podemos encontrando-se observar a a estes a armação elementos coberta por por por um um um tec t ocultar a constituição da estrutura e dar um aumento de volume ao saiote. na reserva pintado Museu. de de tom de tom No tom entanto, amarelo. as Este Este imagens Este pano, de Santa possivelmente Margarida de de de Cortona linho, apresenta e da uma uma uma tecelag Rainha Santa Isabel ainda apresentam algum vestuário interior. ao um e que permi Na Este grossa imagem pano de é conferindo Santa fixo à Margarida armação ao ao tecido podemos através um um de maior observar elementos peso e a armação metálicos e dureza, coberta e, características por em um zonas coinciden que que tecido com pintado ocultar as de a ripas, a tom a constituição foram amarelo. realizadas Este estrutura pano, pequenas e possivelmente dar e dar e dar um um dobras aumento de no linho, de de tecido, de apresenta volume aumentando-se ao ao uma ao saiote. assim tecelagem realismo grossa dos conferindo panejamentos. ao tecido um maior peso e dureza, características que permitem ocultar Este Este Este a constituição pano é é fixo é fixo fixo à à da à estrutura armação e através dar um de de aumento de elementos de volume metálicos ao e, saiote. e, em e, em em zonas coinciden Este com com pano com as as é fixo ripas, à armação foram através realizadas de elementos pequenas metálicos dobras no no e, no em tecido, zonas coincidentes com realismo as ripas, dos dos dos foram panejamentos. realizadas pequenas dobras no tecido, aumentando-se aumentando-se assim a assim o realismo dos panejamentos. Fig. 21, 22 e 23 Vistas ge - rais e pormenor do sis tema de fixação do tecido à estrutura da imagem de Santa Margarida de Cortona. Fig. 21, 22 e 23- Vistas gerais e pormenor do sistema de fixação do tecido à estrutura imagem de Santa Margarida de Cortona. A Fig. imagem Fig. Fig. 21, 21, 21, da e 223- e Rainha 23- e 23- Vistas Santa gerais apresenta-se e e e pormenor vestida do do do com sistema de as de roupas de fixação interiores do do tecido à ou estrutura à de à bai A compostas imagem da Rainha por quatro Santa saiotes apresenta-se imagem de de pano de vestida de de Santa linho com Margarida as grosso roupas de de (cingidos de interiores Cortona. à ou cintura), de um corp baixo, de compostas seda verde por e, quatro sobre saiotes estes elementos, de pano de uma linho veste grosso interior (cingidos branca à cintura), de linho, com rendas um corpete A A A de imagem seda da verde da da Rainha e, sobre Santa estes apresenta-se elementos, uma vestida veste com com com interior as as roupas branca interiores de ou ou de ou de ba deb linho, compostas rendas. por por por quatro saiotes de de de pano de de de linho grosso (cingidos à à à cintura), um um um corp de de seda de seda verde e, e, e, sobre estes elementos, uma uma uma veste interior branca de de de linho, com com com renda Fig. 24, 25 e 26 Vista geral e porme nores das vestes interiores da imagem da Rainha Santa. Fig. 24, 25 e 26- Vista geral e pormenores das vestes interiores da imagem da Rainh

13 Imagens de corpo inteiro A única imagem que apresenta cabeça, tronco e membros superiores e inferio Imagens de Vestir imagem de um Cristo, sob a invocação do Senhor dos Passos. 47 Imagens de corpo inteiro Imagens de corpo inteiro A única imagem que apresenta cabeça, tronco e membros superiores e inferiores é a A única imagem que apresenta cabeça, tronco e membros superiores e inferiores imagem de um Cristo, sob a invocação do Senhor dos Passos. é a imagem de um Cristo, sob a invocação do Senhor dos Passos. Fig. 27- Vista geral (lateral direito) da imagem do Senhor dos Passos. Fig. 27- Vista geral (lateral do Senhor dos Passos. O suporte Fig. 27 é Vista de geral madeira, (lateral direito) possivelmente, da imagem do de Senhor uma dos espécie Passos. resinosa. A imagem ap articulações, encaixes e sistemas de reforço para a sua sustentação à base. O suporte é de madeira, possivelmente, de uma espécie resinosa. A imagem apresenta suporte articulações, é As de articulações madeira, encaixes possivelmente, e localizam-se sistemas de reforço nos uma membros espécie para a resinosa. sua superiores sustentação A imagem (ombros, à base. apresenta cotovelos e ao O articulações, As articulações dos encaixes antebraços), localizam-se e sistemas permitindo de nos reforço membros para assim superiores a sua uma sustentação maior (ombros, flexibilidade àcotovelos base. e ao dacentro obra. O sistem dos antebraços), permitindo assim uma maior flexibilidade da obra. O sistema das articulações articulações é de formato localizam-se circular, nos do membros tipo bolacha, superiores e são (ombros, fixas por cotovelos cavilhas de e madeira. ao centro articulações é de formato circular, do tipo bolacha, e são fixas por cavil As madeira. dos antebraços), permitindo assim uma maior flexibilidade da obra. O sistema das articulações é de formato circular, do tipo bolacha, e são fixas por cavilhas de madeira. Fig. 28 Vista parcial da obra e pormenor das articulações do braço direito. Fig. 28- Vista parcial da obra e pormenor das articulações do braço direito

14 48 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira Os Os encaixes encontram-se nos nos membros inferiores (nas zonas correspondentes às rótulas dos dos joelhos), Os e e são encaixes são encaixes encontram-se simples, nos do do tipo membros malhete inferiores direito. (nas A zonas do correspondentes num às elemento rótulas), e de de são madeira, encaixes fixo simples, na na base, do com tipo malhete uma abertura direito. para A zona a sua do inclusão. joelho joelho direito encaixa direito encaixa num elemento de madeira, fixo na base, com uma abertura para a Os Os reforços sua inclusão. da da imagem à à base são localizados nas zonas laterais: do lado direito este reforço é é feito Os através reforços de de da um um imagem fecho à metálico base são fixo localizados na base nas e na zonas perna laterais: direita do e, do lado lado direito este reforço é feito através de um fecho metálico fixo na base e na perna esquerdo, direita através e, do de de lado um um elemento esquerdo, de através de madeira, de um também elemento fixo de na madeira, base, o também qual sustem fixo a imagem na pela pela base, zona o qual do do quadril, sustem através a imagem de de um pela elemento zona do quadril, metálico. através de um elemento metálico. Fig. 29 e 30 Pormenores do sistema de sustentação da imagem à base. Fig. Fig e e Pormenores do do sistema sistema de de sustentação sustentação da da imagem imagem à base. base. A cabeça pertence ao bloco do tronco 18 e foi executada em várias partes para a inclusão dos olhos de vidro. As barbas são entalhadas e depois policromadas. A policromia foi aplicada sobre uma preparação branca e aparece nas zonas A A cabeça cabeça pertence pertence ao ao bloco bloco do do tronco tronco e e foi foi executada executada em em várias várias partes partes para para a inclusão inclusão dos olhos expostas, de vidro. tais As como, barbas a cabeça são entalhadas e as extremidades e depois policromadas. dos membros superiores e inferiores. de vidro. O tronco As barbas e as restantes são entalhadas partes da e anatomia depois policromadas. (ocultas pelas vestes) aparecem dos olhos A policromia com uma foi monocromia aplicada sobre de tom uma rosa, preparação aplicada de branca forma e aparece heterogénea nas e zonas diretamente expostas, A policromia sobre o foi suporte. aplicada sobre uma preparação branca e aparece nas zonas expostas, tais como, a cabeça e as extremidades dos membros superiores e inferiores. tronco tais como, a cabeça e as extremidades dos membros superiores e inferiores. O tronco e as restantes partes da anatomia (ocultas pelas vestes) aparecem com uma monocromia as restantes partes da anatomia (ocultas pelas vestes) aparecem com uma monocromia de tom rosa, aplicada de forma heterogénea e diretamente sobre o suporte. de tom rosa, aplicada de forma heterogénea e diretamente sobre o suporte. 18 Não foi possível observar a zona do tronco devido à existência de roupa interior cozida in sito.

15 A parte superior da cabeça, monocromada de tom castanho-escuro é reserv colocação da cabeleira. As zonas referentes a escoriações e hematomas, bem escorrências de sangue são pintadas. Estas Imagens últimas de são Vestir realçadas 49 pela aplicaçã de resina vermelha. parte superior da cabeça, monocromada de tom castanho-escuro é reservada para a A parte superior da cabeça, monocromada de tom castanho-escuro, é reserva- locação da cabeleira. As zonas referentes a escoriações e hematomas, bem como as da para a colocação da cabeleira. As zonas referentes a escoriações e hematomas, orrências de sangue bem como são pintadas. as escorrências Estas últimas de sangue são realçadas são pintadas. pela aplicação Estas últimas de gotas são realçadas pela resina vermelha. aplicação de gotas de resina vermelha. Fig. 31 e 32- Vista parcial do rosto e pormenor das gotas de resin Quanto ao vestuário, a imagem apresenta ainda tecido a cobrir as zonas anatóm Fig. 31 e 32 Vista parcial do rosto a ocultação das articulações, pois o e pormenor seu revestimento das gotas de dificultaria resina. a sua movi Este tecido, possivelmente de linho, apresenta rendas nos punhos e na gola. Fig. 31 e 32- Vista parcial do rosto e pormenor das gotas de resina. Quanto ao vestuário, vestuário a imagem e os acessórios apresenta encontram-se ainda tecido em a reserva cobrir as no zonas Museu. anató- anto ao vestuário, micas, a imagem sem a ocultação apresenta ainda das articulações, tecido a cobrir pois as zonas o seu anatómicas, revestimento sem dificultaria a sua cultação das articulações, movimentação. pois Este o seu tecido, revestimento possivelmente dificultaria de linho, a sua apresenta movimentação. rendas nos punhos e e te tecido, possivelmente na gola. O de restante linho, apresenta Imagens vestuário de rendas e corpo os acessórios nos inteiro/roca punhos encontram-se e na gola. O em restante reserva no Museu. stuário e os acessórios encontram-se em reserva no Museu. Imagens de corpo Como inteiro/roca referido anteriormente, neste conjunto encontram-se duas imagens inteiro/roca, uma imagem de São Francisco de Assis e uma imagem de Cristo. Como referido anteriormente, neste conjunto encontram-se duas imagens de agens de corpo corpo inteiro/roca inteiro/roca, uma imagem de São Francisco de Assis e uma imagem de Cristo. neste conjunto encontram-se duas imagens de corpo mo o referido anteriormente, eiro/roca, uma imagem de São Francisco de Assis e uma imagem de Cristo. Fig. 33 e 34 Vistas gerais das imagens de São Francisco e de Cristo. Fig. 33 e 34- Vistas gerais das imagens de São Francisco e de Cristo

16 Estas imagens possuem a cabeça, tronco, e membros superiores entalhados. Quanto aos membros inferiores, estes são entalhados apenas parcialmente. A restante anatomia é 50 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira substituída pela armação de travessas ou ripas. Estas armações Estas imagens são recobertas possuem por a cabeça, tecidos tronco, policromados. e membros Na imagem superiores de entalhados. Cristo este tecido Quanto apresenta aos membros um tratamento inferiores, mais estes elaborado, são entalhados tanto apenas sua parcialmente. aplicação na A estrutura restante como anatomia execução é substituída monocromia. pela armação Istode terá travessas acontecido ou ripas. relativamente à armação da imagem Estas da Senhora armações das são Dores. recobertas por tecidos policromados. Na imagem de Cristo este tecido apresenta um tratamento mais elaborado, tanto na aplicação à estrutura A como madeira na execução utilizada, da de monocromia. uma espécie Isto resinosa, terá acontecido é de igualmente cedro, para para os a rostos armação e, possivelmente da imagem da de Senhora pinho, para das os Dores. troncos e membros. A madeira utilizada, é de uma espécie resinosa, de cedro, para os rostos e, As possivelmente articulações são de idênticas pinho, para às das os troncos restantes e imagens, membros. apresentam um formato circular do tipo As bolacha articulações e a sua são fixação idênticas é reforçada às das restantes por cavilhas imagens, de madeira. apresentam um formato circular do tipo bolacha e a fixação reforçada por cavilhas de madeira. Fig. 35, 36 e 37 Pormenores das articulações das imagens de São Francisco e de Cristo. O braço esquerdo de Cristo encontra-se separado da obra, o que permite a visualização do sistema da articulação e sua inclusão Fig. no ombro 35, 36 e braço. e 37- Pormenores das articulações das imagens de São Francisco e de Cristo. O braço esquerdo de Cristo encontra-se separado da obra, o que permite a visualização do sistema da articulação e sua inclusão no ombro e braço. Os diferentes blocos que constituem o tronco e a cabeça são fixos através Os de diferentes união viva blocos e reforçados que constituem com grude. o tronco Aparentemente, e as cabeças o são reforço fixos através das uniões de união com viva elementos e reforçados metálicos com não grude. foi muito Aparentemente, utilizado. o reforço das uniões com elementos metálicos Sobre não o foi ombro muito direito utilizado. das figuras existem elementos metálicos de ferro para a fixação das Cruzes, que acompanham as obras. Em termos de iconografia franciscana, o estas ombro imagens direito carregando das figuras existem a Cruz, elementos podem tomar metálicos a designação ferro para de Penitentes, a fixação Sobre das com Cruzes, exceção que para acompanham a imagem as do obras. Senhor Em dos termos Passos de 19. iconografia Franciscana, estas imagens carregando a Cruz, podem tomar a designação de Penitentes, com exceção para a imagem do Senhor dos Passos Informação fornecida pelo Dr. Duarte Nuno Chaves, Investigador do Centro de História de Além- Mar, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores. 19 Informação fornecida pelo Dr. Duarte Nuno Chaves, Investigador do Centro de História de Além-Mar, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores.

17 A A cabeça é é composta por vários blocos para permitir a aplicação dos olhos de vidro pelo verso do do bloco da da face. O rosto de São Francisco encontra-se separado da obra o o que permite a a visualização do sistema de fixação dos referidos elementos Imagens de de Vestir vidro. 51 A A cabeça é é composta por por vários vários blocos para para permitir a a aplicação dos dos olhos olhos de de vidro vidro pelo pelo verso verso do do bloco A bloco cabeça da da face. é composta face. O O rosto rosto por de vários de São São blocos Francisco para permitir encontra-se a aplicação separado dos olhos da da obra de obra vidro o o que que permite pelo a a verso visualização do bloco do do da face. sistema O de rosto de fixação de São dos dos Francisco referidos encontra-se elementos separado de de vidro. vidro. da obra o que permite a visualização do sistema de fixação dos referidos elementos de vidro. Fig e e 39- Pormenores do rosto de São Francisco (frente e verso), onde se se pode verificar a fixação dos olhos de vidro com cera de abelhas. Fig. 38 e 39 Pormenores do rosto de São Francisco (frente e verso), onde A A representação pode dos verificar cabelos, a fixação através dos olhos do de entalhe vidro com na cera madeira, abelhas. apenas é verificada na na Fig. Fig. imagem e de 39- e de 39- São Pormenores Francisco, do do na rosto imagem rosto de de São de São Cristo Francisco esta representação (frente e e verso), era onde feita onde se através se pode pode da da aplicação A representação de de dos cabelos, através do entalhe na madeira, apenas é verifica- verificar cabelos a naturais. a fixação dos dos olhos olhos de de vidro vidro com com cera cera de abelhas. da na imagem de São Francisco, na imagem de Cristo esta representação era feita através da aplicação o de cabelos naturais. A A representação Ainda durante dos dos o processo cabelos, de através entalhe, do do eram entalhe realizados na na madeira, certos pormenores apenas é é decorativos, verificada na na Ainda durante o processo de entalhe, eram realizados certos pormenores de- é imagem relacionados corativos, de de São São quer relacionados Francisco, com as na quer na figuras imagem representadas, com as de figuras de Cristo Cristo representadas, esta esta quer representação com a desenrolada. quer com era era a feita ação feita desenrolada. de de através Isto é da da aplicação visível pelos Isto cabelos estigmas é visível naturais. de São Francisco e pelas Chagas de Cristo. A dilatação dos vasos pelos estigmas de São Francisco e pelas Chagas de Cristo. sanguíneos A dilatação das dos mãos vasos é é decorrente sanguíneos do das esforço mãos realizado é decorrente no carregar do esforço da Cruz. realizado no Ainda Ainda carregar durante da o o Cruz. processo de de entalhe, eram eram realizados certos certos pormenores decorativos, relacionados quer quer com com as as figuras representadas, quer quer com com a a ação ação desenrolada. Isto Isto é é visível pelos pelos estigmas de de São São Francisco e pelas e pelas Chagas de de Cristo. AA dilatação dos dos vasos vasos sanguíneos das das mãos mãos é é decorrente do do esforço realizado no no carregar da da Cruz. Cruz. Fig. 40, 41 e 42 Pormenores da decoração em relevo e incisa realizada no suporte referente às mãos direitas de São Francisco e de Cristo. Fig. 40, 40, e e 42- Pormenores da decoração em relevo e incisa realizada no suporte referente às mãos direitas de São Francisco e de Cristo.

18 Quanto à policromia aplicada sobre um estrato de preparação branca, esta aparece tanto Quanto à policromia aplicada sobre um estrato de preparação branca, esta aparece tanto nas zonas expostas como nas zonas a ficarem ocultas pelas vestes. 52 nas zonas Boletim expostas do como Instituto nas Histórico zonas a ficarem da Ilha ocultas Terceira pelas vestes. Sobre o tronco e parte dos membros superiores apenas foi aplicado um estrato de tom cinza Sobre para o tronco a imagem e parte de dos São membros Francisco superiores e de tom azul apenas claro foi para aplicado a zona um do estrato tronco de de tom cinza Quanto para a à imagem policromia de São aplicada Francisco sobre e de um tom estrato azul claro de preparação para a zona branca, do tronco esta de Cristo, recebendo as zonas dos braços, por sua vez, uma monocromia de tom azul mais aparece tanto nas zonas expostas como nas zonas a ficarem ocultas pelas vestes. escuro. Cristo, recebendo zonas dos braços, por sua vez, uma monocromia de tom azul mais escuro. Sobre o tronco e parte dos membros superiores apenas foi aplicado um estrato As de carnações, tom cinza de para execução a imagem cuidada de São e elaborada, Francisco são e de de tom tom azul rosa claro e foram para realizadas, a zona do possivelmente, tronco As carnações, de Cristo, com de recebendo técnica execução oleosa cuidada as e zonas depois e elaborada, dos semipolidas. braços, são por de sua tom vez, rosa uma e foram monocromia realizadas, de possivelmente, tom azul mais com escuro. técnica oleosa e depois semipolidas. As carnações, de execução cuidada e elaborada, são de tom rosa e foram realizadas, possivelmente, com técnica oleosa e depois semipolidas. Fig. 43, 44 e 45 Vistas parciais do rosto de Cristo e pormenor da face onde se podem observar detalhes da execução do entalhe e policromia. Fig. 43, 44 e 45- Vistas parciais do rosto de Cristo e pormenor da face onde se podem Fig. 43, 44 e 45- observar Vistas detalhes parciais da do execução rosto de do Cristo entalhe e pormenor e policromia. da face onde se podem observar detalhes da execução do entalhe e policromia.

19 Imagens de Vestir 53 Imagem transformada ou readaptada Esta obra não se encontra identificada, tratando-se, provavelmente, de uma Virgem. É uma imagem de vulto parcial que foi reentalhada para a aplicação de membros articulados e de vestes em tecido. Fig. 46, 47, 48 e 49 Vistas gerais da obra. Era uma imagem de encostar, oca e fechada no verso. O corte e o desbaste localizaram-se na parte superior, e foram efectuados do seguinte modo: o diâmetro da cintura foi diminuído e uniformizado, o tronco também foi readaptado, e incluídas as articulações na zona dos ombros, de forma esférica. Fig. 50, 51 e 52 Vistas parciais da obra onde são visíveis as zonas de desbaste na cintura e as articulações dos ombros com os braços.

20 54 Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira A cabeça também sofreu um rearranjo: tanto na zona do pescoço como na zona reservada para os cabelos naturais, são visíveis marcas das goivas deixadas no suporte. Não ficou claro se a obra já apresentava olhos de vidro ou se estes foram colocados aquando da readaptação. As orelhas apresentam furos para a colocação de brincos e a carnação do rosto apresenta uma repolicromia aplicada, possivelmente, aquando da transformação da obra em imagem de vestir. Fig. 53, 54 e 55 - Vistas parciais da obra e pormenor do rosto. Quanto ao vestuário, caso ainda exista, estará guardado nas reservas do Museu. A imagem apresenta apenas o tronco coberto por um tecido branco (do tipo corpete) com enchimento de lã (?), para a criação ilusória da presença dos seios. A categoria das imagens transformadas em imagens de vestir poderá transmitir uma preocupação de reutilização, pois é utilizada a mesma obra para a mesma função cultual, com imaginação e criatividade. A imagem foi reformada encontrando assim um novo uso e serventia, em que a maioria das suas partes foi reutilizada. Seria interessante um levantamento exaustivo desta categoria, com o objetivo de se averiguar se a reutilização era apenas realizada em imagens da Virgem, sendo estas assim preservadas e mantidas ao culto como Virgens vestidas, às quais os fiéis mantinham devoção após anos de coexistência. Pois, é do conhecimento geral que, quando uma imagem já não cumpria a sua função, devido ao seu estado de conservação, ou outro motivo, era queimada ou enterrada na igreja, como qualquer um dos mortais.

21 Imagens de Vestir 55 Conclusão Como referido inicialmente, este conjunto de imagens pertencentes à Igreja de Nossa Senhora da Guia do Convento de São Francisco deixam, possivelmente a partir de 1834, de cumprir a sua função nas procissões dos Frades, em virtude de aquele convento ter sido despojado dos seus inquilinos, numa urbe agora dita de liberal. Convém relembrar que, as Fraternidades Terceiras localizadas nas diferentes paróquias mantiveram e ainda continuam a manter o uso das imagens de vestir. Podemos dar como exemplo, o caso da de São Mateus da Calheta em que, na igreja paroquial, existe um conjunto de cinco imagens de vestir de hagiologia franciscana, encomendadas e executadas na cidade do Porto, e datadas do ano de Para concluir, cumpre-me referir que este artigo, no que concerne aos aspectos tecnológicos das imagens, constitui apenas uma aproximação aos seus elementos constituintes, através de uma observação visual, não pretendendo, por isso, ser um estudo exaustivo, caso em que o mesmo exigiria o recurso a análises e exames complementares de diagnóstico. Bibliografia BRUNEAU, Philippe; TORELLI, Mário; ALTET i BARRAL, Xavier, Histoire d un art, La Sculpture, le prestige de L Antiquité du VIIIe siècle avant J.-C. au Ve siècle aprés J.-C. Editions d Art Albert Skira S.A., Genève, DEWAID-SERCK, Myriam, Cours Theorique de Conservation et restauration des Sculptures. IRPA, ENES, Maria Fernanda, A vida conventual nos Açores: regalismo e secularização ( ). LUSITANIA SACRA, 2ª Série, 11, 1999, pp FLEXOR, Maria Helena Ochi, Imagens de Vestir na Bahia In V Colóquio Luso-Brasileiro de História da Arte; Universidade do Algarve, Faro, 2001, pp OLIVEIRA, Soares, Telma, As Seculares imagens de Roca. In Sitientibus, Feira de Santana, nº 40, 2009, pp QUITES, Maria Regina Emery, Imagens de vestir: revisão de conceitos através do estudo comparativo entre as ordens Terceiras Franciscanas no Brasil. Campinas, QUITES, Maria Regina Emery, The Processional Image in Minas Gerais, Brazil. In 11th Triennal Meeting Edinburgh-Preprints, Vol. I, 1996, pp

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