Curso Agenda 21. Sugestão de leitura: História das relações internacionais do Brasil
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- Matheus Henrique Capistrano de Santarém
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1 Módulo 3 Gestão ambiental no Brasil 1. Introdução No encontro Rio +10, o Brasil, saiu fortalecido globalmente, assumindo definitivamente um papel de liderança regional dentro da ONU. No plano nacional, o país vai ter de investir principalmente em saneamento e abastecimento de água se quiser cumprir as metas de Joanesburgo: de redução de 50% da população sem água e esgoto até A enorme disponibilidade de água doce em seu território coloca o Brasil em posição de destaque no cenário mundial no futuro próximo. A busca de alternativas para fomentar a utilização sustentável das florestas tropicais e da diversidade biológica é fundamental para o futuro brasileiro.! Textos adicionais Sugestão de leitura: História das relações internacionais do Brasil 2. A legislação ambiental Apesar de representar uma das dez maiores economias do mundo, o país enfrenta sérios desafios no combate às desigualdades sociais - o que resulta numa responsabilidade ainda maior de políticas públicas capazes de equilibrar o binômio desenvolvimento e conservação ambiental. A legislação ambiental brasileira é bastante avançada e vem se fortalecendo nos últimos anos, incluindo mecanismos de participação da sociedade. O governo vem consolidando um sistema nacional descentralizado, porém muitos obstáculos ainda precisam ser superados. 3. Histórico Parte I leis ambientais As leis ambientais brasileiras começaram pelo setor florestal e datam da época da coroa portuguesa com ordenações sobre o controle da exploração de madeiras nobres. Seguindo esta tendência, os primeiros órgãos criados pelo governo do Brasil também tratavam deste assunto. Apenas após a primeira conferência mundial em 1972 (Conferência de Estocolmo) o país sofreu pressões internacionais para a adoção de uma política ambiental efetiva. Novos órgãos foram criados, contemplando as diversas áreas ambientais, assim como uma legislação específica. Cada iniciativa influenciou outras e, num espaço de 30 anos, montou-se um sistema a nível nacional. Veja as principais instituições criadas e os atos legais: o Instituto Florestal - Instituto Florestal de São Paulo - IF/SP Objetivo: conservar, pesquisar e recuperar florestas. 1
2 1962 Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais - IEF/MG Instituto de Engenharia Sanitária IES (federal) 1967 Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBDF (federal) 1973 Secretaria Especial do Meio Ambiente SEMA (federal) Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CETESB (São Paulo) 1975 Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente FEEMA Criada após a fusão dos estados do Rio de Janeiro e Guanabara, resultando da reestruturação das instituições dos dois estados. Pioneira na ação normativa em conjunto com a CETESB, a FEEMA conceituou o SLAP (Sistema de Licenciamento de Atividades Potencialmente Poluentes), os EIA (Estudos de Impacto Ambiental) e o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), entre outros padrões de qualidade ambiental. Posteriormente, estes procedimentos implantados no estado do Rio de Janeiro foram adotados a nível nacional e em outros estados Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 6938/ 81 1 Redigida com o apoio da FEEMA, essa Lei fundamentou toda a ação ambiental brasileira. Principais avanços: Criação do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente; Conceituação do SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, que deu caráter orgânico e sistêmico às instituições de gestão ambiental da União, Estados e Municípios; Respaldo legal a diversos instrumentos da gestão ambiental no Brasil Lei da Ação Civil Pública Lei 7.347/ 85 1 Forneceu instrumentos de cidadania à população e fortaleceu a ação do Ministério Público Constituição Brasileira 1 Promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte, durante o governo José Sarney. O tema do meio 1 Nas dicas de sites você encontrará o link para o texto na íntegra. 2
3 ambiente ganha um capítulo especifico, o capítulo VI, destacando o papel da ação popular na defesa do patrimônio cultural e ambiental do país Instituto Brasileiro do Meio Ambiente - IBAMA Fusão da SEMA, SUDEPE, SUDEHVEA e IBDF através da Lei de 22 de fevereiro. As principais atribuições: Executar o controle e a fiscalização ambiental nos âmbitos regional e nacional; Monitorar as transformações do meio ambiente e dos recursos naturais; Executar ações de gestão, proteção e controle da qualidade dos recursos hídricos; Intervir nos processos de desenvolvimento geradores de significativo impacto ambiental, nos âmbitos regional e nacional; Promover o acesso e o uso sustentado dos recursos naturais; Desenvolver estudos analíticos, prospectivos e situacionais, verificando tendências e cenários, com vistas ao planejamento Ministério do Meio Ambiente - MMA ( Substituiu a SEMAM/PR (Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República), através da lei de 19 de novembro. Parte II nova legislação Nos últimos anos, pode-se perceber uma transformação no cenário da gestão ambiental, gerada por recentes marcos legais. Além disso, a grande repercussão dos acidentes da Petrobrás na REDUC e no Paraná em 2000, com grandes danos ambientais, mobilizaram ações preventivas, aperfeiçoamento dos instrumentos de contingência e nova legislação. Veja os principais instrumentos desta mudança: 1997 Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei 9.433/ Direcionada para as questões da água, trata dos seguintes assuntos: Bacias hidrográficas, com a criação dos Comitês de Bacias e Agências de Bacias para executar as políticas estabelecidas pelo comitê; Estabelece a possibilidade de cobrança pelo uso da água. A Lei trouxe um conceito inovador que gerou grande impacto. Uma nova forma de exercer o poder foi apresentada, transcendendo os limites geográficos estaduais ou municipais e substituindo-os pela referência das bacias hidrográficas. Essa nova orientação está demandando uma reavaliação da estratégia de ação dos órgãos ambientais. Resolução CONAMA 237/ Apesar da polêmica que tem gerado quanto à sua constitucionalidade, estabeleceu critérios para a participação mais ativa dos municípios na gestão ambiental. Essa é uma tendência incontestável, apesar das dificuldades políticas, corporativas e gerenciais de se estabelecer essa partilha da gestão ambiental. 3
4 1998 Lei de Crimes Ambientais - Lei 9.605/ Essa lei tornou muito mais severas as punições às agressões ambientais, estabelecendo responsabilidades criminais para os poluidores, para as autoridades públicas, para as agências financiadoras e determinou uma agenda e procedimentos de ajustes para as atividades irregulares Lei de Sanções Administrativas - Lei Estadual 3.467/2000 Regulamentou os instrumentos da Lei de Crimes Ambientais para o Estado do Rio de Janeiro Medida Provisória do Código Florestal - MP / Uma longa negociação no CONAMA resultou em consensos para a modificação ou a criação de novos procedimentos e critérios para a política florestal Sistema Nacional de Unidade de Conservação Lei 9985/ O sistema só pôde ser criado após a Regulamentação da Lei pelo Presidente da República em 22/08/2002, decreto Esta Lei estabelece normas e critérios para a criação, implantação e gestão de Unidades de Conservação federais, estaduais e municipais. 4. Análise da gestão ambiental brasileira Os instrumentos de gestão ambiental trouxeram à administração pública, dentre outras coisas, processos inovadores que incluem a participação da sociedade nas tomadas de decisão, com consultas públicas e instâncias colegiadas. São avanços significativos, conseguidos durante o regime militar. Muitos deles se consolidaram na prática, mas nem todos foram aprimorados adequadamente até os dias de hoje. A prática tradicional As práticas gerenciais de 'comando e controle' representavam uma tendência mundial nos anos 80. A Lei 6938/81 reproduz esta visão, mas abre um novo caminho, apontando para o estímulo à boa prática e a incentivos, premiando e reconhecendo a iniciativa de quem procede corretamente, no lugar de agir sobre os infratores. 4
5 Opinião do especialista Evolução da Gestão Ambiental I - Propostas de atuação Ida Pietricovsky de Oliveira e Axel Schmidt Grael propõem: a) Atuar sobre o pólo potencialmente poluidor A ação de controle deve ser direcionada para a atividade poluidora e não para o órgão ambiental: A tendência tem sido o órgão ambiental assumir para si a responsabilidade de controle através da fiscalização. Isso sobrecarrega os funcionários, amplia a burocracia e diminui a eficácia. Estas instituições precisam ser fortes e atuantes, mas o controle deve ser exercido pelo profissional da indústria poluidora. Para isso, é necessário desenvolver e aperfeiçoar os mecanismos de autocontrole e de auditorias ambientais sistemáticas. b) Revisão dos padrões ambientais vigentes Em grande parte, os padrões adotados no Brasil foram adaptados da legislação ambiental de outros países, o que obviamente gerou imperfeições. Além disso, muitos estão baseados nas referências de concentração ou de diluição, padrões ultrapassados, que precisam ser revistos para a adoção de conceitos mais modernos. A grande demanda por novas normas dificulta este trabalho, tomando toda a atenção dos órgãos competentes. c) A aplicação da Compensação Ambiental Há uma forte tendência de se fortalecer e consolidar alguns novos instrumentos que já contam com base legal ou estão em fase de regulamentação. Um destes instrumentos é a 2 compensação ambiental, gerada em função dos seguintes aspectos: Danos não reversíveis ou 3 não mitigáveis decorrentes da implantação de empreendimentos; Danos não reversíveis ou não mitigáveis decorrentes de acidentes; Passivo ambiental; Emissões não controláveis; Conflitos ambientais. A imposição das compensações, já praticadas por vários órgãos ambientais, encontra respaldo na Resolução CONAMA 02/1996 e na Lei 9985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. 2 De acordo com a Legislação Ambiental Federal, para fazer face à reparação dos danos ambientais causados pela destruição de florestas e outros ecossistemas, o licenciamento de obras de grande porte terá como prérequisito a implantação de uma Estação Ecológica pela entidade ou empresa responsável pelo empreendimento. O valor do investimento de compensação será proporcional ao dano ambiental e não poderá ser inferior a 0,5% (meio por cento) dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento. 3 Que não podem ser atenuados. 5
6 II - Instrumentos de gestão O caminho para a evolução da gestão ambiental no Brasil passa por uma maior participação da sociedade nas decisões, através do aprimoramento dos instrumentos sociais existentes: a) Instâncias Participativas - Conselhos O Brasil possui hoje uma grande quantidade de Conselhos com conflitos de atribuições, pouca legitimidade e que não atendem às expectativas da Sociedade. O Governo deve promover uma consulta pública para reestruturar e fortalecer essas instâncias participativas, tornando-as atuantes. Assim, poderemos ver uma transformação no processo decisório: o poder executivo assumirá o seu papel de conduzir as questões cotidianas e prestar serviços de qualidade à população, e as instâncias colegiadas estarão concentradas nas questões estratégicas e de acompanhamento da ação institucional. b) Audiências Públicas O fortalecimento da participação popular nas decisões referentes ao licenciamento ambiental poderá ser alcançado com uma revisão das Audiências Públicas. Atualmente, as Audiências acontecem no final do processo de licenciamento, limitando a capacidade da população de interferir no processo. Está em fase de regulamentação a possibilidade de convocação de Audiências no início do processo, para a aprovação das Instruções Técnicas, para os EIA - Estudos de Impacto Ambiental, e RIMA s - Relatórios de Impacto Ambiental. Assim, a sociedade terá mais chances de contribuir. Fim Módulo 3 Dúvidas ou sugestões, envie para a analista de meio ambiente da Embratel - Alexandra Mendes Silva (dorff@embratel.com.br). 6
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