Processo no /001

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1 (s-,(5,,, ---- Ãi - m;42.a, m/tu.-a.gi ACÓRDÃO ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador. Marcos Cavalcanti de Albuquerque Apelação Cível - no /001 Relator: Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Apelante: ADPVAT - Associação de Defesa das Vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil - Adv. Roberto Fernando Vasconcelos Alves e Marcos M. Ferreira Lacet. Apelado: Unibanco AIG Seguros - Adv. Odilon de Lima Fernandes. EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA DA SEGURADORA. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS. CONTRATO VOLUNTÁRIO. DANOS PESSOAIS. CULPA DO SEGURADO. RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA. VALOR PREVISTO CONTRATUALMENTE. PRECEDENTES DO STJ. APELO. PROVIMENTO DO - O terceiro beneficiário tem legitimidade para demandar contra seguradora no sentido de cobrar indenização prevista contratualmente em seu favor. - A indenização por danos pessoais decorrentes de contrato de seguro previsto entre a empresa de transporte público coletivo (TRANSNACIONAL) e a seguradora deve ser paga independentemente da existência de culpa, ante a responsabilidade objetiva das concessionárias de serviços públicos, em que o valor deve se restringir ao estipulado contratualmente. Provimento do apelo. rgidor Marcos Cavalcanti de Albuquerque 1

2 Processo n /001 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados. Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO AO APELO, nos termos do voto do relator. RELATÓRIO Trata-se de apelação cível, fls. 122/134, interposta pela ADPVAT-Associação de Defesa das Vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil, representando ANTÔNIO SEVERO DA SILVA, contra sentença, fls. 112/117, proferida pelo Juízo de Direito da 9a Vara Cível da Comarca da Capital, que julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, no termos do art. 267, VI, do CPC c/c do art. 301, do CPC, nos autos da Ação de Cobrança de Indenização Securitária, movida contra Unibanco AIG Seguros S/A. Condenou ainda em honorários advocatícios no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 20, 4, do CPC, com exigibilidade suspensa a teor do art. 12, da Lei no /50. O caso dos autos trata de um acidente automobilístico envolvendo um ônibus da empresa TRANSNACIONAL, Placa MNE 8213, 1998/1999, Chassis 9bm384073wb186809, linha 601, no. de ordem 0730, conduzido por Ivanildo Félix, o qual colidiu com o representado da associação apelante, razão pela qual se tornou inválido permanentemente. Afirma que as empresas de transporte público coletivo possuem seguro contra acidentes com previsão de indenização no valor de R$ ,00 (cinquenta mil reais), para os casos de acidentes pessoais, a qual se aplicaria ao presente caso. Irresignada com a sentença de primeiro grau, a ADPVAT pugna pela reformada decisão atacada ao argumento de que a seguradora demandada é parte legitimada passiva, não sendo necessário a presença do segurado, no caso a empresa de transporte público coletivo TRANSCIONAL, na lide. 9 Desemb griclei cos Cavalcanti de Albuquerque 2

3 Aduz ainda que a empresa segurada', a TRANSNACIONAL, devido ao serviço público que presta, responde objetivamente pelos acidentes que porventura envolverem veículos pertencentes à sua frota. Por tal razão, afirma não ser necessária a presença da empresa de transporte coletivo na lide, tendo em vista que é remansoso na jurisprudência pátria a possibilidade de ajuizamento de ação de indenização securitária diretamente contra a seguradora. Ao final, requer o conhecimento e provimento do recurso a fim de que seja reformada a sentença atacada e sejam julgados procedente os pedidos contidos na inicial. Não houve apresentação de contrarrazões, conforme certidão de fls apelo. Parecer ministerial, fls. 198/203, pelo provimento do É o relatório. VOTO Trata-se de apelação cível, fls. 122/134, interposta pela ADPVAT-Associação de Defesa das Vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil, representando ANTÔNIO SEVERO DA SILVA, pugnando pela reforma da sentença, fls. 112/117, proferida pelo Juízo de Direito da 9a Vara Cível da Comarca da Capital, que julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, no termos do art. 267, VI, do CPC c/c 4 0, do art. 301, do CPC, nos autos da Ação de Cobrança de Indenização Securitária, movida contra Unibanco AIG Seguros S/A. Inicialmente, quanto à alegação de legitimidade passiva da seguradora apelada, entendo que, por se confundir com o mérito da demanda, não deve ser tratada como preliminar, razão pela qual passo a Dese ad- I'Marcos Cavalcanti de Albuquerque 3

4 analisar o recurso apelatório. O Juízo sentenciante julgou pela extinção do processo por entender que nas ações de cobrança de indenização securitária, necessário seria a presença do segurado, no caso, a empresa TRANSNACIONAL, não sendo possível, no seu entender, o ajuizamento da ação diretamente contra a seguradora. Analisando detidamente os autos, verifico às fls. 41, certidão de ocorrência de acidente de trânsito constando como vítima o Sr. ANTÔNIO SEVERO DA SILVA, representado pela associação apelante, e como causador do sinistro a empresa de transporte público coletivo TRANSNACIONAL. Entretanto, entendo de maneira diversa, posto que, mesmo não sendo o contrato de seguro firmado com o apelante, a seguradora deve se responsabilizar perante este, por se tratar de modalidade de seguro contra terceiros. Dessa forma, as relações jurídicas decorrentes desse tipo de contrato de seguro não se restringe apenas entre os contratantes, mas abarca também terceiros beneficiários, que poderão ajuizar ação de cobrança securitária diretamente contra a seguradora, sem a necessidade da presença do segurado, no caso, a TRANSNACIONAL. Sendo assim, não há se falar em ilegitimidade passiva da seguradora nem em extinção do processo sem resolução de mérito. Justiça: Nesse sentido, já decidiu o E. Superior Tribunal de "CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE SEGURO. AÇÃO AJUIZADA PELA VÍTIMA CONTRA A SEGURADORA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO. DOUTRINA E PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO. I - As relações jurídicas oriundas de um contrato de seguro não se encerram entre as partes 4,.,-.. Desemba a o Marcos Cavalcanti de Albuquerque 4

5 contratantes, podendo atingir terceiro beneficiário, como ocorre com os seguros de vida ou de acidentes pessoais, exemplos clássicos apontados pela doutrina. II - Nas estipulações em favor de terceiro, este pode ser pessoa futura e indeterminada, bastando que seja determinável, como no caso do seguro, em que se identifica o beneficiário no momento do sinistro. III - O terceiro beneficiário, ainda que não tenha feito parte do contrato, tem legitimidade para ajuizar ação direta contra a seguradora, para cobrar a indenização contratual prevista em seu favor." (REsp /PR, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 03/09/2002, DJ 24/03/2003, p. 228) "Processual civil. Recurso Especial. Prequestionamento. Acidente de trânsito. Culpa do segurado. Ação indenizató ria. Terceiro prejudicado. Seguradora. Legitimidade passiva ad causam. Ônus da sucumbência. Sucumbência recíproca. - Carece de prequestionamento o Recurso Especial acerca de tema não debatido no acórdão recorrido. - A ação indenizató ria de danos materiais, advindos do atropelamento e morte causados por segurado, pode ser ajuizada diretamente contra a seguradora, que tem responsabilidade por força da apólice securitá ria e não por ter agido com culpa no acidente. - Os ônus da sucumbência devem ser proporcionalmente distribuídos entre as partes, no caso de sucumbência recíproca. Recurso provido na parte em que conhecido.' (REsp /BA, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/05/2004, DJ 31/05/2004, p. 300) Desemb _kador arcos Cavalcanti de Albuquerque 5

6 "CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE SEGURO. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. BENEFICIÁRIO. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO. OCORRÊNCIA. ART , CC. DOUTRINA. RECURSO PROVIDO. I - A legitimidade para exercer o direito de ação decorre da lei e depende, em regra, da titularidade de um direito, do interesse juridicamente protegido, conforme a relação jurídica de direito material existente entre as partes celebrantes. II - As relações jurídicas oriundas de um contrato de seguro não se encerram entre as partes contratantes, podendo atingir terceiro beneficiário, como ocorre com os seguros de vida ou de acidentes pessoais, exemplos clássicos apontados pela doutrina. III - Nas estipulações em favor de terceiro, este pode ser pessoa futura e indeterminada, bastando que seja determinável, como no caso do seguro, em que se identifica o beneficiário no momento do sinistro. IV - O terceiro beneficiário, ainda que não tenha feito parte do contrato, tem legitimidade para ajuizar ação direta contra a seguradora, para cobrar a indenização contratual prevista em seu favor. V - Tendo falecido no acidente o terceiro beneficiário, legitimados ativos ad causam, no caso, os seus pais, em face da ordem da vocação hereditária." (REsp /RJ, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 03/04/2001, D3 07/10/2002, p. 261) "Recurso especial. Ação de indenização diretamente proposta contra a seguradora. Legitimidade. 1. Pode a vítima em acidente de veículos propor ação de indenização diretamente, também, contra a seguradora, sendo irrelevante que o contrato Desemp e rcos Cavalcanti de Albuquerque 6

7 envolva, apenas, o segurado, causador do acidente, que se nega a usar a cobertura do seguro. 2. Recurso especial náo conhecido." (REsp /RS, Rel. Ministro ARI PAR GENDLER, Rel. p/ Acórdào Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/06/2000, DJ 04/09/2000, p. 150) Dos autos, vê-se que o causador do acidente foi a empresa segurada, a TRANSCIONAL, sendo desta a responsabilidade civil, a qual foi a causadora do acidente. Por isso, como a pretensão da apelante é recebimento de indenização securitária contratada entre a seguradora apelada e a empresa segurada, prestadora de serviço público de transporte coletivo. Desse modo, uma vez demonstrado o nexo causal entre o sinistro e o resultado, é dever da empresa segurada, concessionária de serviço público, o pagamento de indenização, tendo em vista a responsabilidade objetiva, tornando desnecessário a perquirição a respeito da existência de culpa na ocorrência do fato, tendo em vista a disposição contida no 6 0, do art. 37, da CF/88. É importante frisar, que o contrato de seguro existente entre a seguradora apelada e a empresa de transporte público coletivo, a TRANSNACIONAL, tem como objetivo a transferência da responsabilidade pelo pagamento a terceiros prejudicados, no caso de eventual indenização por acidente causado por veículo integrante de sua frota, conforme se vê da cobertura do contrato de seguro existente entre a seguradora apelada e o segurado, TRANSNACIONAL, fls. 47. Da mesma forma, às fls. 49, é possível verificar a presença do valor para pagamento de indenização, em que se estipula a quantia máxima de R$ ,00 (cinquenta mil reais) nos casos de responsabilidade civil derivados de danos pessoais causados a terceiros. Desembi rgado egarcos Cavalcanti de Albuquerque 7

8 Dessa forma, conforme laudo pericial do IML, fls. 43, verifica-se a ocorrência de debilidade permanente para o membro superior esquerdo, qual seja, anquilose do cotovelo esquerdo. Portanto, diante dos arestos do E. Superior Tribunal de Justiça, reconhecendo a possibilidade de ajuizamento de ação indenizatória securitária diretamente contra a seguradora, bem como da comprovação da responsabilidade pela causação do acidente pela empresa segurada, deve haver a condenação ao pagamento da indenização decorrente do acidente no valor de R$ ,00 (cinquenta mil reais), conforme previsto contratualmente entre a empresa de transporte público segurada e a seguradora, ora recorrida. Ante o exposto e em consonância com o parecer ministerial, DOU PROVIMENTO AO APELO, reconhecendo a legitimidade passiva da seguradora na presente lide, bem como para condená-la ao pagamento de indenização securitária no valor de R$ ,00 (cinquenta mil reais), juros de mora a partir da citação 1% ao mês, e correção monetária pelo INPC, a partir do evento danoso. Condeno ainda ao pagamento das custas e despesas processuais e honorários advocatícios em que arbitro em 1 5 % (quinze por cento), do valor da condenação. É como voto. Presidiu a sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Marcos Cavalcanti de Albuquerque, Aluizio Bezerra Filho (Juiz convocado para substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito A D Ferreira) e Abraham Lincoln da Cunha Ramos. Presente ao julgamento o Excelentíssimo Senhor Doutor Francisco Antônio Sarmento Vieira, Procurador de Justiça. Desembaéõr rcos Cavalcanti de Albuquerque 8

9 Sala de Sessões da Segunda Câm ra de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pess l do Tribunal arço de Desembargador Marcos Cavalca ti d Albuquerque Relator 22 Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 9