23/11 a 09/12 de 2015 Câmpus de Araguaína, Gurupí e Palmas

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1 FONTES E DOSES DE CÁLCIO COMO AMENIZADORES DO EFEITO SALINO DO SÓDIO EM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL AO POTÁSSIO NA ADUBAÇÃO DO CAPIM Panicum maximum cv. MOMBAÇA Jefferson Santana da Silva Carneiro 1 ; Rubens Ribeiro da Silva 2 1 Aluno do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; carneirojss@yahoo.com.br PIBIC/CNPq 2 Orientador(a) do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; rrs22@uft.edu.br RESUMO objetivou-se avaliar o efeito de fontes e doses de cálcio como amenizador do efeito salino do sódio em substituição parcial ao potássio na adubação do capim Mombaça. O experimento foi implantado em um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições, em esquema fatorial 3x4+3. O primeiro fator constituído por três fontes de cálcio (Calcário - CaCO3; Gesso - CaSO4 e Cloreto de Cálcio - CaCl2) e o segundo por quatro doses de cálcio (1, 2, 3 e 4 mg dm -3 ), aplicados na adubação com substituição de 25% do potássio (K + ) por sódio (Na + ). Os 3 tratamentos adicionais foram a adubação com 1% do potássio, adubação com 25% do K + substituído pelo Na + com ausência de Ca 2+ e a testemunha. Foram avaliados: altura de plantas, taxa de crescimento, massa verde da parte aérea, massa seca da parte aérea e teores de K + e Na + foliar. Os indicadores avaliados responderam de forma significativa as doses e fontes de cálcio como amenizador do stress salino do Na + em substituição parcial ao K +. Palavras chave: stress; fonte alternativa; fertilidade do solo. INTRODUÇÃO - O Brasil está entre os maiores consumidores de fertilizantes do mundo, só no ano de 214 consumiu aproximadamente mil toneladas. Cerca de 75% dos fertilizantes consumidos são produtos de importação, sendo o potássio (K + ) correspondente por aproximadamente 38,7% dessas importações (Ferreira & Vegro, 215). A alta dependência de importações desse nutriente e a demanda por produtos que contenham o K +, mostram a importância em se desenvolver pesquisas para viabilizar o uso de fontes alternativas mais econômicas em substituição ao K + obtido de fontes importadas. Uma alternativa é o uso do sódio (Na + ), que apesar da maioria das pesquisas mostrarem que este elemento é um dos responsáveis por desequilíbrios nutricionais, afetando a absorção dos nutrientes e causando inativação fisiológica em alguns deles para diferentes culturas, estudos mostram que o Na + e o K + compartilham algumas funções fisiológicas (Villora et al., 1997). Em estudo realizado com a substituição parcial de potássio por sódio em pastagem de capim Mombaça, Andrade et al. (214), verificaram que a substituição do K + pelo Na + na proporção de até 25% não promoveu reduções significativas na produção da forrageira. Com base nesses resultados, verifica-se que o uso de minimizadores do efeito salino desse sódio no solo e planta podem aumentar a produção da forragem e permitir uma substituição ainda maior do K + pelo Na +. Uma alternativa para aumentar à tolerância das plantas à substituição do K + por Na + é o aumento no suprimento de Ca 2+ ao solo (Melloni et al., 2). A Página 1

2 possibilidade do uso do Ca 2+ aplicado de forma suplementar como uma alternativa para minimizar o efeito deletério do Na + sobre o desenvolvimento das plantas, pode ainda ser uma forma de reduzir os custos com adubação de pastagens. Diante disso o presente trabalho objetivou avaliar o efeito de fontes e doses de cálcio como amenizador do efeito salino do sódio em substituição parcial ao potássio na adubação do capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça. MATERIAL E MÉTODOS - O trabalho Foi conduzido na área experimental da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus de Gurupi, sob casa de vegetação com cobertura de plástico transparente de 15 micras e laterais com sombrite com capacidade de retenção de 5% da radiação solar. As parcelas experimentais foram constituídas por vasos plásticos com capacidade para 5, dm 3 preenchidos com solo da camada de a 2 cm de um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, com a seguinte caracterização: Ca:,4; Mg:,2; Al:,; H+Al: 1,8; Na:,17; SB:,68 e CTC: 2,48 dados em cmolc dm -3 ; K: 23 e P:,5 dados em mg dm -3 ; M.O.: 1,1 g dm -3 ; phcacl2: 5,3; Areia: 46,5%; Silte: 6,3% e Argila: 47,2 %. O experimento foi implantado em um delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições, em esquema fatorial 3x4+3. O primeiro fator constituído por três fontes de cálcio (Calcário - CaCO3; Gesso - CaSO4 e Cloreto de Cálcio - CaCl2) e o segundo por quatro doses de cálcio (1, 2, 3 e 4 mg dm -3 ), aplicados na adubação com substituição de 25% do potássio (K + ) por sódio (Na + ). Os 3 tratamentos adicionais foram a adubação padrão com 1% do potássio, adubação com 25% do K + substituído pelo Na + com ausência de Ca 2+ e a testemunha (solo). A recomendação da adubação foi realizada para o estabelecimento previsto para médio nível tecnológico (5 kg de N ha -1 ; 12 kg de P2O5 ha -1 ; 6 kg de K2O ha -1 ) e o sódio (Na) foi aplicado via cloreto de sódio (15 kg de Na + ha -1 ). Os desbastes forma realizados deixando-se apenas 5 plantas por vaso. Aos 48 dias após a emergência das plantas foi realizado o corte de uniformização das plantas e a cada 21 dias cortes para avaliações da produção da forrageira a 2 cm de altura a partir da superfície do solo. Para avaliação dos tratamentos foram mensurados nos cortes da forragem a Altura de Plantas (AP); Taxa de Crescimento (TC); Massa verde da Parte Aérea (MVPA); Massa Seca da Parte Aérea (MSPA) e o teor de Na + e K + da parte aérea das plantas. Os resultados obtidos foram submetidos a análise de regressão através do programa Sisvar e os gráficos plotados com uso do programa Sigma Plot 1. RESULTADOS E DISCUSSÕES - Os indicadores altura de plantas (AP), taxa de crescimento (TC), massa verde da parte aérea (MVPA), massa seca da parte aérea (MSPA) e teor de K + e Na + da parte aérea da forrageira Panicum maximum cv. Mombaça em resposta a adição de doses de Ca 2+ via diferentes fontes como amenizador do estresse salino do sódio em substituição parcial ao potássio, apresentaram significância a análise de regressão, ajustando-se aos modelos linear e quadrático (Figura 1). Página 2

3 Altura de Plantas (cm) A 25% Na+ + CaCO3 / Y=1,4433***+,2369**X r²:,7927** 25% Na+ + CaSO4 / Y=98,856***+,5755**X -,16**X² R²:,943** 25% Na+ + CaCl2 / Y=99,4595***+,9648*X -,247**X² R²:,873* Taxa de Crescimento (cm dia -1 ) B 5,5 5, 4,5 4, 3,5 3, 2,5 2, 1,5 1,,5, 25% Na + + CaCO 3 / Y=4,934***+,111**X r²:,7736** 25% Na + + CaSO 4 / Y=4,8281***+,21***X -,4***X² R²:,9877*** 25% Na + + CaCl 2 / Y=4,8344***+,362**X -,1**X² R²:,8991** C D Massa Verde da Parte Aérea (g vaso -1 ) % Na + + CaCO 3 / Y=72,815***+,938***X r²:,998*** 25% Na + + CaSO 4 / Y=72,7787***+,2255**X -,45**X² R²:,936** 25% Na + + CaCl 2 / Y=74,56***+,1821**X r²:,8683** Massa Seca da Parte Aérea (g vaso -1 ) % Na + + CaCO 3 / Y=12,183***+,233***X r²:,9725*** 25% Na + + CaSO 4 / Y=12,124***+,68**X -,14**X² R²:,9614** 25% Na + + CaCl 2 / Y=11,9243***+,697***X r²:,9494*** Teor de Na + foliar (g kg -1 ) 3,5 3,25 3, 2,75 2,5 2,25 2, 1,75 1,5 1,25 1,,75,5,25, E 25% Na + + CaCO 3 / Y=3,1474***-,78***X r²:,9119*** 25% Na + + CaSO 4 / Y=3,167***-,51***X r²:,954*** 25% Na + + CaCl 2 /Y=3,1718***-,17***X r²:,9483*** Doses de Ca 2+ (mg dm -3 ) Teor de K + foliar (dag kg -1 ) 15, 14, 13, 12, 11, 1, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1,, 25% Na + + CaCO 3 / Y=6,59***+,198***X r²:,9649*** 25% Na + + CaSO 4 / Y=6,322***+,133***X r²:,9852*** 25% Na + + CaCl 2 / Y=6,563***+,617**X -,15**X² R²:,9353** Doses de Ca 2+ (mg dm -3 ) Figura 1- (A) Altura de Plantas (AP), (B) Taxa de Crescimento (TC), (C) Massa Verde da Parte Aérea (MVPA), (D) Massa Seca da Parte Aérea (MSPA), (E) Teor de Sódio (Na + ) e (F) Teor de Potássio (K + ) da forrageira Panicum maximum cv. Mombaça em função de doses e fontes de Ca 2+ como amenizador do estresse salino do sódio em substituição parcial ao potássio. Gurupi-TO (215). ***Significativo a 1% (p,1); **Significativo a 5% (p,5); *Significativo a 1% (p,1); ns Não significativo. F Página 3

4 A altura de plantas (AP) e a taxa de crescimento (TC) apresentaram um incrementos lineares em função das doses de Ca 2+ quando utilizou-se o calcário (CaCO3) como fonte deste nutriente. Já para a adição de Ca 2+ com fonte gesso (CaSO4) e cloreto de cálcio (CaCl2), apresentaram ajuste ao modelo quadrático (Figura 1A e 1B). Com o uso de CaCO3 as plantas atingiram uma altura máxima de 19,92 cm, aumentando cerca de,24 cm mg -1 de Ca 2+ adicionado na adubação como amenizador do estresse salino do sódio em substituição parcial ao potássio. Já as fontes CaSO4 e CaCl2 apresentaram máxima resposta nas doses de 27,14 e 19,53 mg dm -3 de Ca 2+, atingindo uma altura de 16,67 e 18,88 cm, respectivamente. A taxa de crescimento com uso da fonte CaCO3 chegou a 5,38 cm dia -1, ocorrendo um acréscimo de,1 cm dia -1 para cada mg de Ca 2+ aplicado na adubação. Quando utilizou-se as fontes CaSO4 e CaCl2 a taxa de crescimento apresentou comportamento quadrático com máximo crescimento nas doses de 26,25 e 18,31 mg dm -3 de Ca 2+ com aproximadamente 5,1 e 5,16 cm dia -1, respectivamente. A massa verde da parte aérea (MVPA) e a massa seca da parte aérea (MSPA) apresentaram incrementos lineares em função das doses de Ca 2+ quando utilizou-se as fontes CaCO3 e CaCl2. Já para a fonte CaSO4 apresentaram comportamento quadrático em função das doses crescente de Ca 2+ suplementar (Figura 1C e 1D). A suplementação de Ca 2+ com as fontes CaCO3 e CaCl2 como amenizador do efeito deletério do sódio em substituição parcial ao potássio, proporcionou uma produção de massa verde da parte aérea de 76,57 e 81,34 g vaso -1 com um incremento de,9 e,18 g mg -1 de Ca 2+, respectivamente. Para a fonte CaSO4 a massa verde apresentou comportamento quadrático com máxima produção de 75,6 g na dose de 25,5 mg dm -3 de Ca 2+. A massa seca da parte aérea apresentou incremento linear significativo quando utilizou-se o CaCO3 e o CaCl2, acorrendo um incremento de,2 e,7 g de massa seca da parte aérea mg -1 de Ca 2+, com as plantas atingindo respectivamente massas de 13,11 e 14,71 g. Para a fonte CaSO4 a massa seca apresentou resposta quadrática com máxima produção na dose de 24,29 mg dm -3 de Ca 2+ chegando a 12,95 g de massa seca. Os resultados obtidos neste trabalho mostram que a aplicação de Ca 2+ suplementar reduz o efeito deletério do Na + no desenvolvimento e crescimento das plantas, semelhante aos resultados verificados por Lacerda et al. (24) e Alves et al. (211). As reduções e/ou inibições constatadas no crescimento dos vegetais, à medida que são submetidos a concentrações crescentes de salinidade, podem ser atribuídas ao efeito osmótico, à toxicidade pela absorção excessiva dos íons Na + e Cl - e ao desequilíbrio nutricional causado pelos distúrbios na absorção dos nutrientes essenciais (Andrade et al., 214). O teor de sódio (Na + ) foliar decresceu linearmente em função das doses de Ca 2+, independente da fonte utilizada. Já o teor de potássio (K + ) apresentou um incremento linear quando utilizou-se as fontes CaCO3 e CaSO4, no entanto quando utilizou-se a fonte CaCl2 apresentou ajuste ao modelo quadrático de regressão (Figura 1E e 1F). O teor de Na + foliar reduziu cerca de,8,,5 e,1 g kg -1 para cada mg de Ca 2+ aplicado de forma suplementar na adubação com uso do CaCO3, CaSO4 e CaCl2, respectivamente. Para o Página 4

5 teor de potássio (K + ) foliar houve um incremento linear de,2 e,1 dag kg -1 para cada mg de Ca 2+ adicionado no solo com uso das fontes CaCO3 e CaSO4, respectivamente. Já com uso do CaCl2 a extração de K + pelas plantas de Mombaça apresentou resposta quadrática, com máxima extração na dose de 2,57 mg dm -3 de Ca 2+, chegando a extração de 6,69 dag kg -1 de K + foliar. Um dos mecanismos de resistência à salinidade em plantas é manter uma adequada nutrição potássica nos tecidos vegetais. Nesse sentido, acredita-se que o Ca 2+ externo manteve o conteúdo de K + interno no tecido radicular, evitando seu efluxo para o meio de cultivo. CONCLUSÕES O suprimento de cálcio para as plantas em condições de stress salino do Na + reduzem a absorção do sódio, mantendo a seletividade ao potássio cujo é o elemento essencial ao desenvolvimento da planta. Dessa forma o efeito deletério do Na + nas plantas é reduzido, garantindo a produção da forrageira Panicum maximum cv. Mombaça. LITERATURA CITADA ALVES, F.A.L.; FERREIRA-SILVA, S.L.; SILVEIRA, J.A.G.; PEREIRA, V.L.A. Efeito do Ca 2+ externo no conteúdo de Na + e K + em cajueiros expostos a salinidade. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 6, n. 4, 211, p , 211. ANDRADE, C.A.O.; FIDELIS, R.R.; SANTOS, A.C.; SANTOS, A.C.M.; SILVA, R.R. Substituição parcial do potássio por sódio na adubação do capim Mombaça em ciclos de pastejo. Revista Verde de Agroecologia e desenvolvimento Sustentável, v 9, n. 5, p , 214. FERREIRA, C.R.R.P.T. & VEGRO, C.L.R. Fertilizantes: aumento dos preços pagos pelos agricultores em 215. IEA- Instituto de Economia Agrícola. Análise e Indicadores do Agronegócio, v. 1, n. 7, julho 215. Disponível em: ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/aia/aia pdf Acesso em: 14 de Agosto de 215. LACERDA, C.F.; CAMBRAIA, J.; OLIVA, M.A.; RUIZ, H.A. Influência do Cálcio sobre o crescimento e solutos em plântulas de sorgo estressadas com cloreto de sódio. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.28, n.2, p , 24. MELLONI, R.; SILVA, F.A.M.; CARVALHO, J.G. Cálcio, magnésio e potássio como amenizadores dos efeitos da salinidade sobre a nutrição mineral e o crescimento de mudas de Aroeira (Myracrodruon urundeuva). Cerne, v.6, n.2, p.35-4, 2. VILLORA, G.; PULGAR, G.; MORENO, D.; ROMERO, L. Salinity treatments and their effect on nutrient concentration in Zucchini plants (Cucurbita pepo L. var. Moschata). Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v.37. p , AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil" Página 5