Três formatos de radiojornalismo laboratorial na Unimep

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1 FÓRUM NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO (FNPJ) XII ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO VIII CICLO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE JORNALISMO MODALIDADE DO TRABALHO: Relato de Experiência GRUPO DE PESQUISA: PRODUÇÃO LABORATORIAL ELETRÔNICOS Resumo Três formatos de radiojornalismo laboratorial na Unimep Luiz Antonio Veloso Siqueira 1 lveloso@unimep.br Wanderley Florêncio Garcia 2 wanderleyfgarcia@gmail.com Este trabalho relata a experiência desenvolvida no ensino de radiojornalismo na Universidade Metodista de Piracicaba, quando a primeira turma na nova matriz curricular em vigor desde 2007 concluiu as disciplinas dirigidas ao rádio. Os alunos tiveram a oportunidade de desenvolver três diferentes formatos radiofônicos no 3º e no 4º semestres do curso de jornalismo: boletins ao vivo, radiojornais e série de reportagens especiais. As atividades permitiram aos estudantes exercitar diferentes maneiras de produção radiofônica, além de poder exercitar na prática o jornalismo de rádio ao vivo. Palavras-chave: Ensino de Jornalismo, radiojornalismo, laboratório de rádio. A implantação de uma nova matriz curricular no curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba permitiu uma reformulação nas atividades desenvolvidas pelos alunos. Em 2008, a primeira turma a cursar a nova matriz concluiu os créditos das disciplinas ligadas ao rádio e especificamente ao radiojornalismo e pôde experimentar diferentes formatos comumente praticados nas emissoras do país. Os alunos desenvolveram 1 Jornalista, Radialista, Mestre em Comunicação pela Cásper Líbero. Coordenador do Curso de RTV e Docente da UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba); ISCA (Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira) e FPM (Faculdade Prudente de Moraes de Itu). Experiência de 25 anos em emissoras de rádio, como locutor, coordenador, diretor artístico e diretor Geral. luizveloso@terra.com.br 2 Jornalista e mestre em Ciência da Informação, é professor nos cursos de Jornalismo e Rádio e TV da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e de Jornalismo da Puc-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) e FESP (Fundação de Ensino Superior de Passos). wanderleyfgarcia@gmail.com.br

2 boletins semanais de curta duração (três minutos), radiojornal de 30 minutos e série de reportagens especiais com 15 minutos de duração total (divididas em três ou cinco capítulos). Na nova matriz da Unimep, os alunos fazem logo no primeiro semestre do curso a disciplina Laboratório de voz com um professor da área de fonoaudiologia. No semestre seguinte, os estudantes cursam Gêneros Jornalísticos em rádio, disciplina teórica, com dois créditos. Já no terceiro e quarto semestres, são oferecidas as disciplinas Laboratório de radiojornalismo I e II, com quatro créditos cada uma divididos em atividades práticas e estudos teóricos. A concepção dessa nova matriz curricular aponta para a necessidade de haver uma interlocução maior entre as disciplinas teóricas e práticas. Desde o primeiro ano, os estudantes iniciam trabalhos de preparação para a voz e passam a conhecer o meio rádio. Já no segundo têm a oportunidade de realizar trabalhos práticos de radiojornalismo. PERUZZO ([s.d]) aponta que no ensino de comunicação social é de extrema importância a utilização de recursos midiáticos e que isso ainda é pouco explorado nos cursos. Um dos motivos teria sido o engessamento dos currículos, com a obrigatoriedade da realização do ciclo básico, com um conjunto de disciplinas teóricas oferecidas na primeira metade dos cursos. Na metade seguinte, os alunos passariam à etapa de profissionalização. A eliminação da obrigatoriedade do currículo mínimo deu maior flexibilidade às instituições de ensino e permite o aprendizado conjunto dos conteúdos teóricos necessários à formação do comunicador com os conhecimentos técnicos imprescindíveis ao profissional que atuará no mercado de trabalho. Meditsch (2001) critica o ensino do rádio de maneira superficial nas faculdades de comunicação e não como prática que compreende a importância do meio na sociedade contemporânea. Algumas de nossas melhores escolas de jornalismo consideram o rádio como um mero acessório, quase um enfeite, merecedor de uma mísera disciplina perdida no currículo e não levada muito a sério. O autor defende que o meio, por ser eletrônico, não está obsoleto, mas ao contrário se adapta facilmente à nova Era, com o advento da internet.

3 A Federação Nacional dos Jornalistas (PROPOSTAS..., 1997) aponta quais as competências técnicas os estudantes de comunicação devem reunir ao concluir um curso de jornalismo: a) o emprego eficiente de linguagens próprias da atividade jornalística nas distintas modalidades correspondentes aos diversos veículos de comunicação existentes; b) o domínio dos processos de gestão de recursos humanos, materiais e financeiros inerentes à produção jornalística, considerando os diversos tipos de veículos e empreendimentos de portes diversos; c) o planejamento de produtos e atividades jornalísticas e empreendimentos de comunicação que viabilizem a produção jornalística. Produção laboratorial No 3º e no 4º semestres do curso de jornalismo da Unimep, os estudantes produziram boletins ao vivo semanais, veiculados na Rádio Unimep, um sistema de som interno instalados nos corredores dos blocos e na Galeria, espaço que abriga lanchonetes, lojas, restaurantes, posto bancário, serviço de cópias e outras atividades. Em 2008 os alunos foram divididos em duas turmas com cerca de 20 estudantes cada. Em cada turma, foram criados quatro grupos responsáveis pela produção semanal de um boletim de rádio com duração de três minutos. Os boletins traziam sempre notícias da Universidade, de Piracicaba, da região, além de notas do Brasil e do mundo, conseguidas por meio de agências de notícia na internet. Era também obrigatória a inserção de uma entrevista de até 1 30 sobre tema definido pelos próprios alunos, mas que pudesse ser de interesse da comunidade interna.

4 Paralelamente à produção dos boletins, dois grupos deveriam se reunir em um só para a produção de um radiojornal com duração de 30 minutos a cada semestre. As pautas dos radiojornais também seguiam à mesma orientação dos boletins, com foco nas notícias internas e regionais. No último bimestre de 2008, um terceiro tipo de produção foi produzido: uma série de reportagens especiais desenvolvida pelos grupos. Foi dada liberdade para que os estudantes definissem o tema e dividissem a pauta de acordo com o número de capítulos da série. Em uma turma foram pedidos cinco capítulos de três minutos. Em outra, três capítulos de cinco minutos. A série permitiu aos alunos perceber que, ao contrário dos boletins, que trazem várias notas e uma entrevista curtas e superficiais, é possível fazer também aprofundamento de uma temática no rádio, desde que exista preocupação com a estética e com a linguagem radiofônica. Considerações finais A produção de diferentes formatos permitiu aos alunos do curso de Jornalismo da Unimep, vivenciar diferentes possibilidades de desenvolvimento jornalístico no rádio. Para cada produção laboratorial era necessária uma organização diferente, com orientações de pauta e formas de realização distintas. A cada semana, novas dificuldades eram encontradas pelos alunos e também novas formas de superá-las, sempre com supervisão e orientação dos professores da disciplina. Outro ponto a ser destacado é a importância do ao vivo, tentar fazer sem errar. E quando errar corrigir sem chamar atenção maior que necessária para o erro, é colocar em prática o conhecido jogo de cintura que o fazer rádio desenvolve. Referências PERUZZO, Cicilia M. K. Tópicos sobre o ensino de comunicação no Brasil. [s.d.]. Disponível em cacao_no_brasil.pdf. Acesso em: 09 out PROPOSTAS de bases para a formulação do programa nacional de estímulo à qualidade da formação profissional dos jornalistas. FENAJ, 1997.

5 MEDITSCH, Eduardo. O ensino do radiojornalismo em tempo de internet. In DEL BIANCO, Nélia e MOREIRA, Sonia Virginia (Orgs.). Desafios do rádio no século XXI. São Paulo: Intercom; Rio de Janeiro: Uerj, 2001.