TERRÁRIO: UM ECOSSISTEMA EM VIDRO
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- Clara Kátia Ramires Philippi
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1 TERRÁRIO: UM ECOSSISTEMA EM VIDRO BRANDOLIM, Bruna Figueiredo¹, FIM, Claudiane Vieira¹, RODRIGUES, Raphael Cardoso², LOUGON, Marcela Silva³ ¹ Acadêmica bolsista/pibid do Curso de Ciências Biológicas Licenciatura, Centro Universitário São Camilo Espírito Santo ² Doutor em Produção Vegetal, UENF, Professor e Coordenador do Pibid do Centro Universitário São Camilo Espírito Santo ³ Mestre em Ciências Florestais, UFES, Professora supervisora do Pibid na E.E.E.F.M "Francisco Coelho Ávila Júnior" RESUMO É essencial nos tempos de hoje a formação de cidadãos que compreendam os efeitos das ações do homem sobre o ecossistema em buscas violentas por recursos naturais para suprir suas ambições, e as consequências que esses efeitos podem trazer para a vida futura da sociedade. O futuro da natureza é um dos maiores debates deste século e de muitos que estão por vir, o planeta se encontra em constante degradação, em estado de alerta, sendo necessário mudanças hoje, para que uma chance seja concedida ao planeta. Dessa forma, um grande caminho para mudar essa realidade é por meio da educação, e nada melhor do que ensinar a essa nova geração como o seu próprio planeta funciona. Assim, a educação ambiental vem inovando os projetos de conscientização buscando uma mudança de valores e atitudes na sociedade, visando os pilares econômicos, sociais e ambientais. O trabalho teve como objetivo construir com os alunos, da E.E.E.F.M. Prof. Francisco Coelho Ávila Junior do município de Cachoeiro do Itapemirim (ES), um terrário de forma lúdica e divertida, ilustrando assim todo ecossistema terrestre, tornando mais claro e fácil o entendimento para o aluno sobre conceitos que envolvem a ecologia e educação ambiental, mostrando a ligação presentes entre todos os seres, vivos e não vivos, onde cada um exerce uma função essencial para o funcionamento do ecossistema. Este projeto faz parte das atividades desenvolvidas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do Centro Universitário São Camilo-ES, visando à formação dos discentes do curso de licenciatura em biologia. Palavras-chave: Terrário, Educação Ambiental, Atividade Lúdica FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Damos o nome de ecossistema ao ambiente em que há interação entre os seres vivos que ali habitam e o meio. Há vários tipos de ecossistemas, que podem ser de diversos tamanhos, como um pequeno lago ou a floresta Amazônica. Nos ecossistemas há um perfeito equilíbrio entre os fatores bióticos e abióticos que o compõem. Os fatores bióticos são os seres vivos que habitam no ecossistema, desde animais predadores até fungos e bactérias que decompõem os restos de plantas e animais mortos. Entre os fatores abióticos podemos citar a água, ph, temperatura, rochas, lama, entre tantos outros. Compreender o que acontece no ambiente em que vivemos não é uma tarefa muito fácil para adolescentes da atual geração. Faz-se necessário que professores busquem
2 2 alternativas cada vez mais atraentes e encantadoras a fim de despertar nos estudantes o desejo de aprender sobre o meio em que habitam. Assim, os estudantes devem ser estimulados, através de aulas práticas, a observar e conhecer os fenômenos biológicos. Conforme apontam os PCNs é uma aprendizagem, muitas vezes lúdica, marcada pela interação direta com os fenômenos, os fatos e as coisas (BRASIL, 2000). No ensino de ciências a experimentação é de suma importância e praticamente inquestionável (MOREIRA, 2003), pois a própria Ciência permite o desenvolvimento das atividades, uma vez que os fenômenos acontecem naturalmente e os materiais estão disponíveis na própria natureza. Hoering & Pereira (2004) estavam corretos quando afirmou que, ao observar o objeto de seu estudo, o aluno entende melhor o assunto, o que está sendo observado pode ser manipulado, tocado, permitindo que da observação concreta possa se construir o conceito e não apenas imaginá-lo. Ao experimentar o concreto, ocorre o desenvolvimento do raciocínio e a compreensão dos conceitos. De acordo com Abou Saab & Godoy (2010) a aula experimental pode ser definida com sendo um instrumento de transformação, tornando-se um espaço para refletir e interpretar a realidade, e ao mesmo tempo, serve para divulgar os resultados do processo de produção do conhecimento científico e apontar soluções que permitem a construção do saber em sala de aula. Para Marandino, Selles & Ferreira (2009), a experimentação escolar é resultado do processo de transformação de conteúdos e procedimentos científicos para atender as finalidades de ensino. Cabe salientar que apesar de esse processo ter configuração própria, este guarda semelhanças com o contexto de produção do conhecimento científico. Cunha, Martins & Feres (2009) destacam que a abordagem teórico-prática parece ser mais eficiente que a metodologia de ensino tradicional, uma vez que, além de proporcionar a assimilação e retenção de conteúdos específicos, também promove à interdisciplinaridade, a motivação interna, a interação entre os estudantes e os professores.
3 3 Dessa forma na busca de soluções alternativas no ensino de Ciências, inspirou a construção de um terrário como modelo que permita conduzir o processo ensino aprendizagem. Hayashi, Porfirio & Favetta (2006) afirmaram que, com a realização do projeto montagem de terrários, foram despertados o interesse e curiosidade dos alunos levando-os a participar da aula. Os terrários surgiram no final do século XIX, quando o inglês Nathanael Ward, médico e colecionador de plantas raras, aperfeiçoou um recipiente de vidro onde pudesse transportar as plantas que descobria nas regiões de clima tropical, (MUSEU VIRTUAL,UFB/2010). A montagem e a observação de um terrário (ou a comparação entre diversos deles) pode ser uma forma de trazer um pedacinho da natureza para dentro da sala de aula, aproximando-a dos alunos. A montagem do terrário poderá ser utilizada convenientemente para estimular o trabalho em grupo e a divisão de tarefas. A observação do terrário poderá ser um bom início para um diário, estimulando a rotina de observações e de anotações sistemáticas. O terrário poderá ser utilizado para simular diferentes ambientes, testar hipóteses e curiosidades dos alunos. Nessa perspectiva, e a partir de uma aula prática com alunos da sexta série do ensino fundamental, aplicado por professores da E.E.E.F.M. Prof. Francisco Coelho Ávila Júnior em Cachoeiro de Itapemirim-ES e auxiliado por acadêmicos bolsista/pibid, utilizou-se o recurso da construção de Terrários como forma de observação do meio ambiente e aprimoramento de conhecimento relacionados à ecologia. Após a construção, os alunos foram indagados a responder diferentes questionamentos durante o período de manutenção do terrário. A partir da aula prática realizada foi possível ilustrar que tudo faz parte de um ciclo, e mostrar a importância da preservação, o porquê não desmatar, queimar ou poluir a natureza. METODOLOGIA Práticas de educação ambiental são importantes no processo de ensino, buscando uma forma de conscientização mais lúdica e saudável. Assim, fica evidente que essa
4 4 realidade ultrapassa o limite escolar, com alunos mais conscientizados, respeitando a natureza, e usufruindo de forma adequada do que ela nos proporciona. Nessa perspectiva, foi construído um terrário por meio de uma aula prática com os alunos da 6ª série do ensino fundamental (figura 1). Inicialmente um roteiro foi produzido para que cada aluno acompanhasse as etapas de construção (quadro 1). Foram utilizados como materiais: Recipiente de tamanho médio que proporcione uma visualização de seu interior. Exemplo: Uma caixa de vidro transparente. Solos: arenoso (50% areia e 50% terra) e solo humoso. Água: para molhar a terra (não encharcá-la). Carvão vegetal e/ou pedra brita. Plantas: flora local, (dente de leão, hortelã, espinafre resistentes e de crescimento lento. Animais: minhoca, joaninhas, besourinhos. Sementes (de feijão, milho, outras) Outros Após o recolhimento dos materiais, foi possível dividir igualmente entre os alunos para que todos pudessem participar dessa aula prática expositiva. Dando inicio a montagem, primeiramente cada aluno foi instruído a limpar o seu recipiente de forma que qualquer sujeira que impedisse a futura visualização fosse retirada. Depois que os vidros foram limpos, inceriu-se no fundo do vidro uma camada de terra bem pequena como um tapete para a aplicação das pedras ou carvão, que por sua vez é necessário uma pequena quantidade somente para cobrir o fundo, mas que não ocupasse muito espaço no vidro. As pedras possuem a função de auxiliar na drenagem e filtração da água, já o carvão vegetal servirá para evitar que o terrário exale mau cheiro devido à formação de gases que ocorre com o apodrecimento das raízes. Em seguida mais uma camada de terra foi aplicada, desta vez uma camada mais espessa; com a terra no lugar, as plantas foram separas e entregues aos alunos conforme o tamanho de seus recipientes. Para a aplicação das plantas, foi feito um espaço no meio da terra, delicadamente para que não alcançasse as pedras no fundo. Nesta etapa cada aluno foi avaliado, de acordo com o seu empenho e cuidado para que nada na
5 5 planta fosse danificada ou alterado, de forma permanente não permitindo que esta vivesse dentro do terrário. Com as plantas devidamente no lugar, foi adicionado água apenas para umidificar a terra. Dentro do recipiente uma tampinha de garrafa pet foi enterrada com a abertura para cima formando um laguinho, proporcionando aos alunos observar o processo de evaporação da água. Com todo esse processo finalizado, a parte decorativa ficou por conta de cada aluno, com pedras decorativas e pequenos animais como minhoca e caracóis. Por fim, o recipiente foi higienizado novamente e lacrado com plástico filme e vedado com fita adesiva para evitar entradas de ar, pois o oxigênio será produzido pela planta através da realização da fotossíntese. CONCLUSÃO No presente artigo foi possível concluir que o terrário é uma ótima prática para escolas que não possuem espaço físico nem materiais para aulas praticas. Esse tipo de aula é fundamental para a formação pois proporciona experiências que são possíveis adquirir dentro e fora da sala de aula. Além de servir como estratégia, as aulas práticas auxiliam o aluno a entender melhor os conteúdos ministrados ampliando sua reflexão, sendo atuante, aprende a interagir com as suas próprias dúvidas, chegando a conclusões, à aplicação dos conhecimentos por ele obtidos, tornando-se agente do seu aprendizado. Assim a abordagem prática se torna uma grande ferramenta na problematização dos conteúdos, pois o aluno desenvolve habilidades processuais ligadas ao processo científico. Demo (2011, p. 13) salienta que base da educação escolar é a pesquisa, e através dela é possível desenvolver no aluno o questionamento sistêmico e reconstrutivo da realidade. Essa reconstrução compreende o conhecimento inovador e sempre renovado, tendo como base a consciência crítica. Dessa forma, o aluno inclui a sua própria interpretação, formulação pessoal, aprende a aprender e a saber pensar. Verificou-se não apenas conceitos e termos científicos aprendidos, mas foram despertados durante a aula atitudes de processo como a formulação de hipóteses, a interpretação de dados e o desenvolvimento de idéias que irão constituir a base para aprendizagem em Ciências.
6 6 Assim, podemos relembrar uma das principais necessidades formativas básica dos professores dita por Carvalho & Gil-Pérez (1995), que é saber programar atividades capaz de gerar uma aprendizagem efetiva, um exemplo vivo foi o terrário que foi apresentado no trabalho acima, após a construção do terrário os alunos tiveram muito interesse por ele e por tudo o que se passava, puderam observar quais mudanças que foram acontecendo ao longo dos dias e com isso a professora pode aplicar atividades voltadas para a ecologia e a educação ambiental, tirando máximo proveito dessa nova experiência vivida pelos alunos. RECOMENDAÇÕES Recomenda-se que todos os alunos utilizem luvas quando estiverem em contato com a terra, pois a mesma pode conter alguns parasitas. Um dos terrários confeccionados apresentou alguns nematódeos após 40 dias. REFERÊNCIAS ABOU SAAB, L. A; GODOY, M. T. Experimentação nas aulas de Biologia e a apropriação do saber Homepage: Acesso em: 29 out BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, CARVALHO, A.M.P.; GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de Ciências. São Paulo: Cortez, 1995, p Texto: "COMO MONTAR UM TERRÁRIO", Brasília.: Museu Virtual de Ciência e Tecnologia da Universidade de Brasília, CUNHA, E. E; MARTINS, F. O; FERES, R. J. F. Zoologia no Ensino Fundamental: propostas para uma abordagem teórico-prática DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 7. ed. Campinas: Autores Associados, HAYASHI, A. M.; PORFIRIO, N. L. S.; FAVETTA, L. R. A. A importância da experimentação na construção do conhecimento científico nas séries iniciais do Ensino Fundamental HOERNIG, A.M.; PEREIRA, A.B. Revista da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências. As aulas de Ciências Iniciando pela Prática: O que Pensam os Alunos. v.4, n.3, p.19-28, 2004.
7 7 MARANDINO, M.; SELLES, S. E; FERREIRA, M. S. Ensino de Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, MOREIRA, M.L.; DINIZ, R.E.S. O laboratório de Biologia no Ensino Médio: infraestrutura e outros aspectos relevantes. In: Universidade Estadual Paulista Pró-Reitoria de Graduação. (Org.). Núcleos de Ensino. São Paulo: Editora da UNESP, v. 1, p , ANEXOS
8 Figura 1- Realização da aula pratica: Construindo um terrário. 8
9 9
10 Quadro 1- Roterio de aula prática: Construção de um terrário 10
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