DIAGNÓSTICO DO PERFIL DO LEITOR: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O ENSINO PÚBLICO E PRIVADO NA REGIÃO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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- Célia Esteves de Almeida
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1 DIAGNÓSTICO DO PERFIL DO LEITOR: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O ENSINO PÚBLICO E PRIVADO NA REGIÃO OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO Érika Cristina Mashorca Fiorelli, UNESP - Presidente Prudente-SP, SESI/SP; Ana Maria da Costa Santos Menin, UNESP - Presidente Prudente-SP Resumo A presente pesquisa teve como objetivo diagnosticar o perfil do leitor do ensino público e privado da região oeste do Estado de São Paulo. A metodologia utilizada consistiu na elaboração de um questionário contendo vinte e quatro perguntas que focavam aspectos educacionais, sociais e econômicos, sendo possível detectar as características do leitor e verificar sua relação com a leitura. Além disso foram definidas categorias estabelecidas da seguinte forma: freqüência da leitura, gênero da leitura, mediadores da leitura, preferência da leitura e suporte para leitura. O trabalho foi aplicado em estudantes de uma Escola da Rede Estadual de Ensino e de outra da Rede Particular, ambas localizadas na região oeste do Estado de São Paulo. Foram avaliados estudantes de 5 a e 8 a séries do ensino fundamental, totalizando aproximadamente 3 alunos. Com os resultados apresentados foi possível diagnosticar o perfil destes estudantes e traçar um comparativo entre aqueles alunos que freqüentam o ensino público e privado. Introdução O diagnóstico deve ser compreendido como uma forma de detectar, identificar e mapear a situação atual dos alunos em relação à leitura. Além disso, verificar se aspectos sócio-econômicos e relativos à leitura inferem no desempenho dos mesmos. Dados do Programa Internacional em Avaliação de Alunos (PISA)/2, um teste que mede a capacidade de leitura e o aprendizado de matemática e ciências entre jovens de 15 anos, em cerce de 4 países mostra que o Brasil ficou em último lugar. A relação entre o desempenho de leitura no Pisa e a distribuição de renda também mostra que, quanto menor a desigualdade, maior é a média alcançada na avaliação. Um outro indicador utilizado para a análise dos resultados, no PISA/2, foi o nível socioeconômico e cultural dos alunos que participaram da avaliação. A tendência verificada é de melhoria no desempenho a medida em que esse indicador é mais alto. Os dados do Pisa indicam também que sequer os alunos brasileiros com amplo acesso a bens culturais e tecnológicos conseguem um bom resultado na avaliação. Somente 5% dos estudantes com nível socioeconômico e cultural elevado alcançam o mais alto patamar de desempenho, resultado igual ao do México, por exemplo.
2 Com relação aos aspectos da leitura Yunes (1984) afirma que a formação do leitor é lenta e processa-se anteriormente a alfabetização. Junqueira (23) afirma que é entre os oito e treze anos de idade que as crianças revelam maior interesse pela leitura e conclui dizendo que se conseguirmos fazer com que a criança tenha sistematicamente uma experiência positiva com a linguagem, estamos promovendo o seu desenvolvimento como ser humano. Em se tratando das condições de produção pelos alunos, Ferreira (21) ao apresentar o trabalho que desenvolveu sobre leitura e leitor a partir de histórias de leituras, escritas por seus alunos de 5ª série e, posteriormente, os mesmos no próximo ano, na 6ª série do ensino fundamental, nas aulas de língua materna afirma que as histórias de leitura constituem parte de um dos momentos de leitura e produção da aula e são consideradas como documentos que possibilitam um maior acompanhamento das relações que alunos estabelecem com a leitura. Ferreira (21) afirma que a maior parte dos alunos diz se relacionar de forma positiva com a leitura, conforme demonstra a figura 1. Figura 1 - Posicionamento dos alunos diante da leitura. A autora comenta que entre as justificativas apresentadas, constam afirmações que revelam a leitura entendida como uma atividade de distração, diversão e, ainda, que desperta a imaginação. A autora finaliza dizendo que a maioria dos alunos diz gostar de ler e, entre as razões apresentadas, constam afirmações como: a leitura proporciona distração e divertimento; desperta a imaginação e a criatividade; traz conhecimentos e informações. Percebe-se, assim, que tais justificativas envolvem prazer e conhecimento. Essas respostas contrariam muito do que se afirma sobre o não envolvimento dos alunos com a leitura.
3 Souza (1996, p. 75), ao discorrer sobre a situação da leitura em sala de aula, assegura que se o professor sonda, acompanha, assim como propõe textos diversificados e com dificuldades diferentes com o intuito de seu aluno ampliar seus horizontes de expectativa não só ante conteúdo, temas, conceitos ou, ainda, histórias que os textos veiculam, veria condições de conhecer diversas formas de se interpretar, representar ou captar o mundo por meio da palavra. (...) Aí: a fantasia, o sonho, o fato, o conceito, o som, o ritmo, a imagem...há diversos tipos de textos. Há diversos tipos de leitores; há diversos tipos de leitura... É preciso ler muito, comentar muito...os mais variados tipos de materiais - livros de histórias, jornais, revistas, dentre outros - devem fazer parte das atividades de leitura na escola, considerando sempre a necessidade de se respeitar o gosto dos alunos, a leitura por eles praticada em seu cotidiano e, ao mesmo tempo, proporcionar-lhes o acesso a outros materiais de leitura que não se restringem aos que eles já lêem. Valorizar a leitura praticada pelo aluno em seu cotidiano, saber ouvir o que ele tem a dizer, procurar compreender o que ele lê e o motivo de suas escolhas é um importante caminho para aquele professor que deseja explorar essa atividade de uma forma prazerosa e produtiva; uma leitura que seja significativa a partir de uma prática pedagógica que não marginalize aquela praticada pelo aluno, bem como seus gostos, desejos e aspirações. Interessante destacar que o gosto pela leitura é algo que se constrói, ou seja, ensina-se e aprende-se a ler e a gostar de ler. ZILBERMAN (1988), afirma que a dimensão social, em relação à leitura, se torna mais evidente, a partir do momento em que o exercício da leitura depende não apenas do funcionamento, mas da integração dos seguintes fatores: -um sistema (o da escrita); -um processo (o de alfabetização); -um conjunto de valores - requer a importância do domínio do código escrito pela pessoa, distinguindo das que o fazem e das que ainda não foram capacitadas. No entanto, para que haja interação, esses fatores dependem da existência de algumas instituições, no caso a escola é a mais representativa e é responsável não apenas pelo processo de alfabetização do indivíduo, mas também pela socialização do educando e da escrita. JUNQUEIRA (23), afirma que é entre os oito e treze anos de idade que as crianças revelam maior interesse pela leitura. A autora cita o estudioso Richard Bamberger, o qual reforça a idéia de que é importante habituar a criança às palavras. "Se conseguirmos fazer com que a criança tenha sistematicamente uma experiência positiva com a linguagem, estaremos promovendo o seu desenvolvimento como ser humano, e também que, comparada ao cinema, ao rádio e à televisão, a leitura tem vantagens únicas. Em vez de precisar escolher entre uma variedade limitada, posta à sua disposição por cortesia do patrocinador comercial, ou entre os filmes disponíveis no momento, o leitor pode escolher entre os melhores escritos do presente e do passado. Lê onde e quando mais lhe convém, no ritmo que mais lhe
4 agrada, podendo retardar ou apressar a leitura; interrompê-la, reler ou parar para refletir, a seu bel-prazer. Lê o que, quando, onde e como bem entender. Essa flexibilidade garante o interesse continuo pela leitura, tanto em relação à educação quanto ao entretenimento. Magnani (1994), ao discutir sobre a leitura e a formação do gosto, afirma que se aprende a ler e a gostar de ler; assim como a ter satisfação com a leitura, a acompanhar os modismos de leitura, a ter critérios e opiniões de leitura e a julgar valores estéticos. Ressalta, também, que a tudo isso se aprende lendo dentro e fora da instituição escolar. Dentro desta realidade o desenvolvimento de pesquisas que procuram diagnosticar o perfil do leitor é relevante para toda a sociedade e para o país. A presente pesquisa tem por objetivo identificar o perfil do leitor de estudantes do ensino público e privado da região Oeste do Estado de São Paulo. Objetivos O presente trabalho tem como objetivo diagnosticar o perfil do leitor de estudantes de 5 a e 8 a séries do ensino fundamental, do ensino público e privado da região oeste do Estado de São Paulo, por meio de aplicação de questionário. Materiais e Métodos Para o desenvolvimento da respectiva pesquisa, foi elaborado um questionário com vinte e quatro perguntas divididas em cinco categorias: freqüência da leitura, gênero da leitura, mediadores da leitura, preferência da leitura e suporte para leitura. O questionário foi aplicado em estudantes de 5ª e 8ª séries do ensino fundamental de uma Escola da Rede Pública Estadual de Ensino e de uma Escola da Rede Particular, totalizando aproximadamente 3 alunos. O formulário utilizado na pesquisa está apresentado na figura 2.
5 Resultados e Análise Figura 2 Formulário utilizado na pesquisa Este item apresenta os principais resultados encontrados após a aplicação do questionário em alunos do ensino público e privado, de 5 a e 8 a séries do ensino fundamental, de duas escolas localizadas na região Oeste do Estado de São Paulo. Do total de alunos entrevistados, as figuras 3 a 7 resumem os resultados.
6 Frequência de Leitura - 1 hora/dia Figura 3 Freqüência de leitura Avaliação como Leitor - Bom Leitor Figura 4 Avaliação como leitor Bom leitor
7 Gênero Preferido - Aventura Figura 5 Gênero de leitura preferido Mediador de Leitura - Pais Figura 6 Mediador da leitura
8 Suporte para leitura - livro Figura 7 Suporte para leitura Observando as figuras 3 a 7, é possível afirmar que: - Em relação à freqüência de leitura 32% dos alunos da rede pública se e 48% da rede particular se dedicam no máximo 1 hora; - Em relação a auto avaliação como leitor, 56% dos alunos da escola pública avaliados consideram-se bons leitores, já na rede particular 9%; - Na categoria gênero de leitura 63% dos alunos da rede pública e 55% da rede particular preferem aventura; - Na categoria mediador da leitura, 44% dos alunos da rede pública e 52% da rede particular afirmam que os pais são os principais incentivadores; - Na categoria suporte para leitura 93% dos alunos da rede pública e 83% da rede particular afirmam que utilizam o livro. Vale ressaltar que 18% dos estudantes da rede particular utilizam o computador. Conclusões Diagnosticar o perfil do leitor é relevante para obter informações que permitam descrever as características dos leitores do ensino fundamental e definir o papel da leitura na formação do aluno. Dentro desta realidade com o desenvolvimento deste trabalho foi possível diagnosticar o perfil do leitor da escola pública e privada, localizadas na região oeste do Estado de São Paulo. Referências Bibliográficas
9 FERREIRA, Norma Sandra de. Histórias de leitura. In: SILVA, Lilian Lopes Martins. (Org.). Entre leitores: alunos, professores. Campinas, SP: Komedi: Arte Escrita, 21. JUNQUEIRA, R. S. A importância da leitura e literatura infantil na formação das crianças e jovens. Revista Comunicação e Cultura. (23). MAGNANI, M. do R. M. Leitura e formação do gosto: por uma pedagogia do desafio do desejo. Série Idéias n.13. São Paulo: FDE, SOUZA, M. L. Z. de. A leitura na escola (I). In: MARTINS, M. H. (Org.). Questões de linguagem. 5. ed. São Paulo: Contexto, p. 7-6 YUNES, Eliana. A leitura e a formação do leitor: questões culturais e pedagógicas. Rio de Janeiro: Ed. Antares. (1984). ZILBERMAN, Regina (1988). Leitura: história e sociedade. Série Idéias n.5. São Paulo: FDE, p
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