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1 (1414 ' k IP À ) '1:41r.> t#, ESTADO DA PARAIBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. MÁRCIO MURILO DA CUNHA RAMOS ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /002 P Vara da Infância e da Juventude da Capital. RELATOR : Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos APELANTE : Estado da Paraíba, representado por seu Procurador (Adv.Carlos Arthur de Almeida Baptista Ferreira Pereira) APELADO : Ministério Público da Paraíba APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO CAUTELAR INCIDENTAL ADOÇÃO DE CRIANÇA MENOR DE 01(UM) ANO DE IDADE PRORROGAÇÃO DE LICENÇA MATERNIDADE PROCEDÊNCIA IRRESIGNAÇÃO PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA DO MP REJEIÇÃO MÉRITO EXTENSÃO DO PRAZO DE LICENÇA MATERNIDADE PARA SERVIDORA ADOTANTE SITUAÇÕES DE FATO DISTINTAS INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO ART. 70 XVIII DA CF IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO PROVIMENTO. A licença maternidade e a licença gestante têm o objeto comum de propiciar a formação de vínculo afetivo entre mãe e filho, mas não se confundem. A primeira, decorrente do ato jurídico de adoção, é infraconstitucional e é disciplinada pelo legislador ordinário. A segunda, decorrente do fato jurídico da gravidez, tem estuário constitucional e destina-se a recuperação física da mãe oriunda das debilidades do parto. A distinção entre ambas, todavia, não enseja discriminação indevida entre filhos biológicos e adotivos, senão o reconhecimento da diferença ontológica desses dois benefícios. (precedentes do STF) VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos de Apelação Cível n /002, em que é apelante, o Estado da Paraíba, e apelado, Ministério Público da Paraíba. ACORD A a Egrégia Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça do Estado, por unanimidade, em dar provimento ao apelo. RELATÓRIO O Ministério Público ingressou com Ação Cautelar com pedido de liminar em face do Estado da Paraíba com fim de obter a prorrogação da licença maternidade, por mais 30 dias, da servidor Vera Lúcia Targino de Araújo Ferreira, que adotou a menor Maria Clara Targino Fe ira Liminar de rida (fis. 33/34). O Est o da Paraíba interpôs agravo de instrumento (n /001), o q 1 foi atribuído efeito suspensivo (fls. 81/83) por esta relatoria, mas ao final lhe foi negado seguimento ( ), em virtude de se encontrar prejudicado por perda do objeto, eis que a Sr a. Vera Lúcia Targino de Araújo Ferreira já tinha gozado o restante da licença (fls. 128/129).

2 O juízo a quo decidiu pela procedência do pedido ( ), deferindo a prorrogação da licença maternidade da servidora por mais 30 dias, com fulcro no art. 269 do CPC, bem como art. 6 e 227, 6 da CF/88. Irresignado, o Estado da Paraíba interpôs o presente apelo, alegando, em sede de preliminar, a ilegitimidade ativa do Ministério Público, em virtude da prorrogação da licença-maternidade ser um direito individual. No mérito, aduziu que a servidora não tem direito a prorrogação da licença maternidade, primeiro porque a LC 58/2003, art. 183, é taxativa no sentido de ser concedida licença de 90 dias a servidora que adota criança com idade inferior a um (01) ano; segundo, Por ser inaplicável ao caso em tela as disposições do inciso XVIII, art. 70 da CF/88, pois essas são restritas às gestantes. sentença a quo. O apelado, em suas razões recursais, requereu a manutenção da A Douta Procuradoria, em seu parecer fls. 143/144, opinou pelo desprovimento do presente apelo. É o relatório. 3 OTO: 011, Ab initio, cumpre advertir que a preliminar de ilegitimidade ativa suscitada pelo apelante já foi apreciada e rejeitada anteriormente, na ocasião do julgamento do mencionado agravo de instrumento, por esta relatoria, vejamos trechos do acórdão de fls. 81/83: "(...) o agravante alega a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor a presente demanda. De fato, a licença em questão não é concedida apenas em benefício da servidora, mas também da criança adotada, que necessita de cuidados especiais. Sendo assim, não há que se falar em ilegitimidade passiva do Ministério Público". Assim sendo, rejeito a preliminar suscitada. O cerne da presente demanda encontra-se em saber se a mãe adotiva tem direito ao mesmo período de licença que a mãe biológica dispõe, em virtude do nascimento do seu filho, previsto no art. 7, inciso VXIII, da Constituição Federal. Apesar da magnitude do gesto da adoção, o Superior Tribunal Federal possui entendimento pacífico no sentido de que a aludida licença constitucional é exclusiva da mãe biológica, tendo em vista que o fato que a enseja é a gestação e as suas conseqüências, por exemplo, a recuperação do parto e a amamentação do recémnascido. Transcrevo trechos do Informativo n 199 da Corte Suprema: "(...) No caso em exame, o direito à licença é vinculado ao fato jurídico gestação, que não permite, segundo penso, a extensão do benefício à hipótese do ato de adoção. Fosse a referencia constitucional, por exemplo, simplesmente a "mãe" ou a "maternidade". Poder-se-ia, ainda, cogitar da assimilação à adotante. Não, porém, segundo penso, quando especificada a primeira na norma aplicável. Não há falar, por outro lado, em analogia, ante a diversidade de uma e outra das situações acima enunciadas, sendo o caso simples inexistência de direito social constitucionalmente assegurado e, dessa forma, relegado ao legislador ordinário, o tratamento da matéria, oportunidade que seria útil, ademais, prover a fixação do prazo da licença e a li ade do menor, suscetível de ensejar o benefício". (...) (grifo nosso) "Eme a: Licença gestante. Mãe Adotiva. Art. 70, XVIII, da Constituição da República. A n ma constitucional, ao dispor sobre a licença gestante, garantiu beneficio ape as à mãe biológica, tendo como finalidade precipua proteger a saúde da mãe do re p-nascido, nas semanas que precedem o parto e nas que sucedem ao mesmo. De acoydo com o disposto na legislação ordinária (art. 71, da lei 8.213/91), o salário maternidade é devido nos 28 (vinte e oito) dias anteriores e nos 92 (noventa e dois)

3 Ta posteriores ao parto. A mãe adotiva, não preenchendo o requisito indispensável para garantir a licença gestante (a gravidez), não faz jus, consequentemente, à licençamaternidade. Revista conhecida e não provida.(...)". (grifo nosso). Outrossim, não há que se falar em tratamento desigual entre o filho biológico e o adotivo, ou em infração ao art. 227, 6 da CF/88, no que diz respeito à licença de 120 dias conferida, apenas, à gestante, pelas seguintes razões: primeiro, o benefício é concedido à gestante para que ela continue recebendo a sua remuneração, mesmo sem estar trabalhando, enquanto se recupera do parto; segundo, a licença também é para possibilitar a amamentação do filho. Portanto, se a licença conferida à gestante é fundamentada, além da atenção que tem que ser conferida a todo recémnascido, nas debilitações físicas do parto, bem como na necessidade de repouso e tempo disponível para amamentação e, sendo estas, suportadas, apenas, pela mãe biológica, dúvida inexiste que a mãe adotiva não faz jus ao então benefício nos exatos termos. Transcrevo trechos do Informativo n 199 da Corte Suprema: "(...)A ratio da licença-gestante está na necessidade biológica do resguardo pósparto. Evidentemente, não é o caso da mãe adotiva. Não se sabe de nenhuma mulher que, após adotar, tenha sentido as mesmas debilitações em que fica a gestante logo após o parto. Onde, pois, residiria a identidade de razões autorizativa do emprego da analogia?(...)". (grifo nosso) aplicação da analogia: In casa, o Informativo n 191 do STF ratifica a impossibilidade da "O art. 7, XVIII, da CF, que assegura a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120 dias, é inaplicável, por analogia, às mães adotivas. Com esse entendimento, a Turma, considerando que não se admite a aplicação analógica da CF, deu provimento a recurso extraordinário para reformar decisão que reconhecera a mãe adotiva o direito à licença-maternidade". (grifo nosso) Ou seja, dúvida inexiste que o tratamento diferenciado é conferido às mães, adotivas e biológicas, em razão da dessemelhança da situação física em que se encontram, uma em recuperação e com a necessidade de repouso para extrair das suas entranhas o alimento do filho e a outra gozando de plena saúde. Noutro aspecto, é clarividente que a mãe adotiva deve ser conferida uma licença para que ela preste todos os cuidados necessários ao seu filho, todavia este benefício deve ser disciplinado pelo legislador ordinário, na medida que a licença preconizada no art. 7 0, VXIII da CF/88 é exclusiva da gestante. Nesse sentido, manifesta-se o Supremo Tribunal Federal: "CONSTITUCIONAL RECURSO EXTRAORDINÁRIO. OFENSA À CONSTITUIÇÃO. INOCORRÊNCIA. CONTENCIOSO DE DIREITO COMUM. I - Distinção entre mãe biológica e mãe adotiva: questão que integra o contencioso de direito comum. II - Agravo não provido". (STF/RE- AgR RS. Rel. Min. Carlos Velloso. 2 T., J , DJ ) (grifo nosso) "Não se estende à mãe adotiva o direito à licença, instituído em favor da empregada gestante pelo inciso XVIII do art. 7", da Constituição Federal, ficando sujeito ao legislador ordinário o tratamento da matéria". (STF/RE RS. Rel. Min. Octávio Gallotti. 1 a T., J , DJ ) (grifo nosso) A licença nferi4a à mãe adstiva, sendo esta servidora pública, é disciplinada pelo Estatuto 'os Serv dore r-ublicos do Estado da Paraíba, Lei Complementar 58/2003, e rresponde ao período de 90(noventa) dias, quando a criança adotada tem idade igual o inferior a 1(um) ano, in verbis: "Art A servidora que adotar ou obtiver tutela judicial de criança com até 1 (um) o de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada". (grifo nosso)

4 ._ Portanto, conclui-se que a servidora pública estadual ao adotar uma criança com idade igual ou inferior a 1(um) ano, tem direito a uma licença remunerada durante 90 (noventa) dias. Na hipótese em diapasão, constata -se que a servidora além de ter gozado a licença legal, nos termos do art. 183 da LC 58/2003, foi beneficiada com uma prorrogação indevida da então licença, por mais 30 (trinta) dias. Ressalte-se que, caso o Estado entenda ser eventual titular de direito patrimonial em face da servidora, tendo em vista a prorrogação indevida da licença, que providencie as medidas legais cabíveis pelas vias próprias. Ante o Exposto, DOU PROVIMENTO AO APELO, para reformar a sentença vergastada, julgando improcedente pedido. Ademais, isento de custas e honorários advocatícios o Ministério Público, em razão da essencialidade das suas funções à justiça e a boa-fé nos préstimos das mesmas. É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Participaram do julgamento, além do relator, Eminente Des. Márcio Murilo da 1111 Cunha Ramos, o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides e o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. procurador de Justiça. Presente ao julgamento o Exmo. Sr. Dr. Marcus Vilar Souto Maior, Joã. ' essoa, 26 - nho de AV to Murilo da cunha Ramos Desembargador 110

5 n J TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenado ria J adie:lida ~arado Mel I g 410