Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER

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1 PARECER Referência: / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação Restrição Não se aplica de acesso: Ementa: Taxa de juros e informações sobre correção de financiamento imobiliário Interesse pessoal Caixa Econômica Federal CEF - Informação já disponibilizada Inovação no pedido recursal Não conhecimento Órgão Caixa Econômica Federal - CEF recorrido: Recorrente: M.V.M.L.M. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública com base na Lei nº /2011, conforme resumo descrito abaixo representado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 14/12/ O coeficiente de atualização aplicável aos depósitos de poupança constante da Cláusula 31ª do contrato de financiamento imobiliário é sinônimo de TR? Ainda se utiliza esse índice como forma única de correção? 2 - A previsão da Cláusula 33ª de que o abatimento do montante oferecido para amortização será precedido da cobrança de juros remuneratórios no caso de amortização extraordinária se aplica apenas ao caso em que o pagamento extraordinário se der em valor menor ao de uma parcela? Poderia explicar melhor essa cláusula, já que desejamos saber como é a amortização? Favor confirmar se, ao fazer a amortização do principal, automaticamente são excluídos os correspondentes juros e seguro, sem nenhum ônus? Exemplo: no dia em que fizermos o pagamento da parcela regular, já estaremos pagando juros, mas se pagarmos o valor correspondente a mais uma parcela, essa quantia adicional será abatida do saldo devedor, com a exclusão dos respectivos juros, ou diretamente apenas dos juros? Resposta Inicial 6/1/ Não. Conforme disposto no contrato a atualização do Saldo Devedor (SD) é a mesmo utilizada em saldo de poupança. A regra de atualização do SD de poupança reza que caso a SELIC seja maior que 8,5 a atualização do saldo devedor dar-se-á por meio de TR +0,5%, abaixo de 8,5% a regra definida é a aplicação de 70% da taxa da SELIC vigente no mês. 2. Na amortização o cliente paga o valor principal mais o juros, o seguro compõe a prestação mensal, porém em caso de amortização não há cobrança, já que o seguro é cobrado mensalmente independente da realização de amortização extraordinária. Ou seja: o seguro é parte componente somente das prestações regulares, e não será deduzido do valor da amortização. Já os juros compõem o saldo devedor, e serão cobrados de acordo com as cláusulas contratuais. Recurso à Autoridade Superior 8/1/2014 1) Inicialmente, gostaria que fosse esclarecida a discrepância existente entre a resposta ao primeiro questionamento (o 1

2 Resposta do Recurso à Autoridade Superior saldo devedor seria corrigido pela soma de 0,5% ao mês + TR ou 70% da SELIC + TR) e as informações constantes da simulação habitacional disponível na página br no sentido de que incidiria única e exclusivamente a taxa de juros remuneratórios mais a TR: JUROS NOMINAIS (taxas de juros a.a. + TR) % a.a. + TR%. Ademais, na Cláusula 31ª consta que o saldo devedor será atualizado "com base no coeficiente de atualização aplicável aos depósitos de poupança do dia correspondente ao vencimento dos encargos mensais", dando a entender que, especificamente no caso deste contrato, aplicar-se-ia unicamente o coeficiente de atualização da poupança, ou seja, a Taxa Referencial. Acrescente-se, ainda, que todos os funcionários com quem já conversei até hoje, de diferentes agências e níveis de especialização profissional (sejam ou não do setor de habitação), sempre informaram que a correção seria feita tãosomente pela TR. Por fim, gostaria de confirmar se o valor das parcelas é fixo, somente sendo alterado pelo valor da TR, afinal a tabela da simulação extraída do site não menciona, sequer implicitamente, que haveria alteração nas quantias mostradas. 2) Houve uma resposta apenas parcial da pergunta. O esclarecimento que se pretende se refere à amortização extraordinária sobre o seguro e também os juros: 2.1) ao pagar antecipadamente o empréstimo e, portanto, diminuir o valor das prestações restantes, o seguro só será devido durante o novo número de meses calculados a partir da amortização?; 2.2) ao pagar antecipadamente o principal, os respectivos juros são automaticamente excluídos? Essa exclusão vale mesmo que a amortização ocorra em valor menor ao de uma parcela adiantada? 2.3) a amortização extraordinária é abatida totalmente do saldo devedor sem juros ou outros encargos. 14/1/2014 1) RESPOSTA: Informamos ao cliente que não há discrepância nas informações, uma vez que a cláusula contratual cita o coeficiente de atualização da poupança e tal coeficiente pode variar entre TR + 0,5% ou 70% da taxa SELIC, nos casos em que a SELIC seja inferior a 8,5. Para o simulador, a Caixa Econômica Federal adotou o coeficiente fixo de TR+0,5%, razão pela qual a simulação é efetuada com tal coeficiente. Informamos ainda, que caso o contrato seja efetivado no Sistema de Amortização Constante (SAC) o valor de amortização será constante durante a vigência do contrato. 2) 2.1) RESPOSTA: Sim, em caso de amortização por prazo o seguro será cobrado somente nas prestações remanescentes. 2.2) RESPOSTA: Sim. Em caso de amortização há recalculo dos juros, independente do valor utilizado para amortização. 2.3) RESPOSTA: O cálculo de juros na CAIXA é efetuado diariamente, sendo que em caso de amortização os juros serão cobrados proporcionalmente ao aniversário do contrato, o abatimento será dado em cima dos juros até a data de amortização e do saldo devedor principal do contrato. Não há outros encargos. Recurso à Autoridade Máxima 19/1/2014 1) Gostaria de confirmar, diante da informação de que o coeficiente de atualização do saldo devedor seria 0,5% a.m. + TR, se a taxa de juros informada na simulação do site da Caixa - juros nominais de 8,00% + TR - já inclui esse coeficiente de atualização do saldo devedor. Em outras palavras, a taxa de juros de 8,00% a.a. já traz embutido o percentual de 2

3 Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 6,00% ao ano (0,5% a.m. x 12 meses)? 2.1) Uma vez feita a amortização extraordinária, além do seguro só ser cobrado quanto às prestações remanescentes, o seu valor é reduzido proporcionalmente ao saldo devedor? 23/1/ O simulador das operações do Crédito Imobiliário considera taxa de juros + TR, sendo que o valor da TR é zero para efeito de simulação e a partir da assinatura do contrato, na fase de amortização é utilizada a TR publicada mensalmente pelo BACEN, permitindo o cálculo da prestação Quanto ao seguro, o Seguro Morte e Invalidez Permanente (MIP) incide sobre o saldo devedor e o Danos Físicos do Imóvel (DFI), incide sobre a garantia atualizada, durante a vigência do contrato. Recurso à CGU 28/1/2014 Inicialmente, foi questionado o significado da Cláusula 31ª do modelo de contrato MO30173v013, a ser celebrado com a Caixa Econômica Federal para financiamento de imóvel fora do SFH, que prevê a correção do saldo devedor pelo coeficiente de atualização aplicável aos depósitos de poupança. Infelizmente, as respostas se limitaram a definir a forma de correção dos depósitos da poupança, sem estabelecer como seria a correção nos contratos imobiliários. Em grau de recurso, insisti para saber se as taxas constantes da simulação disponível no site do banco já embutiam esse coeficiente de atualização ou se seriam cobrados os juros lá informados mais o mencionado coeficiente, mas não obtive uma resposta completa. Assim, considerando que a resposta fornecida não foi satisfatória, gostaria de insistir que a indagação é a seguinte: a taxa de juros de 8,00% a.a., constante da simulação do site da Caixa, já traz embutido o percentual de 6,00% ao ano (0,5% a.m. x 12 meses) cobrado como índice de correção? Na verdade, quero confirmar se a taxa de juros simulada de 8,00% a.a. é composta unicamente de 6% a título de coeficiente de atualização do saldo devedor, acrescida de 2% referentes a lucros, despesas administrativas, etc. Ao contrário da resposta ora impugnada, não gostaria de ser novamente informado de que o coeficiente de atualização do saldo devedor é o mesmo da poupança (0,5% a.m./6,00% a.a + TR), mas de efetivamente saber se sobre o valor principal incidem apenas 8,00% a.a. + TR, ao invés de 8,00% a.a. + TR + coeficiente de saldo devedor (6,00% a.a. + TR). Gostaria também de esclarecimento adicional acerca da divergência existente entre a decisão ora impugnada e a referência, no Processo / , também proposto contra a Caixa Econômica Federal neste portal, no formato "e-cic", constante do item 1.2.3, de seguinte teor: "A atualização do Saldo Devedor e da Garantia ocorrem mensalmente, na data de vencimento do encargo mensal, pelo índice de atualização da poupança. As parcelas de Amortização são calculadas anualmente e as de Juros, mensalmente, ambas com base no saldo devedor atualizado." A divergência parece não se restringir apenas ao índice em si, mas à própria periodicidade da correção do saldo devedor, questão que gostaria que fosse mais detalhada. Solicitação de esclarecimentos 29/04/2014 Em mensagem eletrônica, a CGU questionou à CEF o que segue: A CAIXA tem conhecimento se o cidadão procurou outros canais da instituição para atendimento da demanda, conforme orientado no bojo do processo? Resposta 9/05/2014 A CEF responde à demanda da CGU com as seguintes informações: 3

4 Conforme pesquisa ao sistema atender.caixa, o cliente apresenta ocorrência número em que pede esclarecimentos sobre o modelo versão 13, clausulas 30 e 33, a seguir (ver anexo Consulta do cliente no atender.docx ). A manifestação do cliente no e-sic em questão é parcialmente pertinente ao atendimento e-sic, em se considerando que o questionamento é sobre o mesmo modelo, mas cláusulas diferenciadas. Segue abaixo trecho do MO30173 versão 13 questionado: Em relação à mesma demanda NUP CGU / Ocorrência no sistema atender.caixa número ; é considerada PARCIALMENTE pertinente tendo em vista que o cliente indaga sobre as cláusulas 31 e 33 e não mais sobre as cláusulas 30 e 33 do mesmo modelo. 2. É o relatório. ANÁLISE: 3. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7.724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 4. Quanto à análise de mérito, observa-se que o pedido trata de conteúdo a princípio não sujeito à restrição por sigilo ou de caráter pessoal. Estando, esse conteúdo, passível de acesso desde que disponível em formato compatível e atenda ao regramento da Lei de Acesso à Informação. 5. O pedido original é composto por questões que envolvem dúvidas a respeito da correção do saldo de financiamentos imobiliários concedidos pela CEF, sobre a dinâmica das amortizações e sobre interpretação de cláusulas contratuais desses mesmos financiamentos. Interessa ao recorrente ver esclarecidas supostas incongruências entre as in- 4

5 formações prestadas pela CEF e aquelas constantes no contrato e no sítio eletrônico do órgão. 6. A CEF não se exime a responder cada questionamento apresentado. Utiliza o órgão termos técnicos que são entendidos e (ou) contestados pelo recorrente, ora com a apresentação de contra-argumentos, ora acrescendo novas questões. Ao que parece, a contenda continuaria por tantos espaços recursais quanto possíveis, dado o seu aspecto de, a cada instância, haver um debate entre pergunta-resposta tal qual atendimento online. Acrescente-se a isso o fato de o requerente, em seu recurso à CGU, avançar em seu pedido original, não se limitando a replicar os argumentos da inicial. 7. Deixando de lado os detalhes técnicos que as perguntas e respostas trazem, cabe ao presente exame verificar se a um pedido original, ordinariamente feito, existe atendimento correspondente e razoável. As interpretações necessárias do conteúdo do pedido e da resposta que o segue são feitas de forma objetiva, assim, não cabe ao analista avançar na pertinência ou oportunidade de determinada forma de correção de saldo de financiamento imobiliário ou mesmo se vale mais a interpretação de uma parte em detrimento da outra. 8. As partes declaram inclusive haver canais outros que podem ser acionados pelo requerente para dirimir suas dúvidas relacionadas ao objeto do pedido. Não se quer aqui reduzir o alcance do e-sic, mas apenas buscar a melhor qualidade da resposta de forma a atender ambos os interesses. Essa qualidade, pelo posicionamento das partes, não parece ter sido atendida no curso do pedido sob exame. 9. Entende-se que não houve negativa de acesso e que ao pedido seguiram-se respostas correspondentes. Verificou-se, ainda, a inclusão pelo cidadão de perguntas que avançaram sobre o objeto do pedido original. Essa prática é considerada como inovação no pedido recursal. A CGU entende que isso se configura pedido novo e como tal deve ser considerado. Dessa forma caberá ao requerente abrir novo procedimento no e-sic para o atendimento desses novos questionamentos. CONCLUSÃO: 10. De todo o exposto, opina-se pelo NÃO CONHECIMENTO do recurso, uma vez que o órgão recorrido efetivamente disponibilizou as informações solicitadas ao recorrente no curso regular do pedido de acesso. ROMUALDO ANSELMO DOS SANTOS Analista de Finanças e Controle 5

6 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à Caixa Econômica Federal - CEF. JOSÉ EDUARDO ELIAS ROMÃO Ouvidor-Geral da União 6

7 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 2933 de 18/07/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Parecer sobre recurso de 3ª instância LAI Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 18/07/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 2ecaff2b_8d170db30dc347b