manifestações científicas, gêneros literários (provérbio, poesia, romance) etc. AULA GÊNEROS DISCURSIVOS: NOÇÕES - CONTINUAÇÃO -
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- Tiago Sousa Pacheco
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1 AULA GÊNEROS DISCURSIVOS: NOÇÕES - CONTINUAÇÃO - Texto Bakhtin (2003: ): Introdução Campos da atividade humana ligados ao uso da linguagem O emprego da língua se dá em formas de enunciados o Os enunciados refletem as condições e finalidades de cada campo da atividade humana por: Conteúdo Estilo da linguagem (escolha do léxico e de construções gramaticais) Construção composicional Cada campo de utilização da linguagem elabora os tipos relativamente estáveis de enunciados è gêneros do discurso o Gêneros do discurso (orais e escritos): heterogêneos pela heterogeneidade das atividades humanas Exemplos: diálogo cotidiano, a carta, o relato, o comando militar, documentos oficiais, manifestações publicísticas (sociais, políticas), manifestações científicas, gêneros literários (provérbio, poesia, romance) etc. 1. Tipos de gêneros Gêneros discursivos primários (simples) o Condições: comunicação discursiva imediata o Possuem vínculo imediato com a realidade concreta o Ex.: conversação, carta pessoal Gêneros discursivos secundários (complexos) o Condições: convívio cultural mais complexo, mais desenvolvido e organizado (predominantemente escrito) o Incorporam e reelaboram gêneros primários (ex.: uso de diálogo e carta para compor um romance) o Ex.: romances, dramas, pesquisas científicas, manifestações públicísticas 2. Estilo e gênero Todo estilo está ligado a um enunciado e às formas típicas do enunciado (gêneros do discurso) Todo enunciado (oral e escrito) é individual e pode refletir o estilo individual Nem todo gênero é propício ao estilo individual o Quanto mais formal e padronizado um gênero discursivo (ex.: documentos oficiais, ordens militares), menor é a expressão do estilo individual 1
2 O estilo integra o gênero como seu elemento: Uma determinada função (científica, técnica, oficial, cotidiana) e determinadas condições de comunicação geram determinados gêneros è determinados tipos de enunciados estilísticos, temáticos e composicionais Onde há estilo há gênero A mudança de estilo pode modificar ou destrói dado gênero A escolha de determinada forma gramatical pelo falante é um ato estilístico 3. Enunciado como unidade da comunicação discursiva diferenças entre essa unidade e as unidades da língua (palavras e orações) Cada enunciado é um elo na corrente complexamente organizada de outros enunciados o Atividade discursiva: responsiva o Real unidade da comunicação discursiva: o enunciado o Enunciado: definido pela alternância dos falantes o Todo enunciado possui: início e fim; antes do início: os enunciados de outros; depois do término: os enunciados responsivos de outros (ou uma compreensão ativamente responsiva silenciosa de outros) o As relações que existem entre as réplicas do diálogo (pares dialógicos) não existem entre unidades da língua (palavras e orações) Palavra X enunciado como unidade de análise o Palavra o Palavras e orações são unidades da língua e são neutras fora de um enunciado concreto Palavras e orações tornam-se enunciados valorativos a depender do gênero do discurso. Ex.: Uso da palavra Paz! em uma manifestação político-social Importância da entoação expressiva impressa no enunciado A emoção, o juízo de valor e a expressão são estranhos à palavra e surgem apenas a partir do emprego da palavra no enunciado Há palavras que significam emoção/juízo de valor (ex.: belo, alegre, sofrimento ), mas esse significado é neutro quando a palavra é tomada isoladamente o É através de um gênero discursivo que a palavra ganha certa expressão típica 2
3 Os gêneros correspondem a situações típicas da comunicação, a tema típicos e a contatos típicos dos significados das palavras com a realidade concreta em circunstâncias típicas o Expressividade típica do gênero: eco da totalidade do gênero que ecoa na palavra o A palavra existe para o falante em três aspectos: Palavra neutra da língua Palavra do outro Minha palavra Nos dois últimos casos: palavra como expressão da posição valorativa do indivíduo (pai, professor, amigo etc.) Oração como unidade da língua X enunciado como unidade da comunicação discursiva o Oração o Os limites da oração não são determinados pela alternância dos sujeitos do discurso o A oração é o pensamento acabado do falante que está correlacionado com outros pensamentos do mesmo falante no conjunto do seu enunciado o O contexto da oração é o contexto da fala do mesmo sujeito do discurso A oração não se correlaciona com o contexto extra-verbal (situação, ambiente) nem com as enunciações de outros falantes Mas a oração pode tornar-se enunciado pleno em uma réplica do diálogo Características da oração: Não é delimitada pela alternância dos sujeitos do discurso É uma unidade significativa da língua (elemento significativo do conjunto do enunciado), mas é desprovida da capacidade de determinar imediata e ativamente a posição responsiva do falante Não tem contato com a realidade nem relação com enunciados alheios Não dispõe de plenitude semântica, nem capacidade de suscitar resposta do outro Tem natureza gramatical, fronteiras gramaticais, lei gramatical e unidade Conclusibilidade abstrata: o acabamento é do elemento e não do todo 3
4 Não tem autor: só funcionando como enunciado pleno é que se torna expressão da posição do falante individual em uma situação concreta de comunicação discursiva Possui entoação gramatical específica (orações interrogativas, exclamativas, afirmativas), mas só adquirem entoação expressiva no conjunto do enunciado o Enunciado o Elo na cadeia da comunicação discursiva : posição ativa do falante nesse ou naquele campo do objeto e do sentido (enunciado caracterizado pelo conteúdo semântico-objetal) o Emoldurado pela alternância dos sujeitos do discurso o Possui conclusibilidade Possibilidade de ocupar uma posição responsiva ao enunciado Inteireza: determinada por 3 elementos ligados no todo orgânico do enunciado 1. Exauribilidade do objeto e do sentido plena ou definida pelo locutor/autor 2. Projeto de discurso ou vontade de discurso do falante - imagina-se o que o falante quer dizer e a conclusibilidade do enunciado é medida por meio dessa ideia verbalizada de o que o falante quer dizer 3. Formas típicas composicionais e de gênero do acabamento escolha da forma do gênero na qual será construído o enunciado; essa escolha é determinada pelo campo de comunicação discursiva, pelo tema, pela composição pessoal dos participantes, pela situação concreta da comunicação discursiva o Composição do enunciado: determinada pelo estilo Estilo: elemento expressivo do enunciado: relação subjetiva emocionalmente valorativa do falante com o conteúdo do objeto e do sentido do seu enunciado Determina a escolha dos recursos lexicais, gramaticais e composicionais do enunciado o Questões: o A) O estilo (elemento expressivo do discurso) pode ser considerado um fenômeno da língua como sistema? o B) É possível considerar o aspecto expressivo das unidades da língua, i. é., das palavras e das orações? o A língua possui recursos linguísticos (lexicais, morfológicos, fonológicos e sintáticos) para exprimir 4
5 a posição emocionalmente valorativa do falante, mas todos esses recursos são neutros fora do enunciado o Cada enunciado é cheio de ecos de outros enunciados e pode ser considerado como uma resposta a enunciados precedentes de um determinado campo Só se define uma posição correlacionando-a com outras posições o A expressão do enunciado responde, i. é., exprime a relação do falante com os enunciados dos outro, e não só a relação com os objetos do seu enunciado o O enunciado é cheio de tonalidades dialógicas Não só se volta para seu objeto, mas também para os discursos do outro sobre ele Não está ligado apenas aos elos precedentes, mas também aos subsequentes da comunicação discursiva o Diferentemente da oração e da palavra, o enunciado tem autor e destinatário As modalidades e concepções do destinatário são determinadas pelo campo da atividade humana Há diferenciações do gênero e dos estilos em função do destinatário (posição social) Não pode haver enunciado sem que haja destinatário Quando se analisa uma oração fora do contexto, os vestígios do direcionamento e da influência da resposta antecipável, as ressonâncias dialógicas, os vestígios da alternância dos sujeitos se perdem porque tudo isso não faz parte da natureza da oração enquanto unidade da língua. Referências bibliográficas BAKHTIN. M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p
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