A CRIANÇA E A MOTIVAÇÃO DA PRÁTICA LEITORA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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- Rodrigo Valverde Vilaverde
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1 A CRIANÇA E A MOTIVAÇÃO DA PRÁTICA LEITORA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS Patrícia Verônica Nascimento Dias Fernandes Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 1 Universidade do Minho 2 Introdução Na atual sociedade, pode-se afirmar que, saber ler, ter domínio da habilidade leitora é uma atividade imprescindível para a participação da vida social, pois, além de constituir em um instrumento de acesso às várias formas de manifestação do conhecimento. Assim é notório que a leitura tenha ocupado espaços significativos nas agendas de políticas públicas em muitos países, não sendo diferente no Brasil. Por ser a leitura um dos meios mais eficazes para o desenvolvimento da pessoa humana. A questão da leitura tem muito a ver com a vividez cultural, de hábito e vivência. É difícil tornar um adulto não leitor em leitor, mas é muito fácil tornar uma criança em leitora, daí tantas iniciativas voltadas para estimular as crianças e os jovens a esta prática. Assim, é imperioso conceber a leitura como um valor individual que beneficia toda a coletividade, sendo, portanto indispensável para a formação cidadã. Imperioso, portanto, despertar nas crianças o prazer por essa prática, nesta perspectiva, motivar as crianças é um dos mecanismos essenciais para a formação de um público leitor. Embora a leitura seja bastante requerida nas disciplinas vernáculas, ela se faz presente, nas demais disciplinas curriculares educativas, a leitura permeia em muitas atividades humanas, haja vista ler ser preciso, seja para compreender as outras áreas do conhecimento, seja para ter acesso à informação e aos demais serviços sociais, indispensável à vida em sociedade. Na perspectiva da aprendizagem, a motivação é usada afim de que o aluno esteja disposto a aprender. Diante do exposto, o texto se limitará em fazer uma breve abordagem da motivação, mais especificadamente na motivação voltada para a prática leitora, sua escolha se justifica por ser a motivação responsável pelo sucesso ou fracasso no desempenho acadêmico. 1 Bibliotecária 2 Doutoranda em Ciências da Educação na especialidade de Politica Educativa
2 Nesta perspectiva a motivação ocupa importante destaque nas áreas de administração e psicologia. Este ensaio buscou fazer uma breve abordagem da motivação, mais especificadamente voltada para a prática leitora, sua escolha se justifica na crença de que a motivação pode ser em muitos casos responsável pelo sucesso ou fracasso do desempenho acadêmico dos alunos. A motivação tem, portanto, um importante papel na aprendizagem e desempenho dos alunos, pois é ela que determina seus comportamentos de acordo o nível da sua intensidade de esforços na execução das tarefas para aprender, da sua persistência na dedicação do tempo de estudo e da direção na concentração e atenção nas atividades de aprendizagem. Motivação e a prática leitora A motivação ocupa importante destaque nas áreas de administração e psicologia. De origem latina, motivação significa mover, portanto, motivação tem a ver com ação, assim podemos afirmar que motivação em sentido Lato é um termo usado recorrentemente em varias situações do nosso cotidiano a fim de expressar disposição para fazer algo. Segundo Lima (2004, p.149) um motivo é um constructo - ele não é observável, não existe, efetivamente, mas é criado pela pessoa para explicar a razão ou a necessidade que ela tem de fazer algo, de agir de determinada maneira. No sentido Stricto e de acordo o dicionário de língua portuguesa motivação é entendida como uma espécie de energia psicológica ou tensão que põe em movimento o organismo humano, determinando um dado comportamento. Para Guimarães (2009, p.37) entendida como fator ou como processo, a motivação responde por determinados efeitos, dos quais se podem identificar os dois níveis distintos de efeitos imediatos e efeitos afins. Diante o exposto, a motivação está presente como processo em todas as esferas do nosso cotidiano, seja o trabalho, na escola, na igreja, em casa, etc. Se formos para a literatura da área de psicologia, vamos encontrar sua definição como sendo um conjunto de processos implicados na ativação, direção e manutenção de um dado comportamento. Assim, Bock (2008), afirma que, no estudo da motivação são considerados o ambiente, fatores internos do individuo como o interesse e o objeto que atrai. Ou seja, para Bock (2008,
3 p.137) a motivação é o processo que mobiliza o organismo para a ação a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. A motivação pode ter suas origens em externa e interna, a primeira também conhecida com intrínseca e a segunda de extrínseca, as duas existem em cada pessoa, cada uma atuando de forma distinta: A motivação extrínseca, como o nome já diz tem origem em fatores externos ao indivíduo, o comportamento motivacional é orientado nas atividades realizadas tendo em vista algo exterior à atividade. Como por exemplo, podemos citar o ambiente escolar, onde o aluno será motivado a estudar com interesse na recompensa, que neste caso será uma nota satisfatória ou a punição com uma nota baixa. Estudos apontam que este tipo de motivação, é muito inconstante, visto que depende de fatores externos, variando, de pessoa para pessoa. Enquanto que a motivação intrínseca reside em fatores internos ao indivíduo, está diretamente ligado a pessoa, a sua forma de ser, os seus interesses, os seus gostos. Ou seja, se sustenta na crença de que a atividade realizada com um fim em si mesma, pelas características inerentes à própria atividade. Consiste numa tendência natural para perseguir interesses pessoais e exercitar capacidades. Neste tipo de motivação, não há necessidade de existir recompensas, visto que a tarefa em si própria representa um interesse para o sujeito, algo que ele gosta ou está relacionado com a forma dele ser. Ainda pegando como exemplo o ambiente escolar, o aluno que gosta de estudar determinada disciplina não está preocupado na recompensa, na nota, ele estuda por ter curiosidade na matéria, sente-se estimulado a estudá-la por prazer. Este tipo de motivação é constante, visto que depende unicamente do sujeito e não de fatores externos. Lourenço e Paiva acrescentam que: O aluno intrinsecamente motivado concretiza a tarefa apenas pelo prazer, porque se interessa por ela e se satisfaz verdadeiramente com atividade em si. No caso do aluno extrinsecamente motivado realiza-a por causas externas, nomeadamente o receio de punições, o anseio de reconhecimento e de obtenção de compensações, ou ainda por reconhecê-la como necessária, embora não seja do seu agrado. (LOUREÇO; PAIVA, 2010, p.134). A motivação tem um importante papel na aprendizagem e desempenho dos alunos, pois é ela que determina seus comportamentos de acordo o nível da sua intensidade de
4 esforços na execução das tarefas para aprender, da sua persistencia na dedicação do tempo de estudo e da direção na concentração e atenção nas atividades de aprendizagem. Assim, podemos inferir que quanto mais motivados, os alunos buscam recursos e estratégias de parendizagem, obtendo assim um nivel cognitivo mais elevado. Na prática leitora não é diferente, despertar nos alunos o prazer pela leitura, constitui também importante instrumento de acesso ao desenvolvimento e consequentemente no processo de aprendizagem. Onde a tônica, constituirá em motivar os leitores aos beneficios dessa prática. Stocker (2011) afirmar que: Cabe à escola possibilidar aos alunos a continuidade da leitura do mundo que eles já trazem consigo, ou seja, a criança entra na escola, trazendo saberes e fazeres do seu universo individual, o qual deveria ser motivado, estimulado, enfim, aprovitado pelo professor ou educador para, apartir daí, introduzir a leitura da palavra escrita. Assim o mesmo conseguiria despertar o interesse do aluno pela leitura. (STOCKER, 2011, p. 12). Dessa forma, compreender o universo da leitura é ponte que leva a promoção do desenvolvimento do conhecimento. A sociedade atualmente tem como característica determinante a circulação da informação e da comunicação, assim faz-se imperioso a compreensão na leitura. Para Martins (2008): De facto, a leitura, a par da escrita, é uma das actividades mais importantes do universo social e escolar dos indivíduos. A sociedade actual e suas constantes mutações exigem uma profunda sobre o que é a leitura, o papel que ocupa no currículo e forma como é ensinada e avaliada. (MARTINS, 2008, p. 238). Assim, formar leitores exige atitudes que estimulem o pensamento, o sentido crítico e o prazer a essa prática. Ler é preciso, sejam para jovens, crianças e adultos, pois, a leitura caracteriza-se em uma necessidade humana, não apenas de comunicação, mas principalmente de situar-se no mundo, só assim com autonomia para se ter a capacidade de se aventurar na vida, para tanto ela se utiliza de todos os meios possíveis para fixa-se: pedra, papiro, pergaminho velino, papel, papel digital, telas de LCD. Conforme Oliveira (2011): A leitura é uma atividade necessária no mundo de hoje e não deve restringirse às finalidades de estudo. É preciso ler para se informar, para participar, para ampliar conhecimentos e alcançar uma compreensão melhor da realidade atual. (OLIVEIRA, 2011p. 118).
5 Aprender a ler é uma atividade complexa, pois implica a aprender a dominar um código, a converter uns sinais gráficos em sons, e a difundi-los para obter palavras. No que se refere a motivação aprender a ler exige vontade, e para isso é necessário que a crença da importância dela e das suas funções. Assim compreender o sentido da leitura é um dos fatores norteadores para a motivação para ler. Portanto, só leitura com sentido podem manter os níveis de motivação suficientemente elevados (VIANA, 2006, p. 19). Martins (2008) aponta alguns objetivos que devem nortear o ensino/aprendizagem da compreensão da leitura, reconhecimento e identificação da informação solicitada; compreensão da informação explicita nos textos lidos; compreensão da informação não explicita no texto associada à capacidade de realizar inferência; seleção da informação de acordo com instruções dadas; produção de textos com intenções comunicativas especifica. Estas são em linhas gerais pontos que devem ser levados em consideração no que se refere à compreensão. Na perspectiva da motivação Viana (2005) estabelece quatro pontos que associados aos objetivos devem ser levados em conta: a) experiências anteriores com livros; b) interações sociais acerca com livros; c) liberdade de escolha; d) facilidade de acesso aos livros. Associados aos pontos levantados por Viana, alguns autores como Boruchovith (2009) Martins (2008) e Todorov (2008) destacam a importância do papel do professor na motivação do aluno. Considerações finais A prática leitora é uma habilidade a qual deve ser estimulada, uma vez que ninguém nasce leitor, assim, pode-se inferir que é indispensável à criação de mecanismos que motive o aluno a desenvolver de forma satisfatória a sua aprendizagem. Dessa forma os potenciais benefícios oriundos da prática leitora deve ser um fator que instigue os profissionais preocupados com o desenvolvimento dos alunos à implementação de ações que estimule esta prática, na qual a participação desses docentes é imprescindível. Independente de qual tipo de abordagem motivacional da aprendizagem seja aplicada, haja vista as crianças respondem de forma diferente a cada tipo de estímulo.
6 Imperioso sim é a utilização dessas abordagens para que seja possível potencializar os recursos para motivar as crianças e contribuir para a efetivação de uma sociedade leitora.
7 REFERÊNCIAS BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, FONTAINE, A. Expectativas de Sucessos e Realização Escolar em Função do Contexto Social. Cadernos de Consulta Psicológica, 3, , GUIMARAES, Sueli Édi Rufini; BORUCHOVITCH, Evely. O estilo motivacional do professor e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspectiva da Teoria da Autodeterminação. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 17, n. 2, Available from < access on 21 Nov LEFRANÇOIS, Guy R. Teorias da aprendizagem. Tradução da 5. ed. norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, LIMA, Luzia Mara Silva. Motivação em sala de aula: a mola propulsora da aprendizagem. In._OLIVEIRA, Gislene de Campos; FINI, Lucila Dihel Tolaine (org.). Leituras de psicologia para formação de professores. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, LOURENÇO, A. A.; PAIVA, M. O. A. A motivação escolar e o processo de aprendizagem. Ciência & Cognição. v. 15, n 2, 2010, p Disponível em < cienciaecognicao.org>. Acesso em 09 Out OLIVEIRA, M. L. Competência Leitora e Habilidades de Leitura: Prática Reflexiva e Participação Crítica. Revista Humanas UNIABC, p , 01 out STOCKER, Claudia T. Os caminhos descaminhos da leitura: na aquisição do conhecimento. Nova Friburgo: Êxito Brasil, Rio de Janeiro: Intertexto, TODOROV, João Cláudio; MOREIRA, Márcio Borges. O conceito de motivação na psicologia. Rev. bras. ter. comport. cogn., São Paulo, v. 7, n. 1, jun Disponível em< acessos em 14 nov VIANA, Fernanda Leopoldina. Do aprender a ler ao gostar de ler: Um caminho a descobrir Disponível em < :http//hdl.handle.net/1822/11786 > Acesso em 13 Maio 2014
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