SOCIEDADE DE EDUCACÃO DO VALE DO IPOJUCA SESVALI FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP BACHARELADO EM ENFERMAGEM
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- Vanessa Castelhano Leal
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1 SOCIEDADE DE EDUCACÃO DO VALE DO IPOJUCA SESVALI FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP BACHARELADO EM ENFERMAGEM JUSSARA DE LUCENA ALVES LAÍZ CORREIA ARRUDA FATORES DE RISCO PARA A MORTALIDADE NEONATAL EM PERNAMBUCO - BRASIL CARUARU 2011
2 JUSSARA DE LUCENA ALVES LAÍZ CORREIA ARRUDA FATORES DE RISCO PARA A MORTALIDADE NEONATAL EM PERNAMBUCO - BRASIL Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª Msc Cristina Rosane Jordão Braga Villaça. CARUARU 2011
3 Catalogação na fonte - Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE A474f Alves, Jussara de Lucena. Fatores de Risco para Mortalidade Neonatal em Pernambuco - Brasil / Jussara de Lucena Alves e Laiz Correia Arruda. Caruaru : FAVIP, f. Orientador(a) : Cristina Rosane Jordão Villaça. Trabalho de Conclusão de Curso (Enfermagem) -- Faculdade do Vale do Ipojuca. Inclui anexo. 1. Mortalidade neonatal. 2. Fatores de risco. 3. Neonatos. 4. Óbitos. I. Arruda, Laiz Correia. II. Título. CDU [12.1] Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367
4 JUSSARA DE LUCENA ALVES LAÍZ CORREIA ARRUDA FATORES DE RISCO PARA A MORTALIDADE NEONATAL EM PERNAMBUCO - BRASIL Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem Orientadora: Profª. Msc. Cristina Jordão Braga Vilaça Aprovado em: / / Orientadora: 1º Avaliador(a): 2º Avaliador(a): CARUARU 2011
5 Dedicamos este trabalho para nossa orientadora Cristina Rosane Jordão Braga Villaça pela grande contribuição, esforço e paciência.
6 AGRADECIMENTOS A Deus, por nos dar toda disposição e discernimento para passar por todas as etapas deste trabalho e poder conclui-lo vitoriosamente. A Dayse Consuelo e Kríssia Bezerra, por se fazerem presentes durante a elaboração do trabalho, ajudando sempre que necessário.
7 Os teus olhos viram o meu corpo ainda uniforme, e no meu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia-a-dia formadas, quando nem ainda uma delas havia. Salmo 139:15
8 SUMÁRIO Resumo Abstract Introdução... 1 Métodos... 2 Resultados... 4 Discussão... 7 Conclusões... 9 Referências Anexos Anexo 1 Folha de Rosto do CEP Anexo 2 Parecer de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Anexo 3 Normas da Revista Veredas... 15
9 LISTA DE ABREVIATURAS CEP/FAVIP - Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade do Vale do Ipojuca CID-10 - DATASUS - MS - PE- RN - SIM - Classificação Internacional de Doenças Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde Ministério da Saúde Pernambuco Recém-Nascido Sistema de Informações sobre Mortalidade
10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Distribuição dos óbitos neonatais segundo fatores relacionados ao recém-nascido. Pernambuco, Tabela 2 Distribuição dos óbitos neonatais segundo fatores relacionados às características maternas. Pernambuco, Tabela 3 distribuição de óbitos segundo grupos de causas. Pernambuco,
11 FATORES DE RISCO PARA MORTALIDADE NEONATAL EM PERNAMBUCO BRASIL RISK FACTORS FOR NEONATAL MORTALITY IN PERNAMBUCO BRAZIL Jussara de Lucena Alves¹, Laíz Correia Arruda², Cristina Rosane J. B. Vilaça³ RESUMO Estudo transversal com o objetivo de descrever os fatores de risco associados à mortalidade neonatal em Pernambuco, em Teve como resultado 1648 óbitos no período neonatal, onde a maioria destes ocorreram em unidades de saúde, com peso ao nascer menor que 2,500 Kg, com idade gestacional abaixo de 37 semanas, do sexo masculino, de cor parda e de causas relacionadas às afecções originadas no período perinatal. Ocorreram mais óbitos em neonatos de mães com anos de idade, de escolaridade entre 8 a 11 anos de estudo e de partos vaginais. A partir dos resultados sabe-se que é necessário focar na assistência materno-infantil de forma mais eficiente. Palavras chave: Mortalidade neonatal. Fatores de risco. Neonatos. Óbitos. ABSTRACT Cross-sectional study with the purpose of describe the risk factors associated with neonatal mortality in Pernambuco in The results obtained in deaths in the neonatal period, where most deaths occurred in health care units, with birthweight less than kg, aged below 37 weeks gestation, male, brown color and relating causes to conditions originating in the perinatal period. There were more deaths in newborns of mothers with years, between 8 and 11 years of study, and vaginal parturition. The results it is known its necessary to focus on maternal and infant care efficiently more. Keywords: Neonatal mortality. Risk factors. Neonates. Deaths. ¹ Acadêmica do curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade do Vale do Ipojuca FAVIP. jussaradelucena@gmail.com ² Acadêmica do curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade do Vale do Ipojuca FAVIP. E- mail: laizc.arruda@gmail.com ³ Mestre em Vigilância sobre saúde, Especialista em Saúde Pública, Especialista em Análise de Dados Epidemiológicos, Professora da Faculdade do Vale do Ipojuca. cristina.rosane@hotmail.com
12 INTRODUÇÃO O período neonatal corresponde ao intervalo de tempo entre o nascimento e o 27º dia de vida (CARVALHO, 2007). Há muitos anos vem sendo estudadas as possíveis causas das mortes que acontecem neste período de vida, visto que, já foi constatado que a maioria delas poderiam ter sido evitadas. No período neonatal precoce, aquele que vai até o 6º dia de existência, a morbimortalidade se sobressai, repercutindo das agressões sofridas pelo feto durante o período intra-útero e também das condições do parto, nesta fase, as principais causas de óbito são do tipo endógenas, representadas pelas anomalias congênitas e afecções perinatais, enquanto que no período pós-neonatal, que vai do 7º dia ao 27º dia de vida, predominam as de natureza ambiental e social, chamadas de exógenas como as gastroenterites, as infecções respiratórias e a má nutrição proteico-calórica (PEREIRA, 2008). Em um detalhamento das causas de óbito no Brasil no ano de 2005, foram apontadas as principais causas de mortes no período neonatal, são elas: prematuridade, infecções, malformações, asfixia/hipóxia, baixo peso ao nascer (com peso inferior a 2.500g), essas taxas mostram-se maiores nas regiões Norte e Nordeste e menores nas regiões Sul e Sudeste (BRASIL, 2009a). A desigualdade social e econômica também pode ser apontada como contribuinte para o aumento do risco de morte dos neonatos, uma vez que tal desigualdade está associada a problemas de saúde materna e a dificuldades no acesso a cuidados médicos neonatais (CAMPOS; LOSCHI; FRANÇA, 2007). Como consequência desses fatores, a mortalidade neonatal tornou-se o principal componente da mortalidade infantil em termos proporcionais a partir do final da década de 80, representando entre 60% e 70% da mortalidade infantil em todas as regiões do Brasil (BRASIL, 2009b), com maior aumento na Região Nordeste entre os anos de onde os índices subiram de 33,6% para 63,6% (FRANÇA; LANSKY, 2008). A taxa de mortalidade neonatal no Brasil manteve níveis elevados, 15/1000 nascidos vivos no ano de 2000 quando comparada com a taxa de outros países, como Argentina (10/1000), Chile (6/1000), Canadá (4/1000), Cuba (4/1000) e França (3/1000) no mesmo ano (UNICEF, 2008). Esses níveis apontam para a necessidade de melhor compreensão do papel da assistência no processo de determinação da saúde e da morbimortalidade neonatal (MARAN; UCHIMURA, 2008). Apesar da mortalidade neonatal ser na maioria das vezes evitável, o seu índice apresenta-se muito acima do esperado na região Nordeste. Pelos gastos que devem ser dispensados a assistência ao neonato serem significativamente elevados, o sistema de saúde
13 apresenta um entrave para a atenção materno/infantil, fazendo com que se torne um grande problema de saúde pública (BRASIL, 2011). Várias razões foram apontadas para o fato da saúde dos recém-nascidos terem sido negligenciadas, portanto, a redução das mortes neonatais deve constituir como uma grande prioridade de saúde materno-infantil (OMS, 2005). Para obtenção dos dados sobre as mortes é utilizado Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Visando embasar os diversos gerenciamentos em suas ações de saúde, esse sistema proporciona a produção de estatísticas de mortalidade e a construção dos principais indicadores de saúde, permitindo estudos não apenas do ponto de vista estatístico epidemiológico, mas também do sócio-demográfico (BRASIL, 2011). Diante deste contexto, este trabalho teve como objetivo descrever os fatores de risco associados com a mortalidade neonatal em filhos de mães residentes no estado de Pernambuco no ano de METODOLOGIA Realizou-se um estudo transversal com dados secundários, descrevendo as características dos óbitos neonatais segundo algumas variáveis relacionadas às condições de nascimento, causas dos óbitos e características maternas. A população de estudo foi compreendida por todos os nascidos vivos que morreram antes de completar 28 dias de vida. As vantagens deste tipo de delineamento atribuem-se a diversos fatores, entre eles a simplicidade e baixo custo, boa opção para descrever as características dos eventos na população, além de identificar casos na comunidade e para detectar grupos de alto risco, aos quais pode ser oferecida atenção especial (PEREIRA, 2005). O estudo foi realizado com dados do estado de Pernambuco-Brasil, em que foram avaliados os óbitos neonatais no ano de Os dados foram coletados abordando as seguintes variáveis: relacionadas ao Recém- Nascido RN ( sexo, peso ao nascer, nº de semanas de gestação, causas da morte, raça/cor, local de ocorrência, faixa etária) e relacionadas à mãe (idade, escolaridade, tipo de parto). As informações foram obtidas através do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS), que é responsável pela captação e atualização de dados sobre mortalidade de forma eficiente e segura. Os dados foram processados pelo Programa TabWin 32, versão 2.2 do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS. Após a coleta dos dados foi
14 realizada a descrição da distribuição de frequência das variáveis da amostra, utilizando o programa Microsoft Excel versão 2010 para apresentação tabular e gráfica. O trabalho foi submetido ao comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade do Vale do Ipojuca (CEP/FAVIP) em Caruaru-PE, sob protocolo nº 00049/2011, de acordo com as normas vigentes e seguindo as diretrizes da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
15 RESULTADOS Foram registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), óbitos em crianças menores de 1 ano residentes em Pernambuco, no ano de 2009, dos quais ocorreram no período neonatal, 781 no período pós-neonatal e 5 na faixa etária infantil ignorada. Entre os óbitos neonatais, (77,6%) ocorreram no período neonatal precoce (0 a 6 dias) e 369 (22,4%) no período neonatal tardio (7 a 27 dias). O coeficiente de mortalidade infantil foi de 17,2 óbitos por mil nascidos vivos, sendo verificado um predomínio no componente neonatal (11,6 óbitos por mil nascidos vivos) (Figura). Óbitos menores de 1 ano Nascidos vivos Óbitos neonatal 1.648(67,7%) Óbitos pósneonatal 781 (32,1%) Óbitos idade ignorada 5 (0,2%) Óbitos neonatal precoce (52,6%) Óbitos neonatal tardio 369 (15,2%) Figura Óbitos infantis e seus componentes no estado de Pernambuco em Analisando os dados referentes à tabela, que aborda as variáveis relacionadas aos recém-nascidos, observou-se que a maioria dos óbitos ocorreu em unidades de saúde, (94,9%), seguidos por domicílios com 57 (3,5%). De acordo com o sexo da criança, registrouse maior proporção de óbitos em RN do sexo masculino (56,9%). Quanto ao peso ao nascer destes menores o resultado mostrou que mais da metade das mortes (66,5%), ocorreram em crianças com peso baixo (< 2,500 Kg). Avaliando a idade gestacional, o número de mortes neonatais foi maior quando a gestação durou menos de 37 semanas. Segundo a variável raça/cor, a parda predominou, representando 75,5% dos óbitos, seguido da cor branca (22,7%).
16 Tabela 1 Distribuição dos óbitos neonatais segundo fatores relacionados ao recém-nascido. Pernambuco, Fatores relacionados ao RN Nº % Local de ocorrência Unidade de saúde ,9 Domicílio 57 3,5 Via pública 15 0,9 Outros 12 0,7 Faixa etária , ,4 Sexo Masculino ,9 Feminino ,1 Peso ao nascer Peso baixo ,5 Peso normal ,7 Sobrepeso 27 1,8 Semanas de gestação < , ,5 Raça/Cor Parda ,5 Branca ,7 Preta 23 1,5 Indígena 4 0,3 Nota: Excluídos os ignorados e os não informados Com relação aos dados apresentados na tabela 2, observou-se que ocorreram mais óbitos em neonatos de mães com anos de idade, representando 767 mortes (51,4%). Chama-se a atenção para mortalidade de neonatos de mães adolescentes (27,4%) representando mais de ¼ dos óbitos. Avaliando o grau de instrução das mães, observou-se que a mortalidade foi maior para crianças de mães com escolaridade de 8-11 anos (37,7%). Salienta-se ainda o elevado percentual de mães analfabetas (8,2%). Quanto ao tipo de parto, pode-se constatar que, a maior proporção de óbitos ocorreu em crianças cujas mães tiveram parto vaginal, tendo mais que o dobro de mortes (67,3%), quando comparado aos de parto cesário (32,7%).
17 Tabela 2 Distribuição dos óbitos neonatais segundo fatores relacionados às características maternas. Pernambuco, Fatores maternos Nº % Idade , , , , ,5 Escolaridade Nenhuma 118 8, , , ,7 12 e ,0 Tipo de parto Vaginal ,3 Cesário ,7 Nota: Excluídos os ignorados e os não informados A tabela 3 apresenta a mortalidade neonatal em relação às causas que determinaram esses óbitos. O estudo mostrou que o número de óbitos relacionados às afecções originadas no período perinatal destacou-se, compondo um número maior que ¾ do resultado, (80,9%). As malformações congênitas com 248 casos e as doenças infecciosas e parasitárias com 21 óbitos aparecem respectivamente logo em seguida. Dentre as afecções originadas no período perinatal, destacou-se as relacionadas a afecções maternas não obrigatoriamente relacionadas à gravidez atual com 199 (12,1%) dos óbitos. Quanto às malformações congênitas o destaque foi para anomalias cardíacas com 53 (3,2%) dos óbitos. Já para as doenças infecciosas e parasitárias a sífilis congênita apresentou um valor referente a 9 (0,6%) dos óbitos. (Dados não apresentados de forma tabular).
18 Tabela 3 Distribuição de óbitos segundo grupos de causas. Pernambuco, Grupo de causas Nº % Afecções originadas no período perinatal ,9 Malformação congênita ,3 Doenças infecciosas e parasitárias 21 1,3 Causas externas 17 1,0 Doenças do aparelho respiratório 10 0,6 Demais causas 13 0,8 Total ,0 Nota: Excluídas as causas mal definidas DISCUSSÃO Diferentes recortes da realidade podem ser obtidos, dependendo das variáveis de condição de vida selecionadas (GUIMARÃES, 2003). Nesse estudo procurou-se expor as principais variáveis que influenciam na morte dos neonatos. Com relação ao local de ocorrência dos óbitos, segundo Giglio, Lamounier e Morais Neto, em seu estudo sobre via de parto de risco para mortalidade neonatal em Goiânia no ano 2000, verificaram que 99,8% dos óbitos foram hospitalares, não contrariando a presente pesquisa que teve um resultado semelhante (94,9%). A distribuição dos óbitos segundo faixa etária infantil se mostrou significativa no que diz respeito ao período neonatal precoce, o que é confirmado também nos achados de Lima, quando estudou a Mortalidade Neonatal Em Serra, Espírito Santo entre os anos de 2001 a Pesquisa realizada em São Paulo, por Almeida et al. (2002), sobre influência do peso ao nascer e dos fatores sócio-demográficos e assistenciais relacionados a mortalidade neonatal, constataram que não houve associação entre o sexo masculino e a ocorrência de óbitos neonatais. Em contrapartida este estudo teve como resultado maior proporção de mortes em crianças do sexo masculino, concordando com Soares e Menezes (2010), quando estudaram em Salvador, os fatores associados à mortalidade neonatal precoce no período entre 2000 a Para Ribeiro et al. (2009), em seu estudo sobre fatores de risco para mortalidade neonatal em crianças com baixo peso ao nascer realizado em Recife nos anos de 2001 a 2003, o fator protetor do sexo feminino pode ser atribuído ao amadurecimento mais rápido do pulmão e, consequentemente, menores complicações respiratórias.
19 Quanto à variável peso ao nascer, quando associada à prematuridade, é um fator determinante para sobrevivência neonatal, o que é preocupante, pois de acordo com estudos realizados por Almeida et al. (2002); Lansky et al. (2006); Ribeiro et al. (2009); Soares; Menezes (2010) o percentual de baixo peso ao nascer vem aumentando nos últimos anos. Corroborando com estes achados, esta pesquisa revelou que o baixo peso ao nascer também foi verificado como um fator importante para os óbitos neonatais. Vale enfatizar que, a prematuridade associada a esta variável são os fatores mais importantes na determinação da mortalidade neonatal e que, o baixo peso (bebês que nascem com peso inferior ou igual a 2.500g) particularmente, pode ser derivado tanto da prematuridade como do retardo do crescimento intra-uterino (KILSZTAJN et al., 2003). A idade gestacional também se mostra um indicador relevante para a mortalidade neonatal. Não obstante, Almeida et al. (2002), em sua pesquisa sobre mortalidade neonatal no município de São Paulo acrescenta ainda que essa variável é muito associada à prematuridade, elevando ainda mais os índices de mortalidade. Fato constatado também neste estudo. Um estudo realizado num hospital de Recife-PE, por Carvalho et al. (2007), no período de 2000 a 2005, identificaram que a variável raça/cor é um fator de risco pouco investigado no Brasil, porém pôde constatar que crianças negras (crianças pardas ou pretas) associadas à baixa escolaridade entre suas mães, tornaram-se um fator fortemente relevante para os óbitos neonatais. Este estudo mostrou que a cor parda representou um índice alto mesmo sem estar associada a outros fatores. No estudo de Soares e Menezes (2010) foi enfatizado que o maior número de mortes de recém-nascidos foi de mães com idade entre 20 a 34 anos e que o percentual de mães adolescentes foi preocupante (27,1%). Estes resultados respaldam esta pesquisa, já que a faixa etária materna apresentou predominância no número de mortes neonatais entre mães com idade de 20 a 30 anos e o número de mães adolescentes em Pernambuco também se mostrou alarmante, representando 27,4%. Para Ribeiro et al. (2009) apenas a escolaridade não esteve associada ao óbito neonatal. Em contrapartida na pesquisa de França e Lansk, sobre mortalidade infantil neonatal no Brasil, realizado no ano de 2008, em Minas Geais, a maior taxa de mortalidade neonatal precoce foi encontrada entre RN de mães que declararam-se não possuir qualquer instrução, já o presente estudo indicou que o maior número de óbitos ocorreu em crianças cujas mães possuíam escolaridade entre 8 e 11 anos. Para explicar esta situação, faz-se necessário um estudo mais aprofundado sobre esta questão.
20 De acordo com Giglio; Lamounier; Morais Neto (2005) pôde-se observar em sua pesquisa, que a maioria dos óbitos ocorreu em RN que nasceram de parto vaginal, tendo a cesárea aparentemente um comportamento de fator de proteção, estes resultados sugerem uma associação entre o parto normal e a mortalidade neonatal. Achados semelhantes foram apresentados por Maran e Uchimura quando estudaram a mortalidade neonatal e seus fatores de risco em um município no sul do Brasil, nos anos de 2003 e 2004, os quais reforçaram os resultados desta pesquisa, na qual mais da metade dos óbitos ocorreram por parto vaginal. Com relação às causas de mortes, dos neonatos, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a pesquisa revelou que as afecções originadas no período perinatal predominaram seguidas das malformações congênitas. Achados semelhantes foram evidenciados por França e Lansk (2008), já citados, e Arruda, Amorim e Souza quando estudaram a mortalidade determinada por anomalias congênitas, nos anos entre 1993 a 2003, no estado de Pernambuco. CONCLUSÃO Embora seja possível utilizar os sistemas de informação sobre nascidos vivos e sobre mortalidade para o estudo da influência de diversas variáveis na determinação da mortalidade nas primeiras semanas de vida (RIBEIRO et al., 2009), é importante que haja fomentação de novas pesquisas científicas que complementem essas informações, trazendo subsídios para o poder público solucionar o problema local. O presente estudo fornece a possibilidade de definir as principais causas de óbito dos neonatos, mostrando que ocorrem tanto por causas maternas como por causas relacionadas ao RN, viabilizando assim, maiores possibilidades de desenvolver ações preventivas mais específicas, contribuindo para diminuição da mortalidade neonatal. A maioria dos óbitos está relacionada à assistência da mãe durante a gestação e o parto e a assistência ao recém-nascido principalmente nos primeiros dias de vida, pois nesta fase ele encontra-se mais suscetível a morbidades, deve-se então investir em ações que priorizem a redução do índice de prematuridade, bem como, na melhoria da assistência na hora do parto. É necessária a determinação das causas das mortes para que haja uma abordagem direcionada e eficaz reduzindo as ocorrências das mesmas. Conclui-se que, existe muito a se descobrir sobre os aspectos contribuintes para mortalidade neonatal, porém sabe-se que a maioria das mortes podem ser impedidas, ao eliminar ou diminuir os vários fatores que as influenciam.
21 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. F.; NOVAES, H. M. D.; ALENCAR, G. P.; RODRIGUES, L. C. Mortalidade neonatal no Município de São Paulo: influência do peso ao nascer e de fatores sócio-demográficos e assistenciais. Rev. Bras. Epidemiol. Vol. 5, Nº 1, ARRUDA, T. A. M.; AMORIM, M. M. R. SOUZA, A. S. R. Mortalidade Determinada Por Anomalias Congênitas em Pernambuco, Brasil, de 1993 A Rev Assoc Med Bras 2008; 54(2): BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de análise e Situação de Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação em Saúde. - Brasília : Ministério da Saúde, 2009a. p Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Coordenação Geral de Informação e Análise Epidemiológica. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009b., Ministério da Saúde. Sistemas e Serviços. Sistemas de Informação sobre Mortalidade (SIM). Brasília: MS; Disponível em: < Acessado em MENINAS PORQUE CAMPOS, D.; LOSCHI, R. H.; FRANÇA, E. Mortalidade neonatal precoce hospitalar em Minas Gerais: associação com variáveis assistenciais e a questão da subnotificação. RevBrasEpidemiol, [minas Gerais], 2007; 10(2): CARVALHO, P. I.;PEREIRA, P.M. H.; FRIAS, P. G.; VIDAL, S. A.; FIGUEIROA, J. N. Fatores de risco para mortalidade neonatal em coorte hospitalar de nascidos vivos. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 16(3): , jul-set, 2007.
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