PARTICIPAÇÃO, INTEGRAÇÃO E EMPODERAMENTO COMUNITÁRIO: ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO LOCAL PARA ROMÃO DOS REIS, VIÇOSA, MG

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1 PARTICIPAÇÃO, INTEGRAÇÃO E EMPODERAMENTO COMUNITÁRIO: ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO LOCAL PARA ROMÃO DOS REIS, VIÇOSA, MG Maria Simone Euclides 1 Vívian Oliveira Tavares 2 Juliana Pinto de Lima 3 Juliana Vieira Afonso 4 Graziele A. da S. Vieira 4 Taynara Cácia da Silva 4 Laís Leite Fonseca 4 Marinei de Fátima Batalha 4 Célia Maria do Carmo 5 Liliane Gonçalves Garcia 6 Athaualpa Nazareth Costa 7 Ana Lídia Coutinho Galvão 8 Maria do Carmo Fontes 9 Universidade Federal de Viçosa-MG Alojamento Feminino, Avenida PH Rolfs, Campus Universitário, 110, Viçosa-MG (31) /(31) simoneeuclides@yahoo.com.br 1. INTRODUÇÃO O Brasil, não obstante ser uma das potências econômicas mundiais é também um dos grandes campeões em desigualdade social. Infelizmente, grande parte dos brasileiros está 1 Estudante do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Viçosa-bolsista PIBEX 2 Estudante do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa 3 Estudante do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa 4 Estudante do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Viçosa 5 Estudante do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa 6 Estudante do curso de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa 7 Estudante do curso de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa 8 Professora Assistente IV do Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa 9 Técnica em assuntos educacionais da Divisão de Extensão da Universidade Federal de Viçosa

2 excluída do acesso ao progresso econômico e tecnológico. Soma-se a isto a intensa competição entre os indivíduos, marca de nossa sociedade capitalista, que esfacela cada vez mais as relações sociais, suporte histórico dos grupos mais desfavorecidos. A cada dia, o funil das desigualdades aumenta e a população segue a margem dos avanços que sucedem. Os grupos cada vez menos conscientes da realidade em que vivem, intervêm pouco e a qualidade de vida dos mesmos fica comprometida, não intervindo de fato, na conquista e luta dos seus verdadeiros direitos sociais. É preciso, pois, proporcionar espaços de debates, discussões e surgimento de agentes capazes de modificar o triste quadro que difere e delimita o acesso e a inserção social destes indivíduos. Bem, além das políticas públicas de assistencialismo, o que torna prioritário é a construção de vivências e oportunidades. Neste contexto, tornam-se imprescindíveis ações que venham a integrar grupos populacionais, de forma a garantir a inserção social, por meio do empoderamento individual e coletivo do grupo assistido. O empoderamento, neste caso, é entendido como (...) um processo pelo qual as pessoas, as organizações, as comunidades assumem o controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida e tomam consciência da sua habilidade para produzir, criar e gerir (ROMANO, 2002, p. 17). Os projetos de desenvolvimento local, alternativos ao desenvolvimento econômico, surgem assim na perspectiva do empoderamento das comunidades e de superação da racionalidade econômica do capitalismo, contra o desenvolvimento a partir de cima, privilegiando a escala local e acreditando, portanto, na construção do poder comunitário, nas formas associativas de produção, no desenvolvimento sustentável ambiental e socialmente, na inclusão das mulheres, organização de movimentos sociais populares e valorização das características locais (SANTOS, s.d.). O desenvolvimento de comunidades representa uma importante estratégia para estes grupos desfavorecidos, se considerado como: (...) um método, um processo e um fim em si mesmo; um método de ajuda às comunidades locais para fazê-las mais conscientes de suas necessidades, para apreciar seus recursos de forma mais realista, para organizar-se a si mesmo e a seus recursos em tal forma que satisfaçam algumas das necessidades por meio dos projetos de ação e ao mesmo tempo adquirem atitudes, experiências e destreza cooperativas para repetir este processo uma e outra vez por iniciativa própria (RODRIGUES, 1970, p. 76, apud SOUZA, 2004, p ).

3 Segundo Coelho (2005, p. 66), quando se tem em vista a emancipação humana, uma nova ciência, ou extensão dela, no nosso caso, privilegiaria o uso de metodologias participativas de pesquisa e intervenção, descobrindo junto á própria comunidade os problemas, recursos e alternativas possíveis para a solução dos mesmos. Partindo desses princípios, no início de 2005, foi elaborado um projeto de extensão: Participação, integração e empoderamento comunitário: alternativas de desenvolvimento local para Romão dos Reis, Viçosa, MG, a partir da demanda da comunidade Romão dos Reis, bairro popular de Viçosa-MG. 2. OBJETIVOS Em geral, pretendeu-se intervir na comunidade, a partir dos problemas detectados por eles, com vistas ao desenvolvimento da mesma e conseqüente melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Como objetivos específicos, têm-se: Realizar oficinas de capacitação que possam contribuir para a melhoria das condições de trabalho e geração de renda na comunidade em questão; Promover atividades de reforço escolar para as crianças, conforme sugestão dos próprios moradores; Trabalhar, dentro da temática educação e cidadania, questões relativas à educação do consumidor, educação ambiental, educação sexual e reprodutiva e vivência em grupos; Realizar atividades que integrem esporte, lazer e cultura, de forma a abranger crianças, jovens e adultos da comunidade; Trabalhar com a comunidade a importância da vivência em grupo e cooperação; Desenvolver na equipe a habilidade para trabalho em equipes interdisciplinares e uso de metodologias participativas; Aproximar os estudantes da realidade, fazendo a ponte entre conhecimento teórico obtido e a prática social. Criar e consolidar um grupo de pessoas capacitadas para ministrarem aulas voltadas para a Alfabetização de Jovens e Adultos.

4 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste trabalho foi constituída uma equipe multidisciplinar, com estudantes dos cursos de Economia Doméstica, Agronomia, Geografia, Educação Física e Pedagogia, sob a coordenação de uma professora do Departamento de Economia Doméstica. Coelho (2005) ressalta a importância de se ter uma equipe multidisciplinar para os trabalhos de diagnóstico participativo, em razão da diversidade de temas que um trabalho com grupos sociais costuma demandar. Foram feitas a priori visitas à comunidade Romão dos Reis, durante as tardes de Domingo, com a realização de reuniões e aplicação de Técnicas de Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), a fim de conhecer a realidade da mesma, levantando os problemas percebidos por seus moradores, bem como as ações possíveis no futuro 10. Para melhor compreensão da realidade local, aplicou-se ainda um questionário sócioeconômico às famílias do bairro. Foram entrevistadas todas as famílias da comunidade, um total de 44 famílias. A análise dos dados obtidos foi feita de modo estatístico e descritivo. Em seguida, realizou-se a devolução dos dados à Comunidade em uma reunião, priorizando a apresentação dos principais problemas detectados. Após discussão, os presentes foram incentivados a propor ações que poderiam ser realizadas para contornar cada um dos problemas levantados. Em seguida, a equipe encarregou-se de organizar as informações referentes ao trabalho já desenvolvido e retornar à Comunidade para continuidade do planejamento e implantação das primeiras ações concretas. 4. RESULTADOS As primeiras ações desenvolvidas referem-se ao oferecimento das aulas de reforço, realização de oficinas e mini-cursos voltados para o artesanato. Elaboração e execução de atividades recreativas que integram contação de histórias, rua de lazer, vídeo-debate, confecção de brinquedos de sucatas, pintura com solos; dentre outras atividades. Atualmente, o projeto atende um público alvo de 300 pessoas da comunidade Romão dos Reis. A participação dos membros da comunidade é bastante intensa e ativa, sendo realizadas reuniões quinzenalmente, onde são levantados os pontos fracos do projeto e juntos, 10 Este estudo foi a primeira fase do projeto, que tem a intenção de desenvolver ações de cunho extensionista na Comunidade.

5 estudantes e comunidade buscamos da melhor maneira possível resolver os problemas que surgem. O trabalho realizado na comunidade perpassa por três (3) eixos temáticos: Educação e Cidadania; Cultura e Atividades de Lazer; Capacitação e Orientação Profissional. Dentro da temática Educação e Cidadania são propostas aulas de reforço escolar para as crianças da comunidade e alfabetização de jovens e adultos haja vista que a comunidade possui uma demanda significativa por esta. Estas aulas são ministradas diariamente, atendendo uma demanda de 40 crianças da comunidade e educação de jovens e adultos com meta para atendimento de 25 pessoas da comunidade. Na temática Cultura e Atividades de Lazer, inclui as atividades recreativas para crianças e idosos da comunidade. Foram realizadas várias atividades dentro deste eixo como exibição de vídeos sócio-educativos e culturais, gincanas, passeios orientados, contação de histórias, dentre outras. No eixo de Capacitação e Orientação Profissional encontram-se os cursos de capacitação vinculados para as atividades artesanais. Até o momento, foram oferecidos cerca de 24 cursos artesanais para a comunidade. Dentre estes se destacam os cursos de bordado tricô, bijuterias, fuxico e montagem de caixas de presente. Todas estas atividades são realizadas em um local por enquanto improvisado dentro da comunidade. A meta do projeto é conseguir, junto ao poder público local, um espaço apropriado para que atividades possam ser realizadas sempre em único local na comunidade. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto, apesar das dificuldades enfrentadas, como a falta de estrutura física para a realização das atividades, vem alcançando seus objetivos de forma satisfatória, realizando as ações propostas, com destaque para aquelas referentes à educação, lazer e capacitação profissional e, conseqüentemente, promovendo a inserção social e a melhoria da qualidade de vida dos moradores do Bairro Romão dos Reis. Espera-se que sua continuação promova um desenvolvimento local, envolvendo todos os aspectos de cidadania, além de capacitar os moradores profissionalmente, o que poderia garantir um incremento na renda das famílias participantes do projeto. Para os estudantes envolvidos, tem sido gratificante a formação que recebem neste projeto, enquanto ação extensionista. O saber que antes acadêmico, intercala com o saber da comunidade e, de forma dialética e contínua, o conhecimento antes teórico ganha prática e se materializa nos resultados alcançados com o trabalho desempenhado dentro da comunidade.

6 REFERÊNCIAS CEBOTAREV, E. Qualidade de vida da família rural. Brasília, IICA, 1979 e p. COELHO, France Maria Gontijo. A arte das orientações técnicas no campo: concepções e métodos. Viçosa: Ed. UFV, p IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cid@des. Disponível em: < Acesso em 13 set SANTOS, Boaventura de Souza; RODRIGUES, César. Introdução: Para ampliar o cânone da produção. In: SANTOS, Boaventura de Souza (org.). Produzir para viver. Trad. Vítor Ferreira. S.l, /s.d/, p SOUZA, Maria Luiza de. Desenvolvimento de comunidade e participação. 8ª ed. São Paulo: Cortez, p. ROMANO, Jorge O. Empoderamento: recuperando a questão do poder no combate à pobreza. In: ROMANO, Jorge O.; ANTUNES, Marta. Empoderamento e direitos no combate à pobreza. Rio de Janeiro: ActionAid Brasil, p.