Expositor: Sebastião Geraldo de Oliveira Desembargador do TRT da 3ª Região
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1 A MEDICINA NA RELAÇÃO SAÚDE E TRABALHO: DO DIAGNÓSTICO CLÍNICO AO ESTABELECIMENTO DO LEGISLAÇÃO SOBRE SAÚDE DO TRABALHADOR E PERÍCIA JUDICIAL NEXO CAUSAL COM O TRABALHO Expositor: Sebastião Geraldo de Oliveira Desembargador do TRT da 3ª Região
2 REPERCUSSÕES JURÍDICAS DO NEXO CAUSAL Acidentes do trabalho Acidentes de trajeto Doenças ocupacionais Doenças profissionais Doenças do Trabalho Exceções das doenças ocupacionais Doenças do grupo etário Doenças degenerativas Doenças não incapacitantes Doenças endêmicas 2
3 REPERCUSSÕES JURÍDICAS DO NEXO CAUSAL Doenças não relacionadas ao trabalho Doenças comuns sem causalidade laboral Acidentes de qualquer natureza Acidentes do trânsito comum Acidentes de consumo - CDC Acidentes pessoais (Seguros) 3
4 CONCAUSAS - LEI 8.213/ Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para os efeitos desta Lei: I - acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; Concausas: 1. Pré-existentes ou antecedentes 2. Concomitante ou simultânea 3. Superveniente 4
5 EXCLUÍDOS DO MUNDO DO TRABALHO NO BRASIL POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA A OCUPACIONAL Ano Invalidez temporária: + de 15 dias Invalidez permanente Mortes Soma Excluídos por dia
6 ACIDENTES DO TRABALHO NO BRASIL DADOS OFICIAIS ANOS * TOTAL DE ACIDENTES ACIDENTES TÍPICOS Acidentes com CAT emitida: ACIDENTES TRAJETO DOENÇAS Acidentes sem CAT emitida: MORTES * Acidentes com CAT emitida: Acidentes sem CAT emitida: TOTAL TOTAL * Acidentes com CAT emitida: Acidentes sem CAT emitida:
7 Efeitos do enquadramento como acidente do trabalho 1. Estabilidade provisória 2. Depósito do FGTS no período do afastamento 3. Dispensa período de carência para auferir determinados benefícios do INSS 4. Majoração do SAT 5. Efeitos criminais 6. Passível de multas da CLT 7. Ação Regressiva do INSS Benefício Previdenciário Não Não Não Não Não Não Não Benefício Acidentário Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 8. Pode caber reparação dos danos por parte do empregador Não Sim 7
8 DANOS QUE PODEM GERAR INDENIZAÇÕES HIPÓTESES Acidente do trabalho Doenças ocupacionais DANOS INDENIZÁVEIS. Integridade psicobiofísica do trabalhador. Capacidade de trabalho. Redução da capacidade laboral. Danos materiais (danos emergentes e lucros cessantes ou pensão). Danos morais. Danos estéticos. Perda de uma chance. Danos em ricochete 8
9 CONDUTAS PATRONAIS PASSÍVEIS DE INDENIZAÇÕES HIPÓTESES Assédio sexual Assédio moral Discriminação, violação da vida privada, da honra, da intimidade ou da imagem, abuso de direito etc. CARACTERIZAÇÃO Art. 216-A do Código Penal: Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício do emprego, cargo ou função. Conduta abusiva, constrangedora ou humilhante do empregador ou seus prepostos, com prolongamento no tempo. Revistas íntimas; limitação do uso do banheiro; listas negras; acusação falsa de furto; informações falsas e desabonadoras a terceiros; anotações desabonadoras na CTPS; atitudes humilhantes ou discriminatórias; perseguição etc. 9
10 CONDUTAS PATRONAIS PASSÍVEIS DE INDENIZAÇÕES HIPÓTESES Assédio moral estrutural Assédio moral organizacional Assédio moral institucional Assédio moral coletivo CARACTERIZAÇÃO Gestão por injúria Gestão por estresse Gestão por medo São modalidades de condutas que atingem a todos os trabalhadores, como forma de conseguir a submissão e obediência aos comandos patronais São espécies de violência psicológica reiterada dos gestores, normalmente com a cumplicidade da direção. 10
11 CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS SEGUNDO SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO - SHILLING CATEGORIA I Trabalho como causa necessária II Trabalho como fator contributivo, mas não necessário EXEMPLOS Intoxicação por chumbo Silicose Doenças profissionais legalmente reconhecidas Doença coronariana Doença do aparelho locomotor Câncer Varizes dos membros inferiores III Trabalho como fator provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida Bronquite crônica Dermatite de contato alérgica Asma Doenças mentais 11
12 RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR Responsabilidade civil = Indenização Diferença da responsabilidade penal Indenização (tornar indene): reparação, ressarcimento, restauração, recomposição Art. 186 CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927 CC. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 12
13 NEXO CAUSAL NA VISÃO DA INFORTUNÍSTICA E DA RESPONSABILIDADE CIVIL CAUSALIDADE LEI 8.213/91 SAT RC PATRONAL 1. Causa direta Arts. 19 e 20 Sim Sim 2. Concausa Art. 21, I Sim Sim 3. Causa indireta Art. 21, II, VI e 1º Sim Não 13
14 EXCLUDENTES DO NEXO CAUSAL NA RESPONSABILIDADE CIVIL Culpa exclusiva da vítima Fato da vítima Caso fortuito ou de força maior Acidente de trajeto Fato de terceiro 14
15 TEORIAS DO NEXO CAUSAL Teoria da equivalência das condições conditio sine qua non Toda circunstância que concorreu para produzir o dano é considerada causa. Código Penal art. 13: Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Teoria da causalidade adequada: Considera como causa a condição mais adequada à produção do evento, ou seja, a que teve interferência decisiva. Código Civil art As perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato. Tem prevalecido nos Tribunais a solução casuística, utilizando a lógica do razoável e a conjugação das diversas teorias, conforme as circunstâncias. 15
16 CAUSALIDADE DA OMISSÃO Dever de agir A omissão é causa porque deixou de impedir o resultado Código penal Art. 13, 2º: A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. Deveres diversos do empregador ou responsável Nexo causal plúrimo: É pacífico o entendimento do nexo causal em face do tomador dos serviços que responde pelos danos causados pela empresa interposta 16
17 PRESSUPOSTOS DA INDENIZAÇÃO POR RC 1 DANO 2 NEXO CAUSAL 3 CULPA Material Moral Estético Qualquer prejuízo O evento causador do dano Relação com o trabalho Admite concausas Violação legal Convencional Normativa Dever geral de cautela = Responsabilidade objetiva (Não exige culpa) = Responsabilidade subjetiva (Exige culpa) 17
18 RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA N /98. Art. 2º. Para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exames complementares, quando necessários, deve o médico considerar: I - a história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigação de nexo causal; II - o estudo do local de trabalho; III- o estudo da organização do trabalho; 18
19 RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA N /98. IV- os dados epidemiológicos; V - a literatura atualizada; VI - a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condições agressivas; VII - a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes e outros; VIII - o depoimento e a experiência dos trabalhadores; IX - os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da área da saúde. 19
20 PROVA DO NEXO CAUSAL Vivemos uma etapa de flexibilização da prova do nexo causal Nexo causal epidemiológico Nexo causal presumido Dano moral e nexo causal Nem sempre há certeza absoluta que certo fato foi o que produziu determinado dano. Basta um grau elevado de probabilidade Agostinho Alvim. 20
21 CONSTATAÇÃO DO NEXO CAUSAL A presença do nexo causal se mede por razoável probabilidade, não por matemática certeza, mesmo porque a ciência médica não é exata. Se o fosse, as calculadoras seriam feitas para os médicos e estes estariam livres de todas as acusações e indenizações pelos erros que vivem cometendo. Vale dizer, é o possível lógico, não o absolutamente certo, que embasa a conclusão pela presença do nexo causal e concausal. (...). STACivSP. 12ª Câmara Apelação sem Revisão /5, Relator: Juiz Palma Bisson, julgado em
22 DIFICULDADES DA PROVA PERICIAL Multicausalidade no adoecimento e a inevitável imprecisão das conclusões Contribuição das causas endógenas: características genéticas, metabólicas e psicológicas da vítima Relação Médico/paciente x Perito/reclamante Necessidade de especialização do Perito Período de mudanças acentuadas: Enfoque tradicional x Visão atual da SST 22
23 VISÃO TRADICIONAL PROPOSTA ATUAL Risco monetizado: Adicionais Risco eliminado: Ambiente saudável Amparo das vítimas: Infortunística Foco na prevenção: Saúde do trabalhador Proteger o trabalho: Direito do trabalho Proteger o trabalhador: Direito ambiental do trabalho 23
24 SÍNTESE DAS INDENIZAÇÕES DECORRENTES DOS ACIDENTES OU DOENÇAS OCUPACIONAIS Danos Materiais Danos Morais Danos emergentes: prejuízo imediato Lucros cessantes: o valor mensal que a vítima deixará de ganhar Arbitrado pelo juiz, com dupla função: punitiva/pedagógica e compensatória Danos Estéticos ticos Mudança morfológica, que causa alteração na aparência da vítima Acumula-se a indenização dos danos estéticos e moral Súmula 387/STJ 24
25 DANO ESTÉTICO O dano estético fica caracterizado quando ocorre qualquer alteração morfológica que compromete ou altera a harmonia física da vítima. É o antigo aleijão previsto no CC de Dano estético: sofrimento pelo deformação com sequelas permanentes facilmente percebidas. (Externo). Dano moral: compensação e punição pedagógica pela dor e constrangimento pelas lesões sofridas. (Interno). 25
26 DANO ESTÉTICO O dano estético materializa-se no aspecto exterior da vítima, enquanto o dano moral reside nas entranhas ocultas dos seus dramas interiores; o primeiro, ostensivo, todos podem ver; o dano moral, mais encoberto, poucos percebem. O dano estético, o corpo mostra; o dano moral, a alma sente. Pode ser deferida indenização pelo dano estético acumulada com a indenização pelo dano moral. Súmula 387 do STJ: É licita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral DJe 1º
27 MUITO OBRIGADO! Sebastião Geraldo de Oliveira 27
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