RELATÓRIO MERCADO LIBERALIZADO DE ELECTRICIDADE PONTO DE SITUAÇÃO DO 1º TRIMESTRE DE 2009
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1 RELATÓRIO MERCADO LIBERALIZADO DE ELECTRICIDADE PONTO DE SITUAÇÃO DO 1º TRIMESTRE DE 2009 Abril 2009 ENTIDADE REGULADORA DOS SERVIÇOS ENERGÉTICOS
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3 Índice 1. Liberalização do Mercado Retalhista de Electricidade Passos para promover o mercado liberalizado de electricidade O que já foi concretizado Próximos passos Supervisão dos Mercados Retalhista e Grossista USM Supervisão do Mercado Retalhista Supervisão do Mercado Grossista
4 1. Liberalização do Mercado Retalhista de Electricidade Verificou-se um expressivo crescimento do mercado liberalizado de electricidade no decorrer do primeiro trimestre de 2009, sendo de realçar os seguintes aspectos: i) Análise global Em apenas 3 meses, o consumo no mercado liberalizado passou de 2,5% do consumo total para 14%; ii) Análise por segmentos 24% dos clientes industriais já no mercado liberalizado (Março 2009); 21% dos grandes clientes já no mercado liberalizado (Março 2009); 6% dos consumidores residenciais em mercado liberalizado (Março 2009); 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 5% Residencial e microempresas 1 de Janeiro de 2009 Industrial Grandes clientes 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 6% Residencial e microempresas 31 de Março de % 21% Industrial Grandes clientes Liberalizado Regulado Liberalizado Regulado iii) Análise de concentração Redução da quota de mercado do principal operador do mercado liberalizado 4
5 93% em 1 de Janeiro de % em 31 de Março de 2009 Crescimento da quota de mercado dos operadores mais pequenos 1 de Janeiro de % 2% 2% 31 de Março de ,4% 13% 23% 64% 93% EDP Endesa Iberdrola Unión Fenosa EDP Endesa Iberdrola Unión Fenosa 5
6 2. Passos para promover o mercado liberalizado de electricidade 2.1. O que já foi concretizado A liberalização do mercado retalhista é um processo que beneficiou do desenvolvimento de iniciativas estruturantes ao longo de toda a cadeia de valor do sector eléctrico (produção transporte distribuição comercialização) que contribuíram para viabilizar e estimular a dinamização do mercado. Nesta perspectiva, realçam-se, entre outros, os seguintes aspectos: i) Alterações de natureza legislativa e regulamentar Reorganização do sector eléctrico: separação de actividades produção, transporte, distribuição e comercialização, que integrou: A separação de propriedade para a actividade de Transporte A separação jurídica para as actividades Comercialização de Produção, Distribuição e Regulação dos Monopólios Naturais: garantia de acesso regulado e não discriminatório às infra-estruturas: Rede de transporte de energia eléctrica Rede de distribuição de energia eléctrica Aplicação de um sistema de tarifas aditivas em que o preço final da energia se decompõe em várias parcelas : Serviços de interesse económico geral Acesso às redes Energia Definição das regras para a mudança de comercializador que incluíram: Definição, no âmbito do Regulamento das Relações Comerciais, das regras para a mudança de comercializador Operacionalização de uma plataforma informática para a gestão da mudança de comercializador Proposta do Conselho de Reguladores do MIBEL visando a harmonização de regras de mudança de comercializador (idênticas regras de mudança em Portugal e em Espanha). Solução aproximada às regras já existentes em Portugal que estão de acordo com as melhores práticas europeias Cessação dos CAE que implicou: Fim dos contratos de longo prazo (CAE) para a venda de energia, passando as centrais a reger-se por preço de mercado Definição de custos de transição (CMEC) para cumprir as obrigações legais de respeito por compromissos contratuais 6
7 ii) Promoção da concorrência, redução do grau de concentração dos mercados e minimização das barreiras de acesso Integração de Mercados: Entrada em funcionamento do Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL) em 1 de Julho de 2007, permitindo aos agentes em Portugal ter um preço de referência de mercado Reforço da harmonização regulatória no âmbito do MIBEL e do Mercado do Sudoeste (Portugal+Espanha+França) Reforço das interligações: foi realizado um esforço de investimento significativo no reforço da capacidade de interligação com Espanha (1500 MW, correspondendo actualmente a 15% da ponta portuguesa; os investimentos planeados até 2014, permitem que a capacidade venha a corresponder a 3000 MW); está em vias de concretização, o reforço da ligação Espanha-França Gestão mais eficiente das interligações: introdução do Mecanismo de Gestão Conjunta da Interligação Portugal-Espanha e harmonização entre o Mercado Ibérico e França Reforço e consolidação da supervisão dos mercados retalhista e grossista 7
8 2.2. Próximos passos Para comercializar electricidade, é necessário que os novos comercializadores disponham da possibilidade de produzir electricidade em território nacional e/ou que sejam minimizadas as barreiras à entrada de modo que o acesso ao mercado se faça de forma fluida e eficiente. Os próximos passos visam essencialmente prosseguir este objectivo estratégico. Alguns dos passos seguintes: Concretização das medidas de harmonização regulatória Conceito de Operador Dominante Proposta do Conselho de Reguladores do MIBEL da qual constam para além do conceito de operador dominante, as limitações subjacentes à atribuição desse estatuto 1 Harmonização de regras de mudança de comercializador Proposta do Conselho de Reguladores do MIBEL que reflecte as regras já implementadas em Portugal e em sintonia com as melhores práticas europeias 2 Leilões explícitos de capacidade na interligação. Aguarda-se a regulamentação do lado de Espanha, já que, em Portugal, toda a regulamentação foi publicada pela ERSE em 2007 Reforço da capacidade de interligação com Espanha e, futuramente, entre Espanha e França Instalação de nova capacidade de produção. Aguarda-se a entrada de um grupo com 400 MW de ciclo combinado até final de 2009 Eliminação, progressiva e gradual, das tarifas reguladas, começando pelos consumidores industriais e acautelando o interesse dos consumidores vulneráveis Na revisão do Acordo de Santiago de Compostela, consagra-se no n.º 7 do Artigo Único o seguinte road map para a tarifa regulada de último recurso: 5- a partir de 1 de Janeiro de 2010, apenas os clientes em baixa tensão terão disponível uma tarifa regulada de último recurso e 6- a partir de 1 de Janeiro de 2011, apenas os clientes em baixa tensão com potência contratada inferior a 50 kva terão disponível uma tarifa regulada de último recurso 3 1 Remetida aos Governos de Portugal e de Espanha em Fevereiro de Remetida aos Governos de Portugal e de Espanha em Outubro de Road Map constante do n.º 7 do Artigo Único do Acordo que revê o Acordo de Santiago de Compostela, aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 17/2009, publicado no Diário da República de 23 de Março de
9 3. Supervisão dos Mercados Retalhista e Grossista 3.1. USM Em 2007 criámos a USM Unidade de Supervisão de Mercados, que tem a responsabilidade de fazer a supervisão dos mercados, tendo afecta uma equipa dedicada (foram contratados recursos humanos para o efeito) e estando suportada num sistema de informação desenvolvido para fazer a monitorização em tempo real dos mercados. O reforço das actividades de supervisão da ERSE constitui uma resposta aos novos desafios suscitados pela nossa participação no mercado diário ibérico que se iniciou em 1 de Julho de 2007 (supervisão do mercado grossista). A dinamização recente do mercado retalhista suscitou a necessidade de se reforçar a sua supervisão. De entre as várias preocupações que estão subjacentes às actividades de Supervisão da ERSE, destaca-se a importância da função preventiva, pela indução de efeitos persuasivos e inibidores de comportamentos predadores de mercado Supervisão do Mercado Retalhista As experiências conhecidas de liberalização dos mercados retalhistas no sector eléctrico em vários países, permitem-nos concluir que, em geral, tenderão a manter-se estruturas empresariais oligopolistas relativamente concentradas com incentivos para o desenvolvimento de estratégias anti-competitivas. Nesta perspectiva, a dinamização do mercado liberalizado suscita a necessidade de uma supervisão do mercado retalhista atenta, eficaz e eficiente em defesa dos interesses dos consumidores. Os objectivos estratégicos e as principais motivações da supervisão do mercado retalhista irão evoluir de acordo com as seguintes duas fases: i) Manutenção da Tarifa Regulada Enquanto se mantiver a tarifa regulada, esta tarifa será perspectivada como um preço máximo, já que os novos comercializadores entrantes apenas serão capazes de atrair novos clientes se, pelo menos, oferecerem melhores condições que o comercializador regulado. Neste contexto, a principal tarefa da ERSE será efectuar o acompanhamento dos preços no mercado e proceder à sua divulgação junto dos consumidores, contribuindo para a tomada de decisão de mudança para o mercado liberalizado e para aumentar a confiança, transparência e credibilidade, que constituem factores críticos de sucesso do mercado. Tendo presente esse objectivo e em estreita cooperação com os vários comercializadores, a ERSE já definiu uma metodologia de recolha e divulgação da informação que teve o seu início em Janeiro de Para facilitar as comparações entre as ofertas dos diferentes comercializadores, a ERSE irá proceder a alterações dos simuladores de facturação de energia eléctrica actualmente ao dispor dos consumidores no Portal da ERSE de forma a facilitar e a tornar a sua utilização mais atractiva. 4 4 Despacho n.º 9244/2009, D.R. n.º 65, Série II de da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos que estabelece a monitorização de preços de referência e preços médios praticados pelos comercializadores de energia eléctrica. 9
10 ii) Extinção das tarifas de Venda a Clientes Finais reguladas Após a extinção das tarifas de Venda a Clientes Finais reguladas, deixa de existir uma tarifa máxima de referência e, portanto, o objecto da actividade de supervisão terá de ser ajustado. A ERSE, beneficiando da experiência adquirida na elaboração das tarifas reguladas, procederá à monitorização dos preços praticados pelos diversos comercializadores de energia eléctrica, tomando como termo de comparação uma tarifa eficiente de referência Supervisão do Mercado Grossista Ao nível do Mercado Ibérico a actividade de produção de electricidade também se processa num contexto de uma estrutura de mercado caracterizada por uma elevada concentração. Para além disso, deve realçar-se que, nomeadamente, nos primeiros meses de funcionamento do MIBEL, os dois mercados (Português e Espanhol) funcionaram como mercados separados durante um número muito expressivo de horas (80% das horas). Esta situação, em termos potenciais, pode gerar incentivos para que os incumbentes protagonizem estratégias de abuso de posição dominante. Mais recentemente, esta situação alterou-se, de forma muito substancial: a percentagem média diária de mercados separados tem-se situado em torno de 20% das horas. A supervisão do mercado grossista tem, como preocupações centrais, impedir estratégias de concertação de preços e o abuso de posição dominante de forma a maximizar o excedente social, tendo presente as seguintes preocupações: Promover a protecção dos interesses económicos dos consumidores Fornecer energia eléctrica nas melhores condições de preço Promover a alocação eficiente dos recursos já existentes Atribuir mérito aos mais eficientes: garantir que se satisfaz a procura ao mais baixo preço, dadas as condições de contexto do mercado Promover a inovação de mercado: procura de vantagem concorrencial e benchmark das situações de maior eficiência Promover os correctos sinais económicos ao investimento Prevenir situações de sobreinvestimento Induzir o aparecimento de novos investimentos em situações de reserva de capacidade baixa Dar o sinal económico de localização Por outro lado, importa sublinhar a supervisão do mercado grossista como veículo para o estímulo à concorrência através: Do estabelecimento de critérios de avaliação do comportamento dos agentes, designadamente quanto a custos, fontes de aprovisionamento e indisponibilidades Da criação de condições transparentes e não discriminatórias de participação em mercado, designadamente através da redução das assimetrias de informação 10
11 Da actuação coordenada desenvolvida, ao nível europeu, pelo Council of European Energy Regulators (CEER) e pelo European Regulators Group for Electricity and Gas (ERGEG) e, no quadro ibérico, pelo Conselho de Reguladores do MIBEL. Ao nível da supervisão desenvolvida pela ERSE é relevante realçar a utilização de um dispositivo de supervisão, especificamente desenhado para seguir o mercado grossista, que está suportado num sistema de informação SIMER, através do qual se realiza a monitorização em tempo real dos mercados e em que a metodologia de supervisão que lhe está subjacente, atribui a maior relevância à função preventiva, visando desincentivar, comportamentos predadores de mercado. Uma outra perspectiva da actuação e contributo da ERSE tem a ver com a comunicação ao mercado que se desdobra em duas vertentes: Factos relevantes A ERSE, ao nível da regulamentação sectorial (RRC), determinou a existência de mecanismos de comunicação ao mercado de factos que possam influir na formação dos preços de mercado Informação sobre o Mercado Ibérico A ERSE, no âmbito do Conselho de Reguladores, divulga um relatório mensal do MIBEL com informação relevante e disponível a todos os agentes 11
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