X FÓRUM SOCIAL MUNDIAL. Porto Alegre/RS
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1 X FÓRUM SOCIAL MUNDIAL Porto Alegre/RS 1 mundos do trabalho Nossas respostas às crises
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3 PROPOSTAS DE REFORMA DA LEGISLAÇÃO MATERIAL E PROCESSUAL DO TRABALHO Um conjunto de propostas para aprimorar, regular e modernizar a legislação material e processual do trabalho deve ser enviada pelo Poder Executivo ainda este semestre ao Congresso Nacional. Os projetos de lei são resultado do trabalho da comissão de alto nível criada pelo Ministério da Justiça, no âmbito da Secretaria da Reforma do Judiciário, com a participação de juristas e representantes de órgãos e entidades. O objetivo era avaliar, debater e elaborar propostas de aperfeiçoamento a legislação do trabalho em vigor. 1 Presidida pelo Ministério da Justiça, a comissão é formada por juristas que compõe o Tribunal Superior do Trabalho; representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA); Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (ABRAT); Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e Associação Luso-Brasileira de Juristas do Trabalho (Jutra). Também integram o grupo técnicos e dirigentes dos Ministérios do Trabalho e Emprego, Previdência Social e da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Os projetos receberam ainda sugestões da comunidade jurídica e a sociedade civil. Foram debatidas e elaboradas diversas
4 propostas legislativas sobre temas da contemporaneidade econômica e social, além da atualização da legislação processual trabalhista. Essas iniciativas pretendem fomentar a atividade econômica e produtiva do País, bem como aperfeiçoar o processo, regulamentar novas tutelas para atividades sem regulamentação ou atualizar aquelas com disciplina precária. Com isso, haverá maior previsibilidade normativa, segurança jurídica, celeridade processual, acesso à justiça e preservação de direitos. Importa destacar que as proposições aqui pautadas atendem às diretrizes e temas priorizados no II Pacto Republicano de Estado por um Sistema de Justiça mais Acessível, Ágil e Efetivo, firmado pelos presidentes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em abril de Assim, com o propósito de ampliar o debate, destacamos uma síntese das novas proposições legislativas que serão apresentadas à sociedade e interlocutores do direito do trabalho, a partir da Oficina Mundos do Trabalho - Nossas Respostas às Crises, inserida na programação do X Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre. Trata-se de um resumo dos 10 projetos elaborados pela comissão de juristas, além de uma proposta que disciplina a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados das empresas, sugerida pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. A Promoção da Igualdade e Combate à Discriminação no Ambiente do Trabalho Veda todas as formas de discriminação em razão de sexo, orientação sexual, raça, etnia, idade, origem, aparência física, estado de saúde, deficiência, opiniões políticas, vinculação ou não a partidos
5 políticos e sindicatos, costumes, crenças religiosas, dentre outros. A proposta também estabelece as diferenças de tratamento justificadas; prevê a nulidade da dispensa motivada por reclamação trabalhista contra ato discriminatório; proibição de oferta de trabalho discriminatória; e vedação à revista íntima, além de tipificar condutas como o assédio moral. Tais medidas vêm efetivar a preservação da dignidade do ser humano e estabelecer a possibilidade de um plano de igualdade profissional, entre outros aspectos. A regulamentação da Terceirização Cria condições para o desenvolvimento econômico do país e preserva os direitos dos empregados. Em síntese, a proposta regulamenta com mais diretos e obrigações o contrato entre tomador e prestador. Veda a terceirização na atividade fim da empresa e estabelece a responsabilidade solidária entre tomador e prestador pelo cumprimento de eventuais débitos trabalhistas. 3 A regulamentação do Teletrabalho Estabelece uma disciplina moderna para a prestação de serviço na forma do teletrabalho, que é a atividade executada em um local distante do escritório central ou instalação de produção. Nele, o trabalhador não tem contato pessoal com colegas ou empregador; pode ainda ser desenvolvido com ajuda de novas tecnologias, como a Internet, que habilita esta separação facilitando a comunicação e regula as relações entre o tomador de serviços e o trabalhador. Assim, quando realizado no domicílio do trabalhador ou em outro local, em benefício do tomador de serviços, não se exclui a relação de emprego, desde que presentes seus elementos integrantes. Também prevê que a remessa, pelo empregador, de comunicação eletrônica ao empregado durante o horário noturno e dias
6 de descanso implicará no respectivo pagamento destes adicionais. Promove ainda um ajuste nos conceitos de subordinação e de trabalho não eventual. Proteção contra atos antissindicais Nos termos das Convenções Internacionais ratificadas pelo Brasil, tipifica as práticas antissindicais, tanto por atos dos empregadores, quanto por atos de entidades sindicais, representativas de categorias econômicas e profissionais, associações civis patronais e empregados em sua individualidade. Fixa os princípios exigíveis da atividade sindical. 4 Estabelece conseqüências das práticas antissindicais, fulminado-as com a nulidade de pleno direito. Garante que as organizações de trabalhadores e de empregadores gozem de adequada proteção contra todo ato de ingerência de umas contra as outras. Atualização da cobrança de juros e correção monetária Modifica a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para acrescentar o artigo 879-A, o qual dispõe que os débitos trabalhistas de qualquer natureza, bem como quaisquer débitos constantes de condenação pela Justiça do Trabalho ou decorrentes dos acordos feitos em ações trabalhistas serão pagos com atualização monetária, segundo índices oficiais que reponham o valor original da moeda e acrescidos de juros de 1% ao mês. Também proporciona a efetividade da decisão judicial ao prever a hipótese em que o juiz poderá conceder ao credor indenização suplementar para reparar os danos de forma adequada.
7 Possibilidade de apresentação da defesa em secretaria É um mecanismo que visa adequar o processo à complexidade das ações trabalhistas e criar condições para melhorar o exercício de pleitear e defender-se na justiça do trabalho, possibilitando a celeridade processual. Cria a opção ao Reclamante para que requeira a apresentação da defesa em Secretaria pelo reclamado. De acordo com as peculiaridades de cada ação, poderá o juiz, ainda que o reclamante não exerça a faculdade, determinar em decisão fundamentada a notificação do reclamado para apresentar defesa escrita na secretaria do Juízo e para comparecer à audiência de instrução. Mantém a regra de concentração dos atos em uma só audiência, pioneiramente prevista na CLT, e aperfeiçoa os mecanismos para se efetivar os princípios do contraditório e da ampla defesa. Atualização da sistemática de assistência judiciária 5 Busca dar maior amplitude aos institutos da gratuidade da justiça, facultando aos magistrados a concessão, a requerimento ou de ofício, do benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos. Amplia o benefício para aqueles que receberem salário igual ou inferior a cinco salários mínimos ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as despesas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.
8 Nova regulação da Execução Trabalhista Entre outras alterações, torna mais moderno e aperfeiçoa o rito da execução, ajustando-se às recentes reformas do Código de Processo Civil desta década, com a adoção de novos conceitos em relação aos temas ligados à efetividade do processo e ao princípio do resultado. 6 Aglutina-se a fase de conhecimento seguida da fase correspondente ao cumprimento forçado da obrigação, caso não haja adimplemento voluntário por parte do devedor, bem como as disposições relacionadas com a liquidação do julgado. Nos moldes do Código de Processo Civil, passa a regular, de forma detalhada, a execução provisória, considerando ainda algumas características específicas do processo do trabalho, como a atuação de ofício do Juiz, o caráter alimentar do crédito trabalhista e a sistemática recursal específica. Atualização da sistemática da capacidade postulatória Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para prever que o cidadão possa atuar pessoalmente ou por intermédio de advogado nas causas trabalhistas em geral que tenham valor de até 60 (sessenta) salários mínimos. Prevê ainda mais três possibilidades em que o cidadão poderá agir pessoalmente perante a justiça: 1. Quando ele próprio tiver registro na OAB; 2. Quando não houver advogado para defendê-lo; 3. Quando houver a recusa ou impedimento dos advogados que possam representá-lo. A parte que tiver direito à assistência judiciária gratuita poderá solicitar o patrocínio de sua defesa por órgão da Defensoria Pública ou por outras entidades prestadoras de serviços de assistência jurídica gratuita quando a outra parte comparecer ao processo acompanhada de advogado. Nos recursos, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.
9 A proposta cria condições jurídicas para melhor proteger os litigantes, de acordo com a complexidade das causas e a linguagem jurídica peculiar dos operadores do direito, para evitar nulidades e preservar o princípio da razoável duração do processo. A Participação dos Trabalhadores nos Lucros ou Resultados da empresa (PLR) Sugere a criação de instrumentos jurídicos que confiram efetividade à Participação dos Trabalhadores nos Lucros ou Resultados da empresa (PLR), prevista na Constituição Federal de 1988, no art. 7º, IX. Com isto, a proposta busca alcançar três objetivos: construir relação de colaboração entre trabalhador e empresa orientada para resultados; reduzir as desigualdades salariais e, incentivar a produtividade. A proposta apresenta, ainda, as seguintes diretrizes: 1. A PLR será obrigatória e terá um prazo para o início das negociações, com vinculação entre lucratividade e resultados alcançados pela empresa, de um lado, e montante que elas deverão distribuir, de outro. 2. Serão estabelecidos percentuais mínimos de distribuição de PLR aos trabalhadores. Veda-se que a PLR seja utilizada como substituto do salário ou dos ganhos permanentes de produtividade da empresa. 3. A nova regulamentação legal tem ainda o mérito de evitar o engessamento das relações entre empregados e trabalhadores ao reforçar o caráter coletivo e negocial da PLR. Municia, assim, as empresas de novas ferramentas para traçar estratégias e alcançar resultados. 7 Em suma, objetiva dar um primeiro passo na construção de novo paradigma nas relações entre capital e trabalho, fundamentados na interrelação e no incentivo à produtividade por meio da valorização e qualificação dos trabalhadores.
10 Membros da Comissão de Alto Nível do Direito do Trabalho Presidente: Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Rogerio Favreto. Secretário: Secretaria de Reforma do Judiciário, do Ministério da Justiça, Roger de Lima Lorenzoni. Relator: Secretaria de Reforma do Judiciário, do Ministério da Justiça, Cristiano Osório. Relatora: Comissão, Cinthia Oliveira. Juristas: Lélio Bentes Corrêa, Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Maurício Godinho Delgado e Rosa Maria Weber 8 Representantes de entidades: Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas: Luiz Salvador, Magda Barros Biavaschi, Antônio Fabrício de Matos Gonçalves e Marthius Sávio Cavalcante Lobato. Associação Luso-Brasileira de Juristas: José Luciano de Castilho Pereira e Nilton Correia. Associação Nacional de Magistrados do Trabalho: Cláudio José Montesso e Luciano Athayde Chaves. Associação Nacional do Ministério Público do Trabalho: Maurício Correia de Mello, José Heraldo de Sousa, Fábio Leal Cardoso e Sebastião Vieira Caixeta. Conselho Nacional de Justiça de Justiça: Antônio Umberto de Souza Junior. Ministério da Previdência Social: Felipe de Araújo Lima, Vilma Ramos e Clemilton da Silva Barros Ministério do Trabalho e Emprego: Luiz Antônio de Medeiros Neto e André Luis Grandizoli. Ordem dos Advogados do Brasil: Roberto Figueiredo Caldas, Antônio Escosteguy Castro e Mauro Menezes. Secretaria Especial de Planejamento Estratégico da Presidência da República: Vitor Chaves, Patrícia Audi, Danilo Rocha Limoeiro e Diana Magalhães de Sousa Coutinho.
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