CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA. Professora Renata Lèbre La Rovere. Tutor: Guilherme Santos

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1 CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA Professora Renata Lèbre La Rovere Tutor: Guilherme Santos

2 A Racionalidade das Revoluções Científicas Progresso da ciência é visto por Popper como (r)evolucionário: explicação da ciência como processo evolucionário combinado com ideia de que novas teorias são revolucionárias Ideias-chave da teoria evolucionária: Instrução (que se materializa em algoritmos/sequências/combinações) e Seleção Ciência: instrumento usado para se adaptar ao ambiente, invadir novos nichos ambientais, inventar novos nichos ambientais Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 2

3 A Racionalidade das Revoluções Científicas Seleção Genética: dado um conjunto de genes, suas sequências e combinações serão transmitidas ou não de acordo com a capacidade de adaptação ao meio ambiente Estrutura Genética (de onde saem sequências e combinações) da ciência = comportamento face ao repertório da ciência e teorias científicas dominantes Variações: mutações e recombinações do conhecimento codificado; recombinações de comportamentos; teorias experimentais novas Seleção: Eliminação de combinações pouco adaptadas (erros) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 3

4 A Racionalidade das Revoluções Científicas Como emergência de novas estruturas afetam o meio ambiente, não há situação de equilíbrio => novas teorias abrem novos problemas Diferença entre genética e comportamento: mutações genéticas são cegas, enquanto comportamentos são dirigidos por metas e por aprendizado (tanto entre animais quanto entre pessoas) Comportamentos podem ter rigidez (ex. imprinting) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 4

5 A Racionalidade das Revoluções Científicas Na ciência, descobertas são evolucionárias e criativas: conhecimento, ao se disseminar por comunidade científica, torna-se objeto aberto à investigação e crítica Abordagem crítica só permite instruções de dentro, ou seja, uso de teoria para investigar observação Todas as observações são impregnadas de teoria; não existe observação pura, ou desinteressada, ou livre de teoria (Popper, 1978, pg. 60) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 5

6 A Racionalidade das Revoluções Científicas Método de experimentação e erro é método científico, porém darwinismo não pode ser interpretado de maneira dogmática (Ex: mutilação por radiação) Mundo é composto de estruturas estáveis e subestruturas caóticas => interação entre organismos e organismos e meio ambiente leva a padrões Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 6

7 A Racionalidade das Revoluções Científicas Processo de avanço de conhecimento é: Evolucionário: pois nova teoria tem que ser capaz de explicar sucesso de sua antecessora Conservador: pois nova teoria tem elementos da antiga Revolucionário: pois nova teoria derrota a teoria velha Revoluções científicas são racionais, pois decisão se teoria é melhor do que outra é tomada com base em critérios objetivos Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 7

8 A Racionalidade das Revoluções Científicas Um montante limitado de dogmatismo é necessário ao progresso; sem um esforço sério pela sobrevivência no qual as velhas teorias são defendidas tenazmente, nenhuma das teorias concorrentes podem mostrar o seu vigor. Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 8

9 A Racionalidade das Revoluções Científicas Obstáculos ao progresso da ciência: Econômicos: pobreza é problema, mas afluência (riqueza) também pode ser Ideológicos: intolerância ideológica ou religiosa Exemplos: 1. Física newtoniana versus física eisnteiniana 2. Obstáculos ao darwinismo Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 9

10 A idéia de seleção natural Objetivos de Darwin: provar que espécies modernas são descendentes corrigidos de espécies anteriores e mostrar como o processo de descendência com modificação ocorre Darwin foi influenciado pelas idéias de Malthus: organismos tendem a se reproduzir rapidamente até pressionar o ambiente; neste momento de pressão (ou de redução), aqueles que têm vantagens, por menores que sejam, tenderão a sobreviver;pressão ajusta evolução Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 10

11 A idéia de seleção natural Pressão leva a processo de seleção natural: Se ocorrem variações úteis a qualquer ser orgânico, certamente os indivíduos assim caracterizados terão mais chance de se preservar na luta pela vida; e, segundo o sólido princípio da hereditariedade, eles tenderão a ter uma prole com as mesmas características. A este princípio de seleção eu chamei, querendo ser breve, de Seleção Natural (Darwin, Origem das Espécies) Idéia de seleção natural explica diferenciação, e não origem das espécies Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 11

12 A idéia de seleção natural Variedades são espécies incipientes, e o que transforma duas variedades em duas espécies não é a presença de alguma coisa, mas a sua ausência Argumento de Darwin é dedutivo e sustentado por exemplos imaginários Mesmo assim, ele valoriza uso de dados empíricos, o que levou críticos a acusá-lo de inducionista Ideologia também foi obstáculo forte à aceitação de sua teoria Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 12

13 Oposição ideológica a Darwin Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 13

14 Implicações das Ideias de Popper Crítica ao Círculo de Viena, que pregava o princípio da verificabilidade do significado Popper enfatiza a assimetria entre verificação e falsificação: nunca podemos estabelecer que uma hipótese é verdadeira porque concorda com os fatos (afirmar o consequente) mas podemos negar a verdade de uma hipótese ao negar os fatos (Blaug, pg.51) Não é a capacidade de falseamento que delimita a ciência da não ciência, e sim, falseamento+ regras metodológicas que proíbem suposições auxiliares ad hoc (mais tarde chamadas de estratagemas de imunização) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 14

15 Implicações das Ideias de Popper Exemplo de suposição auxiliar: controvérsia entre Galileu e rivais sobre características da Lua Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 15

16 Críticas às Ideias de Popper Questão: podemos de fato falsificar teorias? O próprio Popper reconhece que discrepâncias são transitórias Regras metodológicas normativas Caracteriza a descoberta como problema psicológico Teoria simples: o que significa? Como comparar teorias com diferentes graus de corroboração? Se não existe lógica da descoberta, como método pode ser objetivo? Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 16

17 Críticas às Ideias de Popper Critério de demarcação é frutificante para quê? Busca por ciência considerada metafísica Normas metodológicas, sendo convenções, têm elementos subjetivos Complexidade de situação realista de teste traz dificuldades para o argumento da falseabilidade Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 17